Demigods in Hogwarts escrita por SeriesFanatic


Capítulo 5
Uma ajudinha sempre é bem vinda




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Já não bastava as pessoas olhando para Percy de forma maldosa por ele ter ido para a "casa errada", ainda tinha que ter essa história de "Cronos está de volta à vida" para fazer da vida de Percy um verdadeiro inferno! Nos dias seguintes ao que ocorreu com Cérbero, ninguém em Hogwarts olhava para o menino e quando olhavam, era com medo ou desprezo. Ninguém queria sentar perto dele na mesa da Lufa-Lufa, com exceção de Luke.

— Você está me vigiando ou o que? – Percy perguntou desconfiado enquanto caminhava rumo à aula de Defesa Contra as Artes das Trevas.

— Claro que não. – Luke respondeu com um sorriso fraco.

— Tem me acompanhado o dia inteiro.

— Só não quero que as pessoas com mente pequena tentem machucá-lo. Você é um garoto legal, Percy. Não merece ser mal tratado por algo que seu avô fez. Além do mais, o cara tá morto.

Percy não se convenceu com a boa intenção de Luke. Depois da última aula, ele foi para o campo de Quadribol assistir o treino da Lufa-Lufa, já que o próximo jogo era contra Sonserina. Luke e Charles Beckendorf treinavam no ar, enquanto os demais jogadores ainda estava em terra firme. Quase todos os alunos da casa estavam na arquibancada torcendo e apoiando o time, mas Percy estava mais interessado na neve que caia. Ele se martirizou por não ter ido visitar Grover, teria sido mais divertido.

— Ei Jackson. – alguém chamou por debaixo da arquibancada.

Ele procurou por um momento e então achou a garota. Cabelos pretos lisos e espetados, olhos de um azul elétrico e o uniforme da Grifinória.

— Thalia? – ele estranhou ver a prima ali.

— Não, Zeuza Fabulosa! Precisamos conversar. – ela zombou.

Como Percy estava afastado de todos, foi fácil sair e encontrar com ela dentro da arquibancada de madeira, o lado bom era que ali estava quentinho. Percy viu alguns casais mais velhos se pegando, mas preferiu se concentrar no fato de que Thalia estava querendo conversar com ele, o que NÃO podia significar boa coisa.

— É o seguinte, meu pai já está sabendo dessa história de que acham que... Cronos... retornou. E a baboseira toda. – ela disse desconfiada.

— Ah... ok... tenha um bom dia. – ele deu meia volta, mas ela o puxou.

— Não importa o quanto meu pai negue, todos os bruxos acreditam nessa história. – ela disse claramente irritada.

— Eu entendi essa parte, só não sei aonde você quer chegar. Prima. – ele disse a última palavra como se fosse algo incomum em seu dicionário. E era.

Ela bufou, os olhos elétricos pareciam que iam formar uma tempestade.

— Precisamos provar que nosso... avô... – ela disse com desgosto. – não vai voltar do Mundo Inferior, até porque isso é impossível.

— Não me diga.

— Precisamos provar que Cronos não vai voltar.

— E como pretende fazer isso, hum? Falando com os fantasmas do castelo?  – ele disse sarcástico.

— Não seu idiota! Nós temos que provar que não é verdade.

— Nós? – ele engasgou.

— É, nós. Eu, você, Miranda, Katie e Jason. Hazel talvez.

— Por que tártaros eu faria isso? Ainda mais com meus nada queridos primos?

— Porque todos na escola olham para a gente como se fôssemos assassinos! Não somos nosso avô e eles não entendem isso. Então se provarmos que Cronos não está de volta, vão parar de achar que somos psicopatas!

— E como, exatamente, você pretende fazer isso, gênia?

— Seja lá quem quase matou Cérbero queria o que ele estava protegendo, se formos lá e pegarmos provaremos que Cronos não voltou. – Thalia disse confiante.

— Isso só vai provar que a gente pode ser expulso após se machucar muito. E tem mais, não é mais fácil falar isso para o diretor ou algum professor? Assim eles podem pegar o que quer que for et voilá!

— Já vi porque você foi deixado de fora da Grifinória, Jackson. Ousadia, sangue-frio, nobreza e coragem estão longe de serem qualidades suas. – ela disse passando por ele e batendo o ombro de propósito no braço do primo.

E Percy ficou ali por uns dez minutos pensando no que Thalia disse. Depois que o plano se elaborou em sua mente, ele correu em direção ao castelo, ignorando todos que perguntavam se havia algum problema. Ele foi para o único local que sempre achava Annabeth de primeira: biblioteca. Mas, pela primeira vez desde que se conheceram, ela não estava no local. Então viu uma menina da Corvinal, com cabelos negros, pele castanha e olhos tão escuros quantos a trança que caia pelo seu ombro. Percy já havia notado que as meninas da Corvinal eram as mais bonitas, e, com exceção de Annabeth, ele nunca havia tido coragem o suficiente para falar com nenhuma delas.

— Olá. – ele disse com o coração na garganta.

A menina levantou o olhar. Percy se lembrava dela da seleção em sua primeira noite na escola, sabia que Reyna Ramírez-Arellano era alta demais para a idade.

— Algum problema? – ela disse séria.

— Meu nome é Percy Jackson. Eu estou procurando uma aluna da Corvinal, creio que ela deve dividir quarto com você. O nome dela é Annabeth Chase, ela é sobrinha da professora Minerva, a professora que dirige sua casa. – ele disse tentando não gaguejar, Reyna o deixava nervoso.

— Ela está na sala comunal. – disse séria.

— Puxa vida... não tem como... ah... chamá-la? Eu não posso entrar lá. – ele disse tentando não abusar da boa vontade da garota.

— Estou estudando. Mas... – ela procurou alguém e apontou quando achou. – Minha irmã Hylla está indo para lá, peça ajuda a ela.

— Muito obrigado. – Percy sorriu.

Reyna assentiu e voltou sua atenção para o livro que lia em latim. Percy foi até a menina que Reyna apontou, a semelhança ente elas era grande, mas Hylla parecia ser mais relaxada que a irmã. Percy disse que estava em dúvida em uma poção e que, como Annabeth era sua "professora de reforço", precisava falar com ela. Hylla foi bem gentil, ao contrário dos demais na escola, e o levou até a torre mais alta do lado oeste, fazendo-o esperar uns minutos até que Annabeth saísse. Ele a puxou até o banheiro feminino do segundo andar e contou o plano de Thalia.

— Isso não me parece boa coisa. – ela respondeu.

— Eu sei, ela geralmente improvisa. – ele disse se lembrando das pegadinhas que havia feito com a prima quando eram menores.

— Não me refiro a isso. Tipo, já vi ideias piores, mas essa não é exatamente uma ideia boa. Ou boa coisa. – ela disse revirando o anel de formatura de seu pai que usava preso em um colar de contas.

— Agora é que eu não entendi mesmo. – ele respondeu.

 

Annabeth bufou.

— Seja lá o que Cérbero está defendendo, é algo importante. Do contrário Gaia não tentaria atacar Hogwarts. O diretor Júpiter e Zeus não podem revelar ao mundo o que é porque provavelmente alguém reconhecerá como sendo algo que não tem nada haver com Cronos e aí vai virar prato cheio pra teorias da conspiração. Ainda mais para os poucos que sabem da existência da sua bisavó. – ela explicou.

— É melhor deixar que todos pensem que Cronos está de volta e não Gaia. – ele disse entendendo o raciocínio.

— Exatamente.

Percy sentiu um aperto no coração. Ele não sabia o motivo, mas precisava saber o que o cão de três cabeças do professor de poções estava protegendo. Annabeth até tentou fazê-lo mudar de ideia, mas não conseguiu. Depois que Frank, Dakota, Chris e Will foram dormir, Percy trocou seu pijama do por uma calça jeans, uma camiseta laranja com um casaco cinza com capuz e tênis; pegou a varinha e foi em direção ao terceiro andar. Para a sorte dele, todo mundo havia decidido ir dormir, inclusive professores, fantasmas, lares e monitores, então foi fácil chegar ao corredor que guardava a "casinha do imenso cão de três cabeças".

— Anoígei. – ele falou apontando a varinha para a fechadura. – Ah qual é! Abre vai!

— Alguns feitiços funcionam melhor em latim. – Annabeth disse se materializando ao lado dele.

DI IMMORTALES! – Percy gritou de susto. – Mas como...?

— Boné da invisibilidade. Sabe, cada família tem um objeto mágico "sagrado"... o da família Chase é esse boné. – ela disse sorrindo.

— Como sabia que eu estava aqui? Eu menti dizendo que não tentaria entrar e você pareceu acreditar em mim. – ele perguntou abaixando a varinha.

— Eu não sou idiota, Jackson. E você é previsível. – ela prendeu o boné dos Yankees na cinta da calça jeans.

— Achei que você achasse uma ideia idiota.

— E acho. Mas se tem alguém que pode impedir que você exploda essa escola, ou pior, nos expulse, esse alguém sou eu. – ela rebateu.

Antes que ele pudesse agradecer, ambos ouviram barulhos de cascos. Percy achou que sua sorte havia acabado e que Quíron ia pegá-los no flagra, mas terminou que os cascos eram de Grover. Dessa vez ele usava uma camiseta verde claro com o símbolo de matérias recicláveis estpampado e um casaco verde escuro. Annabeth parecia ter pensado o mesmo que Percy, pois também usava uma camiseta laranja, calça jeans e tênis, só que usava uma jaqueta de couro marrom.

— Grover? Achei que você não pudesse entrar na escola... – Percy disse surpreso.

— Quando Annabeth me contou que você ia tentar passar pelo Cérbero, eu achei melhor vim ajudar. – ele deu de ombros.

Percy sentia ciúmes da amizade de Grover e Annabeth, ele só não sabia bem de qual dos dois ele sentia ciúmes.

— Como você pode nos ajudar? – Percy disse tentando não parecer mal agradecido.

— Querem distrair Cérbero? Então irão precisar de música. – disse Grover.

— Como sabe disso? – Annabeth perguntou.

— Sabe aquele loirinho da Lufa-Lufa, Luke Castellan? Ele tentou brincar com Cérbero quando tava no primeiro  ano, o moleque estava querendo uma aventura e terminou ganhando duas semanas na enfermaria e uma cicatriz que podia tê-lo deixado cego. Depois do incidente ele ia muito para a floresta conversar com Quíron; e o centauro é sábio. Eu ouvi algumas conversas e Quíron disse que o único jeito de acalmar o cão é com música. – Grover explicou pegando sua flauta.

Percy e Annabeth se entreolharam.

— Então Connor e Travis não estavam mentindo. – disse Percy.

— Do que você está falando? – Annabeth franziu a testa.

— Há esse boato entre a galera da Lufa-Lufa sobre a cicatriz do Luke, nos contaram essa história, mas quase ninguém acredita em Connor e Travis. E é pra ser segredo ou coisa assim. – disse Percy.

— Bem, boato ou não, vamos ver o que é que a sua bisavó quer que é tão importante. – Annabeth apontou a varinha para a fechadura da porta. – Aperit.

— Latim... claro. – Percy revirou os olhos.

A porta se abriu e eles entraram na sala. Parecia como qualquer outra sala de Hogwarts, só que com um buldogue de quase sete metros de altura, com três cabeças e pelo preto brilhoso. O animal brincava com uma bola de borracha vermelha e parecia se divertir. Grover levou a flauta aos lábios e quase fez Percy e Annabeth desmaiarem com uma canção de Britney Spears MUITO mal tocada, mas felizmente isso fez o cão dormir.

— Não há portas. – Percy observou.

— Não diga, gênio. – Annabeth respondeu. – Ali! – apontou para o alçapão perto da pata de Cérbero.

— Isso é uma má ideia. – disse Grover.

— Anda menino bode. – Annabeth falou. - Faça sua mágia!

Grover continuou tocando e Cérbero pegou no sono em questão de poucos minutos. Os três se entreolharam após abrirem o alçapão, estava muito escuro, não tinha como saber o que os aguardava.

— Não tô a fim de morrer. – Grover gaguejou.

— Ninguém aqui está. – Percy respondeu.

— Temos que pular. – disse Annabeth.

— Essa foi a coisa mais estúpida que você disse. – respondeu Percy.

— Tem alguma ideia melhor, Hermione Granger? – ela se irritou.

Os dois começaram a discutir.

— Vocês estão me dando enxaqueca! E sátiros nem tem enxaqueca! – Grover disse durante a discursão dos dois.

— Você é um lesado, idiota! – ela exclamou.

— Ao menos eu sou aceito em casa quando vou pro natal.

— Eu fiquei na escola por que quis! Ao menos EU não estraguei a tradição da família!

— Ah... gente...?! – Grover chamou sem nenhuma coragem na voz.

— QUE É? – os dois gritaram com raiva.

O sátiro apontou para cima e eles deram de cara com Cérbero quase babando em seu esperado jantar. No instinto, Percy empurrou Annabeth para o calabouço e se jogou, puxando Grover, com o cão latindo feito um doido. Eles se viram presos em uma planta estranha, Percy sentia-se tonto com as flores cor-de-rosa.

— Lótus. – Annabeth disse. – Não podemos respirar.

— Arrume uma ideia melhor. – Percy respondeu.

— Essa planta entorpece os sentidos e mata você com componentes químicos. – Annabeth os orientou.

— Agora eu sei por que Gaia não conseguiu passar por aqui. – disse Grover.

— Annabeth... – Percy disse quase apagando.

— Deve haver algum feitiço? – Grover falou, ele parecia meio drogado.

— Pense Annabeth! – ela repetia para si, mas estava perdendo consciência de quem era.

— Onde eu nasci, onde eu cresci, a vida é boa, todo mundo à toa, aqui no mar. – Percy começou a cantarolar.

— É isso. – ela pegou a varinha cinza com corujas. – Neró!

Um jato de água potente saiu da varinha e molhou a planta, logo os três caíram no chão e precisaram de um tempo para se recuperar e seguir em frente. A parte fácil foi Grover e Annabeth vencerem o jogo de xadrez, a difícil foi fazer Percy voar e pegar a chave da porta, ele não era muito bom com vassouras. Annabeth e Percy deixaram o sátiro descansando após ele ter sido abatido no jogo e seguiram em frente; ela achou a poção certa, mas havia machucado a perna quando caiu da mini plantação de Lótus e terminou ficando no lado de fora da última sala, pois sua perna doía muito. Percy entrou e deu de cara com a última pessoa que ele achava que iria encontrar, seu primo Jason Grace.

O menino usava uma camiseta roxa, com uma camisa de manga branca por debaixo, calça jeans preta e sapa tênis. Os olhos azuis elétricos de Jason estavam estranhos e ele encarava um espelho. Percy via o reflexo de Jason no espelho, mas também via outra coisa. O mesmo garotinho que parecia um fantasma na visão que Gaia o mostrou em seu sonho. O menino estava ao lado de Jason, como se estivesse posando para uma foto, tinha um sorriso estampado no rosto e as vestes da Sonserina. Atrás do menino estava uma garota que definitivamente era irmã dele, com cabelos negros compridos, vestes da Sonserina e um hair band cinza. Atrás de Jason estava Thalia, com um sorriso no rosto. Ao lado de Thalia estava Percy, com os trajes da Grifinória assim como os filhos de Zeus. Miranda e Katie, com as vestes da Corvinal, estavam atrás de Percy.

Parecia mesmo uma foto, os irmãos da Sonserina na esquerda, Jason e Thalia no meio, Percy à direita com as irmãs Gardner atrás dele. Todos estavam sorrindo, o que era estranho, pois Thalia quase nunca sorria. De certa forma, os sete tinham os mesmos traços belos e magníficos dos deuses gregos que era tão comum na família Olympus, à diferença era que os irmãos da Sonserina tinham olhos negros, Thalia e Jason olhos azuis, Percy tinham olhos verdes e Miranda e Katie tinham olhos cor de mel. Com exceção de Jason e Miranda, todos tinham cabelos negros.

O Jason que não era reflexo tocou no espelho e uma lágrima escorreu de seus olhos, Percy segurou a tentação de ir ver se aquele ali era ou não seu primo. Podia ser uma ilusão ou mais um teste. Se aquele fosse mesmo Jason, então Piper McLean e Leo Valdez estariam ali em algum lugar, os três eram inseparáveis. 

Percy levou a mão ao bolso da calça, Annabeth não era a única que tinha levado a relíquia da família em missão; pegou a caneta e destampou, uma espada de quase meio metro apareceu em sua mão, feita de bronze celestial e com o cabo revestido com couro. Contracorrente era mais leve do que aparentava.

Jason não pareceu notar que Percy havia pego a espada ou sequer que tinha companhia, continuava encarando o espelho enquanto leves lágrimas caiam de seus olhos. O lugar começou a feder e a porta atrás de Percy se fechou, ele ouviu Annabeth gritar desesperadamente por ele, mas a porta não abria, não tinha como ir ajudá-la. Ele correu até o primo, mas Jason parecia estar em uma espécie de transe.

— Pikachu, acorda. – Percy balançou o primo. – Qual é Jason!

Mas nada, Jason continuava hipnotizado pelo que quer que ele estivesse vendo. Então uma fumaça marrom cobriu os pés deles e a figura do sonho de Percy apareceu.


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Notas finais do capítulo

Anoígei = "abre" em grego
Aperit = "abre" em latim
Neró = "água" em grego