Demigods in Hogwarts escrita por SeriesFanatic


Capítulo 23
A Foice do Tempo


Notas iniciais do capítulo

Mudei algumas coisinhas das regras de viagem no tempo, porque não daria para fazer esse capítulo. E também algumas coisas sobre mitologia grega. Helena e Páris nunca tiveram filhos, Hermione só é filha de Helena. Nos livros de Rowling, a filha de Rowena Corvinal se chama Elena, então eu achei que seria uma boa mistura. Na mitologia grega, a morte de Helena de Troia também é incerta, então coloquei assim na fic.



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– Nico vai me matar. – disse Percy.

Ninguém respondeu. O doutor Yew, com sua cara de fuinha, cuidava do braço quebrado de Plutão Levesque. Júpiter foi o único informado do que aconteceu, e felizmente, algo misterioso havia derrotado todas as Arais, ou seja, não tinha como Dédalo ser ferido. Thalia estava deitada em uma das macas, sua lata de spray que virava uma lança estava na mesa de cabeceira. O corpo de Bianca di Angelo repousava sobre uma maca, como se ela estivesse dormindo. Grover estava sentado ao lado de Thalia, ainda em choque. Dédalo abraçava Annabeth, ambos sentados em uma maca. Vulcano conversava com o diretor, enquanto Percy fazia carinho na Sra. O’Leary. Palas, a coruja dos irmãos Chase, estava na mesma maca que seus donos. Depois da conversa com o professor, Júpiter foi até os irmãos.

– Senhorita Chase, eu creio que está na hora de vocês refazerem seus passos. – Júpiter piscou para ela.

Uma luz iluminou os pensamentos da menina. A Foice. Ela poderia salvar a vida de Bianca.

– Senhor Chase, senhor Smith, senhor Underwood... por favor, queiram me acompanhar. – o diretor deu um leve sorriso. – Doutor Yew, siga-nos.

Dédalo deu um beijo na testa da irmã e saiu da enfermaria sem dizer nada, assim como Vulcano e Michael.

– Para onde vamos? – Grover perguntou.

Nenhum dos adultos respondeu nada, mas o sátiro os seguiu mesmo assim. Annabeth levantou da maca e foi até Percy, tirou a corrente do pescoço e esticou até ele.

– Chase. – Plutão chamou remexendo de dor na maca. – Três voltas. E se tudo der certo... mais de uma vida será poupada. E lembre-se... vocês do passado não podem ver a si mesmos do presente. Mas isso não quer dizer que as pessoas que não sabiam onde vocês estavam não possam ver vocês do presente.

– Tá legal, vocês enlouqueceram de vez! – Percy exclamou.

– Achei que NINGUÉM pudesse nos ver. Sem exceções. – disse Annabeth.

– Creio que sua tia só disse isso para que você fosse mais cautelosa. – Plutão pareceu rir. – Peçam ajuda das pessoas certas e voltem antes da última badalada e, creio eu, não haverá nenhum problema.

– Sim senhor. – ela disse virando a foice do pingente.

– Mas o que...? – Percy tentou tocar e ela bateu na mão dele.

A visão dela ficou escura por cinco segundos antes de tudo se normalizar. Percy ficou meio tonto, mas ela já estava acostumada. A última coisa que ela ouviu antes de voltar no tempo, foi a voz de Thalia tomando um tremendo de um susto. A enfermaria estava clara e quente, Leo Valdez estava sentado em um dos leitos, sem camisa, com uma atadura em volta do torço, ele parecia distraído, pois não viu Annabeth e Percy se materializarem bem ao lado da maca que ele repousava.

– Pelos deuses! – o doutor Yew exclamou ao virar e se encontrar com o casal. – O que foi dessa vez, Jackson? Caiu do pégaso de novo?

– Ah... não... – Percy pareceu confuso.

– Oi gente. – disse Leo.

– Leo, o que aconteceu com seu peito? – Annabeth perguntou.

– Jason e eu estávamos fazendo o dever de casa e sem querer minha poção explodiu. Eu sempre fui de brincar com fogo, literalmente, então já estou acostumado com queimaduras. Só tá pinicando, mas Piper insistiu que eu viesse aqui. – ele explicou dando de ombros.

– Leo, cadê a Piper? – Annabeth perguntou.

– Foi com Jason pegar alguma coisa para comermos, por quê? – ele disse coçando o nariz.

– A pomba dela, onde tá a pomba dela?

– Se vocês não estão feridos ou vieram fazer companhia para o senhor Valdez, então eu sugiro que saiam. – o doutor Yew disse colocando um copo com remédio na mão do menino.

– Acho que a pomba está no dormitório da Pipes. – Leo disse tomando o líquido e fazendo careta.

– Obrigada e melhoras. – Annabeth falou e arrastou Percy para fora da enfermaria.

– Mas o que tártaros está acontecendo...? – ele disse confuso.

– Te explico mais tarde. Vem! – ela continuou puxando ele pelo punho.

Em menos de dois minutos eles passaram por Piper e Jason, o casal levava doces para Leo. O que seria uma maravilha, pois assim a menina estaria ocupada. Eles utilizaram-se do Mapa do Maroto para pegar os atalhos e desviar as pessoas que sabiam onde as versões do presente estavam, como Malcolm, Frank, Hazel e Reyna. Quando chegaram à frente do salão comunal da Sonserina, Annabeth explicou sobre a Foice, sobre a volta no tempo e contou o plano que havia se formulado em sua mente.

– Preciso que você puxe conversa com a próxima pessoa que sair daí de dentro. – ela disse soltando o boné da tira do short. – Eu vou pegar a pomba e você fica enrolando a pessoa.

– Tá. – ele disse tentando parecer confiante.

Para o azar de Percy, quem saiu foi Nico di Angelo. Ele tentou puxar conversa sobre Mitomagia, mas o menino parecia que ia cair no sono a qualquer minuto. Estava pior que Clovis. Annabeth logo achou o dormitório de Piper, a pomba estava presa em uma gaiola. Ela ficou impressionada com o salão comunal e os dormitórios da Sonserina, eram belíssimos, apesar de sombrio. Saiu do local e deu um peteleco na orelha de Percy, que se despediu alegremente de Nico. O filho de Hades deu de ombros e continuou indo em direção ao banheiro para tomar banho. O casal e a pomba seguiram rumo à cabana de Quíron e viram a eles mesmos discutindo no círculo de pedra.

– Eu seguro a pomba e você salva Bessie. – ela disse. – Lembre-se NINGUÉM que sabia onde estávamos pode nos ver. Os demais podiam porque não tinham a mínima ideia de onde estávamos.

– O tanque é muito pesado. – ele disse, ainda estava confuso, mas estava fazendo seu melhor para entender tudo. – Precisaremos de Tyson.

– Não temos tempo para chamar Tyson.

– Não é preciso. – ele disse vendo um raio de sol, tirou a varinha e um dracma do bolso da calça jeans e mandou uma mensagem de Íris.

Assim que as versões do passado foram em direção à casa de Quíron, eles saíram da ponte coberta e ficaram no mesmo lugar de antes. Tyson apareceu em questão de segundos. Os dois preferiram não explicar para o ciclope o que estava acontecendo, apenas disseram que tinha como salvar Bessie. Ele quase pulou de alegria. Na hora que os meninos entraram na cabana, os três desceram em direção à plantação de abóbora e se esconderam.

– Lembrem-se, temos que esperar nós mesmos sairmos de lá. – ela disse. – Nós vimos Bessie antes de irmos em direção ao Salgueiro Meio-Sangue.

– Nós quem? – Tyson perguntou confuso.

– Nada Grandão. – Percy respondeu.

Quando avistou Ares, Zeus e Júpiter, o coração de Annabeth foi à boca e voltou. Mas dentro da cabana, todos estavam quietos. Grover já deveria ter notado a aproximação dos adultos. Então ela viu a pedra com desenho de espiral em uma das abóboras, jogou com toda a força mirando na cabeça do jovem sátiro e se abaixou na mesma velocidade que jogou a pedra. Grover então viu o Ministro, o Auror e o diretor e avisou aos demais.

– Vem Tyson. – Annabeth sussurrou.

Os três se esconderam atrás das árvores que cercavam a propriedade. Quando Tyson viu Percy e Annabeth do passado ajoelhados atrás das abóboras, ele tentou ir tocá-los para ver se eram reais e pisou em um galho no chão. Mas Annabeth do presente foi mais rápida e colocou o boné dos Yankees na cabeça dele antes que as versões do passado o vissem. Bianca, Thalia, Grover, Annabeth e Percy correram em direção ao círculo de pedra. Tyson, usando o boné, conseguiu pegar o tanque com Bessie e os três, mais os dois animais, foram em direção ao lago. Onde Arco-Íris brincava na borda.

– Prontinho Bessie. – Percy adentrou com o Ofiotauro no lago, Arco-Íris ficou tentando comer o cabelo dele.

– O que tá acontecendo? – Tyson disse confuso.

– Tyson, Percy e eu nos... duplicamos. Para poder salvar Bessie. – ela mentiu.

– Ê! – o ciclope comemorou.

– É, mas só que ninguém fora Percy e eu podemos saber disso. Entendeu Tyson? Não é para contar para mais ninguém que não seja eu e Percy. – ela disse severa.

– Certo. Juro pelo rio Estige que só falei disso com Percy e Annabeth. – ele disse feliz, montado no hipocampo.

– Uma vida já foi. Agora precisamos impedir que Bianca morra. – ele disse saindo do lago completamente seco.

– Você não se molha não? – ela estranhou.

– Não. – ele deu de ombros como se isso fosse normal.

– Não podemos matar Eros. Temos de entregá-lo ao Ministério, é a única forma de provar a inocência de Dédalo. – ela disse segurando a gaiola.

– É, mas se o mantermos vivo, Bianca morre. – ele exclamou.

– Tá legal. Tyson fuja com Bessie. Vá com ele e Arco-Íris o mais longe que puder. Eu li que o lago da escola tem uma passagem escondida para o mar. Leve-o para o mais longe possível daqui. E lembre-se de voltar. – Annabeth disse estressada, mas tentando manter a calma.

– Mas vou sentir saudades do Bessie. – o olho marrom do ciclope se encheu de lágrimas.

– Eu sei Grandão, mas é a única forma de salvá-lo. Você ama o Bessie? – Percy disse, carinhoso.

– Sim. – Tyson choramingou.

– Então você o deixará ir. Quando se ama alguém, irmão... quando se ama de verdade, se faz o impossível para que essa pessoa seja feliz. Mesmo que isso signifique que ela não esteja com você. Amar é querer que a outra pessoa esteja bem e feliz, mesmo longe. – Percy sorriu.

O coração de Annabeth ficou do tamanho de uma ervilha.

– Tá bom. Vou salvar Bessie. – Tyson estufou o peito. – Boa sorte. Acho que vou demorar a voltar. Mas prometo que volto.

– Avisaremos seus pais. – Annabeth disse.

De certa forma, foi duro ver Tyson, Arco-Íris e Bessie partirem. Ela nem conhecia o Ofiotauro e por causa da briga boba com Percy, ela havia se afastado um pouco de Tyson. Mas ainda assim, foi meio difícil. Quando os três sumiram de vista, os bruxos prepararam as varinhas e apontaram para a gaiola.

– E agora o que? – ele disse sério.

– Agora o matamos. Depois explicaremos tudo ao Ministério. – ela disse mais séria ainda.

– Não quero ser um assassino.

– Então vamos apenas o deixar muito ferido, a ponto de desmaio ou perda de consciência. – ela disse. – Vasanistí̱rio!

Uma luz vermelha saiu da varinha e atingiu o pombo, que começou a se contorcer de dor e a sangrar. Não deu nem trinta segundos e Annabeth parou. Não era capaz de torturar alguém ou machucar gravemente. Mesmo que essa pessoa tivesse feito da vida de seu irmão o tártaro.

– Não posso. – disse abaixando a varinha.

– Eu sei. Eu também não. – ele a abraçou.

A gaiola começou a se mexer e quebrou, a pomba deu lugar a um homem de cabelos oleosos e olhos vermelhos. A luz fraca do fim do dia deixava o rosto de Eros ainda mais assombroso.

– Como...? – Percy gaguejou.

– Animago. – ele sorriu feito um psicopata. – Não registrado, é claro. Deveria ter continuado mocinha. Mas... já que não o fez... então é a MINHA vez de fazê-la sangrar!

Eros tirou uma varinha escondida de suas vestes brancas e apontou para o casal.

Skotádi! – gritou.

Percy se jogou na frente de Annabeth, antes que o inimigo lançasse o feitiço. Mas o que Eros queria era que o local que eles estivam fosse coberto com sombras. Com escuridão. Para que as Arais fossem para ali e tornassem o duelo mais... “divertido”. O menino se levantou do chão com as roupas meladas de areia.

– Que bonitinho, se sacrificando pela amiga... – ele zombou. – Vocês Lufos são um caso perdido mesmo. Amigos não o levam a lugar algum. Amigos nunca estão lá quando você precisa. Tolos são os que acreditam em lealdade.

– Sabe qual é o problema de vocês Sonserinos? – Annabeth disse apontando a varinha para ele. – Vocês se julgam os melhores, mesmo não sendo. Estupefata!

Eros se defendeu do feitiço. O casal começou a duelar contra o bruxo, mas as Arais apareceram atraídas pela magia que fez as margens do lago virar noite. Infelizmente, as vovós demoníacas estavam interessadas nas crianças e não no vilão. Annabeth lembrou-se de um dia de inverno em que seu pai fez biscoitos de chocolate. Ela e Malcolm passaram o dia construindo bonecos na neve enquanto Frederick cozinhava biscoitos. A lembrança feliz foi arruinada com uma dor insuportável no fígado. Percy lutava contra uma das Arai ao invés de tentar atacar Eros. Parecia que uma das pernas dele havia sido gravemente ferida pelos monstros. Com o canto do olho, Annabeth viu Eros virar pombo e voar. Ela assoviou e, em questão de segundos, Palas estava perseguindo o pombo, atacando-o.

– Não aguento! – ele disse caindo de joelhos no chão. – Sinto como se estivesse segurando o peso do céu!

– Eu também. – ela disse com a voz fraca.

E era verdade. Lembrava-se da vez em que Minerva a ensinou a voar pela primeira vez. Era verão e estavam no Clube de Campo dos Solace, perto de Londres. Seus braços pareciam estar sustentando o céu, seus pulmões estavam com falta de ar. Várias Arais a atacavam e atacavam Percy. Não havia mais esperança para eles ou para Bianca.

– Annabeth... socorro... – ele conseguiu dizer, mas estava fraco demais. Caiu com as mãos no chão, como se estivesse fazendo flexões. E os monstros continuavam atacando.

Ela viu uma das Arai beijar a testa de Percy, parecia que a alma dele estava saindo do corpo. Outra Arai beijou a testa dela, que sentiu uma dor mais do que insuportável. Estava quase se entregando quando ouviu uma voz em sua mente:

“Você não irá morrer agora, peãozinho. Você irá me trazer de volta à vida. A única forma de acabar com os filhos da noite, é com a luz do dia. Espectro é o feitiço, mas você já sabe disso, criança. Para que dê certo, precisa de motivação e bons pensamentos. Pense em algo que elas ainda não machucaram. Só pegaram as memórias de sua infância. Então pense em algo recente. Pense em esperança.” Disse Gaia.

Era burrice acreditar nas palavras de Gaia, mas ela não tinha escolha. As Arais forçavam a pessoa a ter uma lembrança, então Annabeth decidiu pensar em uma que ela não tivesse sido forçada. Lembrou-se das férias na Grécia, com o pai, o irmão menor e a tia. Lembrou-se da primeira vez que fez as colegas de quarto rirem, até mesmo Drew. Lembrou-se da primeira vez que segurou a mão de Percy, que beijou a bochecha dele e o abraçou. Lembrou-se da alegria de Malcolm ao chegar à escola, do quão fascinado ele estava pelo local no primeiro mês de aula. Lembrou-se de Dédalo a abraçando, feliz por finalmente ter justiça. Com o que lhe restava de forças, ela levantou o rosto do chão, levantou a varinha e gritou:

– ESPECTRO!

Uma luz branca varreu o local. Era impressão dela ou a luz tinha a forma de uma coruja? As Arais começaram a cair no chão, como se fossem folhas no outono. Todas pareciam estar mortas. Se bem que ela não sabia como se era possível matar seres da noite, mas enfim né. Em seus estudos, havia descoberto que os monstros eram filhos da deusa da noite, Nyx. Rastejou até Percy, que emitia sons estranhos, como se houvesse acabado de ser pisoteado por um elefante. Procurou no bolso da calça dele por pedaços de ambrósia, comeu um pouco e o fez comer o que restou. Annabeth sabia que Percy era lesado. Muito lesado. Mas ele nunca saia do dormitório sem ambrósia nos bolsos. Sentou-se com dificuldade e viu o céu virar laranja, podia ouvir a briga entre Palas e o pombo. Os pios de dor ecoavam pela floresta. Com o passar dos minutos, ela foi ganhando força e caminhou até o lago para lavar o rosto, então notou que uma mecha de seu cabelo loiro havia virado cinza.

– Ah... fala sério... – resmungou.

– Comida... – Percy gemeu ao recobrar a consciência.

Nenhum deles havia desmaiado, mas haviam sido feridos mentalmente, o que fez com que eles entrassem em uma espécie de transe. Percy rastejou até o lago e passou bem uns cinco minutos com a cabeça dentro d’água. Annabeth já havia visto ele passar muito tempo sem respirar, por tanto não se preocupou.

– Por quando tempo você pode prender a respiração? – ela disse cansada.

– Por quanto tempo eu quiser. Consigo respirar debaixo d’água. Eu sei que é estranho... – ele disse com o rosto ganhando cor.

– É fascinante. – ela disse ainda fraca.

– Tem uma mecha cinza no seu cabelo. – ele disse sentando à margem.

– No seu também. – ela conseguiu rir. – Nosso pequeno souvenir por termos sobrevivido ao beijo das Arai.

– Somos badass. – ele sorriu.

Eles ficaram em silêncio até recobrarem a força, perto do nascer da lua.

– Precisamos ir. – ela disse se levantando com dificuldade. – Temos que pensar em um plano para que Bianca sobreviva.

– Se não conseguirmos dessa vez, podemos tentar de novo né? – ele disse ainda fraco.

– Não. – ela tirou o colar de dentro da blusa laranja. – Eros quebrou a foice. Não sei qual foi o feitiço que ele usou, mas está quebrada.

Percy abaixou a cabeça. Só tinham uma chance. O lado bom era que Bessie estava são e salvo com Tyson e Arco-Íris.

– Desculpa. – ele disse enquanto caminham na floresta proibida em direção ao Salgueiro Meio-Sangue.

– Pelo que?

– Por ter ido para Hogsmeade. Se eu não tivesse ido, não teria conversado com Bianca e virado amigo dela. Nós não teríamos brigado e provavelmente ela estaria viva e nós comemorando a absorção do seu irmão.

– Quem tem que pedir desculpas sou eu. Eu que parei de falar com você. Foi leseira minha achar que você estava me trocando por sua prima. Perdão por ter ficado com raiva.

– Ei, é o que você disse. Bianca é minha prima. VOCÊ é quem é minha melhor amiga. Eu só comecei a virar amigo dela depois da briga para te irritar. Antes disso a gente nunca nem havia se falado direito. Nos falamos pela primeira vez na minha primeira ida à Hogsmeade. Ela havia se perdido e eu ajudei. Na segunda vez, quando nós encontramos a Casa dos Lobos, nós estávamos na floresta porque Ceres mandou a gente procurar Piper, Leo e Jason, que haviam sumido. Outras duplas foram espalhadas pela vila para encontrá-los. Depois disso, bem... você fica fofa quando tá irritada comigo. – confessou.

– Eu te mato Perseu Jackson. – ela brincou. – E você vai ficar me devendo por essa.

– Sim senhora. – ele riu.

– Ei! Olhe! – ela apontou.

Estavam atrás do Salgueiro Meio-Sangue e não havia sinal de que as versões do passado estavam saindo. Apesar de que a posição da lua indicava que os outros eles iriam sair logo.

– Nunca entendi o motivo desse nome. Salgueiro Meio-Sangue. – Percy confessou encostando-se a uma pedra grande.

– Segundo Hogwarts: Uma História, esse salgueiro foi plantado pela filha de Rowena Corvinal, Elena. Ela morreu nos pés da árvore quando moça. Alguns dizem que foi suicídio após a morte de seu amado, Páris. Outros dizem que foi assassinato. Mas o fantasma dela nunca revelou o motivo.

– E o que isso tem haver com o nome “Meio-Sangue”?

– Elena estava grávida de Páris quando morreu. Páris era trouxa. A filhinha deles que estava para nascer, Hermione, teria uma nascida trouxa. Daí o nome, Meio-Sangue.

– Como é que você é descendente de Rowena Corvinal se a neta dela morreu antes de nascer?

– Hermione era a caçula, Percy. Eles tinham outro filho, que ficou órfão após a Primeira Guerra Bruxa. Minha família é descendente dele.

– Ah... – minutos depois. – Você pensou em um plano né?

– Claro que sim, Cabeça de Alga. – ela sorriu. – Afinal, estamos falando de Ninguém. E Ninguém sempre tem um plano.

– Sabe o que eu não entendi?

– Tudo?

– Não... ei! Eu não sou TÃO LESADO assim. – resmungou. – Como é que Plutão tem uma queda por Eros, se ele é casado com Marie, a mãe da Hazel.

– Só porque um homem é casado com uma mulher, não quer dizer que ele seja hétero. Marie Levesque está internada em um hospício desde que Hazel tinha seis anos. Eu não ficaria surpresa se Plutão tivesse pedido divórcio. A esposa é esquizofrênica e ele ainda teve que cuidar de uma menina, sozinho. Hades, creio eu que você sabe isso sobre seu próprio tio, não é exatamente um bom avô/pai.

– Eu sei dessa parte. – ele sussurrou.

Então ouviram barulho de pegadas. A senhora O’Leary saiu primeiro com Percy a seguindo, pronto para brincar. Annabeth estava conversando com Dédalo, enquanto Plutão levava Eros. Annabeth do presente tirou a adaga da bainha e mirou como se estivesse prestes a atirar uma faca. Havia contado o plano para Percy, assim que ouviu os passos. O casal estava em um ponto estratégico nas árvores em que ninguém podia vê-los, muito menos de noite. A menina jogou um feitiço na pedra em que Percy tinha se encostado e disse para ele jogar a pedra contra Eros, assim que ela atirasse a adaga. Annabeth se posicionou bem e apontou a adaga contra Bianca, antes de atirar com precisão, ela fez uma breve e baixa oração:

– Oh arqueiros gêmeos, por favor, concedam-me essa benção. – e atirou a adaga como uma estrela ninja.

Um segundo depois, Percy jogou a pedra em cima da cabeça de Eros. Nenhum dos dois olhou para ver o que havia acontecido. Correram em direção à enfermaria usando o Mapa do Maroto, mas estavam tão fracos, que conseguiram chegar à enfermaria depois de suas versões do passado. Encontraram com Grover, Júpiter, Dédalo, Vulcano e o doutor Yew saindo do local.

– MAS COMO?! – Grover exclamou apontando para a porta do local.

– Venha senhor Underwood. Vamos explicá-lo. – disse Vulcano.

Dédalo piscou para a irmã quando passou por ela junto com Grover, Vulcano e Michael Yew.

– E então? – Júpiter segurou um sorriso.

– Tudo feito. – ela exclamou. Tirou o colar quebrado e entregou ao professor.

– Uma pena. Foices do Tempo são tão raras. Mas o importante é que vidas inocentes foram poupadas. – ele disse sereno. – Pelas manchas cinzas em seus cabelos eu creio que conseguiram sobreviver ao beijo das Arai.

– Parecia que estávamos levantando o céu. – disse Percy.

– De fato. As poucas pessoas que conseguiram sobreviver também disseram isso, senhor Jackson. Vai levar alguns anos até que essas mechas sumam, mas o importante é que vocês estão vivos. – Júpiter sorriu, sereno.

– Diretor... como eu conseguir matar aquelas Arais? São seres da noite e eu nem sou tão poderosa assim. – disse Annabeth.

– Você se subestima demais. E Arais não podem ser mortas, criança. São seres da noite, elas se alimentam das trevas do coração. Você conseguiu fazer com que elas se machucassem muito. Provavelmente só voltaram à ativa em alguns meses. Mas são seres que não podem ser mortos. – ele disse como se isso não tivesse importância. – Se tem algo que pode causa isso nas Arais, senhorita Chase, é a esperança. A esperança de uma vida melhor, de um mundo melhor. Amor e esperança combinados são a arma mais infalível contra esses monstros. Seja lá o que você pensou, pensou certo. – ele piscou e seguiu seu rumo.

– O que foi que você pensou? – Percy perguntou curioso.

– Em Dédalo. Em Malcolm. Na esperança de algo melhor para nós três. No amor que eu sinto por eles. Na esperança de uma família melhor. – ela disse com um sorriso bobo no rosto.

Percy sorriu a segurou a mão dela. Os dois entraram juntos na enfermaria no momento exato para verem a si mesmos sumirem com a Foice do Tempo.

– SANTO ESTIGE! – Thalia gritou na maca. – MAS VOCÊS... VOCÊS... COMO?!

O casal riu. Plutão fez um sinal de congratulação com a cabeça, fechou os olhos e suspirou. Em minutos começou a roncar. Bianca estava com a perna enfaixada por causa do ferimento da adaga, mas estava bem. Thalia estava deitada na maca de frente para a prima por causa da mordida de Sra. O’Leary, que brincava com um lençol.

– Acho que isso pertence a você. – Bianca estendeu a adaga para Annabeth.

– Obrigada. – a loira disse, guardando o objeto na cinta.

– Eu é que agradeço. E agradeceria mais ainda se Nico nunca soubesse disso. – ela piscou para os dois.

– Ótima ideia. – Percy respirou aliviado.

– O que foi que aconteceu que eu não tô sabendo? – Thalia exclamou assustada. – O que é que vocês não estão me contando?

Percy e Annabeth se entreolharam e riram. Bianca também riu. Thalia sentia cheiro de queimado na maca em que repousava.

– Tanta coisa, Cara de Pinheiro. TANTA coisa. – Percy riu.

– JÁ DISSE PARA NÃO ME CHAMAR ASSIM! – Thalia gritou, os braços dela pareciam soltar faíscas.

Dois dias antes, em uma aula de feitiços, Luke sem querer transformou Thalia em um pinheiro. Annabeth ficou sabendo e teve esperança de que eles terminassem, mas o namoro entre eles continuou. Michael Yew teve um trabalhão para fazer a filha de Zeus voltar ao normal. Júpiter aproveitou que Zeus e Ares estavam na escola, conversando com Quíron na sala do diretor sobre o sumiço de Bessie, e deixou que Dédalo contasse o que aconteceu, com os depoimentos de Grover, Vulcano e com o corpo de Eros como prova. Um dia antes do aniversário de quatorze anos de Annabeth, Dédalo foi inocentado. E esse foi o melhor presente de aniversário que ela ganhou.


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Notas finais do capítulo

Vasanistí̱rio = tortura (em grego)
Skotádi = escuridão (em grego)