Demigods in Hogwarts escrita por SeriesFanatic


Capítulo 27
Convites




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Foi difícil fazer Quíron, Grover e Annabeth entenderem que o ovo cantava. Percy queria revelar para Luke o que descobriu, mas havia contado aos amigos à conversa que ele teve com o monitor chefe antes da primeira tarefa começar. Annabeth parecia ter ficado muito magoada com história de que Luke era tão egoísta assim. E Grover ficou relembrando o tempo inteiro quais eram as características necessárias para entrar na Sonserina e que ele não deveria revelar nada. Todos na escola continuavam com raiva de Percy, mas ele não ligava mais. Faria seu melhor para sobreviver às provas e não ganhar. No dia seguinte a primeira tarefa, mesmo com os amigos tentando convencê-lo do contrário, ele puxou Luke para a sala comunal na hora do almoço, para que pudessem conversar a sós, já que todos da Lufa-Lufa estavam comendo.

– Tem algo de errado. – Luke disse envergonhado depois de Percy contar sobre a canção. – Eu abri o meu e ele soltou um barulho horrendo. Pior do que quando as harpias da limpeza tentam te comer.

Dakota, Will, Chris, Frank e Percy sabiam como era esse barulho. Numa madrugada, durante o primeiro ano, os cinco tentaram roubar comida da cozinha. As harpias os viraram e o grupo terminou correndo pelo corredor e quase quebraram uma estátua. Desde aquela noite, sempre que Percy queria algo da cozinha, ele contava com Connor e Travis para pegarem.

– Não estou brincando, cara. Sai mesmo uma música. Agora dá licença que eu tô com fome. – ele disse indo em direção à porta.

– Percy? – Luke chamou.

– Que?

– Por que continua me ajudando? Não mereço.

– Sou um Lufo. Posso não ter paciência e tô longe de ser sincero como o Dakota. Mas eu sou leal. Pode não ser uma característica sua, mas é algo que eu me orgulho muito de ter. Você é o chefe dos monitores e um dos caras mais legais dessa escola. Honestamente, eu te considero um amigo. É uma pena que você não ache o mesmo. – ele disse saindo da sala e indo almoçar.

O bom foi que Frank e Beckendorf agora não viam mais problemas em sentar ao lado dele e de brincarem e conversarem com o quarto campeão. Quando Percy estava terminado o almoço, Annabeth o puxou para fora do salão principal. E ela estava MUITO FURIOSA. Ele nunca a havia visto assim e ele já a havia visto com raiva várias vezes nos anos anteriores, principalmente quando se tratava de notas abaixo de 9,5.

– Qual é, eu tava comendo! – ele disse com a boca cheia de carne.

– Você leu isso?! – ela exclamou com o rosto vermelho e entregou para ele um exemplar do Profeta Delfos Diário.

– "Perseu Jackson. O intruso de treze anos além de ter tido um horrível desempenho durante a primeira tarefa do Torneio Tribruxo, resolveu roubar mais do que as chances de vitória de seu companheiro de casa, Lucas Castellan. Perguntem a qualquer aluno de Hogwarts, inclusive os novatos, que todos dirão sobre o romance de Annabeth Chase, filha da diplomata Atena Palas com o professor nascido trouxa Frederick Chase, com o verdadeiro campeão da Lufa-Lufa. Mas o neto de Cronos puxou o senso maldoso do avô e conseguiu roubar Chase de Castellan. Não é só um triângulo adolescente e sim uma prova de que esse garoto é tão mal quanto o avô" – Percy leu enquanto mastigava. – Vem cá, ela sabe que meu avô foi tipo o Hitler do Mundo Mágico e que eu sou tão lesado quanto um cavalo marinho? E eu tenho quatorze anos!

Annabeth continuava andando de um lado para o outro. Ela parecia que ia estrangular alguém. No jornal, a foto deles se abraçando na tenda antes da primeira tarefa se movia.

– Thalia veio tirar satisfações comigo. Querendo saber desde quando Luke e eu temos um “romance”! – exclamou, parecia que ia arrancar os cabelos.

– Annabeth, se você se deixar levar pelo que essa patética da Fleecy escreve, então vai ir parar em um manicômio! Deixa isso pra lá! – ele tentou não se ofender com as palavras da jornalista.

– Sabe o que é pior? Nyssa e Lacy juram que Fleecy não escrevia esse tipo de coisa até dois anos atrás. Do nada ela começou a difamar sua família e afins. Assim como todos os jornalistas do nosso mundo. Dizem que Zeus está tão furioso que quer forçar Apolo a demiti-la. – bufou.

– Apolo é o dono do Profeta Delfos Diário? – Percy estranhou. – Achei que os Solace fossem donos do único clube de campo exclusivo para seres mágicos, perto de Liverpool.

– O clube de campo é da família materna do Will. Apolo criou o jornal de maior circulação do Mundo Mágico e parece que até ele tá querendo demitir Fleecy. Não sei nem como essa matéria foi publicada. Mamãe está uma fera. E eu posso até ver Thalia me eletrocutando!

– Qual é! Thalia te adora. Ela nunca faria isso e nunca acreditaria numa burrice dessas. Se você sentisse algo pelo Luke, então talvez ela te eletrocutasse, mas você não sente. – ele disse e ela desviou o olhar. – Você NÃO sente né Annabeth?

– Eu o admiro muito. – ela disse tímida.

Agora era Percy quem queria explodir a escola. De preferência com Luke dentro. O rosto dele ficou vermelho de raiva e terminou ficando também com dor de cabeça.

– “Admiro” virou sinal pra que hein? Fomos pro chalé 69 algumas vezes? – ele exclamou.

– Chalé o que? – ela disse começando a se irritar também.

– Deixa pra lá. – ele caminhou em direção ao salão principal, mas Annabeth o puxou pelo braço.

– Eu não amo o Luke! – exclamou. – Quer dizer, amo sim. Mas como a um irmão. Somente. Ele é legal, é gentil comigo e me ajudou com aquele problema com a Clarisse no primeiro ano. Mas só isso. Ele é só um amigo. Diferentemente de Rachel Elizabeth Dare.

– Como você sabe sobre a Rachel? – ele se assustou.

– Você não só baba enquanto dorme Cabeça de Alga. Você fala também. – ela disse irritada.

– Rachel é só uma amiga minha. Eu não sinto nada por ela além de amizade. – ele exclamou.

– Pois é, eu também não sinto nada pelo Luke além de amizade. – ela disse a verdade, mas disse com raiva.

– Ótimo! – Percy gritou.

– Ótimo! – Annabeth gritou.

– Bom. – ele retribuiu.

– Bom. – ela finalizou.

Nenhum dos dois disse mais nada, cada um seguiu em caminhos opostos, ambos morrendo de raiva e ciúmes. Nas semanas seguintes eles não se falaram e Grover começou a ficar estressado também, por causa do ciúme deles. Percy vivia dizendo que Frank deveria deixar de ser covarde e falar para Hazel o que sentia, mas vivia a mesma situação. Percy não contou para ninguém, mas recortou a foto do jornal e guardou em seus pertences. Era bom ter uma foto dele e de Annabeth se abraçando em um momento real de amizade, já que brigavam tanto. No meio de Outubro, quatro semanas depois da primeira prova do torneio, a professora Ceres Gardiner, tia paterna de Miranda e Katie, convocou todos os alunos de todos os anos da Lufa-Lufa em uma sala muito grande, onde havia cadeiras para todos os alunos e um grande espaço no meio. O grupo de setenta alunos se dividiu de acordo com seus gêneros. A professora ficou no meio, enquanto Tântalo, com seu macacão laranja, tentava fazer uma vitrola imensa funcionar.

– Por que é que a gente tá aqui, professora? – Austin, um dos primos distantes de Will, perguntou.

– Como alguns de vocês devem saber, o doutor Yew pediu afastamento da função de professor responsável por esta casa há algum tempo. Por tanto eu assumi essa posição, já que também pertenci a Lufa-Lufa. Com muito orgulho, por sinal. – ela disse animada.

– Pera aí! – Percy exclamou surpreso. – O doutor Yew não é mais responsável por nossa casa? Quando foi que isso aconteceu?

– Tem um mês. – disse Dakota.

– Você, por acaso, lê o que é colocado no quadro de avisos? – Travis perguntou.

– Tem um quadro de avisos na nossa sala comunal? – Percy franziu o cenho.

Todo mundo riu e começaram a falar mal do menino.

– SILÊNCIO! – a professora pediu. – Bem, senhor Jackson, agora que o senhor foi informado, eu gostaria de continuar com o que viemos fazer aqui. Sei que boa parte de vocês está no horário vago e que prefeririam estar descansando...

– Vendo pornô. – Connor riu.

– Menos dez pontos para a Lufa-Lufa, senhor Castellan. – a professora disse e todo mundo começou a tentar bater em Connor. – Quietos! – os alunos pararam. – A partir de hoje esse será um horário obrigatório e fixo! Pois o baile de inverno é uma tradição do Torneio Tribruxo desde o começo. Na véspera do Natal, nós e nossos convidados nos reunimos no salão principal para uma noite de diversão bem comportada. Como representantes da escola anfitriã e como a casa de dois dos Campeões, eu espero um excelente comportamento. Entrem com o pé direito. Por que o baile de inverno é, antes de mais nada, para dançar.

As meninas começaram a cochichar e os meninos a reclamar.

– Silêncio! – a professora pediu. – A casa de Helga Lufa-Lufa é respeitada pelo Mundo da Magia por mais de dez séculos! Não permitirei que vocês estraguem isso em apenas uma noite comportando-se como babuínos bobocas balbuciando em bando! – exclamou.

Percy ouviu Connor e Travis fazem uma brincadeira com esse trava língua.

– Os Lufos representam a justiça, lealdade, bondade, sinceridade, paciência e união! E é isso que eu espero ver de todos vocês na noite do baile. Sejam gentis com os alunos das demais escolas. Leais aos seus amigos. Bondosos com todos. Sinceros consigo mesmos. Estejam unidos com os demais alunos das outras casas dessa escola. E paciência para aturarem as piadinhas. – ela olhou para os gêmeos, que começaram a assoviar fingindo inocência.

Ceres era rechonchuda, mas não chegava a ser gorda. Olhos amarelos que pareciam dois grãos de cereal, com cabelos cor de mel, lisos. Sempre usava trajes em tons pastel e seu perfume lembrava o cheiro de trigo moído.

– Dentro de cada moça há um cisne prestes a mostrar sua verdadeira beleza. – ela encorajou.

– Com toda certeza alguma coisa será revelado nessas aulas: ninguém nessa casa vai gostar de disso tudo. – Luke cochichou para Beckendorf.

– E dentro de cada rapaz há um audacioso cavalo prestes a mostrar o quão forte e firme ele é. Senhor Castellan! – a professora disse.

– Quem, eu? – os gêmeos Connor e Travis disseram ao mesmo tempo.

– Não. Milagrosamente não. Senhor Lucas Castellan, poderia vir aqui, por favor. – Ceres o chamou.

Alguns meninos zombaram Luke, que foi até a professora com uma cara matreira.

– Coloque as mãos na minha cintura. – Ceres disse firme.

– Perdão senhora? – Luke eficou pálidos.

– A mão direita, senhor Castellan. Coloque-a na minha cintura. É assim que se dança valsa. – Ceres disse, parecendo que estava segurando o riso.

Luke colocou a mão na cintura da professora e parecia que ia desmaiar de vergonha.

– Com toda certeza ele prefere encarar outro drakon. – Frank cochichou rindo para Percy.

– Se ela me colocar pra dançar eu mesmo é que vou atrás de um drakon. – Percy disse. Ele era um péssimo dançarino.

– Não o deixem esquecer isso! – Beckendorf disse para Connor e Travis, rindo.

– Tá brincando? – Connor sorriu, travesso.

– Nem em um milhão de éons vamos deixá-lo esquecer. – Travis riu.

Tântalo colocou a radiola para funcionar a professora fez todos irem para o meio do salão, dançar. Não precisa nem dizer que os meninos resmungaram em todas as aulas, sem exceção. Percy pegou Kayla como parceira nas aulas, ela era irmã de Austin, primos distantes de Will, e uma excelente dançarina. Chris Rodriguez parecia o único menino empenhado. Ele treinava em todo o seu tempo livre, o que deixava Dakota, Will, Percy e Frank irritados. Eles queriam dormir enquanto o amigo dançava pelo quarto como se sua vida dependesse disso.

– Ouvi dizer que ele quer convidar a Drew. – Will disse na sala de estudos, no fim de dezembro.

– Qual é, Chris não é TÃO doido assim! Drew? Drew Tanaka? Só tem uma pessoa que aguenta ficar perto dela. Clovis. E isso por que o guri passa noventa e cinco por cento do tempo dormindo. – disse Dakota.

Plutão Levesque estava tomando conta do quarto ano naquele dia. Faltava uma semana para o baile. O professor de poções passou pelo quarteto e bateu na cabeça de Dakota com um caderno.

– Seja lá quem ele for convidar, ao menos ele terá algo bom para oferecer: não irá pisar no pé. – Percy disse falando baixo para não apanhar do professor.

– Quem você vai convidar? – Frank perguntou.

– Não faço a mínima ideia. Pensei em chamar a Bianca. Sabe, ela é minha prima. Não vai ser tão estranho assim. Mas ela me contou ontem na aula de história que já tem par. – ele deu de ombros.

– Bianca di Angelo tem par? – Dakota se desesperou. – Di Immortales! Estamos fritos! – Plutão passou novamente pelos meninos e bateu de novo na cabeça de Dakota.

– Gente, não precisa de tanto escândalo! É só chegar em uma garota e chamá-la. Não é tão difícil. – Will disse assim que o professor saiu de perto

– Tá falando isso porque você vai com a Lacy. Ela é linda, legal e foi a primeira garota que você chamou. – Frank falou em pânico.

– Isso também. – Will sorriu.

– O baile é uma semana, ainda deve ter meninas disponíveis nessa escola né? – Dakota disse desesperado.

– Cara, por que você não convida a Gwen. – Percy sugeriu.

– Gwen? Por que eu chamaria a Gwen? Somos amigos desde infância, nossos pais são vizinhos há anos! – Dakota disse desarrumando os cabelos negros, nervoso.

– Exatamente por isso! – disse Will. – Espera-se que se leve um interesse amoroso ou um possível interesse amoroso. Você e Gwen são praticamente irmãos. Não vai ser constrangedor, nem esquisito e ela é sua amiga. Vocês vão se divertir. – Plutão passou novamente e dessa vez bateu na cabeça de Will.

– Nunca pensei que fosse concordar com o Will, mas é isso aí. – Percy disse assim que o professor se distraiu indo tirar dúvidas de Leo Valdez.

– Pera... NÃO é para ir com alguém que... sei lá... haja uma remota e quase inexistente chance de você... hum... ter uma paixonite... ? – Frank perguntou ficando tão vermelho quanto um tomate.

– Quando foi que você convidou a Hazel? – Percy segurou o riso.

– Ontem de noite. Mas eu não sabia que não era para levar alguém por quem você tem sentimentos. Sentimentos fofinhos. Fofinhos como bebês pandas. – Frank disse quase se jogando por cima de seu dever de casa.

Os demais garotos se entreolharam. A ESCOLA INTEIRA SABIA QUE FRANK E HAZEL ERAM APAIXONADOS UM PELO OUTRO. Menos eles dois. Plutão suspirou e já estava indo repreender os meninos, mas o nariz de Leo começou a pegar fogo, pra varear. Todos na escola sabiam que se o professor de poções batesse na sua cabeça durante alguma aula na sala de estudos, era porque ele queria que você calasse a boca e voltasse a estudar. Era uma tradição do professor e todos os alunos sabiam disso.

– Não foi isso que eu quis dizer. – disse Will. – Espera-se que as pessoas levem um possível ou atual interesse amoroso. Afinal, é um baile. Mas caso a pessoa não queira que seja algo constrangedor, então aí é que se chama uma amiga.

– Como é que você sabe tanto disso hein? – Frank perguntou parecendo mais calmo.

– Gosto de assistir filmes de adolescentes para garotas. Essas comédias românticas são tudo a mesma coisa, só muda o cara. E é sempre com Jennifer Aniston. – ele disse ganhando outra "cadernada" na cabeça, dada pelo professor.

– Ela é gostosa. – Dakota disse quando Plutão foi verificar o dever de casa de Leila.

– Esse não é o ponto. O baile é em uma semana e dois de vocês não tem um par. Chris e seus pés mágicos irão conseguir uma garota logo, logo. E ele pode até já ter um par e não nos contou. – disse Will. – Percy, você é um dos Campeões. PRECISA aparecer no baile com um par.

– Será que seria estranho se eu convidasse Tyson ou Grover? – ele coçou a cabeça.

– Acho que estranho não chega nem perto do adjetivo apropriado. – disse Dakota.

– Deus dos bailes... por favor. Me ajude. – Percy disse desesperado.

Plutão caminhou até atrás de Dakota e Will e empurrou a cabeça dos dois para o caderno. Usando magia, fez o caderno que ele segurava bater nas cabeças de Percy e Frank, que estavam de frente para os amigos. Os meninos entenderam o recado e voltaram a estudar. Felizmente o dia seguinte era o último dia de aula antes do recesso de fim de ano. A última aula do dia para o quarto ano era Defesa Contra As Artes Das Trevas e Íris chamou Percy para conversar em sua sala após o fim da aula. O lugar provava que ela era hippie, não só pelo cheiro de ervas para chá, mas também pela bagunça e tudo que o menino achava ser relacionado à cultura hippie. Como sempre a professora usava vestes de bruxo estilo hippie e em várias cores, parecendo um arco-íris. Os cabelos castanhos caramelo estavam soltos e ela parecia calma. Apontou para um banco feito de materiais recicláveis e o menino sentou.

– Algum problema professora? – ele disse achando que ia ficar de castigo.

– Eu vou ser sincera com você, Perseu. Eu não gosto de ler jornais. Eles destroem árvores para escreverem besteiras. Mas eu fiquei sabendo das baboseiras que Fleecy escreveu sobre você. – ela disse calma, mas com certa tensão na voz.

– São mentiras. – ele disse firme.

– Eu sei disso. Mas o mundo não sabe. Eu e Fleecy éramos grandes amigas. Fomos da Sonserina e éramos colegas de quarto. Amigas inseparáveis. Só que ela mudou muito depois que começou a trabalhar para o Profeta Delfos Diário e perdemos contato. – a professora disse enquanto preparava um chá. – A questão é que o Mundo Mágico acredita que você e sua família ainda mantêm em segredo os costumes e ideologias de Cronos...

– Mais mentiras. – ele a interrompeu, já ficando estressado.

– Eu sei disso garoto. Se você fosse parecido com seu avô, já teria matado aquele seu amigo sátiro, aquele ciclope e o professor de Trato Das Criaturas Mágicas. – ela deixou o chá esfriar. – Lembro-me bem da era de Cronos. Eu fui uma Auror naquela época e foi como viver realmente no tártaro. Monstros em todo canto, mortes todos os dias. O verdadeiro caos. Não Percy, você não é NADA parecido com seu avô. Pode ser tão astuto em batalha como ele, mas fora isso, não tem nada de igual à Cronos. Você é gentil, doce e, desculpem-me dizer, lesado. Cronos era o oposto disso.

– Valeu... – ele disse sem saber se essa era a palavra certa para falar.

– Mas o Mundo Mágico pensa que você e seus primos são iguais a Cronos. E há uma forma de provar que eles estão errados. – ela disse bebericando do chá.

– Qual? – ele disse ansioso.

– O baile. Use-o ao seu favor.

– Como assim professora?

– A atenção do baile estará voltada para você, os outros três Campeões e todos os netos de Cronos. O diretor Júpiter pediu que eu conversasse com cada um de seus primos e agora estou aqui falando com você. Se querem fazer com que os tabloides e fofoqueiros parem de dizer que os Olympus são maus, então só há um jeito.

– Jurar lealdade à bandeira? – ele chutou.

– Não. Ir com as pessoas mais inesperadas. Ir com nascidos trouxas. Seu avô odiava nascidos trouxas. Vá com alguém nascido trouxa e você fará com que Fleecy e os demais calem a boca e parem de fazer comentários maldosos sobre você e seus primos.

– Beleza. O pai da Annabeth é nascido trouxa e eu... meio que... hum... você sabe... hum... pretendia chamá-la... por que... ela é minha amiga. Sabe, para não ser embaraçoso! – ele corou.

– Ela já tem par. – disse Íris.

– COMO?! – Percy só faltou cair do banco reciclável.

– Achei que soubesse. – Íris disse bebericando do chá.

Percy foi encontrar com Grover e Tyson na floresta, estava muito triste para ouvir a dose diária de piadas sem graça de Leo no salão principal, antes do jantar. Grover disse que não sabia que Annabeth tinha um par. Tyson estava brincando com Arco-Íris no lago, para varear, mas ele não ficou contente quando o irmão começou a falar do avô deles e do quão racista e preconceituoso Cronos era. O Grandão também ficou incomodado quando descobriu quem Percy teria que convidar.

– Mas você não gosta dela. – disse Tyson.

– Eu sei. – Percy queria arrancar a farda, se jogar no lago e congelar, se bem que ele se dava bem com a água mesmo com a temperatura baixa.

– O que o Tyson quer dizer, e eu concordo, é: que se dane! Chame a garota que você quer. E daí que você e Annabeth estão brigados. Ela é sua amiga. – disse Grover.

– O menino bode tá certo! – Tyson exclamou.

– Eu sei... honestamente, preferiria ir ao baile com Clarisse do que com essa pessoa. Acho que Clarisse seria mais legal que Drew. Mas fazer o que. – deu de ombros.

– Qual é Percy! Se você gosta da Annabeth, então a chame. Mesmo que a resposta seja não. – disse Grover.

– Não posso cara. Íris está certa. Minha família está muito mal vista no nosso mundo e eu tenho que fazer algo para ajudar. – Percy disse esfregando as mãos congeladas no rosto.

– Por quê? O que sua família até agora fez para merecer sua ajuda? Seu pai passou quatro anos sem falar contigo e odeia o seu irmão. O próprio filho dele. Seus tios e seus primos vivem numa falsidade miserável. Todo mundo te condenou por você ter entrado na Lufa-Lufa e não na Grifinória. Nenhum dos teus primos ficou feliz por você ter sido um Campeão. Muito pelo contrário, todos eles te julgaram. – disse Grover.

– É. Eles não são sua família, podem ter seu sangue, mas não são sua família. Eu sou sua família e eu digo para seguir seu coração. Annabeth é legal e ela pode mudar de ideia em relação ao par dela. – disse Tyson.

Percy não quis mais discutir e mudou de assunto. Naquela noite um pacote chegou para ele. Os meninos estavam no dormitório tirando sarro de Chris, que continuava praticando.

– Ah fala sério! – Percy reclamou.

– O que foi? Sua mãe mandou os doces errados? – dDakota disse elétrico pelo Tang que tomava.

– Não. Pior. – ele tirou a roupa de dentro do pacote. – Achei que o baile seria a rigor, mas não é.

– MEUS DEUSES! – Will disse com os olhos arregalados. – Iremos congelar se usarmos isso.

– Você realmente está preocupado se iremos congelar? – disse Frank. – Eu vou parecer um uso panda usando fantasia!

– Ué, vocês não sabiam que o baile seria em estilo neoclássico? – disse Chris.

– Não; nem todos aqui estão empolgados para ir a esse baile, Chris. – Dakota disse pulando na cama.

– O que deu nele? Tinha quase um mês que ele não bebia Tang. – disse Percy.

– Ele convidou a Gwen. Ela disse sim e deu um beijo na bochecha dele. – disse Frank.

– Senti algo novo. Minhas mãos começaram a suar, meu coração parecia que ia explodir e havia borboletas no meu estômago. O Tang consegue acalmar isso. – Dakota disse parecendo uma pipoca.

– Creio que o que nosso amigo bebum quis dizer é que ele descobriu que tem uma paixonite pela Gwen e o “álcool” dele está curando temporariamente a ansiedade. – Will zombou.

– Essa é outra maneira de dizer! – Dakota sorriu.

– Cara, vamos congelar usando roupas formais da Grécia e Roma antiga. – Frank disse olhando para os trajes de Percy.

– Estou torcendo para que sua mãe tenha se enganado. Essas roupas pinicam, são super desconfortáveis e fazem com que eu pareça com o deus do sol. – Will disse coçando os cachos loiros.

– Na mitologia grega o deus do sol é o deus da perfeição. – Chris o lembrou.

– Eu sei! Sabem quantas meninas irão dar em cima de mim se eu chegar ao baile trajando roupas de festa da Grécia Antiga? Praticamente a escola inteira! Serei o Damon Salvatore loiro. Só que sem a imortalidade, o mau caráter e o corvo. – disse Will.

– Modéstia nível Tony Stark. – Chris zombou.

– Veja pelo lado bom, Lacy é loira igual à Elena. – Percy forçou um sorriso.

– É bom mesmo que sua mãe tenha errado. Eu fico muito estranho usando toga. – disse Dakota.

Percy olhou pela janela e viu a neve caindo. Ele não estava preocupado com o frio que ia passar. Nem com as roupas extremamente formais e desconfortáveis que se usava nas maiores, melhores e mais importantes festas da Grécia Antiga. Nem em ter Drew Tanaka como par. Ambos os pais dela são trouxas e ela foi criada como trouxa até receber a carta de Hogwarts. A família dela havia sido trouxa há dez gerações. A pessoa perfeita para ele, o “Campeão Intruso”, ir ao baile. Mas nem isso o incomodava. O que de fato incomodava era que Annabeth já havia arrumado um par.


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Notas finais do capítulo

Espero que alguém tenha notado a referência à Sunny Entre Estrelas.