Demigods in Hogwarts escrita por SeriesFanatic


Capítulo 34
A espiã




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Annabeth era uma excelente professora, isso ninguém podia negar. O Argo II ficou pronto antes da Páscoa e os primeiros testes foram todos maravilhosos. Leo não poderia estar mais orgulhoso de si. Beckendorf e Dédalo foram umas duas vezes visitar a Armada de Júpiter no decorrer do ano letivo. Segundo Piper, Reyna escolheu esse nome em homenagem ao antigo diretor, de quem todos sentiam falta. Os pais de Grover eram legais, eles sempre levavam comida. Ao contrário do que Chris imaginava, os meninos não treinavam no navio e sim ao redor, por isso que Hedge sempre se irritava quando machucavam as plantas e ainda queria ser chamado de treinador. Como se ele é quem fosse o professor, mas Annabeth não pareceu ligar para isso. O treinador Hedge só fazia falar palavras de incentivo como “ANDEM LOGO CUPCAKES OU EU VOU BATER EM VOCÊS COM MEU TACO DE BASEBALL!” coisas do gênero.

Percy foi quem teve mais dificuldades com o feitiço, só vendo conseguir realizar alguma coisa com sucesso depois de meses de treinamento. O patrono era o feitiço mais difícil, afugentava as Arai e trazia luz ao local, podendo combater qualquer feitiço das trevas. As palavras de Júpiter de quando Dédalo era considerado um prisioneiro eram o mantra da Armada: “Sempre pode-se encontrar a luz, mesmo até onde ela parece não existir”. Segundo Hylla, isso queria dizer que sempre há esperança, mesmo quando tudo parece estar perdido. A sorte da Armada era de que Juno não desconfiava de nada e os colegas de dormitórios conseguiam acobertá-los, assim como os monitores. A tatuagem foi feita por um feitiço que só Dédalo sabia e doeu pra caramba. A de Chris era apenas um caduceu, já que o pai dele era tio paterno de Luke e dos gêmeos. A de Percy era um tridente, iguais as dos pais. A de Annabeth era um coruja segurando um ramo de oliveira no bico. Obviamente que era difícil ficar acordado nas aulas, já que eles passavam a noite inteira treinando, mas café sempre ajudava.

– As N.O.M.’s são amanhã. – Percy disse após o fim de um treino. Naquela noite eles decidiram que a Armada não ia treinar, para que os alunos pudessem dormir bem antes da prova, mas ele convenceu Annabeth a terem uma sessão particular. – E eu não tô nem aí.

– Mesmo com amnésia você deveria ser capaz de identificar o quão importante é esse exame. – ela disse bebendo água.

– Eu sei que é importante, mas sei lá. Sempre me imaginei trabalhando com animais aquáticos, não como Auror. Sei que eu disse isso para Ceres, mas é o que a minha mente de agora diz. – ele deu de ombros.

– Quando você beber o veneno de Górgona... creio que não haverá mais conflito na sua mente. – ela disse tensa.

Ela estava completamente suada, mesmo sendo fim de Março. Usava um short jeans, camiseta laranja com as iniciais CHB em grego antigo e estava descalça. Os cabelos estavam presos em um rabo de cavalo e ela usava o brinco de coruja de sempre. Deuses, como ela estava linda. Mais bela que as estrelas. A adaga estava presa na cinta e o boné nas tiras do short. Todo domingo, a Armada treinava luta corporal com armas ao invés de feitiços – essa era a única parte em que Percy era bom. Ele usava bermuda preta, tênis esportivo, a mesma camiseta que ela só que em versão masculina. Contracorrente estava em formato de caneta no bolso. Eles estavam deitados em cima de uma manta, olhando para o céu e aproveitando a paz e tranquilidade, não era nem meia noite. E era a primeira vez que eles conseguiram ficar sozinhos DESDE O BAILE (a enfermaria não conta).

– Nunca tivermos a chance de conversar. – ele disse com a bochecha corando. – Sabe... desde que eu voltei.

Ela não respondeu nada, apenas tinha um nó imenso na garganta. Tinha receio de que o Percy desmemoriado se apaixonasse por ela e quando ele recuperasse a memória... bem, vocês entenderam.

– Essa ditadura é uma droga. – ele disse e ela riu. – O que é tão engraçado assim?

– Zoë. – ela segurou o riso. – Quando eu estava na enfermaria ela foi me visitar. Provavelmente você não lembra, mas ela é muito séria. Fala tudo na língua culta, bem formal mesmo. Thalia havia ouvido que você foi visto perto de uma lanchonete dos faunos e Zoë disse: “vamos achar a droga da lanchonete”. Eu sei que não parece engraçado, mas na hora foi hilário. Quebrou a tensão e foi a primeira vez que ela disse algo informal.

– E vocês acharam a droga da lanchonete?

– Não. Era só um boato. Mas você tá aqui. Deixe a droga da lanchonete para lá. – ela corou.

O que estava acontecendo com ele? Por que estava se sentindo tão covarde? Porque ficar perto dela o fazia sentir-se tão vulnerável? Ele sabia que TINHA que haver alguma explicação para ambos terem uma mecha cinza no cabelo. O coração estava a mil por segundo, ele começou a suar mais e ele já estava todo molhado de suor por causa do treinamento. Eles chegaram a uma situação meio tensa. Sozinhos, em um navio no meio da floreta, tarde da noite, numa belíssima noite de primavera... sem assunto e os dois com os hormônios à flor da pele. Percy sentia que devia beijá-la, mas não tinha coragem. Ele não sabia de onde surgiu a covardia. Estava tão decidido a ter algo com ela, a pedi-la em namoro... mas simplesmente... paralisou.

– Eu sou diferente dele não é? – ele disse sem pensar.

– O que quer dizer com isso? – ela respondeu agradecida pelo silêncio constrangedor ter terminado.

– Do outro Percy. O com memória. Sou diferente dele não é? – ele disse triste.

– Na verdade não. Vocês são idênticos, afinal são a mesma pessoa. – ela deu uma leve risadinha. – A única diferença é que você não tem memória.

– E nós? Estamos diferentes? – parecia que o nó na garganta dele era maior que o planeta.

– Como assim “nós”? – um nó imenso surgiu na garganta dela.

– Nós, sabe, eu e você.

– Eu sei o que o pronome nós quer dizer, Cabeça de Alga.

– Então... hum... nós... estamos... iguais a antes ou não? – ele disse tremendo.

– Não sei. Não tivemos tempo para interagir de verdade. Honestamente Percy, você age tão como você, que é difícil imaginar que está com amnésia. – ela desviou o olhar. – Obviamente não reconhece as pessoas que conhecia antes por causa da perca de memória... mas eu acho que você está igual a antes. Só que mais alto.

Ele riu.

– Você continua o mesmo Percy, com amnésia ou não. E pela forma como você me trata... eu me pergunto se você realmente está sem memória. – ela disse séria, voltando a olhá-lo nos olhos.

Dessa vez foi ele quem desviou o olhar.

– Eu não me lembro de nada sobre a minha vida. Não reconheço meus pais, não reconheço ninguém. Às vezes tenho sensações sobre alguma coisa, como se eu soubesse que determinada comida não tem bom gosto. Que eu gosto de tal livro. Que tal pessoa é legal. Tenho memórias da cultura pop, de algumas coisas que eu vi ou gostei durante a infância... mas são só borrões... – ele disse calmo. – Só que... – o nervosismo apareceu.

– Só que...?! – o coração dela se encheu de esperanças.

– Eu posso não ter lembranças de nada e de ninguém. Mas lembro de você. – ele disse com o que lhe restava de coragem.

Ela se levantou e ele também. Eram da mesma altura, só que Annabeth parecia ser mais alta.

– Lembro que durante o coma, eu sonhei com você. Quando acordei... a memória da gente no baile era a única coisa na minha mente que eu tinha certeza de que realmente havia acontecido. Seu rosto, seu perfume, seu nome... eu só lembrava de você. – ele disse achando que ia vomitar.

– Você... lembra de mim? – ela disse surpresa.

– Lembro. Não sabíamos que éramos amigos, Grover quem me disse isso. Eu achava que você era um delírio, um sonho... um anjo... uma fantasia da minha mente. Mas então... você me deu aquele golpe de judô. Eu acho que nunca fiquei tão feliz em apanhar. – ele sorriu.

Annabeth queria sorrir. Queria beijá-lo. Dizer que o amava. Sabia que ele queria o mesmo. Mas recuou. Aquele era o Percy sem memória. O Percy que não sabia quem Rachel Elizabeth Dare era. Ela não podia fazer aquilo com ele. Mesmo que ele tivesse dizendo a verdade sobre se lembrar dela. Nas férias, depois de ter ganhado a tatuagem, ela descobriu os segredos da Legião; um deles era que a trouxa Rachel Dare estava mantida em cativeiro no Ministério, ela era um Oráculo. E a menina dos sonhos que alertou Annabeth. Atena havia dito que Rachel e Percy haviam começado a namorar em segredo antes dele ter sido escolhido como um dos Campeões. Ele nunca mencionou Rachel e eles quase que se beijaram no baile, mas Atena não mentiria sobre isso. A mãe dela podia ser muitas coisas, mas nunca mentiria sobre isso e Dédalo confirmou. Não era certo beijá-lo.

– Melhor irmos para a escola. As N.O.M.’s são amanhã. Você vai precisar de uma boa noite de sono para fazer uma boa prova. – ela levantou.

Percy concordou com a cabeça, triste por aquela ter sido a resposta dela. As provas foram o Elísios comparado com as aulas e o dia-a-dia em Hogwarts. Ele não sabia como conhecia tão bem a poção polissuco, mas isso foi o que ele fez tirar uma boa nota em poções (isso tem no livro, pra quem não leu). Juno ficou na frente, sentada em um trono, tomando chá e usando suas roupas ridiculamente cor-de-rosa. Todos os quarenta alunos do quinto ano estavam lá. Os mestiços no fundo, separados dos sangues puros por uma leve barreira mágica. As penas contra cola faziam seu trabalho. As provas foram calmas e sem nenhum problema. Mas os sonhos daquela noite foram o que incomodaram Percy. Um cara com os cabelos idênticos ao de Einstein, roupas bruxas feitas de cobra, olhos cinza e o rosto cansado estava sendo perseguido. O homem era familiar, parecia um dos professores que Juno demitiu. O local também era familiar, mas Percy não sabia onde era. Sentiu-se aflito, com medo. Queria muito sair daquele sonho e ir ajudar o senhor. Acordou com Will batendo nele.

– O que?! – Percy disse se acalmando. – QUE FOI?!

Chris estava caído no chão, com as mãos no próprio pescoço, como se estivesse massageando a traqueia. Ele havia sido estrangulado. Estrangulado por Percy. O rapaz estava em cima do amigo, molhado de suor e tremendo. Will imobilizava o braço de Percy, tentando pará-lo de machucar Chris. Assim que notou o que o moreno havia acordado, Will soltou-lhe o braço e ele caiu no chão assustado.

– Você tá louco é... – Chris disse com a voz rouca no chão do quarto. – Podia ter me matado!

– Eu... eu... – Percy gaguejou completamente em pânico.

– Chris, eu acho que o Percy não fez por querer. – Will ajudou Chris a levantar. – Havia algo de estranho com os olhos dele.

– Como assim? – Chris disse bebendo água. – Ele acordou do nada, me atacou e começou a bater em mim, do nada! Você viu!

– Claro que eu vi! – Will exclamou. – Por isso mesmo que digo, não era o Percy. Havia algo o controlando. Os olhos dele estavam amarelos.

Percy tentou se acalmar. Ele lembrava que tentava machucar a coisa que estava perseguindo o homem, tentando ajudá-lo. Não tentando matar o Chris.

– Eidolos. – Will disse, sério. – Provavelmente. São espíritos tipo fantasmas, só que podem possuir corpos. Não são coisas boas.

– Como tártaros você sabe disso? – disse Chris.

– Já vi minha tia Ártemis ser possuída por um. Papai enlouqueceu. Ele tem esse amor platônico pela irmã gêmea... é meio estranho para ser honesto. Não vão embora facilmente. – disse Will.

– Hogwarts tem um campo de proteção contra esse tipo de coisas, não é? – Percy perguntou com lágrimas no rosto.

– Não sei. Honestamente, desde que Juno virou a ditadora, eu não sei de mais nada. – disse Chris.

– Desculpa... eu não queria... – Percy tentou dizer.

– Tudo bem cara. – Chris disse sentando na própria cama.

– Não tá tudo bem. – Will continuou sério. – Na verdade, tá o oposto de bem.

– O que você quer dizer com isso? – Chris perguntou.

– Eidolos trabalharam para Gaia na Primeira Guerra e para Cronos na Segunda. E como a Terceira está para acontecer... – Will disse preocupado.

– Gaia está atacando. – Percy concluiu e olhou para a tatuagem no punho direito. – Precisamos informar a Legião.

– Não creio que haja muito que a Legião possa fazer, não com o Ministério assim. – Will levantou as mangas da camiseta azul bebê. Uma lira e as iniciais SPQR. – Entrei nas férias. Desculpa por não ter dito nada, papai me fez prometer silêncio.

– Tudo bem. – Percy disse respirando fundo.

– É melhor Zeus recuperar o juízo logo. Os Aurores estão preparados para a volta de alguém que pode ser morto. Quando Gaia atacar... todos nós estaremos ferrados. – disse Chris.

Os três se entreolharam. Percy ficou com medo de dormir, mas o sono foi mais forte. Os meninos da Armada se surpreenderam com o que ele, Chris e (Will foi dessa vez) contaram. Annabeth, a líder, estava surpresa, mas ao mesmo tempo não parecia tão surpresa assim. Quase como se estivesse esperando que aquilo acontecesse. Faltava um mês para o ano letivo terminar. Era fim de tarde, todos os alunos puros estavam em seus respectivos salões comunais, estudando para as provas finais. O Will e Percy estavam sentados próximos à lareira, estudando história.

– Como é que vamos decorar todos os nomes dos soldados mortos na Revolução dos Duendes? – Percy exclamou. – Ninguém consegue decorar isso!

– Diz isso para o pessoal da Corvinal. – Will riu.

– Senhor Jackson. – a professora Ceres chamou, estava na entrada do salão comunal, parecia que havia sido torturada, pois estava com uma cara horrível. – Me acompanhe, por favor.

Todos os alunos da Lufa-Lufa estranharam. Ninguém disse uma palavra. Percy levantou e saiu do salão comunal com a diretora da casa, ela parecia estar prendendo o choro.

– Algum problema senhora Gardiner? – ele perguntou. – Para onde a senhora está me levando?

– A diretora Juno quer falar com você. – ela disse triste, parecia que sabia o que ia acontecer.

– O que quer que vocês pensem que eu fiz, não foi eu. – ele se defendeu.

Ceres manteve-se calada, triste. Quando chegaram onde era a sala de Júpiter, ela impediu o menino de prosseguir, colocou a mão no ombro dele e deu um suspiro pesado. Parecia que ela carregava o peso do mundo, Percy não sabia como, mas conhecia como era esse peso. O antigo Percy era tão doido ou sem noção para carregar o peso do céu? Ela colocou um frasco no bolso das vestes dele, discretamente. O rapaz franziu o cenho e ela fez um sinal para que ele bebesse o que quer que fosse aquilo. Ceres saiu dali pisando pesado. Ele tirou o frasco das vestes, olhou desconfiado para o líquido cor de ouro e bebeu. Se fosse para ele ser morto, que fosse por um veneno do que pelas mãos de Gaia ou pelas torturas de Juno. Ficou de frente para a estátua de águia de ouro imperial e subiu junto com a escada. Quase teve um troço quando viu o que estava acontecendo. Sentados em cadeiras de tortura elétrica, estavam Annabeth, Jason, Piper, Leo, Frank, Hazel, Chris, Clarisse, Thalia, Bianca e Reyna. Juno segurava o botão.

– Senhor Jackson. – ela deu seu sorrisinho chato. – Por favor, entre.

Percy tentou tirar a varinha das vestes, mas o líquido o fez cair tonto no chão. Amaldiçoou Ceres Gardiner em sua mente. Os meninos tentaram se remexer, sem muito sucesso. As bocas estavam amordaçadas. A mente dele parecia estar pegando fogo. Juno deu novamente sua risadinha chata e pegou a varinha dele, colocando o objeto em cima da mesa.

– Agradeça à senhorita Beauregard por isso. Ela é quem me contou sobre a Armada. Sabe qual é o lado bom de ter espiões senhor Jackson? Ver a culpa nos olhos deles após a traição. E a culpa que move o mundo. – ela disse animada. – Silena apontou vocês doze como líderes dessa resistência. Zeus ficará desapontadíssimo quando descobrir que os filhos deles são traidores e trabalham para Cronos, mas nem sempre se pode ganhar todas.

– Não estamos ajudando Cronos! Cronos está morto! – ele disse se contorcendo de dor no chão. – A Armada de Júpiter tem o intuito de fazer nós jovens treinarem magia defensiva para caso Gaia ataque!

– Criança tolinha. Não vê? Nenhum de vocês é capaz de derrotar Gaia. A senhora mãe terra não pode ser parada por simples truques de defesa escolar. – ela gargalhou. – Honestamente, não lamento por matar todos vocês. Quando eu contar para Zeus, será a minha versão. Que vocês são traidores aliados a Cronos e que tentaram me matar, uma fiel seguidora do Ministério. Ninguém saberá que na verdade, vocês é que estão do lado do bem.

Percy tentou ao menos sentar, mas seu corpo pegava fogo. Juno dava a risadinha chata dela enquanto os amigos estavam presos se debatendo para livrarem-se das cadeiras. No rosto de Jason, a mesma expressão de pânico da noite em que Mercúrio Stoll tentou matá-los. Pera. Mercúrio Stoll? Lembranças do primeiro ano? Hein? Como ele sabia que a pomba de Piper era Eros? Que Plutão era gay? Como ele sabia que Annabeth morria de medo de aranhas? Como ele se lembrava de Aracne? Bessie? Arco-Íris? Das brigas com Poseidon? Dos nomes de seus avós maternos serem Jim e Laura? (verdadeiros nomes dos pais de Sally nos livros de Riordan). Como ele sabia que havia ganho um jogo de Quadribol? Que Annabeth tinha uma quedinha por Luke? O mesmo Luke que ele sempre admirou? Rachel Elizabeth Dare? Ficar preso no Salgueiro Meio-Sangue com Jason no segundo ano? Ele, Thalia, Miranda, Katie, Bianca, Nico e Jason no espelho de Ojesed? De que o maior medo de Percy era perder Annabeth? Que ele tinha uma conexão telepática com Grover? GROVER USANDO UM VESTIDO DE NOIVA?!

– Não se preocupe senhor Jackson. Seus amigos protetores do bem serão mortos eletrocutados. Doí muito, mas é rápido. Já você... não, você será morto pela senhora Gaia. A Tempestade. Ela prefere você ao magricela do Valdez. – Juno riu. – Pela Tempestade é que o mundo irá acabar. A sua morte, pelas mãos da mãe terra, trará a vitória para o nosso lado. – riu novamente.

Do nada, Percy se lembrava de tudo. Não sabia como, mas se lembrava. O frasco que Ceres deu. Veneno de Górgona. Anaklusmos estava no bolso do uniforme, isso ele sabia. Continuou fingindo que estava morrendo de dor, pegou a caneta, levantou na carreira e desferiu um golpe contra ela. Da barriga de Juno saiu sangue e ela ficou em choque por uns segundos, o controle caiu no chão. Mas ela era rápida.

– AVADRA KEDRAVA! – gritou em direção a Percy.

Ele se jogou para o chão e o feitiço pegou na parede, antes que ele se levantasse para continuar a luta, uma varinha estava apontada para o pescoço da diretora, que mantinha as mãos levantadas para cima. Não havia ninguém segurando a varinha. Annabeth estava tão assustada quanto os demais, não podia ser ela com o boné. A pessoa se revelou após amarrar bem firme Juno contra uma pilastra, usando cabelo de esfinge, algo que não pode ser cortado. Nico tirou o elmo de folhas e galhos negros da cabeça e piscou para Percy. O rapaz se levantou e ajudou o primo a desamarrar os demais. Ele deu um abraço tão forte em Annabeth, que finalmente entendeu o que Sally sentia.

– Bianca! – Nico abraçou a irmã.

– Como você conseguiu o elmo de Plutão? – ela disse assustada.

– Ele me emprestou. Disse que você deveria ficar com o elmo das trevas.

– Mas a relíquia da família vai para o filho mais velho. É da Hazel. – Bianca disse olhando para a sobrinha.

– Não ligo para esse elmo estúpido. – Hazel disse aliviada por sair da cadeira elétrica. – Pode ficar, você é a segunda filha mais velha de Hades. E a com mais juízo.

– EI! – Nico exclamou e as duas riram.

– Precisamos dar um jeito nela. – disse Leo.

– Matá-la não seria uma má ideia. – Clarisse sugeriu.

– Eu voto em tortura. – Chris disse apontando para as marcas de tortura com aquela pena idiota.

– Nada disso. – Annabeth disse firme. – Bianca, avise aos professores o que aconteceu. Diga a eles que a diretora é uma traidora e que Minerva está no comando. Ou Plutão, tanto faz. Nico avise aos demais da Armada, quero todos vocês aqui cuidando para que ela não fuja. E mande Will ficar de olho em Silena, não acho que ela nos traiu. Provavelmente Juno a torturou ou usou soro da verdade nela, mas ainda assim, é melhor prevenir.

– Minha irmã nunca seria uma traidora! – Piper exclamou.

– Eu também acho Piper. Mas é prevenção. Confio minha vida a Silena. – disse Clarisse.

– Vamos! – Annabeth chamou.

– Pela sua cara, nós não iremos ficar na equipe de plantão, não é? – disse Reyna.

– Não. Hal Green e Júpiter correm perigo. Eu tive o mesmo sonho que Percy teve duas noites atrás. Agora que podemos sair da escola, vamos atrás deles. – disse Annabeth pegando sua varinha.

– Nós? Tipo, sem reforços? – Frank parecia que ia surtar.

– Somos Legionários, Frank. – Piper disse.

– Exatamente. Vamos, o Argo II não pode vir na escola nos buscar. Teremos que ir até ele e isso leva meia hora. – ela disse saindo da sala da diretora.

– Mas não somos Centuriões. Não podemos sair em missão sem sermos Centuriões. – disse Jason.

– Isso é quebrar as regras da Legião. – disseram Hazel, Reyna e Jason.

– Pro tártaro com a Legião e suas regras. – disse Clarisse.

– Vamos lá! – Chris se animou.

Thalia fez sua lata de spray virar uma lança e apontou a varinha para a professora. Ninguém discutiu. Annabeth era uma líder nata. Os pensamentos de Percy estavam meio confusos, mas ele sentia-se bem pela primeira vez em anos. Nico ficou reclamando que queria ir com eles, mas Bianca deu uma bronca no irmão e os di Angelo foram seguir suas tarefas. Na floresta negra, encontraram com Grover, Júniper e Hedge. Annabeth encarregou Grover de avisar a Quíron, Dédalo, Beckendorf e Luke o que estava acontecendo e Júniper de mandar uma mensagem para o resto da Legião, contando tudo. Hedge terminou indo com eles. Leo controlava o Argo II com facilidade e em questão de segundos, o grupo estava no ar. Todos os demais foram para as cabines individuais para não ter que ouvir o treinador Hedge cantando a abertura de Pokémon no deck superior trocando o verbo “pegar” por “matar”. Esse sátiro tinha problemas. Quando estavam se aproximando do esconderijo, Annabeth foi falar com Percy. Eles pareciam Jack e Rose de Titanic, tirando o fato de que a cabeça de dragão arruinava qualquer momento romântico.

– Eu me lembrei. – Percy disse sereno. – De tudo. Ceres me deu o veneno de Górgona.

– É bom ouvir isso. – ela disse com um nó do tamanho do navio em sua garganta. Ele tinha as memórias de volta. Lembrava que namorava Rachel.

– Annabeth... eu... – Percy ia dizer algo até que viu onde era o esconderijo de Júpiter e Hal Green. – AH FALA SÉRIO! – gritou.

– O que foi? – Annabeth se espantou.

– Por isso que o Percy desmemoriado achava que reconhecia esse lugar! – ele apontou para a casa.

– O que é que tem esse lugar, Percy? – Annabeth estranhou.

– É a casa do meu pai. Essa é a casa que eu cresci. – ele disse atônito.


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