Demigods in Hogwarts escrita por SeriesFanatic


Capítulo 21
Bessie




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O recesso de inverno passou rápido. Ela não havia falado com Percy desde a briga em frente à Casa dos Lobos e nem havia contado à Thalia o motivo de tanto choro. Quase todos os alunos da escola foram para casa passar as festas de fim de ano com a família. Annabeth aproveitou a oportunidade de que só haviam ficado vinte alunos na casa da Corvinal e contou para Malcolm a verdade sobre Dédalo e sua ligação sanguínea com Atena e Frederick Chase. O menino passou as semanas do recesso chorando. Acordava suando frio e gritando a noite. Miranda e Katie Gardner terminaram permitindo que os irmãos dormissem juntos no quarto dela, já que as companheiras de quarto estavam em casa. E assim seguiu dezembro/janeiro. Annabeth sabia que Percy havia ficado na escola, mas usou o Mapa do Maroto para não se encontrar com ele. Ainda estava ressentida pela briga boba.

Sim, ela sabia que a briga foi super boba. Mas seu ego não a deixava pedir desculpas. Em uma noite, enquanto Malcolm se remexia feito um peixe fora d’água na cama de Reyna; Annabeth analisava o Mapa do Maroto procurando por Dédalo, como vinha fazendo desde que Connor e Travis lhe deram o presente, quando finalmente encontrou o “irmão mais velho”. Ele andava pela ala oeste e estava indo em direção a sala comunal dos Corvinos. Ela levantou da cama, calçou um par de All Start, pegou o casaco e a varinha e saiu de encontro ao assassino. Mesmo usando calça de moletom cinza, blusa branca com mangas compridas e sua jaqueta vermelha, Annabeth estava tremendo de frio. Sabia que todos os professores e funcionários estavam bem longe dali e os poucos alunos que restaram na escola estavam em suas salas comunais. Se aquele tivesse que ser o momento de sua morte, ao menos ela estava de boa com Malcolm. O ruim era que ainda não sabia o que sentia por Percy e Luke. Mesmo com a varinha funcionado como uma lanterna, os corredores ainda estavam escuros. Os quadros, fantasmas e Lares a pediam (nada educadamente) para apagar a varinha.

– Dédalo? – ela chamou com o coração na garganta. – Mostre sua cara, covarde.

“Ou eu sou muito estúpida, ou uma idiota muito corajosa.” Pensou.

Não ouviu nada. O Mapa mostrava que o bruxo estava no corredor ao lado dela. Annabeth levantou a varinha, pensou em um feitiço de defesa e dobrou o corredor, pronta para atacar e ser atacada, mas quase gritou de susto ao ver o mesmo cachorrão de antes.

– Animago...? – ela gaguejou.

O cachorro de pelagem negra pareceu estar perguntando o que ela queria dizer com isso. E então a lambeu.

– Eca... – disse espantada.

– Auf! – o cão latiu e começou a balançar o rabo, feliz.

– Você é Dédalo ou não? – ela perguntou tentando achar algum traço de seus pais na cara do cachorro.

– Au. – novamente a lambeu.

– Chega! – exclamou.

O cão parecia ter sido ofendido. O animal deitou em cima das patas, como um gato, e fez uma cara de culpado. Era possível cães de dois metros sentirem remorso? Ela olhou para o Mapa, que mostrava Dédalo há menos de três metros.

– Você é Dédalo ou não? – ela disse com raiva e apontando a varinha para o focinho do cachorro.

– Au.

– Ah... quer dizer você sabe o que isso pode fazer... então é melhor se transformar em humano antes que eu o mate! – ela tentou parecer má, sem muito sucesso.

– Auf. – a lambeu de novo.

Di Immortales, há alguma outra coisa que você saiba fazer além de lamber? – ela disse se distanciando do cão.

Antes que fosse lambida novamente, Annabeth ouviu um assubiu fraco. O cachorro saiu correndo tão rápido que a fez perder o equilíbrio e cair no chão, tonta. O mapa mostrava Dédalo correndo para fora da escola. Ela correu atrás dele mesmo sentindo que ia vomitar, então o Mapa do Maroto mostrou Plutão Levesque indo a sua direção.

– Malfeito, feito. – sussurrou e o pedaço de pergaminho ficou em branco.

Em questão de segundos, Plutão e seu pijama cinza, que parecia ter sombras presas às roupas, apareceram com a varinha apontada para o nariz da aluna.

– Senhorita Chase, não é hora de alunos estarem fora da cama. Ainda mais com um assassino a solta. – ele disse severo.

– Sim senhor. – ela abaixou a cabeça.

– O que é isso na sua mão, Chase? – ele apontou com a varinha também parecendo uma lanterna.

– É um pedaço de pergaminho, senhor. – ela tentou ser educada.

Plutão franziu a testa, apontou para o pergaminho e disse um feitiço de latim que ela não reconheceu. Imediatamente o Mapa se revelou, mas não era o que aparecia sempre. Um nó do tamanho do castelo surgiu na garganta de Annabeth, mesmo ela sabendo que o Mapa não estava mostrando o que ele realmente era.

– Leia Chase. – ele ordenou.

– Mas professor, eu tenho dislexia e TDAH. E eu estou com sono. – ele jogou.

– Acha que eu não sei o que você está fazendo, menina? Conheço sua mãe há anos. Sei como ela joga e você é idêntica a ela. Não me importo se você nasceu com problemas mentais, Chase. LEIA.

– Com todo respeito senhor, TDAH e dislexia não são problemas mentais. TDAH é uma falha de conexão com o cérebro. E eu não sou nada parecida com a minha mãe. Posso ser pragmática como ela, mas eu sei ter respeito pelas pessoas. – disse séria.

Plutão puxou o Mapa da mão dela e fez uma cara feia. A cara dele piorou quando leu o que havia escrito no pergaminho.

– Isso é algum tipo de brincadeira, Chase? – ele exclamou.

– Perdão senhor? – disse ríspida.

– “Os senhores Aluado, Almofadinha, Rabisco e Pontas desejam boas vindas ao professor Levesque e pedem que ele não meta seu narigão onde não é chamado.” – ele leu carrancudo. – Se isso for alguma brincadeira sua e do Jackson...

– Não falo com Perseu Jackson tem um mês, senhor. – ela o interrompeu.

Plutão pareceu estar com muita raiva.

– Boa noite. – Vulcano disse aparecendo com uma cara de sono e cansaço. – Reunião da madrugada? – brincou.

O professor segurava um copo de leite e também usava pijamas.

– Você é especialista em artefatos de magia negra, Smith. – Plutão deu o pergaminho ao colega. – Então diga-me, o que é isso.

Vulcano não pareceu surpreso quando viu o Mapa. Fingiu interesse e devolveu o objeto a Plutão.

– Apenas algo para zombar com a cara de algum professor. – ele sorriu. – Mas não acho que a senhorita Chase soubesse disso.

– E porque faz tal afirmação? – Plutão disse, sério.

– Ora Levesque, não me diga que nunca viu os gêmeos Castellan com isso? Todos os professores já viram. Provavelmente eles colocaram nas coisas da senhorita Chase para zombarem com os professores. – riu novamente. – Devem ter colocado alguma leve magia para fazê-la levantar da cama tão tarde.

Plutão encarou a aluna. Ela manteve-se séria enquanto Vulcano quase ria da cara do professor de poções. Levesque devolveu o pergaminho a Annabeth e tirou vinte pontos da Corvinal por ela está fora da cama tão tarde. Quando Plutão foi embora, Smith deu uma bronca nela por andar pela escola desprotegida e com algo que pudesse levar Dédalo em instantes até ela e Malcolm. Mas a deixou voltar para a sala comunal da Corvinal com o Mapa. Nos dias seguintes, os alunos voltaram para o fim do ano letivo. Em uma manhã no meio de Março, Annabeth flagrou Luke e Thalia se pegando perto do salão principal antes do almoço. Ela sentou-se à mesa com vontade de vomitar.

– Você tá legal? – Lacy perguntou bebericando o suco de abóbora.

– Hum? – ela disse parando de mexer na comida. – Ah... sim, claro... por que a pergunta? – mentiu.

– Por que você tá com cara de paisagem. E tá brincando com a comida. Ninguém na Corvinal brinca com a comida. – disse Nyssa.

– Eu sou Ninguém. – ela sussurrou para si mesma.

– Hein? – Reyna franziu o cenho.

– Nada! Só estou... meio distraída... – respondeu.

– Meio? – Katie Gardner disse sentando ao lado de Nyssa, à diagonal direita de Annabeth. – Você tá com cara de quem viu alguém sendo morto.

– Exagerada... – Miranda disse sentado ao lado de Lacy, à diagonal esquerda da loira. – Mas sério Annabeth, você tá com uma cara horrível.

– Parem de implicar com a coitada. – Hylla disse se sentando a direita de Annabeth. – Ela deve estar cansada.

– Cansada quem está sou eu! – Reyna exclamou ao lado esquerdo de Annabeth, de frente para Lacy. – Estamos treinando sem parar tem três semanas, Hylla! Se quiser que ganhemos da Sonserina, então é melhor de parar de mandar o time treinar todo santo dia! Precisamos estar descansados para hora do jogo.

– É! Nunca pensei que ficaria cansada sendo a goleira! – Miranda falou.

Hylla era a capitã do time de Quadribol da Corvinal e uma das melhores artilheiras de todos os tempos. Miranda era a goleira, Reyna a apanhadora mais sagaz da escola. Katie e Lacy eram as outras duas artilheiras. A novidade do ano era que Malcolm havia sido o primeiro aluno do 1º ano na história da casa a entrar para o time. Junto com Daniel, do segundo ano, ele jogava como batedor. Annabeth tentou entrar para o time naquele ano, mas o sobrinho de Afrodite e primo de Piper McLean havia se saído melhor como batedor. Depois de descobrir o quão dura Hylla era como capitã, ela deu graças aos deuses por não ter entrado no time. Ela ainda teve que ouvir as meninas reclamarem com a capitã durante o resto do almoço. Depois da aula de Runas Antigas, ela foi abordada pela professora Circe nos corredores do sexto andar.

– Chase, pode me fazer um favor? Vá até a sala de adivinhação e dê isso aqui ao professor Green. – Circe disse entregando-lhe uma caixa de madeira pequena.

– Eu tenho aula de História da Magia agora professora. Com o fantasma de Aristóteles. – Annabeth disse tentando fazer o possível para não encontrar novamente com Hal Green.

– Aquele velhote chato irá entender o seu atraso. – ela disse parecendo estar com pressa. – Mas meus alunos não irão entender o meu. Sua tia me pediu para entregar isso ao professor Green e eu tenho que ir dar aula para os alunos do sexto ano. Obrigada, Chase.

E saiu andando apressada pelo corredor em direção ao segundo andar. Parecia que Circe ia tropeçar em suas vestes brancas e douradas a qualquer minuto. Annabeth suspirou e correu para a escadaria que dava ao andar superior. Depois teria que descer tudo correndo até o primeiro andar. Mentalmente, ela amaldiçoou a professora e a própria tia. De fato, as aulas de Aristóteles eram extremamente monótonas e ele preferia lecionar psicologia, mas ela não podia se dar ao luxo de chegar atrasada. Havia ido tão bem o ano todo com a Foice do Tempo. Ao entrar na sala vazia, ela sentiu um aperto no coração, chamou pelo professor várias vezes, mas nem sinal do lunático do Hal Green. Annabeth deixou o caixote em cima da mesa do professor e viu algo incomum ao lado de um livro. Uma escova de cabelo de plástico azul. Parecia que havia sido comprada muito recentemente. Ela pegou o objeto e começou a encará-lo, sentia uma energia estranha emanando daquilo. Então uma mão tocou-lhe o ombro. Ela virou para trás com a varinha em uma mão e a escova na outra, mas era só Hal Green.

– Professor... – ela disse assustada. – A professora Circe pediu que eu lhe entregasse isso...

– Sete responderão ao chamado. – Hal Green disse como se sua voz triplicasse. Aos pés dele, uma fumaça verde espectral e muito sinistra surgiu, os olhos antes cinza estavam tomados por uma luz verde. Se não bastasse isso, as roupas de pele de cobra dele pareciam refletir a luz do sol, o que dava um ar maior ainda de loucura. – Em tem... – ele caiu duro no chão.

– Professor? Professor? – ela o sacudiu, mas ele parecia estar tendo uma convulsão. – SOCORRO! – gritou, mas ninguém ouviu. – SOCORRO! Professor, acorde!

Depois de agonizantes quinze segundos, Hal Green recobrou a consciência. Não havia mais luzes verdes saindo dos olhos e nem fumaça sinistra no chão.

– Ah... senhorita... o que está fazendo aqui? – o professor disse como se nada tivesse acontecido. – Essa caixa é para mim? Ora, obrigado.

Annabeth saiu correndo da sala sem dizer nada. Lembrou com os sonhos que teve com Gaia nos seus dois primeiros anos em Hogwarts. Ela vivia falando que Percy e Annabeth iriam trazê-la de volta à vida. Mas uma vez ela mencionou o número sete, em referente a pessoas. Disse: “vocês sete podem tentar me impedir, mas eu irei voltar”. Depois de derrotarem Gaia no ano anterior, no Bunker Secreto, os sonhos com a feiticeira nunca mais ocorreram. A menina sabia que Percy também tinha os mesmos sonhos e, assim como ela, nunca contou nada para ninguém. Era assustador demais. Os sonhos começaram semanas antes de ela ir para seu primeiro ano na escola. E teve uma vez que Gaia mostrou Annabeth morta nos braços de Percy, enquanto Nico di Angelo o consolava. Pior que isso, só a cara de Clarisse quando a Grifinória perdia um jogo de Quadribol.

– Annabeth? – Thalia disse ajoelhando-se ao lado dela no corredor deserto. – Tá tudo bem?

– Claro, por que não estaria? – mentiu e se levantou.

– Talvez porque você tá com cara de que matou alguém. – ela disse segurando o livro de Aritmância.

– Eu tô legal, se quer se preocupar com alguém, se preocupe com o seu namorado. – ela disse com raiva e correu em direção as escadas.

Ela ouviu Thalia gritar seu nome, mas não parou. Faltou a última aula do dia, história, para ir tomar um banho quente e refrescante. Só havia uma pessoa que ela sabia que podia confiar fora Malcolm. Colocou um short jeans, vans laranja, uma camiseta laranja com as iniciais CHB em grego, pegou a adaga que Luke lhe deu, o Mapa do Maroto e o boné dos Yankees. Algo lhe dizia que aquela noite seria problemática. Caminhou com passos pesados até o círculo de pedra e então viu Bianca e Percy observando alguma coisa. Ela ficou com vontade de bater nos dois. Já havia admitido para si que tinha ciúmes de Percy com qualquer outra menina, inclusive a própria prima do rapaz. Mas isso não queria dizer que as pessoas precisavam saber. Bianca usava uma calça jeans preta, bota de couro cinza e uma blusa sem mangas também cinza, com um hairband branco em contraste com os cabelos e olhos negros.

Percy parecia que havia lido os pensamentos da loira. Ele também usava uma camiseta laranja de mangas curtas com as iniciais CHB em grego. Só que usava calça jeans e All Star preto. A mão dele deslizava para o bolso direito da calça, o que significava que Contracorrente estava ali. Talvez ele também teve o pressentimento de que algo de ruim iria acontecer naquela tarde/noite de primavera. Então Grover apareceu ao lado do trio. Usando uma camiseta azul marinho com os símbolos dos materiais recicláveis e a flauta de bambu em mãos. Os pequenos chifres dele estavam quase visíveis no cabelo ruivo. Os três observavam a cabana de Quíron com cuidado, como se estivessem esperando alguma coisa acontecer. Annabeth tirou a varinha do bolso detrás do short e apontou para o grupo.

– Pelo comportamento de vocês, está na cara que estão aprontando alguma coisa. – disse com raiva.

Ela não queria ser chata, mas ver Percy com Bianca a irritava. E muito.

– Shiu! – disse Percy. – Quíron não pode nos ver.

– São quatro da tarde, Cabeça de Alga. Ainda é permitido estar fora do castelo. – ela disse guardando a varinha.

– Não é isso. – Bianca olhou para ela assustada.

– Não soube o que aconteceu? – disse Grover.

– Não, o que? – ela caminhou até eles.

– Bessie foi condenado à morte. Nenhum de nós entendeu o motivo, mas Ares é doido. – disse Grover. – Irão matá-lo hoje e Quíron é nossa última esperança de salvá-lo!

– Tyson está chorando sem parar a dias. – Percy disse triste.

– O que tártaros é “Bessie”? – Annabeth franziu a testa.

– Um amigo do Percy, por assim dizer. – disse Grover. – É uma vaca serpente cujo nome científico é Ofiotauro. Esse doidinho aqui encontrou Bessie no lago e eles viraram amigos, mas Júpiter terminou descobrindo e, consequentemente, o Ministério também. E Ares quer matar a criaturinha.

– Algumas lendas dizem que os Ofiotauros têm poderes mágicos e são capazes de confundem os sentidos das Arais. E a enfermaria está lotada de alunos atacados pelas Arais que aparentavam estar... “descontroladas”. Como se aqueles monstros tivessem algum controle ou raciocínio lógico. Ares acredita nessa lenda sem pé nem cabeça, então... ele e Zeus estão vindo pra cá. Matarão Bessie no por do sol. – disse Bianca.

– Os especialistas em criaturas mágicas dizem que não há comprovação cientifica de que isso seja verdade. Ares só está fazendo isso porque ainda não achou Dédalo e para não dizerem que ele é incompetente, inventou de matar uma criatura inocente. – Grover disse com raiva.

– Por que não me disse nada? – ela exclamou para Percy, com o rosto evidente de raiva.

– Achei que você soubesse. – ele deu de ombros. – Logo quando Júpiter descobriu sobre Bessie, só se comentava sobre isso pela escola.

– Ando ocupada demais com os estudos. – ela respondeu, irritada.

– Talvez se parasse de ficar dando atenção aos livros, você pudesse realmente viver. – ele disse cabisbaixo.

Ela se irritou e deu um soco nele.

– Gente! – Bianca exclamou. – Viemos aqui para ver se o Quíron tem alguma ideia do que fazer. Não para nos matarmos!

Os dois desviaram o olhar. Sem dizer nada, o quarteto foi até a cabana de Quíron. O simpático centauro ofereceu chá e cupcakes. Ele usava camiseta formal branca e um colete de tweed; pelo que Annabeth entendeu, Tyson e Percy haviam se afeiçoado demais a vaca serpente e Grover até que gostava do animalzinho. O que ela não conseguia entender era o motivo de Bianca estar envolvida nessa história. Pelo que pareceu, ela nem conhecia Bessie. Só estava ali por Percy. O belíssimo bebê Ofiotauro estava num tanque de água ao lado da cabana de Quíron, rodeado por abóboras. Geralmente o centauro plantava morango, mas por alguma razão desconhecida, ele resolveu plantar abóbora gigantes naquele ano.

– AI! – Grover exclamou de dor.

– O que foi? – Quíron perguntou.

– Alguém acertou minha cabeça com uma pedra. – ele disse olhando pela janela.

Annabeth pegou a pedra que havia caído perto do cupcake meio comido de Bianca. Tinha o desenho de um espiral.

– Ei, olhem. – Grover disse apontando.

Ares em seus mantos vermelho sangue, Júpiter em suas vestes roxas e Zeus em suas roupas cinzas desciam rumo a cabana de Quíron. O centauro havia passado a conversa inteira tentando colocar na cabeça de Percy de que não havia mais como salvar Bessie. Ele mandou os jovens saírem pela porta dos fundos, podia ser quatro e meia da tarde, mas ainda assim não seria legal o diretor e o Ministro da Magia os pegarem ali, logo quando estava para acontecer uma execução. Os quatro se esconderam detrás das abóboras, o tanque em que o Ofiotauro se encontrava era baixo e raso, mal dava para o animal nadar.

– Pobre Bessie... – Grover disse triste.

– VAMOS salvá-lo! TEMOS que salvá-lo! – Percy disse firme.

– Pera... Bessie é macho? – disse Annabeth.

– É. – Percy e Grover responderam.

– Você deu o nome de Bessie para uma criatura do sexo masculino? – Annabeth reclamou.

CRAK. Ouviu-se. Os quatro olharam para trás, para as árvores que cercavam a propriedade, mas não viram nada.

– Vamos, é melhor não vermos. – Bianca sugeriu.

Os bruxos e o sátiro voltaram correndo para o círculo de pedra. Só viram Ares abaixar seu facão e um líquido estranho respingar nele. Percy caiu sentado no chão, com lágrimas nos olhos. Grover abaixou a cabeça e orou em silêncio para o deus Pã. Bianca fechou os olhos e manteve a cabeça baixa. Annabeth se ajoelhou e abraçou o amigo. Apesar das brigas recentes e do ciúme por parte de ambos, ele era o melhor amigo dela. E amigos estão sempre lá por você, mesmo estando brigados.

– Ei! – Thalia chamou. – O que está acontecendo? – ela disse ao notar a cara de tristeza de todos.

– Lembra do Ofiotauro que o Percy achou e toda aquela história que saiu no Profeta Delfos Diário que Ares disse que era culpa do monstro as Arai terem endoidado e por isso não acharam Dédalo e atacaram os alunos? – disse Bianca.

– Sim. – ela respondeu.

– Bem, acabaram de sacrificar o monstro. – disse Bianca.

– Bessie não era um monstro. – Annabeth exclamou. – Posso não o ter conhecido, mas sei que não era um monstro!

Ninguém disse mais nada. Thalia usava calça jeans rasgada, botas de couro preto e uma camiseta com o logo do Imagine Dragons. Era impressão de Annabeth ou havia uma lata de spray no bolso detrás da calça dela?

– Lamento Jackson. Mas temos que entrar, já está quase escurecendo. – Thalia disse com seu espírito de monitora.

Antes que alguém pudesse falar mais alguma coisa, ou Percy pudesse fungar, ouviu-se um pio de coruja. Todos olharam para cima e viram Palas, a coruja branca de Annabeth, sobrevoa-los e ir em direção ao Salgueiro Meio-Sangue. Palas havia fugido tinha uma semana e Annabeth havia pedido que Grover tentasse encontrá-la, mas não tinham tido sucesso.

– Minha coruja. – ela disse ainda abraçando Percy. – Deixe-me ao menos pegar minha coruja.

– Eu pego. – Thalia disse revirando os olhos e andando em direção à árvore.

Thalia tinha uma águia de estimação, ela sabia como lhe dar com aves. Levantou o braço direito e assoviou. Palas imediatamente pousou em seu braço. Antes que a filha de Zeus pudesse dar meia volta, o tal cão negro imenso apareceu e a pegou com os dentes, entrando em um buraco entre o tronco do salgueiro e o chão. Os quatro correram até lá quando viram o animal, mas nenhum feitiço pareceu surtir efeito. Palas voou em direção a Londres.

– Beleza, o que fazemos agora? – Grover falou, sem fôlego.

– Vamos chamar Ares, Júpiter, Quíron e Zeus, eles saberão o que fazer. – Bianca sugeriu.

– Não, vamos atrás dela. – Percy disse adentrando no buraco.

– Eu temia que ele dissesse isso! – Grover choramingou.

– Deixa de ser mole, menino bode! – Annabeth seguiu o amigo.

– Esses dois gostam de encrenca não é? – Bianca perguntou antes de entrar no buraco também.

– Eles são suicidas! – Grover exclamou. – Tá na cara que isso vai dar problema!

Antes que ele mudasse de ideia, um dos troncos do salgueiro o empurrou para o buraco.


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Notas finais do capítulo

Gostaria de agradecer a Gioh Malfoy Valdez pela recomendação!