Demigods in Hogwarts escrita por SeriesFanatic


Capítulo 42
Épiro




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A viagem até Épiro poderia ter sido calma, mas não seria nossos heróis se não houvesse uma batalha. Um cara maluco com uma tartaruga gigante os atacou e graças às armas com sangue de Píton, principalmente ao jogo de pés de Hazel, eles se livraram desses doidos. Depois deram de cara com um jovem adulto e um touro falante que se dizia ser um espírito do rio, graças a Piper e seu poder de “controlar as pessoas”, eles conseguiram fugir deles e ela ainda ganhou uma cornucópia ilimitada de graça. Então foram atacados por um polvo gigante e doido que parecia gelatina, dessa vez foi Leo quem salvou os demais. Quando chegaram à Grécia, eles se separaram. Percy, Annabeth, Piper, Hazel e Frank desembarcaram em Épiro, enquanto Jason, o treinador Hedge e Leo ficaram no navio consertando o casco que foi parcialmente destruído pela lula gelatina. Como Annabeth já havia passado alguns verões na Grécia, era a líder e a mais inteligente do grupo, ela guiou os meninos até o local em que ela e Percy trouxeram Gaia de “volta à vida”.

– Continua do mesmo jeito que eu me lembro. – Percy disse encarando o mar verde e calmo.

– Foi aqui que Octavian morreu. – Hazel pousou a mão em uma pedra melada de sangue. – Ele era chato, mas não mereceu esse destino.

– E era um de nós. – Frank apertou o próprio arco, com raiva.

Annabeth prestava atenção na ruinas do templo enquanto os demais vasculhavam o local, ela pode ver Jason e Leo em um pequeno barco indo rumo a uma ilha próxima. Procurou por qualquer coisa que indicasse algo sobre Urano ou Gaia, mas não deu muita sorte. Nas férias, ela aprendeu como se tirar as memórias da mente de alguém e fez isso com as de Jason. Todos os demais puderam ver o que Delfos mostrou a Hal Green e o que Reia contou. Óbvio que Annabeth ficou extremamente furiosa com Atena, mas não era hora para isso.

– Ei, venham ver isso! – Frank chamou, mas a líder continuou vasculhando as ruínas.

– Parece ser alguma erva... – Piper disse vendo o que estava na mão de Frank.

– Saiam daqui! – gritou um morador em grego atual.

– Alguém sabe o que ele falou? – Hazel cochichou para Frank, que deu de ombro. Ambos sabiam grego ANTIGO, não o atual.

– Pediu que saíssemos. – Piper alertou.

– Está tudo bem senhor. – Percy juntou-se ao grupo, de frente para o homem, e respondeu no idioma local. – Meu nome é Perseu. Esses são Hazel, Franklin e Piper. Somos ingleses, senhor!

– Ingleses que sabem falar grego?! – o homem pareceu rir.

O clima estava úmido, apesar do dia de sol, algo comum naquela época do ano. O mar Jônico era muito convidativo.

– Meu pai é grego. Por isso que meu nome é Perseu. Não precisa se preocupar conosco, somos apenas turistas. – Percy sorriu.

– Adolescentes turistas ingleses em uma área assombrada... eu vou é chamar a polícia! – o homem deu as costas.

Calma aí! – Piper disse com todo seu charme. – Nós não viemos fazer mal a ninguém. Pelo contrário, somos os heróis.

– O que ela disse? – Frank perguntou.

– Eu não faço a mínima ideia, estou completamente perdidinha no que esses três estão falando. – Hazel admitiu.

– Sabe alguma coisa sobre essas ruínas, meu bom senhor? – ela perguntou desatacando a espada da cinta e dando para Hazel. Caminhou até ficar do lado do homem e abriu um sorriso encantador. O senhor de uns cinquenta anos, provavelmente pastor ou caseiro de algum lugar perto, pareceu completamente hipnotizado pela moça. – Nós gostamos de história e esse lugar é completamente fascinante!

Percy fez Contracorrente virar caneta e olhou para Hazel e Frank, o casal de namorados colocou as armas no chão. Provavelmente o trouxa não iria ver as armas como elas realmente eram, apenas ia achar que fossem mochilas e objetos de estudo. Era isso que fazia Percy amar a Névoa. Hazel era a única deles que conseguia controlar a leve camada de magia que impedia que os humanos enxergassem o verdadeiro mundo em que viviam e como não havia nenhuma lei que proibisse bruxos menores de idade a controlarem a Névoa, ela fez com que as roupas deles mudassem. De um segundo ao outro, Percy e Frank usavam calça social azul escuro, camiseta social branca, sapatos sociais pretos, gravata azul claro e terno preto. Piper e Hazel usavam a mesma coisa, só que no lugar da calça, eram saias. Provavelmente Annabeth também estaria envolvida no pouco de Névoa que Hazel controlou.

– Somos alunos de intercâmbio, somos pessoas boas. Só queremos descobrir um pouco mais sobre esse belíssimo templo. – Piper sorriu.

– A arquitetura pode ser bela, minha jovem. Mas esse não é um bom lugar! – o homem exclamou.

– Você disse que era assombrado. – Percy foi até eles. – O que quer dizer com isso?

– Há muitos anos, na época dos deuses, um casal de jovens viveu um amor proibido. Ele era humano e ela uma feiticeira. Não uma filha de Hécate. Uma bruxa. Quando ela parou de embebedá-lo com uma porção do amor, ele procurou vingança. – o homem disse com medo, bastante certo de que a lenda era verdade.

– A família dela. – Percy disse.

– Sim. Não foi nobre o que o rapaz fez, mas não se pode mudar o passado. Ele assassinou a família dela e tentou matá-la, ele lutou contra ela com a arma mais poderosa do império, uma espada feita pelo próprio deus das forjas em pessoa. Mas a moça não queria feri-lo. Após ela fugir, o homem destruiu o que restou do templo e tentou seguir com sua vida. Anos mais tarde, ela voltou e o matou. Matou todos que ajudaram na morte da família dela. A lenda diz que o espírito do homem vive nessas ruínas, prestes a matar qualquer um que ousar a perturbar seu sossego. – ele finalizou.

– Sabe os nomes deles? – Piper perguntou.

– Não moça. Os nomes foram perdidos há muitos séculos, assim como a trágica história de amor. – ele disse com medo evidente no local. – Não é bom ficar aí. Nem mesmo os turistas gostam de vim a esse lugar, eu sou obrigado a vir por que é um atalho para minhas ovelhas. Não há ninguém nessa ilha que goste desse morro. Outras lendas mais antigas dizem que a má sorte para esse templo decorre antes dessa história.

– Como assim? – Percy e Piper disseram com as testas franzidas.

– A jovem deusa virgem. Ela se apaixonou por um filho do deus do mar. O irmão dela, deus do sol, a desafiou a atirar uma flecha em um animal que nadava em alto mar. Como ambos os gêmeos eram deuses da caçada, ela topou e matou o animal sem dó nem piedade. Quando notou que havia atingindo seu amado, era tarde demais. O homem já estava morto. Ela o transformou na primeira constelação. A tragédia ocorre em tudo que acontece nesse morro. Por tanto, sugiro que saiam daí crianças. – disse o senhor.

– Obrigada pela informação... qual é seu nome mesmo? – disse Piper.

– Alabaster. Voltem para o seu país de origem. Não irão encontrar nada além de sofrimento e fantasmas com raiva por aqui. Tenham um bom dia! – ele acenou com o chapéu e voltou à trilha puxando as ovelhas.

– Traduzam, por favor. – Frank pediu.

Depois que Piper terminou de contar tudo, Annabeth apareceu das ruínas, o rosto melado de poeira. Percy parecia ter menos raiva do que da última vez que Frank prestou atenção no comportamento dele. ÓBVIO que assim como todos na escola, o filho de Marte shippava “Percabeth”, só que Frank não tinha certeza se eles estavam namorando ou apenas sendo tão fofos a ponto de fazê-lo surtar de alegria. Percy foi até ela e contou sobre a história de Alabaster. Era a mesma história que Jason viu.

– Descobriu alguma coisa de útil? – Hazel disse fazendo a Névoa “sumir” com os uniformes e equipamentos educacionais falsos.

– Só que ninguém vem aqui desde que Gaia matou Urano. – ela bateu as mãos na calça jeans, limpando-se.

– Acho que só fizermos perder tempo. – Frank sentou em uma pedra. – Essa viagem foi inútil.

– Ao menos sabemos que Piper e Percy falam grego atual. – Hazel sentou ao lado dele e colocou a cabeça em seu ombro, Frank começou a fazer cafuné nela.

– Podemos voltar para o navio? Eu estou começando a sentir dor de cabeça por causa desse sol. – Piper reclamou bebendo água do cantil.

– Podem ir. Jason e Leo foram a algum canto, quando eles voltarem, mandem um sinal. – ela disse olhando para o horizonte.

Os três deram de ombros e voltaram para o Argo II, encontraram o treinador Hedge dançando músicas dos anos 50, trocando qualquer verbo por “kill”. No monte, Annabeth olhou para o caldeirão em que ela quase foi cozinhada viva há dois anos. Percy parecia mais interessado em olhar o belíssimo mar bicolor. O azul escuro era lindo, mas as partes verdes eram mais ainda.

– Frank está certo. Foi perca de tempo vim para cá. – Percy disse olhando para a pedra em que Octavian deu seu último suspiro. Ele se lembrava do grito de Zoë e das lágrimas de Luke.

– Eu nem lembro direito o que aconteceu naquele dia. – ela sentou na grama e uma lágrima caiu pela bochecha. – Lembro-me de tudo até bater a cabeça com força dentro do caldeirão. Perdi tanto sangue que apaguei.

– Ao menos não desmaiou com qualquer coisa como o Jason. – ele disse sentando ao lado dela, observando o por do sol, ela riu.

– Você tá estranho. – ela observou. – Desde a batalha.

– É muita coisa. – ele abraçou as pernas, mas parecia calmo.

– Eu sei, mas... – ela colocou a mão esquerda na mão direita dele. – Eu te conheço Percy, você não é sério. Na verdade, é o oposto disso.

– É só que... – um nó imenso surgiu na garganta dele. – Por que nós? A profecia não dizia que nosso sangue, nossa carne e nossos ossos trariam o corpo de Gaia de volta! A “profecia” de Rachel foi um sonho que tivemos com o Oráculo. Eu ainda... eu ainda não entendi isso! Sei que os deuses estão sendo poéticos, irônicos ou o que quer que seja, mas sei lá... essa parte faz sentido, entende? Agora nós dois?

Ela tirou a mão da dele e desviou o olhar. Viu Jason e Leo retornando com o pequeno barco, com uma folha imensa que pareceu ser bronze celestial. Achou, ao menos por um momento, que eles deixariam de ser apenas melhores amigos e finalmente se entregariam ao sentimento que ambos sentiam - e tinham certeza de que a recíproca era verdadeira - e começariam a namorar. Pois era bem ÓBVIO que eles se amavam.

– Eu que fiz com que a gente não morresse. – ele admitiu distraído, com a voz séria. – Forcei o pouco de água que tinha a te proteger. Bem, Dédalo, Zöe, Luke e a Sra. O'Leary é quem ficam com todo o crédito, é claro. Mas foi assim que não fomos mortos pelo fogo.

– Por que você me protegeu?

– Você havia batido a cabeça no caldeirão e levou uma espada no estômago antes disso. Eu só levei a espada. – ele deu de ombros enquanto observava o treinador Hedge dispara o canhão contra uma sereia que tentava levar Leo para as profundezas. – Além disso, eu poderia dizer que é tudo culpa da minha casa. Sabe, Lufos são fieis. Mas eu estaria mentindo.

Annabeth voltou a olha-lo nos olhos. O crepúsculo estava laranja com as nuvens rosa e o mar estava ficando negro por causa da pouca luz, a brisa era refrescante, porém úmida. Era impressão dela, ou Percy estava prendendo uma lágrima?

–Eu lembro que naquele momento... eu não me importava em morrer ou não. Eu só sabia que queria te proteger. Eu sempre me senti assim, desde o primeiro ano. Sei que é burrice, porque você jamais precisaria de ajuda. – ele riu de leve como se isso fosse uma antiga piada. – Mas eu sempre senti essa necessidade de te proteger. E quando eu te vi se contorcendo de dor naquele caldeirão... eu só...

– Obrigada. - Annabeth sentiu um peso imenso sair de suas costas, assim como Percy.

Ela sempre quis saber como não morreu queimada, sempre achou que a Sra.O'Leary tinha sido rápida o bastante e derramou o caldeirão antes que a pele dela fervesse. Enquanto Percy com memória, sempre quis contar o que havia feito. Parte dele queria contar para que ela ficasse impressionada e esquece-se de Luke, a outra parte para que ele tomasse vergonha na cara e contasse o que sentia. As duas partes apenas queriam que ela soubesse que ele era capaz de tudo por ela. Não no sentido de "eu sou o máximo", mas no sentido fofo tipo "eu te amo e faria o impossível por você".

– Eu sei que é estúpido...

– Não. – ela corou. – Não... é fofo. Muito fofo. – ele corou. – Obrigada.

O coração de Percy estava a mil. Ele queria se declarar e achava que estava indo bem, mas sentia-se muito nervoso. A viagem de uma semana pareceu ter sido mais rápida do que a batalha, mesmo com todos os ataques que eles tiveram de enfrentar. E ainda assim eles haviam agido como "amigos coloridos": segurando as mãos, abraçados quase que o tempo todo, um selinho aqui e outro ali... estavam apenas sendo fofos um com o outro (o suficiente para fazer Piper, Frank e Hazel surtarem). Mas ambos queriam algo mais, isso era claro, só que Percy estava agindo estranho desde a batalha e Annabeth ficou com medo de arriscar alguma coisa, por causa da mudança de comportamento dele.

– Acho que nunca saberemos por que nós é que tivemos que trazer o corpo de Gaia de volta. – ela disse nervosa e tímida. – Por isso que você deveria deixar isso um pouco de lado e relaxar. – era como se ela pudesse ler os pensamentos dele, pois era exatamente isso que o estava deixando estressado e causando a mudança de humor. – Iremos enfrentar coisas piores do que tartarugas gigantes e bois falantes. Você precisa estar bem do juízo.

– Ei, sou eu! Desde quando meu juízo presta? – ele riu e ela gargalhou.

– Esse é o Cabeça de Alga que eu conheço! – ela sorriu.

Annabeth levantou e o ofereceu a mão. Percy sabia que estava estranho – culpa do estresse, mas (como sempre) ela estava certa. Respirou fundo e tentou tirar aquilo da cabeça. Ele sabia que o Percy sem memória era exatamente igual ao Percy com memória em todos os aspectos, a diferença era que o sem memória tinha mais coragem para falar com Annabeth, mesmo nunca tendo tomado nenhuma atitude. Na verdade, o sem memória tentou sim se declarar, mas não conseguiu porque Annabeth não calou a matraca. Ele aceitou a mão dela e levantou, com o leve sorriso no rosto.

– Annabeth, espere... – ele disse quase vomitando o próprio estômago.

– O que? – ela disse normal.

Os olhos dela sempre foram ameaçadores, mas naquele momento, pareciam que iam pegar uma arma e atirar na cabeça dele. Não era culpa dela de ter olhos lindos e psicopatas!

– Er... – ele gaguejou.

– Anda Cabeça de Alga! Vamos voltar logo para o navio antes que o treinador exploda o canhão em nossa direção. – ela brincou.

– Deuses... – ele passou a mão na nuca, estava suando mais do que deveria. – Er... só... só me escuta tá...

– Eu tô tentando, mas você está gaguejando mais do que o Malcolm quando vê pizza.

– Annabeth, isso é sério!

– Eu sei. – ela segurou o riso.

– Pera... você tá debochando de mim! – ele exclamou e ela caiu na gargalhada. – AH QUAL É! Para com isso! Você não está tornando as coisas fáceis!

Ela segurou o riso e deu um abraço nele, atravessando os braços no pescoço do rapaz. Percy segurou a cintura dela, como sempre fazia. O lado bom era que os dois tinham o mesmo tamanho. O fato de que Annabeth foi mais alta que ele durante todos os anos desde que eles se conheceram era algo meio que desafiador e irritante. Mas finalmente ela havia parado de crescer e eles tinham a mesma altura. Ela sussurrou no ouvido dele com a voz mais sensual possível:

– Eu nunca, nunca irei tornar as coisas fáceis para você, Cabeça de Alga. Acostume-se!

Annabeth sabia que ele estava para se declarar. O conhecia muito bem. Mais até do que ele mesmo em algumas ocasiões. E o fato de que as bochechas dele estavam da cor do céu também o entregou. Fora a conversa “eu prefiro salvar a sua vida a salvar a minha”. Era doce, fofo e extremamente Percy. Ela sabia que ele morreria para salvar um amigo e morreria mais feliz ainda se fosse para salvar a pessoa que amava. Mesmo com todo o vai-não-vai que eles fizeram nos últimos três anos, ela sabia que ele a amava, apesar das dúvidas que teve quando soube do “namoro” dele com Rachel. Ela ainda espancaria Dédalo por ter mentido. Como ela sabia o que o estava estressando? Por que ela tinha essa mesma dúvida desde que acordou na enfermaria após a final do Torneio Tribruxo, que foi dado vitória a Octavian por decisão dos demais participantes.

– Eu te amo. – ele conseguiu dizer já que não via o rosto dela, apenas sentia os seios dela em seu tórax.

O coração dela pareceu estar tão rápido quanto o dele. Annabeth deu um belíssimo sorriso e aquilo fez tudo ter valido a pena. Ambos se inclinaram para frente e preencheram o pequeníssimo espaço entre eles. O beijo foi calmo, carinhoso e acolhedor, como uma lareira no dia mais frio do inverno. Isso oficializou tudo, eles estavam namorando. Quando voltaram para o Argo II, eles tiveram que ouvir o treinador Hedge falar durante horas, enquanto Festus decolava o navio, sobre respeito, camisinha e gravidez na adolescência. Até Leo teve que ouvir. Todos eles ouviram o discurso interminável do sátiro. Como as cabines de casa um eram individuais, isso ajudou o treinador a sossegar um pouco, mas não foi de grande ajuda, pois ele estava certo de que em menos de nove meses a tripulação passaria a ser doze ou mais. Piper tentou convencê-lo de que todos ali eram virgens e que estavam em um estágio muito inicial das relações para chegarem a fazer aquilo. Leo alegou o melhor argumento do mundo, a namorada dele estava em outro continente. Só então Hedge se acalmou, para a sorte dos sete.

– Tô falando, o cara era doido! – Leo disse no jantar. – Fora o fato de que ele era extremamente narcisista. Parecia até parente da Drew!

– Tecnicamente, eu sou parente da Drew. O pai dela é Eros, o irmão gêmeo da minha mãe. – Piper disse enquanto bebericava a sopa.

– Qual era o nome do cara? – Hazel perguntou.

– Narciso. – disse Jason com o braço enfaixado. – Na boa, da próxima vez que você inventar de ir a uma ilha próxima atrás de folhas de bronze celestial, leve a Hazel! Ou a Pipes! Ir para uma ilha cheia de garotas malucas e apaixonadas por um cara que se ama mais do que ama o oxigênio? Não dá pra mim isso não!

– Isso deve ter sido hilário! – Percy riu.

– Ei, o satélite do Fetus indicou que tinha o que precisamos bem pertinho. O satélite não mostra humanos. Ou ninfas psicóticas. – disse Leo.

– É, com toda certeza isso foi hilário! – Frank riu.

Depois do jantar, cada um foi para sua cabine enquanto Festus navegava no modo piloto automático. Nenhum deles sabia mais para onde ir e Annabeth estava começando a ficar preocupada, havia perdido uma semana em uma viagem sem sentido e ia perder outra semana para voltar para Londres, isso se encontrassem poucos monstros ou doidos pelo caminho. Como a cabine de cada um era o próprio quarto de suas casas, a cabine de Percy tinha papel de parede azul claro com cavalos marinhos, uma cama confortável, mesa de estudo e prateleiras com gibis em grego antigo, quadros com vários tipos de nós, alguns peixes de madeira ou argila pendurados como enfeites. Parecia a cabine de um capitão. A cama de Percy era “afundada” em um móvel de madeira, bem baixinho, com uma forma parecida com um S, só que mais reto, e que além de cama também era um porta CDs e objetos. As vigias da cabine dele sempre estavam abertas.

Naquela noite, pela primeira vez em anos, Percy teve um pesadelo. Não foi BEM um pesadelo, mas foi assustador. Ele estava na Vila Olímpia, mas dentro de uma das mansões. As paredes do quarto eram de pedra escura e a porta parecia muito velha, haviam várias coisas guardadas e a poeira era imensa. Como se aquele quarto fosse uma espécie de sótão, só que um sótão que não foi aberto ou limpado pelos últimos milênios. Se Sally visse aquele quarto teria um enfarte. A única coisa limpa era o espelho de Ojesed. Percy olhou para o espelho e viu ele e Annabeth felizes.

“Bonito não é?” disse uma voz grossa.

Ele virou-se para olhar para a janela e viu a mesma pessoa que apareceu em sua mente assim que ele destruiu o espelho verdadeiro. Piper Swan McLean versão masculina. Cabelos castanhos, pele escura, olhos azuis que pareciam multar de cor, o cara até tinha umas duas tranças na cabeleira estilo Beatles. Os traços indígenas eram mais fortes nele do que em Piper. Usava uma armadura grega completa e estava melado de sangue. Parecia mancar de uma perna e trazia katoptris presa à cinta. Não parecia ser um guerreiro musculoso, na verdade o cara quase não tinha músculos, era uma taboa de passar ferro igual a Leo. Provavelmente era alguém astuto ou com uma excelente técnica, do contrário não teria entrado numa guerra. O homem se aproximou do espelho e tocou no vidro.

“Obrigado”

“De nada. Pelo que?” Percy conseguiu falar.

“Por destruí-lo. Eu criei esse espelho. Sempre admirei a beleza alheia, mas a beleza do coração é algo mais puro. É o verdadeiro amor que conta. Por isso criei esse espelho. Para que o amor verdadeiro pudesse ser visto”

“Achei que o espelho mostrava o que a pessoa mais desejava. Eu mesmo vi aprovação e igualdade da primeira vez.”

“O que mais desejamos é o que mais amamos, de certa forma. Obrigado Perseu.”

O homem desapareceu e o sonho também, Percy acordou de madrugada com Hedge gritando que eles estavam sendo atacados por algo que ele não conseguiu entender. Algo haver com Piratas do Caribe e o quanto Orlando Bloom era sexy (parte essa dita por Piper e Hazel). Provavelmente estavam apenas sendo atacados por piratas e as meninas estavam sendo irônicas. Percy passou a varinha por cima da tatuagem, mas estava com tanto sono que terminou indo ajudar usando calça de pijamas com metade da armadura e levou um lápis no lugar da varinha. Eles conseguiram se livrar dos piratas na hora que Frank se transformou em um golfinho maluco (ideia de Annabeth). Ninguém entendeu como um golfinho se contorcendo como se estivesse em trabalho de parto (Frank precisa de aulas de atuação) os salvou de piratas, mas o importante é que estavam vivos e nada foi quebrado.

Os sonhos com a versão masculina de Piper continuaram a ocorrer durante toda a jornada de dois meses que eles fizeram ao redor do mundo atrás dos mais antigos e confiáveis livros de história, mas foi tempo perdido. Enquanto isso Gaia ia ficando mais forte a cada dia.


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