Demigods in Hogwarts escrita por SeriesFanatic


Capítulo 3
Monotonia




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Novamente Percy viu Grover ao lado da casa de Quíron antes de dormir, só que dessa vez o sátiro acenou com a mão e tocou a música como se realmente estivesse querendo ajudar o menino a não ter pesadelos. E funcionou. No dia seguinte, Percy devorou o café da manhã e se escondeu em um dos jardins da escola, fez a única magia que sabia (água) e conseguiu criar um arco-íris.

— Dracmas... – ele procurou nos bolsos de suas vestes.

Achou uma moeda de ouro com o desenho de um barco de um lado e escrituras no outro, jogou a moeda no pequeno e improvisado arco-íris e disse:

— Ô Íris, deusa do arco-íris, aceite minha oferenda e mostre-me meu pai, Poseidon Jackson.

Logo a imagem tremeluziu e o rosto de seu pai apareceu, Poseidon estava de cabeça baixa lendo uns papéis. Percy reconheceu o local como sendo o centro de pesquisa marinha que o pai trabalhava no mundo trouxa, mas ao notar o filho, ele não disse: “apague logo essa mensagem, há trouxas por aqui”, ou algo do gênero. Não. Poseidon apenas manteve o olhar pesado com o rosto levantado na altura certa para Percy saber que ele estava decepcionado. Usava uma camiseta social azul com uma gravata preta e por estar sentado atrás da mesa em seu escritório, ele parecia mais baixo.

— Papai. – Percy disse com um nó na garganta do tamanho da floresta negra.

“Perseu” ele respondeu sério e triste.

— Pai, eu... eu tive um... um sonho. Lembra daquela feiticeira, Gaia? Aquela que o tio Hades sempre falava nas reuniões de família. – ele disse morrendo de medo.

Poseidon não respondeu, apenas manteve o rosto na altura que estava, porém seus olhos fitavam a mesa; ele estava claramente desapontado com o filho.

— Pai? Ouviu o que eu disse? Sonhei com a feiticeira Gaia. – Percy tentou parecer mais corajoso.

“Sim eu ouvi.”

— Então?

“Gaia é um mito. Seu tio só fala essas baboseiras para deixar com você e seus primos com medo.”

— Mas pai...

“Eu estou no trabalho Perseu. Não me interrompa enquanto eu estiver no trabalho.”

E a mensagem sumiu. Percy não sabia se sentia-se feliz por não ter levado uma bronca, triste por não ter tido resposta nenhuma em relação a mulher de terra ou em pânico por seu pai estar tão furioso com ele que nem conseguiu olhar em sua cara. Resolveu deixar pra lá, afinal eram só sonhos. Ele provavelmente desmaiou na floresta após Grover tocar uma música para acalmar algum animal ou criatura mágica e confundiu com a canção de ninar.

Andou pesadamente até o local de sua próxima aula, com o professor de Defesa Contra as Artes das Trevas; o lado ruim era que boa parte dos alunos novatos estariam naquela aula, não era algo em que ele só fazia com os companheiros de quarto.

— Bom dia. – o professor disse entrando na sala.

— Bom dia professor. – a classe respondeu em coro.

— Bem, para os que não me conhecem, meu nome é Mercúrio Stoll. Isso mesmo, Mercúrio, igual àquele carinha de Romeu e Julieta. – respondeu o professor com o rosto alegre.

— “Aquele carinha” é amigo de Romeu e membro do governo. – Annabeth cochichou ao lado de Percy.

— De novo, por que foi que eu deixei você sentar ao meu lado nessa matéria? – ele disse irritado, Annabeth comentava sobre qualquer coisa o tempo inteiro.

— Porque eu salvei sua pele ontem à noite. Se Castellan soubesse que você esteve na floresta proibida... bem, tenha certeza de que seu castigo duraria mais que o ano letivo. – ela disse respondeu.

Percy bufou. O professor dava as explicações sobre o assunto, mas não parava de mexer em seu turbante estranho, de cor marrom. O jovem bruxo não sabia muito sobre religiões humanas, mas sabia que homens brancos geralmente não usavam turbantes. Preferiu ficar calado. Annabeth o fez sentar na primeira dupla de cadeiras, bem de frente para o professor. Ele não sabia por que a garota havia cismado em tê-lo como "parceiro", Percy estava LONGE de ser o mais inteligente da turma.

Atrás deles estavam Jason e Leo Valdez. O lado bom era que Jason era certinho demais para não deixar de prestar atenção na matéria, só que Leo era hiperativo e passava a aula inteira batendo os pés na cadeira de Percy. Ao fim do dia, Percy conseguiu, com a ajuda de Connor e Travis, furtar algumas frutas da cozinha. Era algo fácil de fazer já que não tinha ninguém trabalhando de verdade no local, todos os objetos eram controlados por magia.

A desculpa que ele deu aos irmãos era de que estava com fome, mas na verdade ele queria dar para Grover. Logo chegou à campina e o encontrou novamente tomando banho de sol, apesar de que o céu já estava ficando laranja. Grover agradeceu as frutas e comeu sem nenhuma desconfiança de estar envenenada; eles passaram o tempo todo brincando.

Grover era legal. Percy só não gostava do fato de que ele andava o tempo todo sem camisa, pois a junção da parte bode com a parte humana era um pouco estranha para ele. Mas com o tempo isso passou a não ter mais importância. E assim os dias se passaram. Acordar, café, aulas irritantes, almoço, mais aulas irritantes, roubar frutas na cozinha, ir conversar ou brincar com Grover, voltar para Hogwarts, jantar e ir para cama ouvindo a melodia da flauta do amigo bode.

Pelos meses seguintes, era assim que os dias de Percy se resumiam. Annabeth continuava tentando fazer dele seu parceiro nas aulas, no começo era irritante, mas depois de ter bombado nos primeiros exames, ele terminou nem ligando se era chato ter aulas de reforço, pois ele realmente precisava se dedicar aos estudos se quisesse passar de ano e como Annabeth tinha gabaritado todas as provas, ele decidiu unir o útil ao agradável.

Então ao invés de passar os fins de semana na floresta proibida brincando com Grover e treinando magia, ele passava os fins de semana na biblioteca com Annabeth. Deuses, ela era uma professora insuportável, mas ainda assim, conseguia fazer com que ele aprendesse algo. Mesmo que pouca coisa, mas ainda assim, ele aprendia. O que o próprio Percy considerou como sendo um milagre!

Perto do Yule, Grover não pode mais ir se encontrar com Percy, tinha que ajudar sua família com algumas tradições das festas de fim de ano, então o tempo livre do filho de Poseidon se resumiu a Annabeth enchendo sua paciência sobre os deveres de casa. E era assim a rotina de Percy: monótona.

Com exceção de Grover, que mesmo fazendo sabe-se lá o que com a família, sempre ia tocar flauta para que Percy não tivesse pesadelos. O menino não havia feito nenhum amigo. Annabeth não contava, ela era sua professora particular e parceira em quase todas as aulas, mas ainda assim... não era sua amiga, amiga.

Numa tarde fria de inverno, perto do recesso de fim de ano, ele estava se aquecendo em frente à lareira do salão comunal enquanto lia um gibi e terminava um saco de biscoitos.

— Nada de frutas hoje? – Frank perguntou sentando no sofá ao lado da poltrona que Percy encostava as costas.

— Frio faz com que eu perca o apetite. – mentiu.

— Hum... – ele suspirou.

Percy abaixou o gibi e olhou para cima para encarar Frank. De todos da Lufa-Lufa, ele era o mais legal, mesmo Luke tentando sempre dá uma de irmão mais velho pra cima de todos os novatos. Percy desencostou do pé da poltrona e se levantou para sentar nela. Estava muito frio e faltava uma semana para o natal, mais da metade das crianças estavam indo para casa passar o recesso de fim de ano com a família.

— Você vai para casa? – Percy perguntou tentando ser educado.

— Claro que sim. Minha mãe deve está mais ansiosa pra me ver do que eu estou para comer a ceia. – Frank riu.

Frank não era comilão, mas não dispensava comida nem que pagassem.

— E você? – Frank perguntou cordial.

— Também, estou esperando os monitores chamarem. – disse sem nenhuma animação.

Assim que Percy disse isso, os monitores da Lufa-Lufa entraram na sala chamando os alunos e avisando que o trem para Londres ia partir. Percy e Frank dividiram cabine com Will, Luke, Connor e Travis. Ou seja, foi uma palhaçada só. Durante os dias que passou em casa, Percy comeu muitos biscoitos azuis assados por sua mãe e nem viu o pai direito.

— Ele anda trabalhando muito. – era a resposta de Sally.

O menino sabia que a mãe não estava infeliz por ele ser da Lufa-Lufa. Ao contrário do pai. Na véspera do natal, os três foram à tradicional festa de Boas Festas que Zeus, o Ministro da Magia, dava todo ano para as famílias tracionais e sangues puro. Essa parte Percy achava horrível, "sangue puro" "sangue sujo"... era simplesmente terrível.

Usando um traje formal bruxo, o menino ficou caminhando pela mansão de seu tio; não importava por quem ele passasse, todos olhavam para ele indiferente e alguns até com nojo. No ano anterior, todos que passavam por ele lhe davam tapinhas nas costas, com sorrisos imensos no rosto e dizendo que ele amaria Hogwarts. Percy terminou indo para a frente da mansão em estilo gótico e ficou sentado em frente a fonte de mármore branco, pensando em seu único amigo Grover e em como a escola era um inferno.

— Perseu Jackson, certo? – disse uma voz de mulher.

Percy se virou e viu a mãe de Annabeth. Cabelos negros como a noite, olhos cinza e perigosos, expressões rígidas e um belíssimo vestido vermelho cor de sangue. Ela não parecia se importar em nada com a neve que caia.

— Senhora Palas. – ele fez uma reverência.

— Pelo visto Sally o educou muito bem, menino. – ela respondeu, ríspida.

Por um segundo, a monotonia da festa pareceu não importar. Se Atena estava ali, então Annabeth provavelmente estaria, o que era um alívio. Mesmo com várias pessoas da escola que ele conhecia estando ali, a única pessoa que realmente o faria se sentir melhor era Annabeth. Ele correu os olhos para a entrada da casa, onde Thalia recebia uma bronca da madrasta por alguma travessura.

— Annabeth não veio se é o que está pensando. – ela respondeu.

— Ah... como a senhora.. – ele estranhou.

— Minha cunhada Minerva dá aula na escola de vocês, caso não saiba. Ela é a professora encarregada pela Corvinal. Ela me relatou de sua... "amizade" com minha filha. – disse ríspida.

— Ah...

— Annabeth ficou em Hogwarts. E eu vim aqui somente para lhe falar: fique longe da minha filha. Não aprovo sua amizade com ela, Perseu Jackson. – sua voz ficou mais intimidadora que seu olhar, o que fez Percy prender a respiração por uns segundos. Ela então foi embora, deixando o menino petrificado de medo.

Ele então tentou lembrar se alguma vez, durante suas torturantes aulas de reforço, Annabeth mencionara se passaria o natal em Hogwarts. Para ser sincero, ela e Percy não falavam quase nada que não fosse relacionado à escola, o que era irônico já que ele odiava o local - e estudar. Ele então se sentiu mal pela garota, não só pelas coisas que ouviu os colegas da escola comentarem, mas também por não ter sido cordial com a menina. Antes que pudesse sentir-se mais culpado, uma coruja branca pousou em seu ombro, levando uma carta no bico.

— Coruja? Quem usa isso? Que meio mais antiquado! – ele disse pegando a carta.

Para sua sorte, estava escrito em grego antigo, a única língua que seu cérebro não travava por causa da dislexia.

Percy,

Eu estava sem o que fazer e fui a biblioteca, encontrei algo em um livro que eu acho que você gostará de ler. É sobre aquele nome que você mencionou quando desmaiou pedindo ajuda na floresta proibida logo no início do ano letivo. Acredite, você IRÁ querer ler o que eu achei sobre Gaia.

Assinado, Annabeth.

P.S: Encontrei com seu amigo sátiro, ele é super legal!


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