Demigods in Hogwarts escrita por SeriesFanatic


Capítulo 6
Vou voltar




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Percy não se lembrava de muita coisa. Ele se lembrava da magnífica partida de xadrez que Grover conduziu, com o sátiro derrotando o rei do lado adversário em apenas meia hora e num movimento muito legal. Lembrava-se do desafio de poções que Annabeth venceu e fez com que a porta se abrisse. Lembrava de Jason na frente do espelho e da estranha imagem dele com os irmãos Grace, as irmãs Gardner e os irmãos Sonserina. O menino acordou na enfermaria, a vista estava meio embaçada, mas ele conseguia distinguir os lindos olhos cinza de Annabeth, mesmo com 15% de sua visão.

– Mamãe? – Percy sussurrou.

– Não, é Annabeth. – ela segurou a mão dele delicadamente.

– Mãe... quando foi que a senhora virou uma adolescente chata e mandona? – ele disse rindo.

– Ah fala sério, Jackson! – Annabeth se irritou notando que ele estava zombando.

Percy sentou-se na cama e viu a enfermaria virar um borrão. Parecia estar de dia, mas qualquer que fosse a hora, o pouco de claridade que ele conseguia ver não estava ajudando o pouco de visão que tinha.

– O que aconteceu? – ele perguntou esfregando os olhos. – Onde está Grover?

Com a visão prejudicada, ele não sabia dizer ao certo, mas pareceu que Annabeth tinha ficado pálida.

– Annabeth... – ele disse começando a ficar com medo. – Onde está Grover?

– Ele está bem. Os sátiros se recuperam mais rápido que nós bruxos. Está com os pais. – ela disse, mas claramente escondia algo.

– O que aconteceu? Onde está Jason?

– Está bem. Saiu da enfermaria tem dois dias. E tem três dias que Thalia não para de dar bronca nele. – ela pareceu segurar o riso.

– Três dias? Quanto... quanto tempo eu apaguei? – ele ficou preocupado.

– Ah, senhorita Chase. – disse uma voz adulta, séria, grossa e autoritária. – As irmãs Ramírez-Arellano estão esperando a senhorita na sala comunal da Corvinal.

– Perdão senhor? – Annabeth pareceu estranhar o que o homem disse.

– Sua tia me pediu para lhe avisar isso. – o homem respondeu. – Ela sabia que eu estava vindo para cá ver como Percy está e, bem, creio que ir estudar com suas amigas para as provas finais é um bom uso de seu tempo.

Annabeth pareceu medir as palavras do homem, ela acariciou as mãos de Percy e deu um sorriso para fazê-lo sentir-se melhor. Acenou com a cabeça e saiu da enfermaria. O homem sentou na cadeira ao lado de Percy em que, minutos antes, estava sendo ocupada pela loira.

– Como se sente Percy? – homem perguntou com uma voz mais agradável.

– Minha vista está horrível. – ele disse parando de forçar a voz para parecer melhor.

– Doutor Yew, creio que ele precisa de mais remédio. – disse o homem.

– Sim senhor. – respondeu o médico da enfermaria, Michael Yew.

Até onde Percy sabia, o doutor Yew era primo de Will Solace. Michael era filho de Febo Yew, irmão menor de Apolo Solace (Percy só não sabia de onde surgiu a mudança de sobrenome). A voz do homem lhe era familiar, só que ele não conseguiu reconhecer. O médico logo deu ao menino um remédio com um gosto tão ruim quanto vômito, mas ele conseguiu engolir.

– Não se preocupe senhor Jackson, o senhor não sofreu nenhuma lesão grave em nenhum dos olhos, está assim por causa da explosão. – o médico disse dando-lhe suco de abóbora para disfarçar o gosto do remédio.

– Explosão? Que explosão? – Percy perguntou.

A vista já havia começado a melhorar e o menino viu que era o diretor da escola que estava ao seu lado, Júpiter Grace. Usando trajes de bruxo na cor que Percy menos gostava: roxo.

– Percy, do que se lembra? – o diretor perguntou.

– Annabeth, Grover e eu passamos por Cérbero, conseguimos fugir das flores de lótus, Annabeth me obrigou a voar em uma vassoura e pegar a chave para destrancar a porta, Grover nos fez ganhar a partida de xadrez... lembro que... hum... tinha uma porta que... precisava ser aberta por uma poção e... a Sabidinha escolheu a certa, mas ela machucou o tornozelo então eu entrei sozinho...

– Algo mais? – ele disse despreocupado.

– Jason. Meu primo estava lá. E tinha também um espelho. Mas...

– Mas?

– O espelho deve ter algum defeito. Não mostrava o reflexo das coisas... mostrava...

Ele parou de falar ao lembrar-se do rosto pálido do menino com uniforme da Sonserina. Os olhos negros daquele garoto e o sorriso estilo caveira fizeram-no repensar se deveria algum dia contar a alguém aquela imagem. O diretor assentiu ao notar que o que ele viu era muito particular.

– O espelho de Ojesed tem esse efeito nas pessoas. Mostram o que elas mais querem e... de certa forma Percy, isso assusta.

– Era isso que Ga... Cronos estava procurando? Um espelho que mostrasse o que ele mais quer?

O diretor pareceu que ia rir, por razões que o garoto não sabia dizer, aquilo era divertido para ele.

– Sua querida prima Thalia foi procurar o irmão e quando não o achou no dormitório da Grifinória, ela procurou Luke Castellan e pediu para que ele conferisse se você estava no dormitório da Lufa-Lufa. Luke logo chamou Hylla Ramírez-Arellano e os três constaram que você, Jason e Annabeth haviam decidido seguir com o plano de Thalia e então falaram com a professora Minerva. Quando Plutão e eu chegamos até a sala... você e Jason estavam desmaiados e havia indícios de que uma explosão ocorreu. – o diretor explicou.

– Não sabia que Thalia e Luke se conheciam tanto assim. – foi tudo o que ele conseguiu dizer.

A visão estava começando a ficar melhor. O diretor logo saiu do local e o doutor Yew disse para Percy tentar dormir, infelizmente ele adormeceu. Sonhou que estava de volta a casa fedorenta e destruída. Gaia estava na frente dele e parecia com raiva.

“O que você e aquelezinho fizeram pode ter me atrasado, mas eu voltarei.” Ela disse.

“Não sei do que você está falando.” Ele conseguiu responder.

“Ah não? Então deixe-me lhe mostrar.” Ela abriu os braços e o local mudou.

Percy via a si mesmo encarando Gaia e pedindo para que Jason se mexesse. Ele podia até ouvir Annabeth gritando feito uma doida e batendo na porta. Percy se jogou contra Jason para que ambos caíssem no chão na hora que a sala começou a pegar fogo. O moreno sabia que o primo deveria estar enfeitiçado ou hipnotizado, só não sabia o que o havia levado àquele lugar. Jason não tinha inteligência o suficiente para vencer todas aquelas tarefas e nem sabia tocar nenhum instrumento. Percy tentou lutar contra Gaia, mas ela era mais rápida; após certo ponto ele notou que não estava lutando contra sua bisavó e sim contra o professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, Mercúrio Stoll. O professor estava sem seu turbante marrom e no lugar de sua careca tinha uma cara horrível, como se ele tivesse dois rostos.

Ele logo entendeu porque viu Gaia, ela era o segundo rosto. Enquanto Percy lutava contra o professor mais legal da escola, que veio a ser um traíra, Jason continuava desmaiado. Seria mais útil se ele soubesse o motivo de estarem ali. Então algo inexplicável aconteceu, Jason acordou como se fosse um autômato e disparou um raio na cara de Mercúrio. Enquanto o corpo do professor explodia, os meninos se jogaram no chão por instinto e Percy viu uma fumaça marrom abandonar o local. A última coisa que viu antes de apagar de vez foi o rosto de Annabeth. Ela chorava e gritava o nome dele, implorando para que continuasse vivo. Jason deveria estar apagado em algum canto, mas Percy não tinha forças para mais nada e ficou inconsciente.

“Foi uma breve batalha, meu peão. E não será a última. Seu priminho pode ter conseguido destruir meu hospedeiro, mas não ficará assim por muito tempo. Vocês só fizeram adiar minha volta. Tenho que admitir, você é um bruxo muito poderoso. Mas não o suficiente. Divirta-se enquanto pode, garoto. Em breve eu estarei de volta e o seu sangue me fará renascer!” ela gargalhou.

Percy acordou assustado e suando frio. Dessa vez quem estava na cama ao lado dele era Grover e deveria ser mais ou menos meio dia. Ele não sabia explicar como deixaram um sátiro entrar no castelo, mas isso não importava. Percy apenas estava feliz em ver o amigo são e salvo. No dia seguinte, o doutor Yew o liberou da enfermaria; todos da Lufa-Lufa queriam saber o motivo dele ter ido "brincar" com Cérbero. E não foram só os colegas de quarto e de casa que perguntavam isso, a escola inteira queria saber. Ao que aparentava Luke, Hylla e Thalia haviam dito isso aos demais alunos. Ninguém sabia o que realmente havia acontecido. E pela forma como Piper e Leo NÃO falavam mais com Jason, Percy deduziu que o primo não havia levado os melhores amigos em sua "missão solo".

As provas finais foram o tártaro, mas com a ajuda de Annabeth, Percy conseguiu passar de ano. A loira não quebrou o pé como ele achava, mas usou muletas pelo resto do mês. As pessoas ainda olhavam de forma estranha para Percy, Thalia, Miranda, Katie e Jason; mas as provas desviavam a atenção de quase todos. Quíron convenceu o diretor Júpiter a deixar Grover frequentar a escola fora do horário escolar, afinal ele havia ajudado Percy e o traidor foi derrotado. Grifinória venceu naquele ano no Quadribol, enquanto Corvinal ganhou a Taça das Casas. O trem estava apitando chamando todos os alunos de volta para casa, Percy se despediu de Grover e Quíron e se juntou a Annabeth em uma cabine. Os dois ainda não haviam conversado sobre a aventura.

– Ei Jackson? – Thalia chamou na porta da cabine.

– Que? – Percy respondeu com a boca cheia de doces azuis, Annabeth revirou os olhos.

– Será que... será que eu posso falar com você por um minuto?

Annabeth e Percy se entreolharam.

– Eu vou ver como está Palas. Com licença. – ela disse saindo da cabine.

Percy podia ouvir o pio de Palas, a coruja irritante de Annabeth, de onde estava. Thalia entrou, fechou a porta e sentou-se de frente para o primo.

– Não sei o que aconteceu naquela noite, mas... obrigada.

– De nada. Pelo que você está agradecendo?

– Jason me contou que a única coisa que ele se lembra é de que você salvou a vida dele.

Um silêncio constrangedor ocorreu. Percy sabia o que ele tinha visto no espelho, mas começou a se perguntar o que Jason viu que o deixou tão... paralisado.

– Família é para essas coisas. – ele deu um sorriso.

– E me desculpa. – ela abaixou a cabeça.

– Pelo que? – ele estranhou.

– Essa ideia minha... eu só... queria provar que não havia nada lá embaixo que pudesse despertar o interesse de... bem, você-sabe-quem. Mas pelo visto, só consegui fazer com que meu irmão batesse forte com a cabeça e com que você quase ficasse cego. E Annabeth quase quebrou o calcanhar. Então... desculpa.

Ela parecia bem sincera, o que era algo novo vindo de Thalia. Os dois usavam roupas normais; ele com uma bermuda de surfista em vários tons de azul, tênis esportivo e uma camiseta branca lisa; ela uma calça jeans preta toda rasgada, botas cinza, camiseta do Green Day e um colar com um pingente de raio. Crianças comuns.

– Não tem pelo que se desculpar Thalia. Foi uma boa ideia. Idiota, mas boa. – ele forçou um sorriso.

Ela se levantou e sem olhar para ele disse:

– Talvez você não seja tão covarde assim Perseu Jackson. – e saiu da cabine.

Percy olhou para a janela e viu Londres se aproximar. Seu plano de férias era convencer o tio de que Gaia estava de volta. Logo estaria com seus pais em casa, onde poderia ver o mar novamente, onde poderia nadar e sentir-se em paz. O lado ruim era que Grover não estaria lá, nem Frank, Will, Dakota, Chris, Beckendorf, Connor, Travis ou Luke. Seus amigos não iam estar lá. E por mais que Hogwarts parecesse chata no início, ele logo mudou de opinião. Lá era sua segunda casa e ele já sentia falta. Amava os pais, mas não via a hora de voltar para seu segundo ano. De voltar para as tediosas aulas com a garota por quem ele tinha uma paixonite.


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