Demigods in Hogwarts escrita por SeriesFanatic


Capítulo 18
O bicho papão




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No começo, usar a Foice do Tempo foi difícil, mesmo com o boné da invisibilidade, mas depois de umas semanas, Annabeth começou a pegar a prática. Ela escreveu diversas cartas para a mãe, com muita raiva, mas nunca mandou nenhuma delas. Drew parecia que havia piorado e estava mais chata do que nunca, mas os novatos haviam gostado de pregar peças nelas, o que desviava a atenção dela para os feitiços do pessoal do primeiro ano. Minerva nem se incomodava em punir as crianças, até ela achava Drew insuportável. Era um dia quente de outono quando ocorreu à primeira aula de Adivinhação, ao menos era assim que Annabeth achava que a matéria se chamava. Ela havia se inscrito em quase todas as aulas por conhecimento, mas havia se inscrito em Trato das Criaturas Mágicas e Adivinhação para poder passar mais tempo com Percy.

Nos primeiros segundos da aula, ela se arrependeu. O professor, Hal Green, era doido de pedra. Os cabelos brancos eram idênticos ao de Einstein, só que sem a careca. Ele parecia ter uns setenta anos, mas os alunos mais velhos diziam que ele tinha cem. Só usava roupas feitas de pele de cobra e os olhos cinza eram amedrontadores. Mas ela não foi com a cara dele por causa da aparência ou das roupas. Havia algo naquele homem que a deixava inquieta. Algo na voz dele que era medonho. Não. Medonho não. Traiçoeiro. Annabeth não sabia dizer se era pelo fato de que ele sempre usava roupas de cobra e por toda sua experiência com Píton no ano anterior que a fez ficar receosa em relação ao professor, ou se realmente ele escondia alguma coisa. Mas Hal não era tão horrível, ele apenas era louco. Metade dos alunos do terceiro ano não entendia uma simples palavra do que ele disse.

– Bom dia classe. – ele disse entrando na sala e tropeçando nos próprios pés. – Meu nome é Hal Green, descendente da família Solace por alguma parte aí, eu não sei bem. Minha mãe não estava com o juízo perfeito quando me contou sobre meu suposto parentesco com Apolo.

Todos os alunos olharam para Will, que só faltou se jogar debaixo da mesa que ele dividia com Dakota e Gwen. Percy e Annabeth dividiam mesa com Bianca di Angelo. Leo, Jason e Piper estavam juntos. Clarisse, Frank e Hazel (o que foi surpreendente). Sherman e Mark com Clovis, que dormia por cima da mesa. Nyssa, Lacy e Mitchell. Harley, Lou Ellen e Shane. Castor, Pólux e Drew. Reyna, Jake Mason e Chris Rodriguez. Nenhum deles entendeu o motivo do professor falar sobre sua descendência nos primeiros 25 segundos de aula. Mas estava óbvio que o cara era doido. Ninguém sabia o que responder.

– Nessa aula vocês irão aprender a ver o futuro. O que não é uma coisa boa, nem sei por que vocês se inscreveram nessa matéria. Ela é insignificante. – ele disse sentando na cadeira.

Todos se entreolharam. Infelizmente, não tinha mais como desistir.

– Pois bem, preparem um chá e bebam. Depois disso quero que examinem. – ele disse, obviamente estava cansado.

– Quer que examinemos o que? – Clarisse perguntou.

– As sobras, senhorita, as sobras. – ele disse como se isso fosse algo óbvio.

– O senhor quer que... examinemos as... sobras do chá? – Piper disse incrédula.

– Sim, mas é claro. As sobras do chá de uma pessoa diz muito sobre o futuro dela. – ele disse desatento.

A classe voltou a se entreolhar e todos levantaram das mesas, fizeram uma fila indiana em frente à bancada com uma garrafa térmica com água quente e para pegarem um saché. Todos passaram os 10 minutos seguintes em silêncio e começaram a analisar o resto do chá dos colegas.

– O que é mesmo que temos que procurar? – Bianca perguntou a Percy.

– Não faço a mínima ideia. – ele disse virando a cabeça para ver melhor a xícara de Annabeth. – Acho que tem um desenho de um... acho que isso é um cachorro.

Hal Green deu um pulo da cadeira e deu um susto em todos os alunos. Tanto que Clovis acordou achando que tinha alguém bombardeando a escola. O professor caminhou quase que se arrastando até a mesa deles e pegou a xícara da mão de Percy. Era impressão de Annabeth ou os olhos de Hal ficaram verdes por um instante? Como se ele estivesse possuído por alguma coisa.

– Sim meu jovem, é um cão. Como você se chama? – ele disse perdido em pensamentos.

– O cão? – Percy perguntou.

– Não menino, você. Como se chama?

– Percy.

– Percy do que? Qual é o seu nome, garoto?

– Perseu Jackson.

Hal deu um passo para trás assustado. Os demais alunos estavam começando a ficar com medo. Percy e Annabeth estavam tão pálidos quanto Bianca.

– Essa xícara, Perseu, de quem é? – o professor olhou nos olhos do rapaz.

– Annabeth. – ele apontou para a moça, que estava sentada na sua frente.

Hal Green jogou a xícara nas mãos de Percy e fitou Annabeth, pegando-lhe as mãos. Se ela já achava o cara assustador antes, agora ele lhe dava calafrios.

– Tão pequena. Tão sofrida. Seu passado, Annabeth Olive Chase, é tão sombrio quanto seu futuro. Vejo que você sempre ficará dividida entre dois. Dois homens, dois destinos... duas maldições... – ele fechou os olhos e acariciou a mão dela, como se estivesse com pena. – Sinto muito por seu destino menina, mas você não o enfrentará sozinho. A Terra não quer somente você.

A sala inteira não disse uma palavra sequer. Todos estavam aterrorizados demais para falarem algo. Hal não disse mais nada e dispensou a turma. Annabeth nem falou com Percy, ela correu até a sala da tia implorando para ser dispensada daquela turma. Ela quase chorou contando sobre o ocorrido na primeira aula, Minerva a abraçava e a consolava, prometeu falar com Júpiter para ver se tinha como ela ser tirada daquela classe. Mas não podia prever a resposta do diretor. Depois que se acalmou ela se juntou ao grupo do terceiro ano em frente à casa de Quíron, o centauro estava em sua forma normal e guiou os alunos até o lago. Percy não disse nada durante todo o caminho, apenas segurou a mão dela e sorriu, estava fingindo que nada havia acontecido. O que foi um alívio. Os demais alunos pareciam estar chocados demais para falarem algo.

– Por aqui! – chamava Quíron. – Vamos gente, já estamos quase lá.

– O que vamos estudar? Porque a água do lago é escura? Por que isso todo mundo já sabe. – disse Leo.

– Só porque você não gosta de água, não quer dizer que tem que menosprezar tudo que for relacionado a esse elemento. – disse Piper.

– Deixa de ser chata Pipes. – Leo fez uma careta.

– Chegamos. – o professor anunciou. – Antes de começarmos com a aula, eu gostaria de dizer que nossa prova será individual. Não gosto do estilo de prova aplicado pela escola ou por qualquer instituição no mundo bruxo ou trouxa. Perto da páscoa, eu chamarei cada um de vocês individualmente para uma sala vazia no castelo e direi o que vocês terão que fazer. Provavelmente a professora Ceres Gardiner estará na sala também, para o caso de algum de vocês terminarem envenenados ou coisa do gênero.

– Que beleza, só temos professores doidos! – Reyna revirou os olhos.

– Bem, quem quer ser o primeiro? – Quíron perguntou alegre.

Todos se entreolharam. Annabeth viu Grover tocando flauta no outro lado do lago, mas ele parecia distraído e acompanhado de uma ninfa. Provavelmente eles estavam aproveitando um dos raríssimos dias de sol forte. Ela apertou a mão de Percy para chamar-lhe a atenção e indicou com a cabeça. Ele deu um sorriso quando viu a cena, mas também ficou quieto. Apesar de ter dado a mão para reconfortar a amiga, ele começou a se sentir um tolo. Isso porque sua mão parecia uma cachoeira de suor. Annabeth deveria estar com nojo dele. Mas o que Percy não sabia era que a mão dela também estava suando tanto quanto a dele. Ela havia notado que o rosto dele estava corado tanto quanto o dela. E apesar de ambos estarem, claramente, tímidos, eles continuaram de mãos dadas.

– Vamos lá crianças. Vai ser legal. – Quíron disse sorrindo.

– Ah... o que exatamente é que estamos fazendo aqui? – Jason perguntou.

– Tendo aula, mané. – Clarisse respondeu fazendo todo mundo rir.

– Obrigada senhorita La Rue. – disse Quíron. – Nós viemos aqui para conhecer uma criatura marítima muito rara e amigável. Seu nome é Hipocampo.

Assim que o centauro disse o último nome, uma criatura belíssima emergiu das águas negras do lago. Parecia um cavalo da cintura para cima, mas Annabeth sabia que da cintura para baixo o animal tinha uma cauda de peixe. Alguns alunos, como Bianca e Jason, recuaram, outros soltaram um maravilhoso “UAU”.

– O nome desse camarada é Arco-Íris. – Quíron sorriu. – Ele é o único que vive no lago e é extremamente gentil. Vou refazer minha pergunta: quem quer ser o primeiro?

Com exceção de Percy, todos os alunos mantiveram as mãos abaixadas. Annabeth revirou os olhos, a fascinação dele por criaturas marinhas era um pouco estranha. Mas ela parou de pensar nisso quando viu o brilho nos olhos do amigo. Percy estava completamente fascinado pelo hipocampo.

– Pois bem, venha Percy. – Quíron alegrou-se mais ainda.

Mesmo com a mão suada, foi estranho deixar de segurar a mão dele. Obviamente que ela estava constrangida por sua mão ter inventado de ter hiper-hidrose justamente quando ela estava segurando a mão de quem ela tinha uma quedinha.

– Ele é lindo! – Percy disse chegando perto da margem e estendendo a mão direita. – É maravilhoso, Quíron!

O centauro ficou muito orgulhoso de si próprio por pelo menos fazer um aluno gostar do animal.

– Não tente tocar, Percy. Hipocampos podem ser amigáveis, mas não gostam de serem tocados. – o professor orientou.

Percy não deu ouvido a Quíron e tocou em Arco-Íris. O hipocampo mexeu a cabeça alegre, gostando do carinho e cuspiu um pouco de água na cara do menino, que começou a rir.

– Faz cócegas. – riu.

– Só um idiota para gostar de receber água na cara. – Sherman sussurrou para Mark.

Percy continuou alisando o hipocampo, mas o animal ouviu o insulto e cuspiu um jato de água potente contra o menino com cara de buldogue. A classe inteira caiu na risada.

– Os hipocampos não gostam que insultem as pessoas, senhor Warren. – Quíron disse segurando o riso.

– Quíron, será que... será que eu posso montar nele? – Percy disse maravilhado.

– Você vai terminar se machucando, Cabeça de Alga. – Annabeth advertiu.

– A senhorita Chase está certa. Hipocampos não gostam de serem montados. – o professor alertou. – Bem, abram o livro no capítulo um, sim. E Percy, desencoste.

Ele saiu de perto de Arco-Íris a contra gosto, havia se apaixonado pelo animal. O resto do primeiro semestre até que foi legal. Obviamente que era cansativo estudar todas as matérias, mas Quíron fazia ser fácil e Annabeth ainda havia conseguido dispensa de Adivinhação. A cada semana que passava, os assuntos ficavam mais desafiadores e enquanto Percy só faltava arrancar os cabelos de desespero, ela se divertia estudando. Ele estava desestimulado. Grover e a tal ninfa Júniper haviam começado a namorar e Tyson passava o dia brincando de pega-pega com Blackjack no bosque da floresta (o pégaso o havia seguido Percy até a escola). Então, em uma aula perto do fim de novembro, o professor Vulcano havia conseguido se superar. Ele levou um bicho papão preso em um guarda-roupa para a sala de aula.

– Façam uma fila. Quando eu soltá-lo, vocês terão que ser firmes para encarar seus medos. Apontem a varinha para seja lá qual for a forma que ele assumir, pensem em uma coisa engraçada e digam: Ridiculum. É latim para “ridículo”. – o professor disse animado.

– Essa aula é que é ridícula. – Drew revirou os olhos.

– Eu ouvi isso senhorita Tanaka. Menos cinco pontos para a Corvinal. – ele disse nem se importando com a reclamação dos demais alunos da casa. – Muito bem, McLean, você começa.

Piper ficou de frente para o guarda-roupa, preparou a varinha e balançou a cabeça positivamente. Vulcano fez a porta se abrir e de dentro do objeto saiu o basilisco do ano anterior, a mão de Piper tremeu e ela quase deixou a varinha cair. Os alunos recuaram com medo.

– Seja forte, McLean. – o professor a encorajou.

RINDICULUM! – ela gritou quase apavorada.

Píton terminou virando uma mola colorida e a classe inteira riu.

– La Rue. – disse Vulcano.

O bicho papão se transformou em Ares. Clarisse ficou pálida, mas conseguiu levantar a varinha e “seu pai” se transformou em um palhaço de circo.

– Valdez. – o professor chamou, gargalhando.

O medo de Leo era um tanque de água, o que fez todo mundo rir, mas ele terminou transformando em uma piscina de bolinhas. Jason fez com o que o professor Mercúrio Stoll virasse Miley Cyrus em cima de uma bola de demolição. Hazel fez um diamante gigante virar um globo de festa. Frank fez um graveto (que ninguém entendeu) virar um apresentador de tevê patético. Bianca fez o boneco Chuck virar a Barbie. Reyna fez um pirata horrendo virar um porquinho da índia. Mas o de Percy foi o mais curioso. Quando ele ficou na frente da fila e viu o porquinho da índia de Reyna se transformar em Annabeth, ele quase deu um grito de susto. Os risos cessaram. Vulcano encarou o aluno curioso. O bicho papão havia se transformado na melhor amiga de Percy. Como isso poderia ser seu maior medo?

– O feitiço. – Chris Rodriguez gritou no meio da fila.

Até Percy havia se surpreendido, ele estava atônito por seu pior medo ser a garota que ele tinha uma paixonite. Levantou a varinha sem o menor problema e fez o bicho papão virar um poodle cor de rosa usando um tule. Annabeth estava logo atrás dele e ficou tão surpresa quanto o menino. O cachorro logo virou um Arai e ela congelou. Alguns alunos gritaram, outros correram para fora da sala. Vulcano se colocou na frente de Annabeth e gritou:

– Espectro!

A Arai recuou até o guarda-roupa e voltou a ficar trancada. Vulcano liberou a turma. Depois do almoço, Annabeth puxou Percy para o banheiro do segundo andar e dessa vez eles tiveram que atuar Diana, a Murta-Que-Geme, chorando por sabe-se lá o que.

– Não sei por que o bicho papão se transformou em você. Sendo sincero, até o basilisco que apareceu quando foi a vez da Piper me assustou mais do que ver uma segunda você. – ele disse.

– Não estou com raiva. – ela mentiu. – Só... foi meio inesperado.

– Não sei nem o que dizer Sabidinha. Perdão. – ele deixou de encostar-se a um dos boxes e ficou parado na frente dela, segurando-lhe as mãos.

– Eu tenho que ir. Tenho Estudo dos Trouxas em cinco minutos. – ela disse largando as mãos dele e dando dois paços para sair do cômodo, mas Percy segurou o braço dela.

– É sério, desculpa. Eu não faço a mínima ideia do motivo daquela coisa ter se transformado em você. Sinto muito pelo constrangimento.

– Tá tudo bem, Percy. Esquece tá. – ela disse e saiu do banheiro.

Na semana seguinte houve mais uma excursão de inverno a Hogsmeade. Desde o primeiro ano que Annabeth havia decidido nunca ir aquele lugar. Percy havia acompanhado a amiga nos anos anteriores a biblioteca em todas as excursões, mas depois da “briga” que tiveram por causa do bicho papão, ele resolveu ir se divertir com os colegas de quarto. A mãe de Frank havia mandado dinheiro o suficiente para comprar quilos de doces. Ao invés de ir estudar na biblioteca, Annabeth foi conversar com Grover no pátio de entrada da escola. Depois de umas poucas horas ele teve que ir, pois tinha um encontro com Júniper.

Pelo que Annabeth sabia, Percy passava seu tempo livre desde o início do ano letivo na floresta brincando com o novo meio-irmão, Blackjack e Grover (quando ele não estava com a namorada). Enquanto ela ficava presa entre uma aula e outra; quase sempre ouvindo Drew e Clarisse discutindo e falando besteiras. Foi caminhar pela escola enquanto os amigos provavelmente estavam se divertindo na vila. Encontrou com Luke perto do Salgueiro Meio-Sangue. Ele usava calça jeans preta, com um blusão de moletom azul escuro que lhe ressaltava os olhos e fazia a cicatriz parecer imperceptível. Enquanto ela usava o uniforme da Corvinal. Sentou-se ao lado dele e ficou admirando a árvore.

– Por que não foi com os demais? Soube que terceiro, segundo e primeiro ano foram para Hogsmeade hoje com a sua tia e Plutão. – ele disse com um sorriso no rosto.

– Não gosto da história daquela vila. É cruel. – ela deu de ombros.

– Assim como a história dessa escola.

– É diferente.

– Não creio. Hogwarts foi criada para ser o maior e melhor quartel general na Primeira Guerra Bruxa. Por isso tantas passagens secretas, bunkers e fantasmas. Houveram muitas mortes naquele castelo antes dele virar uma escola. Hogsmeade foi um acampamento de soldados desprivilegiados. A maioria morreu de fome e frio. Enquanto os ricos abrigavam-se no castelo, com camas, comida e lareira, os pobres morriam pelas mãos da mãe natureza. E logo depois tinham que ir para a guerra, mesmo perdendo um membro para o frio. Então diga-me, senhorita sabe tudo, qual dos dois lugares é mais cruel?

– Você odeia a escola? – ela perguntou nervosa.

– Não. Hogwarts é um lugar maravilhoso. Amo estar aqui com meus irmãos, apesar de não gostar muito de ter que estudar para as provas. – riu. – E que cara é essa hein? – ele colocou a mão nas costas dela e a puxou para um abraço. – Não creio que você esteja aqui para ouvir mais uma vez sobre a história dessa escola.

– Semana passada... o professor Vulcano levou um bicho papão para sala.

– Eu soube.

– E... o de Percy... era eu. – ela disse triste.

Luke demorou para responder.

– O que mais te magoou? Que alguém tem tanto medo de você ou de que esse alguém tenha sido seu melhor amigo?

Annabeth desviou o olhar. Desde que Thalia e Luke a ajudaram depois do bullying que Clarisse causou no primeiro ano, ela meio que considerava os dois como super-heróis. Admirava tanto Luke que às vezes achava que sentia algo a mais por ele, mas então via Percy e esquecia que sentia algo por Luke além de carinho e respeito.

– Não sei. Percy mesmo disse que não sabe o motivo do bicho papão ter aparecido. Eu lembro que todo mundo tremeu, ficou pálido ou quase desmaiou quando seus maiores medos apareceram, mas Percy... Percy levantou a varinha e fez o bicho papão se transformar sem nenhuma dificuldade. Ele nem sequer piscou. – ela respondeu ainda ressentida.

– Às vezes nosso maior medo são as pessoas que mais gostamos. – ele forçou um sorriso.

– Como assim? – ela franziu um cenho.

– Nessas férias apareceu um bicho papão lá em casa. Minha mãe quase que ficou doida, pois viu os gêmeos, eu e papai mortos. Eu só vi Thalia. – ele desviou o olhar.

– Thalia Grace? Qual é! A Thalia não é tão intimidadora assim.

– Não foi por isso. Depois eu entendi que era a mesma situação que a da minha mãe. Quando amamos alguém, aquela pessoa torna-se nossa maior fraqueza, nossa maior força, nosso maior medo e nossa maior alegria. – ele disse com fumaça saindo da boca por causa do frio.

– Eu não estava ensanguentada ou morta. Era apenas eu.

– E isso é com que faz o medo ser pior. Ele não TEME você, Annabeth. E ao mesmo tempo ele teme. Ele te ama. E por te amar, é que você virou o maior medo dele.

O coração de Annabeth parecia que ia explodir. Estar abraçada com Luke num dia frio de outono, olhando para o Salgueiro Meio-Sangue, ouvindo ele praticamente admitir que ama Thalia e também dizendo que Percy a ama... o mínimo que o coração dela poderia fazer era explodir. Dessa vez não foi só sua bochecha que corou, a cara dela inteira estava vermelha. Luke notou isso e achou melhor mudar de assunto.

– Sabia que Salazar Sonserina foi o líder da batalha final? Helga Lufa-Lufa manteve todos no castelo vivos, ela era muito boa com transfiguração. Dizem que era uma animaga, podia virar um texugo, daí o símbolo da casa. Rowena Corvinal foi a estrategista da batalha, graças as táticas e estratégias de batalha dela e a coragem de Godric Grifinória é que Gaia foi derrotada. Então os quatro resolveram se juntar e transformar esse local de morte e sofrimento em um local de aprendizagem e cultura. – ele tagarelou. – Achei magnífico a ideia de J.K. Rowling de transformar os anos dela aqui em Hogwarts em uma série de livros. Apesar de que as aventuras que Potter viveu são bem impossíveis de serem reais, até mesmo para o Mundo Mágico.

Annabeth desviou seus pensamentos de seus sentimentos confusos entre Luke e Percy e prestou atenção nas últimas frases. No ano retrasado ela enfrentou um cão de três cabeças e a força mais maligna que o Mundo Bruxo conheceu estava alojada na cabeça de um professor. No ano passado a escola foi atacada por uma memória dessa mesma bruxa que possuiu uma aluna para liberar um monstro para matar nascidos trouxas. Havia demônios da noite na escola “procurando” um bruxo que foi capaz de matar trinta trouxas só porque Cronos foi morto. Só estava faltando Percy ou ela ter uma cicatriz na testa e um dos dois serem órfãos para a história ficar completa.

– Sabe Luke, acho que você deveria ter ido para Corvinal. Sabe tanto de história. – ela mudou de assunto.

– Só sei história mesmo. – ele deu de ombros. – Tô quase reprovando nas outras matérias. Meu grupo de estudo é quem me ajuda a passar “razoável” em todos os anos.

– Seu grupo de estudo?

– É. Silena, Charlie, Ethan e Thalia. Sabe como é, todos nós somos do quinto ano.

Annabeth não disse mais nada. Apenas ficou pensando nas palavras de Luke sobre "Percy amá-la" e no que sentia quando estava perto do loiro. Infelizmente ela sabia que isso significava que a "profecia" de Hal Green no início do ano letivo estava se realizando. Ela já estava dividida entre dois homens. Mesmo Luke sendo dois anos mais velho e Percy sendo um mês mais novo que ela.


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Notas finais do capítulo

Lembrando que, com exceção de Reyna e Rachel, nenhum dos demais personagens da série tem nome do meio. Eu só inventei para ficar mais normal, assim como dei sobrenome a quem não tem.