Demigods in Hogwarts escrita por SeriesFanatic


Capítulo 12
O diário




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Percy gostaria de dizer que Annabeth o deu algum descanso durante o recesso de fim de ano, mas estaria mentindo. A garota o fez ficar em dia com todos os assuntos e deveres de casa de todas as matérias. Ele também estaria mentindo se dissesse que não gostou. Por mais que odiasse estudar, era bom saber que alguém na escola não acreditava que ele era o herdeiro de Sonserina. Os companheiros de quarto nem falavam com ele depois do que aconteceu com Frank e o resto da Lufa-Lufa tentava fingir que ele era invisível. Então, talvez ter a atenção da sua melhor amiga dando uma de professora rigorosa fosse algo bom. Os sonhos com Grover vestido de noiva no tal esgoto com pedras de mármore pretas vinham com mais frequência e Annabeth estava começando a ficar extremamente preocupada.

– Talvez você esteja certo. É melhor irmos falar com Quíron. – ela disse.

Era fim de tarde, os dois estavam às margens do lago. Percy usava calça jeans, All Star preto, uma camiseta de mangas comprida preta, suéter verde escuro e jaqueta jeans. Annabeth também usava jeans, All Star azul, blusa de gola alta azul e sua jaqueta marrom. No momento não nevava, mas o chão estava branco e as águas do lago estavam congeladas na superfície.

– É melhor você sair daí ou vai terminar caindo no lago. – ela disse.

Percy andava por cima das águas congeladas, parecia uma criança em um rinque de patinação no gelo, só que sem patins.

– Eu me dou bem com a água. – ele sorriu como resposta.

Ela revirou os olhos e voltou a ler. Os dias deles se resumiam a achar alguma coisa legal para Percy enquanto Annabeth continuava lendo. No dia anterior Percy resolveu fazer um boneco de neve perto do Salgueiro Meio-Sangue e sem querer lhe deu vida, Quíron salvou os dois de serem devorados com várias flechadas no boneco que Percy chamou de Olaf. Antes disso, haviam ido para um piquenique na floresta proibida, brincaram de pique esconde por toda a escola, comeram tanto doce que quase foram mandados para a enfermaria e, sem querer, ele transformou a coruja dela, Palas, em um cupcake. Se não fosse pelo centauro, Percy teria ganho um murro da amiga.

– É sério Cabeça de Alga. Sai daí. Vamos logo falar com Quíron. – ela disse ficando impaciente.

– Só mais cinco minutos. – ele fez a cara que Sally chamava de "cara de bebê foca", pois era algo muito fofo e fazia com que ela cedesse a tudo que o filho queria.

– Não. – Annabeth respondeu fechando um livro de capa preta. – Vamos.

Percy sabia que não adiantava discutir com ela. Era quase por do sol e havia voltado a nevar quando eles se aproximaram da cabana de Quíron. Eles decidiram voltar no dia seguinte por causa do frio. Estavam subindo as escadas vazias de Hogwarts quando se depararam com água escorrendo de algum canto do segundo andar.

– Mas que tártaros...? – Percy disse.

– Acho que vem do banheiro feminino.

– É lua cheia não é? A Murta-Que-Geme? – ele franziu a testa.

Annabeth concordou sem gostar muito da ideia e eles correram até o banheiro. Sentada entre uma divisa de um boxe e outro, estava uma garota. Ela era completamente transparente, mas os cabelos pareciam ser ruivos, era baixinha e usava roupas da Lufa-Lufa. Os cabelos estavam presos em forma de trança e ela, no máximo, parecia ter 15 anos.

– Katniss Everdeen? – Percy disse ao ver a menina e terminou ganhando um murro no estômago, dado por Annabeth.

– Na verdade, meu nome é Diana. – a fantasma disse parando de chorar. – E vocês, quem são?

– Sou Annabeth Chase e ele é o Percy. – Annabeth disse censurando o amigo com o olhar.

– Seu irmão é muito mal educado. – Diana disse com raiva.

– Não somos irmãos! – os dois disseram ao mesmo tempo.

– Somos amigos. – Percy acrescentou.

Diana deu um suspiro. Os dois bruxos fecharam as torneiras do banheiro.

– Por que você fez isso? Não sabe que a água é um dos bens mais preciosos do mundo? E que não existe em abundância? Não se pode desperdiçar água assim. – Percy disse com raiva. – Só porque você está morta não quer dizer que tem o direito de gastar toda a água do mundo.

Diana voltou a cair no choro e dessa vez soluçava.

– Mandou bem senhor sensível. – Annabeth revirou os olhos.

Percy fez uma careta.

– Diana, por favor, desculpe o meu amigo. O Percy é... bem, ele é um garoto. Mas não era a intenção dele ser rude. – ela deu uma cotovelada no moreno.

– Desculpa. – ele respondeu com culpa.

– Vocês vivos acham que podem tratar nós mortos como bem querem! – Diana exclamou. – Pois ai vai uma dica: NÃO PODEM! Acham que é engraçado zombar de quem já morreu? Que é legal jogar as coisas nos fantasmas só porque não temos forma física? – ela atirou um livro que acertou a cabeça de Percy. – POIS EIS A NOVIDADE: NÃO É! – ela saiu voando até o encanamento e desapareceu.

– Para um fantasma, ela tem um braço e tanto. – Percy disse massageando a própria testa.

Annabeth revirou os olhos e caminhou até a porta do banheiro.

– Você bem que mereceu essa. – ela disse saindo do local.

Depois de um banho quente e de colocar o pijama, ele sentou em uma mesa no salão comunal da Lufa-Lufa. Estava sozinho e já era tarde da noite. Annabeth não havia ido falar com ele desde então. Percy pegou o livro que Diana jogou nele e abriu, na intenção de ver o que valia a pena ser lançado na pobre fantasma. O livro estava em branco. Na parte de trás estava escrito Olympus em letras douradas. O menino ficou com medo, pois esse era o seu verdadeiro sobrenome. Desastrado como sempre, ele derramou o tinteiro por cima do diário e quase melou o casaco laranja que usava, mas quando abriu as páginas continuavam em branco. Percy então resolveu escrever alguma coisa.

Eu amo comida azul.

O diário não tardou a responder:

Eu sei disso, Perseu Netuno Jackson.

– Ninguém sabe o meu nome do meio! – ele exclamou.

Foi então que lembrou onde estava. Percorreu o olhar pelo salão comunal, e notou que sua única companhia era a fogueira.

Como sabe meu nome? Ele escreveu.

Eu sei de muita coisa.

Você alguma coisa sobre o Bunker Secreto? Arriscou.

Sim.

Pode me dizer?

Não.

Percy se encostou à cadeira. A parte racional de sua mente dizia para ele ir atrás de Annabeth, mas o diário foi mais rápido:

Mas posso lhe mostrar. Tudo começou há muito tempo.

– Hein? – ele disse e quando se deu por si, estava no corredor da escola, só que estava quente demais para uma noite de inverno.

Ele caminhou pelos corredores e percebeu que estava no primeiro andar e bem longe do salão comunal da Lufa-Lufa. Parado no meio da escada para o segundo andar, estava um rapaz alto, magro e com uma cara de que nunca havia dormido em toda sua vida. Cabelos e olhos negros como piche. Mas o que chamou a atenção de Percy foi o anel de caveira na mão direita. O rapaz não era o menininho que ele havia visto por Hogwarts antes, mas certamente tinha algum parentesco com ele.

– Com licença? Qual é o seu nome? O que está acontecendo? – Percy perguntou.

Mas o rapaz esquelético continuava olhando fixamente para o andar de cima. Percy caminhou até ficar ao lado dele e tentou tocá-lo, mas sua mão parecia ser de fumaça. Então viu vários bruxos com vestes negras carregarem uma padiola com um lençol por cima. Um braço pendia para fora do lençol.

“Olympus.” alguém chamou.

“Professor Grace” o rapaz respondeu.

Percy olhou e viu Júpiter. Só que o diretor não tinha barba e parecia ser mais jovem, quase que da idade de Poseidon (lá pelos 40 anos).

– Professor? – ele indagou.

“Venha” Júpiter o chamou.

O rapaz foi em direção a Júpiter e Percy o seguiu. Eles pararam ao lado do topo da escada.

“É melhor voltar para a sala comunal, senhor Olympus. Andar pelos corredores a essa hora da noite não é muito prudente. Especialmente com tudo que anda acontecendo na escola” Júpiter disse com a voz serena.

“Sim professor. Mas é que... eu precisava saber... se os boatos são verdadeiros. Vão mesmo fechar Hogwarts?” o garoto pareceu preocupado.

“Se o responsável por isso não for pego, então... receio que a diretora Reia não terá outra escolha.”

“Mas se fecharem a escola... digo... eu não tenho para onde ir.”

“Eu lamento. Mas não há nada que eu possa fazer.”

“Se o responsável aparecer...”

“Está escondendo algo de mim, senhor Olympus?” Júpiter interrompeu.

Percy olhou para o rosto esquelético e pálido do rapaz. Apesar de ter acabado de ocorrer um assassinato, ele parecia extremamente tranquilo.

“Não senhor.”

“Pois bem. Boa noite”

“Boa noite professor”

O garoto andou em direção as masmorras, onde fica o salão comunal da Sonserina e Percy foi atrás, só que ele não foi para o salão. Entrou em uma sala pequena onde claramente morava alguém. Havia feno, um tear e lindas tapeceiras na parede. Percy quase teve dois ataques cardíacos em questão de um minuto. O primeiro porque a pessoa que dormia naquele quarto era ninguém menos que Quíron, preso a sua cadeira de rodas, sem barba e usando as vestes verdes da Sonserina. O segundo porque uma das tapeceiras mostrava Percy e Annabeth se beijando debaixo d’água com uma bolha de ar envolvendo a cabeça deles. Só que era uma versão bem mais velha deles, tanto que ambos tinham uma mecha de cabelo branco, apesar da aparência atlética de adolescentes de 16 anos.

– O que tártaros está acontecendo aqui? – ele exclamou passando a mão por cima da tapeçaria que mostrava o beijo.

“Boa noite Quíron” o rapaz falou. “Lamento informar que eu terei de lhe entregar”

“Você não pode fazer isso.” O centauro respondeu, mas parecia estar com medo.

“Não creio que tenha sido sua intenção matar ninguém. Mas os pais da menina já estão chegando. Soube que Orion é o melhor Auror da atualidade. Ele não vai descansar até que a morte da filha seja vingada. E Ártemis é herdeira de uma das 9 famílias mais poderosas do Mundo Bruxo... eles não deixarão que a morte da única filha não tenha uma solução” o rapaz ameaçou.

“Não foi ela. Aracne jamais mataria alguém” Quíron respondeu inquieto na cadeira de rodas.

Atrás dele, Percy pode ver um baú de madeira grande. O que é que estivesse lá, estava se movendo.

“Não se deve criar monstros Quíron. Saia da frente” o rapaz elevou o tom de voz.

“Não” Quíron disse firme.

“Saia da frente, centauro!”

Quíron não moveu a cadeira de rodas. O jovem disse algum feitiço em latim e o baú explodiu, algo saiu de dentro dos destroços e correu pela janela. Parecia uma aranha. Só que do tamanho de uma criança de sete anos.

“Mortuus est aranea” o rapaz gritou apontando a varinha em direção à janela, mas o feitiço não pegou o animal. “Sinto muito por isso Quíron. Mas não há outra opção para mim, Hogwarts é tudo que eu tenho. Aqui é minha casa. Lamento, mas você será expulso e perderá a sua varinha”

Percy acordou com a luz do sol no rosto, havia dormido sobre o diário do garoto esqueleto. Ele correu em direção ao salão principal, usando uma camiseta branca de mangas compridas, casaco laranja, meias e calça de moletom cor cinza. Ninguém pareceu notar que ele estava de pijama. Na verdade, não havia muitas pessoas para repararem nele, estourando tinham 20 alunos totalizando as quatro casas e todos os anos. Annabeth usava as vestes da Corvinal e estava sentada sozinha na imensa mesa de sua casa. Percy a puxou para o pátio de entrada. Ele preferiu contar tudo com exceção da tapeçaria.

– Quíron? O centauro doce, educado e super bonzinho Quíron? – ela disse perplexa ao fim do discurso sobre o diário. – Não mesmo! Nem vem! Nem sabemos o primeiro nome desse tal de Olympus. Não confio nele! Além do mais, ele é um baita de um dedo duro.

– Uma pessoa morreu, teríamos feito à mesma coisa! – ele exclamou.

Annabeth passou as mãos vermelhas de frio pelo rosto tentando se acalmar.

– Quíron é nosso amigo. Por que não perguntamos a ele? – ela sugeriu.

– Brilhante. – ele disse sarcástico. – Oi Quíron, tudo bem? Estávamos nos perguntando qual é o sentimento de acobertar um assassinato! Ah e por falar nisso, por que é que você quer se casar com o Grover?!

Annabeth deu seu melhor olhar ameaçador. Ele abaixou os ombros por reflexo e desviou o olhar.

– Por que é mesmo que você ainda tá de pijamas? – ela disse tentando quebrar a tensão.

– Assim que eu acordei eu corri para te contar. Nem escovei os dentes. – ele deu de ombro.

– É, dá pra notar. – ela deu um passo à trás.

Antes que Percy pudesse dizer alguma coisa, o doutor Yew os encontrou e disse que algo havia acontecido com o dormitório. Ele e Percy foram sozinhos até o salão comunal da Lufa-Lufa e encontraram o quarto em que o menino dormia completamente destruído. Para a sorte do filho de Poseidon, ele tinha um excelente álibi, estava no salão principal de pijamas procurando Annabeth. Nada de valor havia sido levado, mas o diário do garoto Olympus foi roubado. Mais tarde naquele dia, os alunos voltaram do recesso de inverno, o que significava que o silêncio e a calmaria das últimas três semanas haviam terminado.

– Não vou! – Percy reclamou.

– Vai sim! – Annabeth respondeu.

– Porque é que você, sei lá, não tenta seduzir o Jason, hum? Você é bonitinha, ele vai ceder. – terminou ganhando mais um murro na barriga por causa dessa.

– O primo é seu! – ela lembrou. – Agora vá até o salão comunal da Grifinória, peça para falar com Jason Grace e consiga alguma coisa.

Eles discutiram por mais uns minutos, mas ela o forçou a ir. O jantar já havia acabado e eles estavam perto da torre da Grifinória. Percy foi contra vontade e recebendo o olhar furioso de Annabeth. Quando estava perto da entrada, tropeçou em alguma coisa e deu um grito histérico ao ver que seu nada querido primo Jason estava petrificado. Vários alunos da Grifinória saíram correndo do salão comunal quando ouviram o grito e ficaram paralisados quando chegaram até Percy e Jason. Annabeth chegou ao local segundos depois de Thalia e Leo Valdez.

– Jason... – ela se ajoelhou ao lado do irmão.

– Thalia eu... eu não sei o que aconteceu... só... – Percy tremia.

Annabeth se ajoelhou ao lado dele e o abraçou. Clarisse foi chamar os professores e logo Jason estava na enfermaria juntamente com Frank Zhang e Lee Fletcher. A professora Ceres conversava com o diretor Júpiter sobre as mandrágoras, dizendo que ainda estavam muito novas. Thalia segurava a mão do irmão e mantinha a cabeça baixa, Leo estava sentado no outro lado da cama, enxugando as lágrimas nas vestes. Percy estava sentado na cama em frente a Jason, tomando um calmante. Como o doutor Yew estava mais concentrado no loiro petrificado, Annabeth sentou ao lado do amigo na cama e sussurrou:

– Acho que a suspeita de Clarisse já era.

Percy não respondeu nada, estava assustado demais para falar algo. Então Piper McLean entrou na enfermaria aos prantos e só faltou se jogar em cima de Jason. Sua meia irmã, Silena Beauregaurd, estava compadecida e quase chorava também.

– Isso foi encontrado com ele. – o diretor Júpiter disse chegando perto dos pré-adolescentes com um espelho em mãos. – Tem algum significado para vocês?

– É meu. – Piper disse, prendendo o choro. – Nós conversamos hoje cedo no trem e fizemos as pazes. Ele me deu um presente de natal e como eu não tinha nada para dar em troca, dei meu espelho.

Annabeth franziu o cenho com a resposta de Piper.

– Por que você tem um espelho? – Leo disse tão surpreso quanto Annabeth. – Você não é de se arrumar, odeia maquiagem.

– Diga isso para minha mãe. Ela me deu de natal na esperança que eu ficasse mais feminina. – Piper enxugou as lágrimas nas vestes verdes.

– Bem, creio que já está tarde. – o diretor falou. – Professora Gardiner, acompanhe o senhor Jackson, a senhorita McLean e a senhorita Beauregard até as salas da Lufa-Lufa e Sonserina, por favor. Chase, Grace, Valdez... eu levo vocês até as salas da Corvinal e da Grifinória.

Os alunos não discutiram. No dia seguinte, após Percy sonhar novamente com Grover e seu lindo vestido de casamento, os monitores deram ordens específicas para que ninguém deixasse seus salões comunais. O professor Febo Yew entrou na sala da Lufa-Lufa anunciando as novas regas do colégio por causa dos últimos acontecimentos (diga-se petrificações). Todos deveriam voltar às salas comunais às dezoito horas todos os dias, todos os alunos seriam acompanhados por um professor nos intervalos das aulas. Sem exceção. O professor inútil ressaltou que se o responsável não fosse pego logo, a escola fecharia, deixando todos mais preocupados ainda. Na hora do almoço, Percy e Annabeth conseguiram conversar, sobre os olhares atentos das harpias da limpeza e do zelador irritante, Tântalos.

– Isso tá sendo o tártaro. – ele disse o mais baixo que pode. – Chris, Will e Dakota ainda acham que fui eu quem petrificou o Frank. Não sabe como tá sendo um tormento passar meu dia colado com eles.

– Reyna é legal, mas se eu tiver que passar mais um minuto ouvindo falar sobre a história de Roma, eu enlouqueço! – ela respondeu.

– Achei que você adorasse história. – ele estranhou e ganhou um olhar mortífero como resposta.

– Temos que ir falar com Quíron. Ainda acho que ele é inocente, mas se era o dono do monstro, então saberá o que fazer. – disse Annabeth.

– Só tem um problema: Não podemos sair da vista de ninguém responsável. Se bem que eu acho que Tântalo esteja longe de ser responsável por algo.

– Eu posso usar meu boné.

– É, acontece que o item mágico sagrado da minha família é uma caneta que vira espada. Não um boné de baseball mágico dos Yankees que me deixa invisível!

– Fala baixo. – ela censurou. – A sala comunal da Lufa-Lufa fica nos porões, não dá para, sei lá, pular pela janela do quarto ou coisa parecida?

– Não. Se bem que a janela do meu quarto tem vista para a cabana do Quíron.

Ela parou para pensar um pouco. Infelizmente, os alunos da Corvinal já estavam levantando e sendo escoltados para a próxima aula.

– Vá deitar usando roupas, quando ouvir três batidas na janela abra e saia. Serei eu. – ela disse.

– Que parte do "tem barras de segurança nas janelas" você não entendeu?

– Confie em mim. Sei o que estou fazendo. Vejo você mais tarde.

Ele estranhou, mas não havia nada que pudesse fazer. Já que nem tinha como falar com ela de novo. A pior parte não era só ficar grudado com as mesmas pessoas o dia inteiro ou do tempo das refeições e do banho serem limitados. Mas sim de só poder ver Annabeth durante as aulas, onde ela ficava extremamente comportada prestando atenção na aula como todo cdf. Perto das vinte e duas, ela bateu na janela. Will, Dakota e Chris estavam no milésimo sono. Quando Percy abriu a cortina amarela, viu as barras de segurança derretidas e Annabeth segurando o boné dos Yankees. Ela usava botas de couro marrom, calça jeans e uma blusa laranja de manga comprida transparente com uma blusa amarela de alcinha por debaixo. A jaqueta marrom estava amarrada na cintura da loira. Ele precisou da ajuda dela para sair e conseguiu não se arranhar.

– Estamos cominando. – ele sorriu.

Ela não disse nada e começou a caminhar em direção a cabana de Quíron. Percy usava calça jeans, All Star preto, uma camiseta laranja de manga comprida e um casaco jeans. Contracorrente, a caneta/espada estava no bolso. Eles bateram na porta de Quíron, que os recebeu com um arco e flecha em mãos pronto para atirar.

– Ah, são vocês. – ele suspirou de alívio.

– Calma aí Buffy Summers. – Percy brincou. – Só porque Annabeth tem essa cara enrugada não quer dizer que ela seja uma vampira. – e ganhou outro soco na barriga por essa.

– Entrem. – ele puxou a cadeira de rodas para trás. – Tem chá.

O centauro parecia nervoso e Percy agradeceu eternamente por ele não ter guardado a tapeçaria romântica.

– Quíron, sabemos que você tem alguma relação com o Bunker Secreto. Ao menos com o monstro que habita lá. Sei que você soube do Jason Grace. Precisa nos ajudar para que mais ninguém seja atacado. – Annabeth disse séria.

Antes que ele pudesse responder, alguém bateu na porta. Percy se escondeu e Annabeth colocou o boné. Era o Júpiter acompanhado de Zeus. O Ministro da Magia usava trajes tempestuosos enquanto o diretor usava trajes brancos. Quíron logo abaixou o arco e os convidou para entrar.

– Desculpe por lhe incomodar tão tarde, Quíron, mas é um assunto muito sério. – Zeus disse com certa dor na voz. – Três ataques em alunos nascidos trouxa. Um deles é meu filho... eu sinto muito, mas como Ministro da Magia, tenho que fazer alguma coisa.

– Eu entendo. – Quíron abaixou a cabeça.

– Não me interprete mal... sabe que eu acredito na sua inocência. – disse Zeus.

– Assim como eu. – Júpiter interrompeu. – Conheço Quíron há muito tempo e cofiaria minha vida a ele.

Zeus deu um profundo suspiro e fitou os sapatos.

– Eu acredito em sua inocência. Mas estou sendo pressionado, Quíron. Espero que me entenda. Poseidon e eu faremos o possível para provar sua inocência... mas até lá... você terá que ir para a ilha de Alcatraz. – Zeus falou.

– Compreendo... meu passado está mais uma vez me condenando. – ele colocou o arco e a rajada de flechas em cima da mesa.

Eles saíram da cabana e deram de cara com o pai de Clarisse, Ares La Rue. Usando vestes pretas, óculos escuros mesmo sendo tarde da noite e com as cicatrizes do rosto ainda mais escuras, ele deu a Júpiter um pergaminho. Annabeth se aproximou da porta para ouvir a conversa, enquanto Percy teve o bom senso de continuar escondido. Após o grupo sumir na escuridão da noite em direção ao castelo, Annabeth fechou a porta e tirou o boné.

– Ares quer que Júpiter deixe o cargo de diretor?! – Percy exclamou.

– Ele tinha um pergaminho com as doze assinaturas do conselho. – Annabeth respondeu cabisbaixa.

– Sem Júpiter aqui vai morrer um nascido trouxa por dia! – ele exclamou.

– Acha que eu não sei disso? Meu pai é nascido trouxa Percy, isso quer dizer que eu também corro perigo. – ela respondeu.

Ele caminhou pela cabana, estava assustado e não sabia o que fazer.

– Disseram mais alguma coisa?

– Quíron disse que se alguém estivesse procurando alguma coisa, era só seguir as aranhas. Elas levariam a resposta. Claro que nenhum deles entendeu, mas foi a pista que ele deixou para nós.

– Então vamos. – Percy abriu a porta da cabana.

– Para onde?

– Seguir as aranhas.

– Ah não! – o rosto dela ficou vermelho. – NÃO, NÃO, NÃO, NÃO! NEM VEM! NÃO!

– Quer se acalmar? São só aranhas. Se fossem lobisomens eu entenderia, mas são só aranhas.

– Por que aranhas? Porque não podiam ser borboletas? – ela reclamou.

Annabeth estava realmente quase surtando. Ele parou de zombar da cara dela e segurou sua mão.

– Ei, sei que você tem medo de aranhas. Mas não precisa de preocupar. Eu te protejo. – sorriu.

– Isso é o que mais me preocupa. – ela soltou.

– Tá legal. Eu vou sozinho. – disse caminhando até a porta da cabana. – Fique aqui e seja atacada por sei lá o que enquanto eu salvo o dia.

Ele caminhou para fora e viu um grupo de aranhas seguindo para a floresta proibida. Sorte que estava levando Contracorrente. Antes de entrar na floresta, ele sentiu Annabeth chegando ao seu lado.

– Posso até morrer de medo de aranhas, mas só tem uma pessoa que pode impedir que você não seja morto ou destrua a escola. E esse alguém sou eu, Cabeça de Alga. – ela disse com a varinha em mãos.

– É bom saber que você é uma boa amiga, Sabidinha. – ele sorriu.


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Notas finais do capítulo

Mortuus est aranea = aranha morta (em latim)