Clínica de Reabilitação para Super-Vilões escrita por The Mother


Capítulo 12
Capítulo XII:


Notas iniciais do capítulo

Não consegui pensar um nome para esse capítulo, alguma sugestão?



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Enquanto Lisa entrava no carro de Kat para provavelmente um sermão, Lex levou Loki cuidadosamente para o seu.

Ele estava chocado com o estado de Loki e não conseguia parar de se sentir culpado.

Já no carro, Lex pegou uma garrafa d’agua e uma pizza que Lisa havia separado especialmente para Loki e os ofereceu. Loki pegou a garrafa com desespero, quase quebrando a tampa ao abri-la e entornou quase tudo de uma vez só, deixando um pouco para jogar no rosto.

O ar gelado estava ligado e Loki colocou o rosto e as mãos bem próximos das saídas de ar, aos poucos conseguindo respirar normalmente de novo.

Lex convidou Loki para irem para o banco de traz e comer um pouco (já que Liza iria dirigir e Lex queria ficar ao lado dele) e o ajudou a se mudarem para lá sem precisarem sair do carro.

Loki comeu facilmente toda a pizza e depois de tomar um pouco de refrigerante, simplesmente deitou a cabeça no ombro de Lex e dormiu. Foi tão rápido que Lex até achou que ele havia desmaiado. Mas não, ele realmente apenas havia adormecido profundamente. Não podia culpa-lo, depois de tudo que passou ele devia estar absolutamente exausto.

Lex relaxou, encostou a cabeça no banco e fechou os olhos. Ainda estava nervoso e se sentindo culpado por tudo, mas pelo menos Loki estava a salvo consigo de novo.

Não muito depois disso, ouviu a porta do motorista abrir e fechar. Lisa estava de volta.

Sua eterna luz estava meio apagada e ela parecia cansada. Ela olhou para trás para verificar se estava tudo bem e o informou que eles iriam para a clínica.

— Mas Loki-

— Não se preocupe, - interrompeu Lisa -  há um pronto-socorro na clinica, lembra? Ele pode ficar lá. É melhor mesmo que ele não tenha contato com os outros por enquanto.

E partiram.

.

A sala, pouco iluminada, estava silenciosa. Havia uma certa tensão no ar, uma apreensão, como se algo ruim fosse acontecer. Era sempre assim depois que Lisa se irritava por algum motivo.

Era algo que estava ocorrendo com uma frequência preocupante. Era normal a luz de Lisa oscilar de tempos em tempos, mas parecia que essa luz não estava mais oscilando, estava diminuindo e sendo substituída por algo que Lex não conseguia identificar.

Lisa estava de braços cruzados em sua cadeira de costume e olhava para cada um daqueles sentados no círculo.

— Pessoal, eu acho que alguma coisa não está funcionando. – ela começou, inclinando-se um pouco na cadeira e entrelaçando os dedos das mãos – Acho que meus métodos não estão mais sendo tão efetivos como eu imaginava... Talvez eles sejam... realistas demais para vocês. Bonzinhos demais. Éticos demais até. – acentuou este último.

Lisa pausou como se estivesse ponderando sobre o que havia dito. E pela sua expressão, não havia chegado em uma boa conclusão.

— Certo. – disse, finalizando uma conversa interior. – Vamos fazer algumas mudanças ao longo das próximas semanas.

A reunião não demorou muito depois disso. Lisa não parecia mais estar realmente ali.

Em certo momento, no meio de uma questão, Lisa olhou com olhos um pouco desequilibrados para Lex e perguntou sobre seu ferimento no abdômen, se estava tudo bem.

Lex assentiu, um pouco confuso com a súbita troca de assunto, e garantiu que estava tudo bem e que amanhã faria uma nova visita ao médico.

Lisa pareceu satisfeita com a resposta e se virou novamente para os outros.

Mas o olhar de Lisa não saiu da cabeça dele depois daquilo. Era um olhar levemente alarmado, quase perturbado; algo muito parecido com o olhar do Coringa.

— Dois pacientes estiveram à beira da morte nas últimas semanas. Talvez isso esteja afetando ela de algum jeito. – considerou Brandon enquanto Lex o levava de carro até seu flat em Metrópolis. Loki estava no banco do passageiro e fez uma careta que dizia “pode ser, talvez”.

— Mas isso já aconteceu antes. E ela não ficou assim. – acrescentou Loki.

Brandon lembrou-se das vezes em que um deles foi parar no hospital e concordou. Depois recostou-se novamente no banco de trás, pensativo.

— Sim, mas – voltou ao assunto – Já aconteceu de um ser tão próximo do outro? E a maioria dos pacientes está internada desde aquele ultimo incidente.

Era um ponto válido; e com isso os três passageiros voltaram a permanecer em silêncio, cada um com seus pensamentos. A cabeça de Lex já estava doendo de tanto franzir naquele dia.

Após deixarem Brandon, Lex os levou para a cobertura na LexCorp para passarem a noite. Não havia motivo para ir até Smallville agora. Loki no estado que estava precisava ficar perto de um bom atendimento hospitalar e ele mesmo teria que fazer uma visita ao médico pela manhã.

— Mas é claro que você tem uma sala de espera pro seu apartamento – Loki debochou, sorrindo, quando saíram do elevador. Era como um hall de entrada, mas maior do que se esperava e luxuoso de um jeito mais profissional do que pessoal. O chão era de mármore, havia alguns bancos e plantas decorativas, e nos dois extremos havia janelas do chão à parede, exibindo a paisagem dos arranha céus de metropolis. – Você é assim tão requisitado para precisar de uma sala de espera?

Lex ignorou o olhar e o tom de Loki, e o que a pergunta insinuava, passando por ele para alcançar a porta. De costas para Loki, Lex se permitiu um pequeno sorriso.

— É apenas um hall de entrada, Loki.

.

Quando Brandon abriu a porta de seu apartamento, pode perceber de imediato que não estava sozinho.

Coringa estava deitado no seu sofá da sala assistindo desenho.

Brandon suspirou e espreguiçou depois de fechar a porta atrás de si. Jogou as chaves no balcão da cozinha que ficava logo na entrada e olhou ao redor, notando a janela aberta com as cortinas de seda balançando.

— Entrou pela janela de novo? – perguntou enquanto caminhava para o corredor – Eu não tinha te dado uma chave?

— Se eu soubesse que ficaria em Metropolis não tinha deixado no parque. – respondeu meio emburrado e tão baixo que Brandon só ouviu porque possuía audição felina.

Parque era como ele chamava o refúgio em Gotham, que agora se encontrava isolada. Brandon notou pelo seu tom que Coringa estava num de seus momentos mais calmos, opostos aos seus momentos de agitação insana. Por incrível que pareça, isso geralmente significava que ele não estava muito bem.

Brandon foi tomar um banho e trocar de roupa e quando voltou, Coringa estava no mesmo lugar. Debruçou-se sobre o sofá e olhou para ele com uma expressão serena de quem não se importava com O Coringa em sua sala de estar.

— O que foi, meu bem? Que carinha triste é essa? – perguntou como se falasse com uma criancinha emburrada.

Coringa murmurou alguma coisa difícil de entender, provavelmente só resmungos infantis, e virou de costas pra ele, voltando toda a sua atenção para a televisão.

Brandon deu um pequeno sorriso e virou-se também, fingindo que estava indo para seu quarto.

— Você viu o jeito que ela falou comigo?! – exclamou Coringa, de repente, ao mesmo tempo que se sentava subitamente no sofá.

Brandon riu e voltou-se para ele, habilidosamente pulando sobre o sofá para sentar perto dele.

— Então é a Lisa? Você ficou chateado com ela, é? – perguntou, sorrindo amigavelmente, e voltou a atenção para o desenho passando na tv. – Ela realmente estava meio estranha hoje. Apesar de justificável.

Brandon relembrou a conversa na sala de terapia em grupo e como Lisa havia sido fria diversas vezes com Coringa. Algo incomum, considerando o usual jeito angelical misericordioso dela.

— Eu acho que ela não me ama mais. – confessou Coringa, de forma dramática, e colocou as mãos no rosto.

Brandon revirou os olhos e bufou. Com Coringa sendo quem era as vezes era difícil até dizer se ele estava brincando ou se realmente tinha uma paixão doentia pela prima. Brandon rezava para que a última alternativa não fosse o caso.

— Bom, você não foi exatamente um bom menino. – disse Brandon com um bocejo, depois olhou para o colega com uma expressão que geralmente você dá antes de falar passivamente algo que pode magoar – Se continuar testando a paciência e o carinho dela por você, eventualmente ela irá sucumbir, não acha? É como se... – Brandon parou procurando as palavras certas – É como se você estivesse fazendo de tudo para que ela te odeie. E bom, uma hora você vai conseguir.

Durante a fala de Brandon, Coringa tirou as mãos do rosto e colocou-as no colo, mantendo o olhar fixo na televisão. Sua expressão não era mais cômica ou emburrada, era neutra. Vazia.

Brandon não deu atenção e continuou falando.

— Eu sei porque já vi algo parecido antes. Lex era assim. Quando nos reencontramos, Lex dava todos os sinais que queria minha atenção e afeto, mas ao mesmo tempo fazia ou falava coisas ruins. Só que ele era muito óbvio sabe? Eu logo notei o que ele estava fazendo. Coisa de gêmeos acho. Então tivemos uma conversa e depois disso as coisas melhoraram bastante. Hoje ele raramente tenta me afastar. Mas acontece as vezes.

Brandon falou mais um pouco depois disso, impossível de se manter calado, e depois com um espreguiçar dos braços, anunciou que iria para a cama e que trancaria a porta porque não era trouxa.

— Se você acha que eu não consigo abrir uma porta chaveada você já é trouxa. – disse Coringa com um sorrisinho, quebrando seu próprio transe.

Brandon riu e admitiu derrota. Mas decidiu chavear a porta por precaução.

— Sinta-se em casa! Tem comida de gato na geladeira. – informou, antes de se despedir com um boa noite e ir pro quarto.

Coringa deu um meio sorriso ao ouvir aquilo e voltou a olhar desenho até ouvir Brandon fechar a porta. Depois de se certificar que ele não iria mesmo voltar, levantou e seguiu até o banheiro.

Coringa encarou seu reflexo no espelho por um longo momento. A tinta da maquiagem se desfazendo depois de um dia quente, as raízes loiras espiando entre os cabelos verdes.

Com um suspiro, inclinou-se e começou a lavar o rosto. Pegou o removedor de maquiagem do Brandon e praticamente o esvaziou, de propósito. Depois foi para os cabelos e esfregou bem, sujando toda a pia e respigando agua esverdeada por todo o banheiro.

Procurou uma camisa e uma calça na cesta de roupas sujas e se vestiu, se aproveitando do fato de vestir o mesmo tamanho de Brandon.

Do bolso de seu paletó roxo, Coringa tirou um vidrinho com uma substancia pegajosa e esfregou o conteúdo em suas cicatrizes proeminentes. Em apenas um minuto, as cicatrizes sumiram e, se não fosse pelo seu olhar e as vastas e profundas olheiras, ele quase não parecia louco.

Coringa tentou um largo sorriso e ao notar seus dentes, lembrou-se de escová-los para retirar a película amarela. Com certeza Brandon não se importaria se ele usasse a escova dele.

E em poucos minutos, pronto, Harrison estava de volta ao mundo real.

Harrison abriu o sorriso o mais forçadamente possível e combinado com seus olhos a figura que o encarava no espelho era absolutamente perturbadora. Num dia normal, Harrison teria adorado isso e até soltado uma boa risada, mas hoje não era um dia muito normal. E olhando para seu reflexo, Harrison se sentiu, para sua própria surpresa, triste.

Desistindo de se sentir normal, Harrison deixou os ombros caírem e virou-se para sair do banheiro. Foi quando viu a calça de Brandon, pendurada num cabide atrás da porta.

Havia um pequeno volume no bolso da calça e, para se distrair talvez ou encontrar um motivo para provocar brandon, decidiu ver o que era.

E o que viu na palma de sua mão era um pequeno frasco com um liquido rosa adorável, com uma cor suave e quase vintage.

Lembrou-se então de mais cedo aquele dia, quando estava no carro de Kat, e Brandon mostrou aquele pequeno frasco para os colegas, contando orgulhosamente que havia roubado da bolsa de Lisa porque havia o achado bonitinho.

A cabeça de Harrison deu alguns estalos e ele sentiu novamente suas engrenagens voltarem a funcionar. Logo uma excelente ideia surgiu! Colocou o frasquinho rosa no bolso da calça e marchou feliz para fora do banheiro, totalmente decidido a devolver o frasco para Lisa e faze-la ama-lo de novo! Ah! Com certeza, ela se jogaria em seus braços e imploraria por seu perdão! “Oh, meu amor, me perdoe! Me perdoe por ter sido tão fria! Você sabe o quanto eu amo você!! Oh!” e então ele se recusaria a perdoa-la por um momento, apenas por vingança, para depois piscar para ela e dizer que estava só brincando e é claro que ele a perdoava, porque é isso que amantes fazem!! Seria tudo tão lindo, tão fofo, tão ROMANTICO...

Harrison chegou na sala e olhou para a televisão, estava passando um de seus episódios favoritos de Tom & Jerry.

Empolgado, Harrison saltou para o sofá como uma criança e esqueceu de qualquer pensamento que estava tendo segundos antes.


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Notas finais do capítulo

C*ralho, essa fic tá parada desde 2014 e estamos em 2020... Corona virus fazendo milagres né?