Clínica de Reabilitação para Super-Vilões escrita por The Mother


Capítulo 7
Cupiditas


Notas iniciais do capítulo

Sobre o Brandon, que vou apresentar neste capitulo: Alguém já viu Doce Novembro? Alguém lembra do Rosenbaum fazendo o papel daquele crossdresser? Pois é, é ele, mas BEM modificado para se encaixar neste universo. Sempre quis colocar ele numa fic e consegui! Espero que gostem dele!



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Ah, o verão! Dexter adorava o verão. Pessoas xingando-se umas às outras no trânsito, carros correndo a toda a velocidade, aumento de homicídios por parte do estresse. Era realmente empolgante. Metrópolis era quase igual a Miami, exceto pelos prédios absurdamente altos e o simples fato de não ser Miami.

Olhou para o lado a tempo de ver um carro vermelho passando por ele. Seu motorista levantou o dedo do meio em sua direção, gritando coisas incompreensíveis. Dexter sorriu e abanou gentilmente para ele.

Estava chegando de um alonga noite em Smallville, terminando alguns serviços para Lex Luthor. Era agradável trabalhar para o empresário, ele pagava bem. A única coisa que o incomodava era a fantasia nada confortável que era obrigado a usar, Lex dizia ser um uniforme, mas honestamente, Dexter desconfiava que o carequinha tivesse um certo fetiche por fantasias de super-herói. Afinal, ele era obsecado por aquele tal de Superman, não era?

Durante a noite, aproveitara para colher alguns meteoritos verdes que Lisa estava precisando, umas pedrinhas chamadas kryptonita. Ela havia pedido tão delicadamente que foi difícil recusar. Sua sobrinha era muito convincente, podia manipular qualquer um muito fácil, uma ótima qualidade na opinião de Dexter.

Enquanto a fila não andava, esticou o braço para alcançar a sacolinha com as pedrinhas, no banco ao lado, e pegou uma delas. Colocou uma delas contra o sol para admirá-las e inspecioná-las melhor. Eram tão verdinhas e brilhantes.

Lisa iria com certeza aprontar alguma com aquilo, porque aquelas pedras não eram desse mundo.

Ouviu algumas buzinas e gritos vindos dos carros de trás. Alguns carros pareciam querer passar por cima dele. Jogou a pedrinha de volta na sacola.

Sorriu para si mesmo e deu a partida, não sem antes olhar pelo retrovisor e apreciar o caos. Ele realmente adorava esse lugar.

***

Lisa estava sentada num banco da praça em frente à Cadmus Labs, segurando sua bolsa no colo. Dexter provavelmente chegaria a qualquer momento para lhe entregar suas pedras para o experimento. Estava toda empolgada em finalmente conhecer o laboratório particular de Lex que ele milagrosamente havia a deixado usar. Pelo que tinha ouvido, ele havia o construído todo sozinho e ninguém mais podia entrar lá a não ser Brandon, o irmão gêmeo de Lex. E isso só porque Brandon conseguia entrar em qualquer lugar trancafiado, não importa o quão impossível seja de entrar lá. Não era a toa que tinham o apelidado de Gato Preto em Gotham. Ele era extremamente habilidoso e roubava qualquer lugar que fosse, sem deixar pistas.

‒ Esperando pelo Dexter? – Lisa quase pulou do banco. Não tinha ouvido Lex se aproximar – Desculpa, não quis te assustar.

‒ E quando é que você não assusta, Lex? – perguntou com um riso e indicando para que se sentasse. Lex era tão predador que conseguia se aproximar fazendo o mínimo de barulho. Não duvidava nada que ele pudesse ter sido um ninja em outra vida.

Lex sorriu no seu jeito educado e sentou-se ao seu lado. Também estava esperando por Dexter, tinha que entregar-lhe seu pagamento.

Lisa aproveitou a oportunidade para conversar.

‒ Como vai o Brandon? – perguntou ela – Estava pensando nele agora mesmo, faz um bom tempo que não o vejo.

Lex levantou as sobrancelhas.

‒ Com ‘faz um bom tempo’ você quer dizer duas semanas, não é? – sorriu. Realmente, Brandon não ficava muito tempo longe, mesmo Lex insistindo. Volta e meia ele aparecia de surpresa. – Vai bem, acho. Quer dizer, eu espero. Estava lendo sobre um roubo de joias no jornal de Gotham, eles mencionaram o Gato Preto. – desviou o olhar para as árvores, preocupado. Provavelmente bolando alguma estratégia para prender Brandon numa jaula e mantê-lo dentro de casa, suspeitou Lisa. – Ele disse que vai se mudar para Gotham, vê se pode!

‒ E vou mesmo! – indignou-se Brandon.

Desta vez foi Lex que quase caiu do banco. Lisa enterrou a cabeça entre as mãos e não conseguia parar de rir. Ela tinha visto Brandon se espichar para perto de Lex um pouco antes, apesar de nãos saber de onde ele vira.

‒ Seu maníaco! O que pensa que está fazendo aqui?! – Lex brigou com o irmão.

Brandon estava muito confortavelmente sentado ao lado de Lex no banco, ninguém sabia dizer quando exatamente ele havia aparecido. Mas Brandon era um gato, afinal de contas, e quando se ouve um gato aparecer?

‒ Nossa, mano, isso é jeito de me receber? – choramingou, atirando os braços ao redor de Lex e ronronando alto. Abriu um sorriso cheio de dentes quando viu Lisa, ele tinha essa mania de sorrir o tempo todo, diferente do irmão que no máximo dava um sorriso torto – Olá, Lisa!

Lisa o alcançou na outra ponta do banco, quase deitando em cima de Lex, o abraçou e beijou sua testa. Ele tinha o mesmo rosto de Lex, com algumas exceções. Um detalhe gritante era o fato dele ter cabelo. Sim, cabelo preto, curto e espetado. Normalmente era por esse detalhe que as pessoas não o associavam a Lex.

Além disso, ele também tinha o interessante hábito de se vestir de mulher a noite e ir se divertir em bares; era um crossdresser. Isso normalmente espantava muitas pessoas, mas por motivos diferentes do comum. Brandon era um cara nervosinho. A maioria da legião LGBT quando era ofendida, reagia de três formas: entristecia-se e chorava, ficava indiferente e dava as costas ou irritava-se e começava a brigar verbalmente com o opressor. Brandon criara a quarta reação: partir pra cima como um animal enfurecido. Era o típico cara brigão que não deixava escapar uma chance de entrar para uma luta, com a simples diferença de ser um pouco afeminado e gostar de se vestir de mulher.

Outra coisa era que Brandon tinha o olho azul esquerdo igual ao de um gato, com a íris um pouco maior que a do olho direito. E Lisa achava esse olho fascinante.

Esse detalhe se devia a um acidente com uma experiência no laboratório de Lex há uns cinco anos atrás, durante um projeto com o propósito de dar habilidades animais para seres humanos. O projeto até que funcionou bem, se você levar em conta Brandon, mas o laboratório acabou explodindo logo depois, devido a um certo kryptoniano e ferindo gravemente Brandon que ainda tentava se adaptar ao acidente. Tinha conseguido escapar graças as suas novas habilidades.

O projeto foi fechado permanentemente por Lex, que culpava-se profundamente pelo ocorrido com o irmão. Além de, é claro, piorar ainda mais seu ódio pelo homem de aço.

Mas Brandon não parecia se importar muito. Pra falar a verdade, Lisa diria que ele estava aproveitando esse acontecimento muito bem.

‒ Você ainda não me disse o que está fazendo aqui. – lembrou Lex, de maneira fria e expressão impassível.

Brandon rolou os olhos para a atitude do irmão, que estava quase sempre com cara série, e fez um gesto de descaso.

‒ Ah, você sabe, apenas dando uma passada. Ver se você ainda está vivo e não foi devorado por algum alienígena ou se ainda não explodiu Metrópolis com alguma de suas experiências. – retrucou, depois deu uma risada – Ah, se bem que essa de explodir Metrópolis me parece uma ideia encantadora! Coringa andava dividindo comigo algumas ideias sobre isso... elas eram realmente impressionantes! Você deveria escutar.— falava empolgado enquanto agarrava no braço de Lex – Falando nisso, ele anda muito por aqui, não é? Ele e o morcego. Pensei que ficariam por Gotham até ela ser restaurada.

Brandon era o total oposto de seu irmão gêmeo. Se Lex era quieto e ranzinza, seu irmão era extrovertido e saltitante, se Lex era indireto com assassinatos, Brandon era completamente descarado e adorava brincar com suas vítimas como um perfeito e perverso gato. Assistir os dois juntos era no mínimo um entretenimento. Já ele e Coringa eram como unha e carne em Gotham, o palhaço adorava usar Brandon em seus planos já que ambos tinham o mesmo gosto por carnificina.

‒ Sim – respondeu ele ‒, e acho que sei o porquê. – olhou de relance para Lisa que não disse nada. – E não, não estou interessado em explodir minha cidade, Brandon.

Nem Lex, nem Lisa pareceram se importar com o plano de Coringa. Também porque Coringa dividia um monte de teorias malucas com Brandon, aproveitando-se do fato de ele falar demais na esperança que ele espalhasse os tais planos por aí e causar pelo menos um pouco de pânico.

Brandon fez uma cara triste.

‒ Que pena.

Houve uma breve conversa entre os três até que Dexter chegasse. Ele dirigia um porshe prata, que fora presente de Lex, vivia andando pra lá e pra cá com ele. Lisa duvidava que fosse apenas por ser um bom hacker, mas não comentava. Isso era da conta deles.

De dentro do carro ela pôde ver dois olhos ameaçadores a encarando. Era Harrison, que Dexter havia ido buscar na faculdade.

Harrison, aos 27 anos, estava cursando o último ano de medicina numa das universidades mais conceituadas de Metrópolis. Tinha passado pelo vestibular muito facilmente e era sem dúvida o mais brilhante da sala. Seus professores previam um futuro muito promissor para ele. Tinha até mesmo um emprego no hospital Cadmus, um investimento recente da LexCorp.

Não que Harrison realmente ligasse para isso. Segundo ele, estava cursando apenas para agradar seu pai. Lisa adorava quando ele dizia isso. Entrou na melhor universidade de Metrópolis para medicina, apenas para agradar seu pai, sendo que Dexter nunca exigiu nada dele. Se esse era o caso – se ele havia entrado com tanto descaso –, Harrison era no mínimo um gênio.

Ele provavelmente ainda não a havia perdoado pelo acontecido na sexta e Lisa tinha que concordar com ele. Ela tinha graves problemas em controlar certos impulsos, por mais que tenha aprendido a lidar com eles ao longo dos anos. Vivia culpando Sylar e Dexter pelos genes ruins, mas bem, se não fosse por eles Lisa não teria aprendido a controla-los.

Brandon, ao ver Harrison espiando de dentro do carro, correu empolgado para cumprimentá-lo, chegando a abrir a porta para sentar-se com ele. Harrison passou a dirigir o olhar ameaçador e cômico para o gato.

Ela podia jurar que o ouviu resmungar algo sobre comprar um rottweiler.

‒ Certo, muito obrigado! – Dexter agradeceu alegremente ao receber seu dinheiro. Ele estava preparando-se para ir embora quando parou de repente, lembrando-se de alguma coisa e virou-se para colocar o braço ao redor de Lex – Sabe, Lex, eu estive pensando...

‒ Isso não é bom.

Dexter bufou e continuou a puxá-lo para longe de Lisa, em direção ao carro. Olhou de relance para Brandon, espichado sobre o banco, com os dois pés na cabeceira do carona e depois de volta para Lex. Uma ideia destrinchando-se dentro de sua cabeça.

Eu estive pensando, sabe, essa gente superpoderosa anda me esgotando até os ossos e eu não sei por quanto tempo vou poder aguentar sozinho. Você sabe, né, eu não sou de ferro nem nada, então, hum – gesticulou lentamente para Brandon, como se Lex fosse morder a sua mão – será que Brandon não estaria-

‒ Nem pense nisso. – disparou Lex.

‒ Ei! Mas eu nem terminei-

Não. ‒ o empresário olhou duramente para ele. Dexter já suspeitava que ele fosse recusar, mas não custava tentar. Se Brandon fosse mesmo como Harrison lhe contara, tê-lo como assistente seria no mínimo divertido. Além de muito útil.

‒ Tudo bem, tudo bem. Foi só uma ideia – Dexter levantou as mãos em sinal de paz – Ainda sim, preciso de ajuda.

Lex afastou-se e colocou uma mão em seu ombro num gesto quase de consolo.

‒ Meu laboratório está sempre aberto para você, Dexter. – sorriu cinicamente.

Dexter fez uma careta de desgosto e balançou a cabeça. Preferia se esgotar totalmente do que virar uma cobaia da Cadmus Labs. Tinha visto muito de perto as coisas que eles faziam por lá.

‒ Ahn, não, obrigado. – tirou a mão de Lex do seu ombro para apertá-la, despedindo-se – Deixa que eu me viro.

Depois se despediu de Lisa e dirigiu-se novamente para o carro, onde teve um pouquinho de dificuldade para fazer Brandon parar de falar e finalmente se afastar do carro.

Brandon olhou com tristeza enquanto o carro se afastava e sumia no meio do trânsito.

‒ Pobrezinho, deve estar tão cansado! – disse Brandon, referindo-se a Harrison.

‒ Deve mesmo, é o último semestre. – Lisa comentou

Brandon a encarou por um instante, depois sorriu.

‒ Ah, não! – ele riu – Não é isso, é que ele apanhou muito do Batman ontem. Ele deve estar exausto e cheio de hematomas. – esclareceu. Coringa havia matado três policiais na noite anterior, deixando o morcego mais do que irado.

Lex que estava brincando com as pedras que Dexter havia trazido, ouviu por cima o que o irmão havia dito e olhou para ele confuso e espantado. Como é que Brandon sabia da identidade do Coringa se Lex havia descoberto a apenas dois dias?!

‒ Você sabia?! – parou de frente para o irmão – Sabia que Harrison era o Coringa esse tempo todo?

Brandon divertiu-se com o olhar surpreso de Lex e cruzou os braços.

‒ Nós conhecemos ele desde pequenos, Lex. Como você não sabia disso? – pressionou o indicador no peito dele, acusadoramente. Estava achando hilário o fato de Lex não ter desconfiado de Harrison – Além disso, convivo com o Coringa quase diariamente. É claro que eu perceberia.

Lex parecia extremamente incomodado. Estava se sentindo ótimo por saber a identidade do Coringa, isso poderia trazer-lhe vantagens no futuro, mas agora estava se sentindo simplesmente rebaixado.

‒ E eu não sou que nem você, Lex, que teve com um melhor amigo alienígena durante anos sem saber. – sorriu vitorioso quando Lex ficou vermelho e continuou – Depois quer se passar de gênio pros outros... Só se for gênio para apenas algumas coisas.

Lex o encarou perplexo e ofendido, tentando achar alguma justificativa por não ter percebido nada a respeito de Clark, mas sem sucesso. A única coisa que poderia dizer é que tinha suspeitado. Se Lisa não tivesse o contado, ele provavelmente teria se esquecido dele.

‒ Ainda por cima teve a audácia de se casar com a ex dele, por que isso só podia dar certo, né?

Desta vez, Lex se zangou de verdade.

‒ Eu a amava, Brandon, não pode me culpar por isso! – respondeu Lex, furioso.

Brandon fingiu uma expressão de surpresa.

Ooh! Ouviu isso Lisa?! Ele a amava! – debochou. Os dois começaram uma competição de olhares ameaçadores.

Lisa colocou o rosto entre as mãos e respirou fundo. Era típico de Brandon e Lex começarem uma discussão por nada. Brandon adorava chamar a atenção de Lex e como todo o bom gato, fazia isso por meio de provocação. Mas Lisa não podia deixar de culpar Lex, por estar sempre mergulhado no trabalho, deixando pouco tempo para se dedicar ao irmão.

‒ Não me provoque, Brandon, e não fale da Lana na minha frente.

Brandon não ligou para as ameaças do irmão e seguiu em frente a provocá-lo, fazendo cara de incrédulo.

‒ Aah, cala a boca, seu galinha! Não pode nem ver um rabo de saia bonitinho que já quer casar. – Brandon riu, depois correu quando Lex ameaçou o bater. Bom, que era verdade até que era, pensou Lisa, às vezes Lex parecia aquelas mulheres que são desesperadas para casar.

Mas tentar correr não pareceu ajudar muito Brandon , já que, momentos mais tarde, Lisa teve que impedir os dois de saírem no tapa no meio da praça.

***

O laboratório de Lex ficava num andar escondido abaixo do térreo. Para chegar lá você tinha que passar por várias portinhas secretas e alguns corredores longos com várias portas-armadilha que faziam você dar a volta e voltar para o térreo. Depois disso chegava-se numa porta que mais parecia aquelas portas de cofre, totalmente revestida de adamantium (apesar de Lisa não fazer a mínima ideia de como ele conseguiu fazê-la) e depois de alguns scans de olho e de dedos e reconhecimento de voz, eles finalmente conseguiram entrar.

Brandon entrou empolgado no enorme laboratório estendendo a mão como um apresentador de circo.

‒ Apresento a vocês o laboratório secreto de Lex Luthor!— disse dramaticamente, recebendo um rolar de olhos do irmão que não pode conter um pequeno sorriso.

‒ Então, Lisa, o que achou? – perguntou tentando esconder a ansiedade. O laboratório era um lugar especial para ele e Lisa também era. Queria muito que ela aprovasse.

E ela aprovara. Lisa estava encantada.

Sem dúvida que o laboratório era gigantesco, do tamanho de um andar da Cadmus Labs. O teto era repleto de luzes artificiais modernas e por todos os lados, se viam torres e montes de máquinas que haviam sido construídas por ninguém menos que Lex. O teto era na verdade, tão alto, que haviam até outras máquinas penduradas por lá. E cada máquina era uma geringonça estranha e fascinante, com todo o charme e estilo de Lex, que gostava de designs futurísticos.

Enquanto os gêmeos apresentavam e ajudavam Lisa a explorar o laboratório, ela percebeu uma espécie de mezanino que começava um pouco depois da metade do cômodo. Estava com as luzes apagadas e não dava para enxergar muita coisa, mas era possível distinguir algumas luzinhas verdes e roxas brilhando na escuridão. Havia uma escadinha de ferro no canto direito que levava até lá.

‒ O que tem ali em cima? – perguntou curiosa. Aquilo tinha aspecto de ser algo bem interessante, principalmente porque Lex estava passando ali como se aquilo não existisse.

Lex olhou um pouco nervoso, ou o mais nervoso que Lex consegue parecer, para aquele amplo mezanino com piso de ferro.

‒ O que? Aquilo? Ah, não é nada Lisa. Venha que vou te mostrar onde faço as experiências... – prosseguiu, puxando Lisa pela mão.

Lisa deixou se levar, olhando por cima do ombro para a escadinha de ferro enquanto se afastava, morrendo de curiosidade. Achava que quando se tratava de curiosidade, às vezes era pior que Brandon. A diferença é que ele era mais entusiasmado.

Lex a levou até o fundo, onde uma porta de ferro levava para um outro cômodo, este sendo menor. Tinha mais ou menos o tamanho do apartamento de Lisa.

‒ E aqui... – disse Brandon enquanto ligava as luzes, se preparando para um pessimo trocadilho – é onde a química acontece!

Lisa olhou maravilhada para o laboratório. Era totalmente revestido de chumbo, mas não de um jeito grosseiro e sim, completamente elegante. Lex tinha um bom gosto incrível para essas coisas. A luzes azuladas que iluminavam o cômodo inteiro, as diversas mesas de trabalho os tubos de ensaio, os... seja lá o que eram aqueles cilindros gigantes com uma água verde dentro; tudo era de uma elegância futurística de dar inveja a qualquer diretor de filme de ficção científica.

‒ Nossa, Lex... Você realmente caprichou.

Lex sorriu satisfeito para si mesmo e agradeceu.

Lisa retirou os pedaços de pedra de sua bolsa e as colocou na mesa do meio, que era a maior, e ficou durante um tempo se familiarizando com os objetos na mesa antes de finalmente começar. Lex e Brandon ficaram no laboratório o tempo todo, com exceção de algumas vezes em que Brandon ia buscar algum lanche no andar de cima e voltava.

O experimento não demorou muito. Em apenas 5 horas estava tudo pronto, para espanto de Lex, que esperava que Lisa fosse terminar em pelo menos 3 dias ou mais, como qualquer pessoa normal. Só que Lisa não era normal. Lex chegou a perguntar se ela não estaria disposta a ajudá-lo com suas experiências de agora em diante, ao que ela respondeu “Se não for para matar alguém, sim.” Isso o desanimou um pouco.

Estavam todos distraídos conversando e Lisa estava guardando seu líquido nos frasquinhos quando um bang ensurdecedor foi ouvido no andar de cima.

Lex e Lisa olharam-se alarmados e entraram em pânico por um momento quando não viram Brandon. Se acalmaram depois que perceberam que ele apenas havia pulado para o outro lado do laboratório.

‒ Que diabos foi isso?! – perguntou ele, assustado.

Outro bang, e o edifício sacudiu um pouco. Lex não parecia nada assustado, estava completamente furioso.

‒ Super-homem.— disse entre dentes e saiu pisando duro pela porta.

‒ Super-homem? – perguntou Brandon empolgado – Aquele bonitão? Ah, eu quero ver ele! – saiu correndo atrás do irmão.

Lisa colocou às pressas tudo dentro da bolsa e correu atrás. O prédio continuava sacudindo e, mesmo sabendo que estava segura naquele cofre que era a oficina de Lex, ainda sim era assustador.

Com certa curiosidade, viu Lex subir as escadas daquele mezanino pelo qual havia se interessado. Correu para junto de Brandon e o viu entrar na escuridão.

‒ O que tem lá em cima, afinal? – perguntou para Brandon, que estava sorrindo empolgado.

‒ Você vai ver.

Naquele mesmo momento, luzes fracas se acenderam no mezanino e um barulho alto de máquinas sendo ligadas foi ouvido. Ela subiu correndo para ver o que estava acontecendo lá em cima, com medo de que Lex fosse se machucar. Brandon riu e com um pulo de gato, subiu até a cerca do mezanino.

Lisa ficou perplexa diante do que viu.

Ali, no meio do mezanino e apertando alguns botões em uma mesa, estava Lex. Numa armadura de ferro.

Minha nossa.— sussurrou pra si mesma. Estava de queixo caído e completamente fascinada. Tinha certeza que aquela era a coisa mais linda que já tinha visto.

A armadura era completamente roxa escura e brilhava num tom verde metálico quando exposta à luz. À medida que Lex se mexia, era como se a armadura ganhasse vida própria.

‒ Lindo, não é? – perguntou um Brandon sorridente e orgulhoso do irmão.

Lisa conseguiu apenas assentir com a cabeça, sem tirar os olhos da armadura.

Lex olhou para eles surpreso, como se ainda não tivesse notado suas presenças. Ficou um pouco encabulado quando percebeu Lisa, mas sua expressão ainda era feroz.

Quando estava prestes a tentar se explicar, Lisa o interrompeu.

‒ Não, não, fique tranquilo. Falamos sobre o fato de você não ter me contado sobre ter uma armadura superincrível depois. – um crash foi ouvido no andar de cima, assustando Lisa – Vai! Acaba com ele!

Lex virou-se decidido para o painel a sua frente e, depois de apertar alguns botões, um buraco se abriu no teto. Ativou os propulsores e o capacete da armadura e com uma pequena explosão que quase empurrou Lisa da escada, entrou pelo buraco a toda a velocidade. Quando o buraco se fechou, tudo que restava na frente de Lisa eram um monte de papéis voando e espalhados pelo chão e uma fina fumaça no lugar onde Lex esteve apenas alguns segundos antes.


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Notas finais do capítulo

E aí o que acharam? Eu amei descrever a armadura de dele! No próximo capítulo veremos Lex enfrentando o Sups, e finalmente o Sylar aparecendo de novo.



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