Demigods in Hogwarts escrita por SeriesFanatic


Capítulo 4
A escola começa a ficar interessante




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Pela primeira vez em meses Percy estava feliz por estar na escola. Ele estava com saudades de Grover (e mesmo sem querer admitir, de Annabeth também) e o fato de estar longe da família que o olhava com desgosto, era um alívio. Na volta à Hogwarts, Percy dividiu cabine com Frank e a amiga dele, Hazel Levesque, que de certa forma era prima de Percy; a menina era bem legal. Eles jogaram Mitomagia e comeram vários doces. Assim que conseguiu se livrar da vista dos monitores, ele correu até a floresta atrás de Grover e o achou lendo um livro juntamente com Annabeth na mesma clareira que ele sempre se encontrava com o sátiro.

— Annabeth? – Percy estranhou.

— E aí Cabeça de Alga. – ela respondeu com um leve sorriso.

— Já disse para parar de me chamar assim. – ele caminhou até os dois. – Que história é essa de que você sabe quem é Gaia?

Grover e Annabeth trocaram olhares apreensivos e a loira o mostrou o livro. Percy não conseguiu ler por causa da dislexia, mas distinguiu palavras o suficiente para saber que era latim.

— Não consigo ler. – ele admitiu.

— Nem eu. – disse Annabeth. – Bem, não com facilidade. Demoro a ler latim da mesma forma que demoro a ler em inglês ou qualquer outro idioma. Para nossa sorte, Grover sabe falar latim.

 

Annabeth era tão apaixonada por livros e estudos, que Percy frequentemente esquecia que ela também tinha dislexia que nem ele.

— Eu quero saber como é que uma menina com dislexia dá aulas de reforço para um menino que também tem dislexia. – Grover riu.

— Quer contar para ele o que descobrimos? – Annabeth revirou os olhos.

— Pera ai... desde quando vocês “descobrem” coisas juntos? – Percy perguntou com ciúmes.

— Percy, não é a toa que você tenha reconhecido o tal nome. Eu sei que você mentiu naquele dia quando eu te resgatei na floresta. Essa tal de Gaia está conectada a sua família. – disse Grover.

Foi a vez de Percy e Annabeth trocarem olhares.

— Olha, tudo o que eu sei é que meu avô a derrotou. – ele respondeu dando de ombros. - E que ela talvez tenha sido uma parente distante da família Olympus.

— Foi mais que isso. – Annabeth respondeu com o rosto sério.

— No mundo bruxo sempre existiu nove famílias importantes, ricas e de sangue puro. Uma dessas nove, a família Olympus, tinha uma feiticeira poderosíssima chamada Gaia. Que teve apenas um único herdeiro, seu avô, Cronos. Gaia é sua bisavó, Percy. Avó de Zeus, Poseidon, Hades, Héstia e Deméter. – Grover disse mostrando a árvore genealógica desenhada no livro.

 

Percy passou uns minutos em silêncio tentando absorver o choque.

— Se ela é minha bisavó, então porque ninguém na família nunca comentou nada? – ele falou por fim.

— Como se você não conhecesse seu tio Zeus. Ele faria qualquer coisa para não sujar o nome e a reputação da família, inclusive apagar a própria avó da existência e da história. Só que, bem, Hades é Hades. Acho que ele fala da avó não só para irritar o irmão caçula, mas também para alertar você e seus primos. – disse Annabeth.

— Então meu tio Hades estava nos alertando esse tempo todo? – Percy disse tentando entender o raciocínio dela.

— É uma dedução minha. Zeus pode não querer que ninguém no mundo bruxo saiba ou lembre quem foi Gaia, mas Hades não liga para isso. – Annabeth respondeu.

— Como assim “quem foi Gaia”? – Percy disse confuso.

— A história é o seguinte, ela era malvada, tipo, pra caramba. Fez genocídios, no plural mesmo. Nascidos trouxas, humanos, toda e qualquer espécie mágica que você consiga pensar. De forma muito, muito cruel e horrenda. – Grover disse enquanto apontava para algumas páginas do livro. – Os maiores bruxos da época se juntaram e a mataram: Godric Grifinória, Salazar Sonserina, Helga Lufa-Lufa, Rowena Corvinal.

— Os quatro fundadores de Hogwarts. – Percy disse estupefato. – Mas eles morreram tem o que? Mil anos?

— É essa a parte que eu não entendo. Todos sabem que Cronos viveu uns quinhentos anos graças ao sangue de unicórnio... – Annabeth falou.

— É, mas meu pai não é tão velho assim. Ele tem cinquenta e quatro anos, como é que a avó dele pode ter mais de mil?! – Percy exclamou.

— De acordo com esse livro, os quatro bruxos mais poderosos mataram Gaia, mas o corpo nunca foi encontrado. E considerando a parte em que vivemos em um mundo onde se pode fingir a própria morte até mesmo no mundo mortal... – Grover disse.

— Ah qual é! Mil anos? Sério? – Percy exclamou. – Tá legal, o fato do canalha do meu avô ter vivido tanto é explicável! Ele era ruim e mereceu ser morto da forma que meu tio Zeus o matou, mas daí a alguém conseguir viver por mil anos?

A história da família de Percy nem sempre foi perfeita como seu pai e seus tios fingiam ser. Durante vários séculos, as nove famílias tiveram sim um histórico de paz e bondade; até que há meio século nasceu o avô de Percy, Cronos. Filho único e herdeiro dos Olympians, Cronos foi para Grifinória, mas era uma pessoa horrível. Não só por ser um péssimo pai e por ter espancado seus filhos quando eles eram crianças e adolescentes, mas também por cometer vários crimes contra trouxas e nascidos trouxas.

Ele era um extremista radical, acreditava nos ideais malucos de Salazar Sonserina de pureza da raça bruxa e havia começado um culto, os Comensais da Morte, com a intenção de "lavar" o mundo mágico. Só que um dia, seu filho caçula se cansou dos abusos do pai e uma briga imensa começou, algumas cidades foram destruídas no processo e Zeus terminou matando o próprio pai. Ele nunca foi punido, pois a justiça considerou um crime de autodefesa. Poucos anos depois, ele virou Ministro da Magia e até hoje luta contra pais abusivos, seja no mundo mágico ou não.

Um dos motivos para a família Olympus ter se dividido em três e assim ficarem 12 famílias principais, deu-se pelo fato de que Poseidon queria que a justiça punisse o pai, não matá-lo; Deméter e Hades queriam torturá-lo e fazer com que Cronos sentisse a mesma dor que seus filhos sentiram durante toda a infância. Héstia concordava com Poseidon, mas terminou apoiando Zeus (sem contar todo o facismo e nazismo de Cronos).

Assim viraram 12 famílias. Suas tias Deméter e Héstia foram as únicas que mantiveram o sobrenome Olympus, apesar disso, as filhas de Deméter usavam o sobrenome do pai, assim como Annabeth, que pertencia a família Palas, mas seu sobrenome era Chase. Já tia Héstia era freira no mundo humano.

Apesar das histórias de terror de Hades, Percy jamais ouviu falar de Gaia como alguém da família, ele apenas achava que seu nada querido avô tivesse ajudado os fundadores de Hogwarts a matarem a feiticeira, pois era isso que seu tio Hades contava.

— Há poucas formas de viver para sempre, Percy, mas há formas. – disse Annabeth.

Ele olhou para os dois e entendeu que estavam apreensivos.

— Ela não morreu não é? – ele perguntou.

— Ai! Isso é o meu pé! – uma menina gritou perto da campina.

Os três olharam para o lugar de onde veio o som. Percy e Annabeth puxaram as varinhas, enquanto Grover pegou a flauta.

— Verificamos? – Grover olhou para Annabeth.

— Não. – ela sussurrou.

— Tem certeza de que é por aqui? – disse uma voz masculina.

— Tenho. – respondeu outra voz masculina.

— Esperem... é o Jason. – Percy sussurrou. – Reconheço a voz dele.

— Da última vez que você disse isso, terminamos indo parar no terceiro andar e quase fomos mortos pelo cachorro de Plutão! – reclamou a voz que havia gritado antes.

— Saímos vivos, Piper! – respondeu a outra voz masculina.

— McLean, Valdez e Grace. – Annabeth respondeu suspirando e abaixando a varinha. – Devem estar procurando algo, não serão problema.

— Isso aqui é a Floresta Proibida. – Percy os lembrou.

— Bem, se eles nos pegarem, não poderão nos entregar porque também estão aqui. – Annabeth deu de ombros. – Se nos entregarem, terão que explicar o motivo de também terem vindo, ou seja, irão se encrencar.

— Ao menos que estejam com um professor. – disse Percy.

As vozes de Leo, Piper e Jason foram se distanciando.

— Não creio que estejam. – disse Grover. – Estão animados e com medo ao mesmo tempo.

— Devem estar procurando alguma aventura. – Annabeth respondeu. – E por falar nisso, é melhor voltarmos para o castelo.

— Por quê? Não acha que sua tia esteja preocupada com você não é? – ele disse se lembrando do aviso de Atena.

— Não, seu idiota. Eu tenho que devolver esse livro, peguei por uma semana na biblioteca e já se passou o prazo. Além do mais, se eles estão aqui, mesmo que por alguma travessura, ainda significa que podemos ser pegos. – ela explicou.

— Qual é, Sabidinha! – Percy disse. – É o que você disse, eles não podem nos dedurar sem admitir que também estavam quebrando as regras.

— É melhor prevenir. Além disso, tenho que ajudar meus pais a retirarem a decoração de Yule lá de casa. – disse Grover.

Percy franziu o cenho, mas terminou indo com Annabeth. Eles se separaram assim que entraram no castelo, ela foi para a biblioteca enquanto ele foi para a sala comunal da Lufa-Lufa. Encontrou Frank e Dakota jogando Mitomagia juntamente com Will, Connor e Travis (os dois últimos trapaceando, é claro) perto da lareira. Ele acenou e subiu para o quarto, jogando-se na cama com tênis e tudo. Era muita informação para um dia só. Na hora do jantar, Percy ficou olhando para Jason e Leo à mesa da Grifinória, eles pareciam imersos em alguma piada interna. Na mesa da Sonserina, Piper brincava com a comida, fazendo a irmã, Silena, rir.

— Como passou o recesso? – Luke disse sentando-se ao lado dele.

— Entediante. – deu um sorriso amarelo.

— Eu notei. Você passou a festa inteira cabisbaixo.

— Luke, não me leve a mal, eu sei que é a tradição da sua família entrar nessa casa, mas... não é a da minha. Meu pai mal me olha, todos da minha família, quando me olham, é com desprezo... não estou querendo ofender nem nada, mas é que... meu lugar não é aqui! – Percy tentou explicar.

Luke examinou a colher em frente em ao seu prato vazio e depois de poucos minutos olhou para Percy.

— Sabe quem são mandados para cá?

— Os Solance e os Castellan? – ele chutou.

— Não. Os que trabalham muito, os pacientes, os amigos, os leais, os justos, os sinceros. É uma casa onde todos somos um; somos uma família. Unidos. Onde todos se preocupam em ajudar aos demais. – Luke disse sem emoções na voz.

Percy o fitou, essa era a verdadeira definição de quem ele era.

— Connor e Travis podem ser trolls e ladrãozinhos, mas são leais, ajudam todos, colocam um sorriso até nos mais rabugentos, são amigos para todas as horas. Will sempre ajuda quem pode, tem uma paciência de dar inveja e é muito leal. Você acha que é o primeiro a sentir que não pertence a essa casa? Eis uma notícia, você não é. Outros já se sentiram assim e se tornaram bruxos grandiosos. – Luke explicou.

Percy sentiu muita vergonha. Luke desde o primeiro dia foi super legal com ele; todos naquela casa eram amigos, sempre estavam dispostos a ajudar no que quer que fosse. Alguns eram palhaços, outros incrivelmente amigáveis e todos eram amigos. Percy assentiu com a cabeça e forçou um sorriso melhor.

Naquela noite, mesmo com Grover tocando a mesma melodia de sempre para que ele não tivesse pesadelos, Percy sonhou que estava de volta a casa destruída, suja de terra. Dessa vez estava no que, um dia, foi uma piscina feita de pedras (como nos templos antigos). A mulher de areia e fedorenta estava parada de frente para ele, com uma mão levantada, segurando alguma coisa.

Não. Não era um objeto. Ela estava fazendo um feitiço. Percy viu a si mesmo mais velho com uma Annabeth mais velha ao seu lado e um menino familiar de cabelos negros, pele clara como um fantasma e olhos mais profundos e escuros que a noite. Percy chorava abraçando o cadáver dela, enquanto o menino colocava a mão em seu ombro, de forma a consolá-lo. A visão sumiu e Percy voltou-se a ver na casa destruída com a coisa feia na sua frente, rindo feito sabe-se lá o que.

“Esse é seu futuro, Perseu Jackson. Não pode lutar contra ele. Alguns detalhes podem variar, mas o destino é o mesmo! O seu sangue e o sangue dela irão me acordar. Eu voltarei à vida. Não há nada que você e os outros seis possam fazer para me impedir. Eu não morri, peãozinho, não completamente, e quando eu voltar, os trouxas e sangues ruins conhecerão o poder daquela de que-não-deve-ser-nomeada!” a figura riu. “Você morrerá para que eu possa me reerguer! Você trará Gaia de volta!”

O riso era de fazer qualquer um tremer de medo. Percy sentiu uma dor no coração e acordou com Frank o sacudindo, Chris, Dakota e Will o encaravam, assustados.

— Você tá bem, cara? – Chris perguntou.

— Tá soando frio. – disse Dakota.

— Will, chame Beckendorf ou Luke. – Frank orientou. – Acho que a pressão dele caiu ou algo assim, talvez precise tomar um remédio.

Percy sentou na cama e sentiu-se meio tonto, Will saiu do quarto mesmo estando só de cueca e foi chamar ajuda.

— Você tá verde, Percy. – disse Frank.

— Foi só um pesadelo. – ele conseguiu falar, mas sua voz mal saia.

— Só um pesadelo? Cara, você ficou gritando “Annabeth” feito um doido pelos últimos cinco minutos. – Chris disse assustado.

— Não sabia que você tem uma namorada. – disse Dakota.

— Eu não tenho namorada. – Percy respondeu com a voz rouca.

— Gente... – Will voltou tremendo e mais pálido que Percy.

— O que foi? – os meninos perguntaram em uni solo.

— Eu encontrei com o Beckendorf... ele disse... ele disse... – Will gaguejou.

— Fale para fora. – Dakota respondeu.

— Ele mandou todos ficarem em suas salas comunais... algo... algo aconteceu... – ele disse ainda em choque.

— O QUE? – os quatro exclamaram.

— Sabem a sala proibida no terceiro andar? Onde Luke conseguiu a cicatriz por tentar passar por Cérbero. – disse Will.

— Sabemos, o cão de três cabeças do professor de poções. – disse Chris.

— Pai da Hazel. – Frank acrescentou.

— O que é que tem o cão de três cabeças, Will? – Percy perguntou.

— O diretor Grace mandou chamar todos os professores e monitores. Alguém tentou entrar na sala, quase mataram o cão. A suspeita é que há alguém muito ruim em Hogwarts. – Will disse recuperando o fôlego.

— Alguém tipo quem? Voldemort? – disse Dakota.

— Alguém tipo Cronos. – Will disse olhando para Percy.

Os demais meninos também olharam para ele. Percy sabia da crença popular de que seu avô não havia sido morto e a última coisa que ele precisava era da escola inteira desconfiando dele. Mesmo com seus primos Thalia, Jason, Hazel, Miranda e Katie também estudando no local. E principalmente agora que ele sabia que Gaia contava com o sangue dele e de Annabeth para voltar à vida e dizimar os humanos e nascidos trouxas.


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