Demigods in Hogwarts escrita por SeriesFanatic


Capítulo 24
Rachel e o Cálice




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/432116/chapter/24

– Rachel Elizabeth Dare. – a secretária chamou.

– Sim? – a menina de cabelos ruivos respondeu.

– O doutor Poseidon já pode atendê-la.

– Obrigada. – Rachel sorriu.

O centro de pesquisa marinha de Londres era um lugar calmo. Vários biólogos transitavam pelo local, alguns com papeis, outros indo alimentar os animais nos tanques. Rachel entrou no consultório do doutor Jackson com o coração na mão, ela não conhecia o homem e ele provavelmente acharia que ela estava ficando doida, mas tinha que tentar. A sala era grande e meio úmida, mesmo para o verão na Inglaterra. O homem era alto e musculoso, cabelos e barba negros, olhos de um verde mar belíssimos e a pele parecia queimada do sol. Ele deveria usar algum perfume que se assemelhasse ao cheiro de maresia, pois era esse o cheiro que ela sentia. Usava calça social caqui, camiseta social branca com as mangas dobradas e uma gravata vermelha. A semelhança com Percy era impressionante. Obviamente que o menino tinha alguns traços da mãe, mas ele era muito parecido com o pai, principalmente os olhos.

– Doutor Jackson? – ela disse tímida.

– Ah sim, senhorita Dare. Uhm... você a menina que veio fazer uma pesquisa para a escola, não é? – ele disse deixando os papeis em cima da mesa e sorrido.

– Sim doutor. Na verdade não. – ela corou.

– Como assim? – ele riu.

– Doutor Jackson... – ela se inclinou para ele. – Eu sei que pode parecer loucura, mas... eu tive um sonho... sua bisavó, ela está para acordar. Ano que vem, depois da páscoa. E seu filho mais velho, Perseu... ele corre grande perigo..

– Como você...? – Poseidon ficou pálido.

– Delfos me avisou em um sonho. Sei que você não vai acreditar em uma trouxa como eu, mas Zeus precisa saber! – exclamou corando mais ainda.

Rachel estava nervosa. Nem conhecia o homem e já estava falando para ele que seu filho mais velho corria risco de vida. Ela conhecia Percy, mas não achou que devesse falar isso para ele. Afinal, quem precisava fazer alguma coisa era Zeus. Enquanto isso, o Ministro da Magia controlava a carruagem voadora, com Jason gritando de terror ao seu lado no couchê. Dentro da carruagem, Hera, Deméter e Sally conversavam sobre as notas das crianças na cozinha, tomando café da manhã. Plutão conversava com seu pai Hades, sua tia Héstia e Ceres Gardner, tia paterna das gêmeas. Thalia dormia feito um anjo em um dos beliches, enquanto Percy, Bianca, Hazel, Katie, Miranda e Nico jogavam Mitomagia. A carruagem encantada era muito grande por dentro, o dobro do tamanho do quarto de Percy. A família Olympus estava indo para a final da Copa Mundial de Quadribol. Uma tradição da família desde que Percy era pequeno.

Talvez fosse a única vez no ano em que ninguém da família era falso um com o outro, ao contrário do Natal. Era também a primeira vez que Hades e seus filhos menores iam. Pois quando Maria ficou grávida de Bianca, o casal se mudou para Veneza. A morte dela, há oito anos, fez com que Hades se fechasse para o mundo. Havia quase dois anos que ele e os filhos menores se mudaram para Londres. Mesmo morando na Itália, Hades sempre ia para a festa de Natal na casa de Zeus, sempre sem os filhos ou a falecida esposa (quando viva). No dia seguinte, era a ida para Hogwarts e todos já tinham o material pronto em casa. Blackjack, o pégaso de Percy, era um dos pégasos que guiava a carruagem. Poseidon havia ficado no trabalho por que tinha relatórios urgentes para entregar, mas encontraria todos antes da partida, à noite. Na verdade, todos sabiam que ele inventou isso para não ter que passar um dia inteiro com o filho mais velho, com quem estava brigado tinha quase quatro anos.

A antiga família Olympus, que se dividiu em quatro (Zeus com o sobrenome Grace, que é o sobrenome de Hera; Poseidon com o sobrenome Jackson, o sobrenome de Sally; Hades com o sobrenome di Angelo, o sobrenome de sua falecida esposa; Hécate e Deméter com o sobrenome original, Olympus), se alojou em uma das tendas mais caras do local. A animação era incrível. Bruxos de todos os cantos do planeta reunidos para assistirem a final clássica entre Búlgaros e Escoceses. Muitos pais estavam com seus filhos e as crianças brincavam despreocupadas pelo imenso campo ao redor do estádio. De noite, parecia ser uma guerra de luzes, vermelho e preto contra verde e branco. No camarote super requintado do Ministro, as crianças se empanturravam de doce.

As demais famílias importantes, puras e mais ricas do Mundo Mágico também estavam no camarote: Os Castellan, os Chase, os Valdez, os McLean, os Solace, os La Rue, os Winehouse e os Ramírez-Arellano. As doze famílias mais poderosas do Mundo Bruxo em um só camarote. Dionísio, Hefesto, Hermes, Frederick, Tristan, Ares e Apolo já estavam bêbados. Ártemis e Héstia conversavam sobre os benefícios da vida de solteira, já que Héstia era freira e Ártemis viúva. Hera, Sally, Deméter, May, Atena, Afrodite, Esperanza e as esposas de Dionísio, Apolo e Ares estavam conversando sobre as fases que seus filhos estavam passando. Poseidon, Zeus e Hades estavam tendo uma conversinha em particular sobre as palavras de uma certa jovem ruiva com roupas de pintora. Ceres, Plutão e Michael Yew conversavam sobre as matérias que lecionavam e os alunos. Os únicos que pareciam estar realmente prestando atenção e se divertindo com o jogo eram os pré-adolescentes/adolescentes.

– ISSO FOI FALTA! – Beckendorf gritou, o sobrinho de Esperanza e primo de Leo.

– QUAL É JUIZ, TÁ CEGO?! – disse Luke, o filho mais velho de Hermes.

– MINHA MÃE JOGA MELHOR QUE ISSO! – disse Jason Grace, o caçula de Zeus.

– Jason, sua mãe nem sabe que vassouras voam. – Piper McLean, a caçula de Afrodite, rebateu.

– QUAL É! ATÉ O PERCY FAZ MELHOR! – Leo Valdez, o filho único do Hefesto, gritou.

– EI! – Percy exclamou.

– BORA LÁ KRUM! EU APOSTEI EM VOCÊ! – Connor, o filho do meio de Hermes, gritou.

– E vai perder irmão! – Travis, irmão gêmeo de Connor e filho menor de Hermes e May, riu.

– ATÉ UM PINGUIM VOA MAIS RÁPIDO QUE ISSO! – os gêmeos Castor e Pólux, os filhos únicos de Dionísio, gritaram.

– Será que tem um garoto aqui que NÃO seja obcecado com Quadribol? – Silena Beauregard, filha mais velha de Afrodite e meia-irmã de Piper, reclamou.

Os meninos se penduravam na grade do camarote para poder ver o jogo melhor. As meninas estavam sentadas no imenso sofá, esperando o tormento, vulgo jogo, acabar. Todas elas olharam para Percy, que lia uma revista em quadrinhos.

– Percy... – Miranda, filha de Deméter, sobrinha de Ceres, abriu um sorriso.

– Hum? – ele parou de ler.

– Por que você não está ali, surtando com os meninos? – Katie, irmã gêmea mais velha de Miranda, perguntou.

– Não vejo graça em Quadribol. – ele deu de ombros.

– NEM NA CHINA ISSO É FALTA! – Nico, filho caçula de Hades, gritou.

– Ele prefere esportes aquáticos. – disse Annabeth, filha do meio de Atena.

– QUAL É JUIZ?! – Malcolm, filho menor de Atena e irmão de Annabeth, gritou.

– Queria que os garotos fossem mais como o Percy. – disse Thalia, filha mais velha de Zeus. – Achei que vir pra cá seria legal, Luke e eu podíamos ficar namorado e tudo mais...

– É! – Silena concordou, ela namorava Beckendorf.

– Mas não, eles só querem saber desse esporte idiota! – disse Thalia revirando os olhos.

– Eu até gosto, sabe. Assim como a maioria aqui, eu jogo no time da minha casa, mas sei lá. Pra ficar doida como eles? – Piper apontou para os meninos. – Prefiro ficar aqui sentadinha com a Hazel fazendo trancinhas no meu cabelo.

– AH FALA SÉRIO?! – Will, filho único de Apolo, esperneou.

Hazel, filha única de Plutão, neta de Hades, sorriu para a amiga. As irmãs Reyna e Hylla Ramírez-Arellano, filhas de Belona, estavam lendo. As demais meninas conversavam ou estavam jogando Banco Imobiliário versão Gringotts. Annabeth aproveitou que todo mundo estava distraído e saiu do camarote. A parte de cima da arquibancada gigantesca estava vazia e o ar quente do verão a fez sentir-se melhor. Conseguiu achar Frank Zhang, com os pais Marte e Emily, em uma arquibancada mais abaixo no lado oposto a ela. Frank era um garoto legal, mas o avô dele, Ares, o odiava. Ela virou-se para admirar a natureza ao invés do jogo inacabável e sorriu ao ver o mar mais a distante. Viu um grupo de pessoas se aproximando do acampamento, mas por ser de noite, ela não pode ver mais do que isso. Até que de repente, pode ver tudo. O grupo apontou suas varinhas para o céu e a partida foi interrompida quando viram a Marca Negra (X), o símbolo de Gaia e Cronos. O estádio ficou em silêncio ao ver o símbolo no céu, alguns dos jogadores esqueceram-se de frear as vassouras e colidiram.

– COMENSAIS DA MORTE! – ela gritou do último lugar da arquibancada.

Como o local estava em silêncio por causa da Marca Negra, todos ouviram o grito dela. E essa foi a última coisa que Annabeth se lembra daquela noite. Soube pelo jornal que os Comensais da Morte haviam atacado todo mundo. Houve uma morte e ninguém foi capturado. Segundo Frederick, alguém havia soltado um feitiço do sono na direção dela, provavelmente queriam capturá-la. A menina sabia que Gaia não queria que ela e Percy morressem, ao menos não até a hora certa. Acordou na própria cama, horas depois. O pai contou que foi o verdadeiro tártaro, pessoas correndo para todos os cantos fugindo, ninguém a achava e Atena havia começado a surtar.

– Se ela estava surtando, então porque não está aqui? – Annabeth disse zangada, cobrindo-se com o edredom.

– Querida, sua mãe é uma diplomata. Haviam milhares de bruxos de diversas nações. O Ministério precisa dela. – Frederick tentou explicar.

– O Ministério SEMPRE precisa dela. – reclamou.

– Tente descansar. Você e Malcolm irão pegar o trem em menos de sete horas. – ele beijou a testa dela e foi em direção a porta do quarto.

– Papai?

– Sim corujinha.

– O senhor disse que a mamãe entrou em desespero... quem me achou?

– Percy. – ele disse apagando a luz e fechando a porta do quarto.

Eram umas três da manhã. Ela logo pegou no sono, já que não tinha memórias em sua mente para lhe apavorar. Na casa dos Grace, todos da família Olympus foram distribuídos pelos quartos de hóspedes. Os adultos estavam apavorados, Zeus estava no Ministério junto com Deméter, Hades e Héstia. Percy estava dividindo quarto com Nico, enquanto Jason estava desmaiado em seu próprio quarto. Percy gostava da Vila Olímpia, era um local legal, calmo e muito bonito, construído no estilo neoclássico onde todas as famílias mais ricas do Mundo Bruxo moravam. Todas as famílias com exceção dos Jackson. Poseidon preferia morar em uma praia deserta a duas horas de qualquer contato com a civilização. O menino estava ansioso demais para dormir, ficava revivendo os momentos de pânico das cinco horas anteriores. Não conseguia se livrar das memórias por mais que quisesse. Nico também parecia tenso, ele estava sentado na cama de solteiro de frente para Percy, encarando o par de All Star preto que usava havia horas.

– Você tá legal? – Percy perguntou tentando esvaziar a mente.

– Uhm hum. – Nico sussurrou.

– Seria legal se tivéssemos mais primos né? Bianca está com Katie e Miranda. Elas são bem legais. – Percy disse tirando a camiseta verde com o símbolo da Escócia. – Também seria legal se os adultos não nos trancassem aqui, como se fôssemos animais ou crianças.

– Tá tarde. Melhor ir dormir. – Nico respondeu se cobrindo com o edredom.

– Você deveria ao menos tirar as roupas e o sapato. – Percy sugeriu.

Nico não respondeu. O rapaz se levantou, se livrou do par de tênis esportivos, da calça jeans, apagou a luz, deitou e se cobriu. Rezou em silêncio para acordar sem as memórias assustadores daquela noite. Deveria ter algum deus capaz de dar amnésia para as pessoas. Ele só não sabia qual deus era esse. Parecia um filme em sua mente. O silêncio mortal, os Comensais da Morte atacando e estuporando cada pessoa que corria para fora do estádio. Um verdadeiro caos. Mas a memória mais dolorosa foi ver Atena entrando em pânico por não saber onde Annabeth estava. Como ele havia visto que ela saiu, correu e, felizmente, era forte o bastante para pegá-la e carregá-la até o camarote, onde todos aparataram. Ele nunca pensou que fosse ver Atena tão desesperada. Na hora que entrou no camarote com Annabeth nos braços e a deu para a mãe, seu coração apertou. Claro que estava feliz pela amiga estar com a família e sumir no segundo seguinte para reaparecer na própria casa sã e salva, mas ainda assim, sentiu-se tão imponente.

Poseidon colocou a mão no ombro do filho a aparatou com ele. E, em uma questão de milésimos, Percy se viu no imenso salão de festa na casa de seu tio Zeus. Com os demais Olympus assustados ao seu redor. Sally havia mandado todas as crianças irem para os quartos de hóspedes, enquanto os adultos cuidavam de tudo. Não tinha como Percy saber o que estava acontecendo, havia quase quatro horas que estava trancado naquele quarto com Nico. A única coisa que sabia era que Jason havia desmaiado quando escutou Annabeth gritar “comensais da morte” e ainda não havia acordado. O rapaz demorou a pegar no sono, aquelas memórias o aterrorizavam. Acordou com o cheiro de ovos e bacon. Sally e Hera estavam preparando o café da manhã. Thalia, Katie, Bianca, Nico e Miranda usavam os uniformes da escola.

– Bom dia. – Percy disse colocando a camisa enquanto entrava na cozinha.

– Bom dia senhor baba. – Thalia brincou.

– Pode tentar o quanto quiser Thalia. – Miranda riu.

– Mas NADA supera “Cara de Pinheiro”. – riu Katie provocou.

– Meninas. – Sally advertiu. – Bom dia querido. Dormiu bem? – ela deu um beijo na testa do filho.

– Mais ou menos. Tive um sonho estranho. – ele disse sentando-se à mesa da magnífica cozinha.

– Deixe-me adivinhar, sonhou que havia ganho a taça de Quadribol? – Thalia implicou. – Ah não, espera... que ganhou ano passado foi a Grifinória!

– Pelo menos a Lufa-Lufa ganhou a taça das casas no ano passado. – ele revirou.

– Crianças, sem brigas. – Hera disse com um olhar mortífero.

– Coma logo seu café, Percy. Já peguei suas coisas. Vá tomar um banho e se vestir para irmos à estação de King Cross. – Sally disse tentando fazer parecer que aquele era mais um dia normal.

– E Jason? – Bianca perguntou.

– O que você acha? – Nico pareceu rir.

– Deveriam mudar o nome dele para Aurora. – Thalia riu.

– Mais respeito com seu irmão, mocinha. – Hera disse severa.

Foi estranho ir da Vila Olímpia, um dos pouquíssimos bairros bruxos de toda Inglaterra, para a estação de trem. Também foi estranho ver Thalia pulando no pescoço de Luke para um beijo de saudades. Percy achava nojento. Beckendorf e Silena? Urgh! Romance não era com ele. Muito menos beijo. Ele acha beijo nojento. Mesmo sem saber quase nada de sexo, ele achava sexo nojento. Viu Jason indo se juntar a Leo e Piper; Katie e Miranda indo matar as saudades dos gêmeos “amigos coloridos” Travis e Connor. Bianca havia virado amiga de Gwen, da Grifinória. E Nico de Malcolm. Então Percy estava sozinho. Caminhou pelo trem até encontrar Annabeth sentada sozinha em um vagão, com os olhos vidrados no jornal. Ela sempre detestou o Profeta Delfos Diário, mas parecia muito concentrada no que lia.

– Oi. – ele disse abrindo a porta do vagão e fechando.

– Olá. – ela sorriu.

– Dormiu bem? – ele disse sentando-se de frente para ela.

– É. Fiquei meio preocupada com o que meu pai me contou, mas pelo visto ele maneirou e muito. – ela disse levantando o jornal para dar ênfase. – Acho que os adultos só sabem mentir.

– É. – ele disse cabisbaixo.

– Tá tudo bem, Percy? – ela colocou o jornal no banco e se inclinou para ele.

– Mais ou menos, é só que... foi horrível o que eu vi ontem. Você tem sorte de ter sido apanhada por um feitiço do sono. – ele conseguiu forçar um sorriso e então pegou a mão dela. – Não sabe a aflição que passamos enquanto não te achamos.

– Papai me disse que foi você quem me achou. Obrigada. – ela inclinou-se e beijou a bochecha dele, ambos coraram.

– Ei, eu te devia uma lembra. – provocou.

Ela riu e deu um leve soco no braço dele.

– Então, alguma notícia de Dédalo? – Percy perguntou quebrando o momento timidez.

– Ele disse que está amando Atenas. Realmente, o mínimo que o Ministério poderia fazer era dar uma indenização para ele depois de tudo que o coitado passou. – alegrou-se.

– E seus pais?

– Ainda estão se martirizando por não terem acreditado nele. Pelo menos não estão sendo falsos com o coitado, ao contrário dos meus avós. Malcolm passou metade das férias com ele lá na Grécia. Está tão feliz por ganhar um irmão mais velho. – sorriu.

– E ele vai continuar morando lá?

– Vai começar a faculdade de engenharia por lá e pretende morar para sempre. Disse que o local é fascinante e que o inspira. Fico feliz que ele tenha achando um local para chamar de paraíso. Também, depois de todo o tártaro que passou. – ela encostou-se ao banco.

– Soube que Vulcano pediu demissão. – ele comentou. – Mal posso esperar para ver quem será o novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas.

Os dois permaneceram em silêncio pelo resto da viagem. Ambos dormiram por causa da exaustão. Acordaram com a voz de Quíron chamando todo mundo para fora do trem, como sempre. Quando chegaram à Hogwarts, viram um navio imenso e antigo, parecendo um navio pirata, emergir do lago. Uma carruagem voadora puxada por pégasos brancos (que fariam Blackjack se apaixonar em segundos) quase atropelou Tântalo, o que fez todo mundo cair na risada, ninguém gostava de Tântalo, nem mesmo Minerva, e ela gostava de todo mundo (com exceção da Drew). No salão principal, antes do jantar, adolescentes entraram fazendo uma espécie de coreografia. Os que vinham do navio eram apenas homens e os vindo da carruagem eram apenas mulheres. Não precisa nem dizer que os meninos de Hogwarts ficaram encantados com as meninas desfilando e as meninas coraram com os rapagões. Os que pareciam ser os diretores caminharam e cumprimentaram Júpiter, que estabeleceu que os rapazes sentariam a mesa da Sonserina e as moças a mesa da Corvinal. O que incomodou Annabeth. Ela viu que Percy estava quase babando pelas garotas e isso fez seu rosto ficar vermelho de raiva.

– Gostaria de anunciar que esse ano, Hogwarts será o lar não somente de vocês, mas de mais duas escolas amigas. Nossas amigas francesas da Academia de Magia de Beauxbatons e sua diretora, Madame Quione Glace. E nossos amigos da Bulgária, A Delegação Durmstrang e seu diretor Boréas Vyatur. – Júpiter anunciou e todos aplaudiram. – Isso porque, esse ano, nossa querida escola terá a honra de sediar o Torneio Tribruxo!

Os alunos comemoraram e aplaudiram, alguns cochichavam. Percy olhou para Annabeth com a testa franzia, meio que perguntando o que era esse torneio.

– Mas só será permitido para maiores de idade. – o diretor acrescentou, sendo vaiado pelos alunos. – Chega! – exclamou. – O Torneio Tribruxo é muito perigoso e essas foram as regras impostas pelo Ministério. Se algum de vocês tem dúvidas ou queixas, mandem uma mensagem de Íris para Dionísio Winehouse. Um campeão será escolhido de cada escola amanhã à noite e os três escolhidos irão representar suas escolas durante três atividades ao decorrer do ano letivo. E vale lembrar que o escolhido estará sozinho. O ganhador receberá um prêmio de mil dracmas de ouro.

Júpiter fez um sinal e as harpias da limpeza trouxeram uma espécie de caixão de ouro com imagens de torturas horrendas desenhadas com pedras preciosas. O diretor bateu com a varinha três vezes e o caixão transformou-se em um cálice imenso com várias pedras preciosas incrustadas. Hazel Levesque se encolheu quando viu o objeto.

– O Cálice de Fogo será usado para escolher o campeão de cada escola. Ele ficará no meio do salão principal até amanhã às dezenove horas. Depois do jantar, conheceremos os três escolhidos. Alunos menores de idade, nem tentem colocar seus nomes, haverá magia ao redor do Cálice para permitir somente que pessoas maiores de dezessete anos passem. Aos maiores de idade... não se inscrevam levianamente. Uma vez selecionado, não há como voltar atrás. – disse Júpiter. – O Torneio Tribruxo é algo somente para aqueles que têm imensa coragem. Muitas mortes já ocorreram ao longo de sua existência. Não é uma gincana ou uma pequena disputa, é uma competição de caráter, honra e coragem. Aos alunos de Hogwarts que se inscreverem, por favor, lembrem-se de colocar a qual casa vocês pertencem.

Percy olhou para a mesa da Grifinória. Com toda certeza o campeão da escola sairia de lá. Provavelmente seria Thalia, que ia fazer dezessete anos no fim do ano e estava cursando o último ano. Havia uma mísera chance do campeão de Hogwarts ser da Sonserina, mas provavelmente seria um Grifinório. Então ele foi dormir tranquilo, pois não tinha como ele se meter em encrencas naquele ano. Como ele estava enganado. Não sonhava com Gaia desde que Annabeth havia dado um fim naquele diário, mas naquela noite ele acordou várias vezes achando que havia areia em sua cama. Em uma das vezes, Chris Rodriguez se irritou e jogou um sapato na cara do amigo. O primeiro dia de aula foi normal mesmo havendo mais duas escolas “extras”. Na hora do jantar, a atenção foi total para o Cálice de Fogo. Como as mesas foram afastadas, vários alunos de casas diferentes puderam sentar juntos. Percy viu o trio maravilha Jason, Leo e Piper fazendo apostas para ver quem seria o escolhido da escola. Frank e Hazel continuavam no mesmo esquema “somos só amigos, mas eu amo ele/ela”.

– Damas primeiro. – Júpiter sorriu para a Quione e caminhou até o Cálice. – Senhorita... Zoë Doce-Amarga.

Todos aplaudiram. Zoë era uma bela menina de cabelos e olhos negros, ela caminhou até o lado de Quione. Com cabelos loiro platinado, pele branca como a neve e olhos de um azul glacial, usando vestes brancas azuladas, a diretora da escola para bruxas francesas parecia uma versão demoníaca da Elsa de Frozen.

– Agora os rapazes. – Júpiter sorriu. – Senhor Octavian Sluntse. – anunciou.

Todos, com exceção da própria escola, aplaudiram. Octavian tinha uma cara de rato e parecia que sofria de raquitismo de tão magro. Os cabelos loiros pareciam brancos e os olhos azuis eram demoníacos. Bóreas, o diretor da escola, era um cara corpulento que parecia beber muito café, pois batia o pé no chão o tempo inteiro. Usava vestes cinzas e deveria ter um caso grave de TDAH, pois parecia se distrair com qualquer brisa.

– Por fim, Hogwarts. – Júpiter levantou a mão e o fogo azul cuspiu um pedaço de pergaminho. – Lucas Castellan, Lufa-Lufa.

A escola explodiu em alegria. Se tinha alguém que podia ganhar esse jogo, esse alguém era Luke. Thalia tascou um beijo no namorado e Beckendorf só faltou dar uma de fan girl. Os gêmeos gritavam “É MEU IRMÃO MAIS VELHO!”. Os Grifinórios, com exceção de Thalia, não parecia muito feliz por serem superados por uma casa que não tinha nada de coragem. Os Sonserinos não parecia nem ligar. Já os Lufos... Chris, Dakota, Will, Frank e os demais da casa, gritavam feito doidos. Percy olhou para Annabeth ao seu lado e viu preocupação no rosto da garota. Ele sabia que ela tinha uma quedinha por Luke, mas tentava se esquecer disso, pois o magoava. E agora que Luke havia sido escolhido para representar a escola, aí é que a quedinha dela ia virar paixão.

– Excelente! Campeões, reúnam-se na Sala de Troféus! – Júpiter exclamou feliz e fazendo sinal para que todos parassem de aplaudir. – Agora...

– Mas que tártaros... – Bóreas disse, apontando para o Cálice.

O Cálice de Fogo preparou-se para cuspir mais um nome. Júpiter parecia que ia ter um ataque de nervos quando leu quem foi escolhido como o quarto campeão.

– Percy Jackson, Lufa-Lufa. – disse Júpiter.

Um silêncio mortífero tomou conta do salão. Até Quíron estava surpreso. Todos os alunos e professores de Hogwarts olharam para ele com desprezo. Annabeth pareceu ser a única pessoa a estar do seu lado, ela apertou a mão dele e concordou com a cabeça. Percy olhou nos olhos da amiga e então, seu coração acalmou. As pernas pararam de tremer e ele parou de ter medo. Os olhos de Annabeth eram intimidadores e tinham o poder de deixá-lo morrendo de medo ou de dar-lhe coragem. Ela deu um leve sorriso e ele se levantou rumo à sala de troféus, esperando uma punição.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

EU SEI QUE OCTAVIAN NÃO TEVE O SOBRENOME REVELADO. Os sobrenomes que eu dei para ele, Quione e Bóreas querem dizer, respectivamente: Sol (em búlgaro), Gelo (em francês) e Vento (em búlgaro). Qual é, levem na esportiva. Como Castor e Pólux não tem sobrenome, eu dei "Winehouse" porque quer dizer "casa de vinho" em inglês e Dionísio é o deus do vinho.