Demigods in Hogwarts escrita por SeriesFanatic


Capítulo 20
O Mapa do Maroto




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Circe apenas tirou uns pontos da Corvinal, mas não colocou Annabeth de castigo; todos da escola achavam que o casal havia mentido sobre o tal cão e que o olho roxo de Percy foi resultado de uma "noite de amor feroz no meio da floresta". Malcolm passou o resto do dia irritando a irmã. Ele era o único que acreditava na história do cachorro e ficava chorando dizendo que eles seriam mortos logo. Após receber uma bronca de Minerva por ter fugido da escola, Annabeth passou o resto do dia no salão comunal tentando fazer Malcolm parar de chorar. Depois do jantar, ela tentou encontrar Percy no grupo de alunos da Lufa-Lufa, mas foi impossível com tanta gente. Então pegou o boné dos Yankees e entrou na sala comunal da casa. Ela só não entendeu como é que bater em um barril seria uma prova de que alguém pertencia ou não àquela casa.

O lugar cheirava a comida e se parecia um pouco com a sala comunal da Corvinal, só que as cores eram amarelas e pretas. Will Solace tocava violão, puxando uma cantoria dos demais alunos, ela viu Luke sentado no braço de um sofá (algo que era estreitamente proibido para os Corvinos) batendo palmas e incentivando os alunos do primeiro ano a cantarem. Frank Zhang e Chris Rodriguez assavam marshmallow na lareira que aquecia o local. Enquanto alguns cantavam, outros batiam palmas, riam ou contavam piadas. Parecia um acampamento. E era exatamente o oposto da Corvinal. Os alunos passavam o tempo livre estudando e não rindo, comendo doces e cantando. Annabeth viu Dakota sair de uma porta e achou que fosse o quarto dos alunos do terceiro ano. Quando entrou, deu um leve grito. Na verdade era o quarto do quarto ano. Os gêmeos Connor e Travis estavam sem camisa, trocando o uniforme pelo pijama.

– Quem está ai? – disse Connor.

Annabeth se manteve calada. A porta havia fechado e só estavam ela e os irmãos. Ela viu Travis pegar algo da mesa de cabeceira e dar um sorriso matreiro. Os gêmeos tinham cabelos e olhos castanhos e eram a cara de Hermes, ao contrário de Luke, que era idêntico a mãe.

– Annabeth Chase. Sabemos que é você. – Travis disse, travesso.

– Pode torna-se visível, não vamos dedurá-la. – Connor sorriu.

Ela não sabia como os gêmeos descobriram, mas terminou tirando o boné e deu um leve suspiro.

– Acho que você é daltônica, queridinha. Lufa-Lufa é amarelo, não azul. – Connor brincou.

– Eu achei que esse fosse o dormitório do Percy. – ela disse torcendo para que suas bochechas não corassem.

– E o que você quer falar com o Jackson que é tão importante ao ponto de quebrar as regras e entrar na sala comunal da Lufa-Lufa? – Travis perguntou cruzando os braços, fingindo ser maturo.

– Acho que eu já sei! – Connor riu. – Ela provavelmente está querendo terminar a farrinha de hoje cedo.

Os irmãos caíram na gargalhada, às expressões de elfo os deixavam mais engraçados.

– Eu nunca tive nada com o Percy! – ela exclamou tão séria que os fez parar de rir. – Tinha um cachorro na Casa dos Lobos querendo nos matar.

– Por que seu suéter está molhado? – Travis perguntou.

– Que? – ela olhou para o ombro direito. – Ah, Malcolm passou a tarde chorando.

– O que foi que fez seu irmão chorar tanto assim a ponto de encharcar seu suéter? – Connor franziu o cenho.

Ela não queria contar a ninguém sobre a ligação entre Dédalo e sua mãe. Muito menos para os fofoqueiros e palhaços Travis e Connor. Só havia contado para Percy. Nem Luke nem Thalia sabiam.

– Malcolm acha que Dédalo irá tentar nos matar. – ela disse com raiva de si mesmo por ter se colocado em posição de ficar “refém” dos irmãos de Luke.

– Por que tártaros seu irmão ia achar que Dédalo está vindo pra Hogwarts para matar só vocês? O cara é um psicopata, loirinha. – disse Travis.

– Se ele está mesmo vindo para cá, como disse o Profeta Delfos Diário, então é pra fazer uma chacina em nome de Cronos. – Connor complementou.

Ela ficou calada. Ambos os rapazes usavam calça de moletom amarela com desenhos de caduceu. Ela só sabia diferenciá-los porque o cabelo de Connor era mais cacheado que o de Travis. Annabeth nem sabia qual dos dois era o mais velho; Travis, ao contrário do irmão idêntico, havia vestido uma camisa de manga comprida branca com um desenho de um tênis alado bem no peito. Os gêmeos não eram musculosos, mas Connor parecia ser um pouco malhado, enquanto Travis era uma tábua.

– Uma pessoa tão certinha e responsável como você resolveu quebrar as regras para ver o Percy, por que...? – Connor levantou uma sobrancelha.

– Não sei. – ela admitiu. – Eu... eu precisava ver alguém que acreditasse em mim quando eu dissesse que havia visto um cão de dois metros.

– E achou que usar a relíquia da família fosse ajudar. – Connor chutou.

– Como você...? – ela se espantou.

– Ah qual é Palas! Podemos não ser da Corvinal, mas não somos burros. – Travis piscou. – Sabemos que os Palas tem um boné da invisibilidade. Os Castellan tem uma espada de ferro estígio com lâmina dupla. Pode matar qualquer ser mágico ou trouxa.

– Luke apelidou de Mordercostas. Claro que como filho mais velho, a relíquia é dele. – Connor deu de ombros.

– Você realmente deve estar desesperada para falar com ele. Entrar na casa comunal da Lufa-Lufa invisível no dia que foi pega pela professora de feitiços por fugir da escola... – Travis provocou.

– O cachorro era imenso. – ela jogou.

Travis fez um sinal com a cabeça e Connor foi para o lado dele. Pelo que ela entendeu, a cama dos gêmeos ficavam de frente uma para a outra. Travis pegou o mesmo objeto que usou para saber quem havia entrado no quarto. Os irmãos tiveram uma pequena discussão, mas terminaram chegando a um acordo. Connor estendeu um pergaminho em branco para ela.

– Você vai precisar disso mais do que nós. Afinal, já sabemos todas as saídas secretas decoradas. – disse Connor.

– Um pergaminho em branco, legal. – ela disse sarcástica.

– Eu juro solenemente não fazer nada de bom. – Travis disse pousando a varinha em cima do pergaminho, que se revelou ser um mapa em tempo real da escola. – É o Mapa do Maroto.

Di Immortales! – ela exclamou surpresa. – Isso mostra toda a escola.

– E os arredores. – Connor acrescentou. – E passagens secretas. Só não mostra o tal Bunker Secreto porque ninguém nunca soube onde ficava.

– Como vocês conseguiram isso? – ela se espantou.

– Roubamos da sala do Tântalo quando éramos primeiro ano. Luke ainda tava com raiva do mundo por causa da cicatriz que Cérbero o deu, então nem se incomodou em nos delatar pra mamãe. – Travis deu de ombros.

– É fantástico! Quem são Aluado, Almofadinhas, Rabicho e Pontas? – ela perguntou fascinada pelo objeto.

– Os criadores do mapa. Nunca descobrimos seus verdadeiros nomes, mas eles são uns gênios. – os olhos de Travis brilhavam.

– Olha, se esse tal de Dédalo tá vindo mesmo para matar você e Malcolm... ficar com esse mapa será de grande ajuda. – disse Connor.

– Eu nem sei o que dizer meninos. – ela se assustou com a bondade deles.

– Só não entre mais na nossa casa tá legal. É estranho estar trocando de roupa e se deparar com uma menina invisível. – disse Travis.

– Ah e... para de bater no Percy tá. É estranho vê-lo com a cor roxa. – Connor zombou.

– Pode deixar. Muitíssimo obrigada. – ela sorriu.

– Agora dê o fora daqui antes que chamemos Hylla. – Connor piscou.

– E para fazer com que o mapa suma, basta bater de leve com a varinha e dizer “malfeito, feito”. – Travis acrescentou.

Ela deu um pequeno e embaraçoso abraço em cada um dos irmãos, colocou o boné e sumiu. Saiu da sala da Lufa-Lufa e foi checando o mapa para não se deparar com ninguém esperto o bastante para notar que havia alguém invisível no local. Já era quase dez horas da noite e ela resolveu ir falar de novo com a tia. Dessa vez para tentar explicar o que ocorreu e não para ouvir bronca. O mapa mostrava que ela estava em sua sala, conversando com o diretor Júpiter. A sala de Minerva ficava ao lado da imensa escadaria que dava para a casa comunal da Corvinal. Annabeth estava prestes a bater, quando uma leve brisa abriu a porta. O que era estranho. A professora NUNCA deixava a porta destrancada, nem mesmo quando estava dentro de sua sala.

– Tia? – sussurrou.

Não ouve resposta. Ela tirou a varinha do bolso da calça e guardou o mapa no mesmo bolso. Estava para usar um feitiço de ataque assim que entrou na sala, mas viu que Minerva e Plutão estavam no local. Ele estava sentado em uma das poltronas de frente para a lareira, enquanto a professora andava de um lado para o outro, claramente nervosa. Plutão não tinha nenhuma expressão no rosto, enquanto Minerva parecia estar se segurando para não ter um ataque de nervos. A sorte é que Annabeth esqueceu de tirar o boné da cabeça.

– Estão enganados. Como sempre. – Plutão disse sério.

– Não creio. Vi Malcolm chorando hoje antes e depois de eu ter repreendido Annabeth. Ela e o garoto Jackson alegam que viram um cachorro imenso na Casa dos Lobos. – disse receosa.

– Isso não prova que o Profeta Delfos Diário está certo, Minerva. – ele respondeu mais sério ainda.

– Pelo amor dos deuses Plutão, abra os olhos! – exclamou, Annabeth nunca havia visto a tia daquela forma. – Dédalo está nas redondezas da escola e irá atacar meus sobrinhos. Ou a mim. Você tem amigos no Ministério, peça para Zeus mandar Ares e outros Aurores para cá! Arais? Huphf. Elas só fazem causar problemas. Os pais estão irados com essa história. Todo dia tem alguém na enfermaria, Yew disse que o estoque de néctar e ambrósia está quase acabando.

– Eu sei Minerva. – ele disse sério.

O coração de Annabeth foi a boca e voltou. Minerva nunca havia falado daquela forma, muito menos com o diretor. Júpiter sempre foi muito sereno e de bem com a vida, mas nunca tão sério assim. Nem mesmo com a história do Bunker ou de “Cronos ter quase matado Cérbero”. Ela nunca havia visto nenhum dos dois tão... assustados.

– Esse cachorro com toda certeza foi o mesmo que atacou Vulcano. Você sabe como Dédalo é. Não é possível que tenha se esquecido do comportamento doentio dele. – ela disse estralando os dedos da mão.

– Não, não me esqueci. – ele disse finalmente olhando para ela. – Mas seu sobrinho nunca foi doentio. Brilhante, sim. Um verdadeiro gênio, na verdade. Um dos melhores alunos da história da Corvinal. Lembro também que você e Atena babavam por ele.

Minerva virou o rosto, estava claramente irritada. Annabeth não pode acreditar no que ouvia.

– Atena vinha o que? Uma vez por mês visitar o filho?! E agora ignora Annabeth e Malcolm. Como se os caçulas não tivessem importância. Você mesma me contou que Annabeth age às vezes como se fosse órfã. – o diretor disse ainda mantendo o tom de voz severo. – Da mesma forma que o garoto dos Jackson.

– O que é que aquele magricela do Jackson tem haver com essa história, Júpiter? – exclamou.

– Ele viu o cão também, não viu? Circe disse que sua sobrinha e Percy apareceram na trilha à Casa dos Lobos correndo, gritando, ambos machucados dizendo que havia um cão imenso os perseguindo. E, ao contrário dos boatos que Drew Tanaka inventou, eu não creio que aqueles dois estavam se pegando. – disse Júpiter.

Annabeth não sabia o que era pior. Descobrir que um assassino procurado era seu irmão mais velho, ouvir Júpiter falar como se fosse um adolescente ou o fato de que foi a idiota da Drew que inventou o tal boato. Ela encostou-se à parede, suas pernas estavam fracas.

– Atena está surtando. Ela acha que Dédalo pode tentar alguma coisa contra os próprios irmãos e honestamente, Júpiter, eu também. Dédalo pode ter sido um menino de ouro, mas surtou depois que virou seguidor de Cronos! Não podemos prever a segurança de Annabeth e Malcolm. E essas Arais de meia tigela... elas só trazem prejuízos! – disse Minerva. – Não viu o que ele fez com o próprio amigo? Atacou Vulcano sem dó nem piedade. Acha mesmo que ele será complacente com os irmãos?

– Eu só sei que você, seu irmão e sua cunhada o estão julgando mal, Minerva.

– Julgando mal? Dédalo matou quase cinquenta trouxas e Eros! Afrodite até hoje tem raiva de Atena pelo que o menino dela fez com o seu irmão.

– Lembro que Afrodite e Eros, mesmo sendo gêmeos, nunca foram muito... carinhosos um com o outro. E eram os membros mais perversos da Sonserina.

– Tristan McLean me contou que Afrodite ainda guarda consigo o que sobrou do irmão. Um dedo. Foi só isso que o meu “sobrinho” polpou dele. Julgue-o como quiser, Júpiter, mas aquele doce e engenhoso Dédalo não existe mais. Ele morreu na mesma noite que Cronos Olympus e Eros Swan. – ela disse irritada.

A menina saiu correndo da sala, não aguentava ouvir mais nenhuma palavra. Bateu na porta da Grifinória pedindo para falar com Thalia. As duas passaram a noite no banheiro junto com a Murta-Que-Geme. Annabeth chorou a noite toda, mas não revelou o motivo de tamanha aflição. Thalia, como uma boa amiga, apenas a abraçou e a consolou. Nos dormitórios da Lufa-Lufa, Percy estava prestes a dormir quando viu novamente o cão imenso, ele só faltou dar um grito, mas engoliu em seco. Não queria acordar os companheiros de quarto. Então apenas desejou que Annabeth ficasse segura, pois o cão parecia estar procurando por alguém, enquanto a lua cheia deixava sua pelagem negra, azulada.


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Notas finais do capítulo

Gostaria de agradecer a crazy1789 pela recomendação