Não faz muito tempo, saí de casa. Compras num dia livre. Eu e amigas seguimos por uma rua, viramos numa segunda, ficamos indecisas em uma terceira e talvez uma quarta. Viramos ali mesmo, em uma agência dos Correios. Ninguém além de mim notou um alerta discreto e silencioso no fundo da minha mente. Eu conhecia aquele lugar e sabia de onde.

Olhei mais de uma vez para ter certeza. Uma casa. Bonita, só. Nada de absurdo. Gente desconhecida, animada e interessante andava por ali. Uma festa. Mais uma. Bem parecida com aquela onde tudo aconteceu. Onde eu comecei a ser... eu. Tudo por causa de alguém. Você.

Você não sabe e talvez nunca saiba, mas naquele dia, eu olhei para cima, o céu bonito da noite, e pedi que ela me surpreendesse. E, cara, ela me ouviu. Não só ela, você me ouviu e eu te ouvi. Confiei e acreditei em você, e você confiou e acreditou em mim também. Eu passei muito tempo, muito mesmo, com uma dúvida agoniante plantada na cabeça. Perguntando a mim mesma e a todo mundo por que aquilo aconteceu e por que você tinha feito o que fez. Isso até cair na real de que você mesmo tinha me dado a resposta. 1) porque você quis e 2) porque eu precisava. Simples assim. Eu tinha chegado ao ponto de não acreditar mais em nada e ninguém. Agora eu sei que ainda existem pessoas boas no mundo, e as lágrimas que deixei cair escrevendo isso são completamente diferentes daquelas que você viu.

Obrigada por começar tudo, mesmo não estando ao meu lado para ver de perto como vai terminar, mesmo que as circunstâncias e as minhas dificuldades tenham nos transformado quase em completos estranhos, em vez de duas pessoas que se importam e deixam isso claro. Não faço ideia do que você acha de mim ou do que aconteceu. Não sei quais eram suas expectativas para aquele momento ou se você repara que estou sempre por perto. O que eu sei é que gosto da ideia de você aparecer e eu me sentir calma, corajosa. Do meu dia ficar bom de alguma maneira. Só peço que não suma. Obrigada pela milésima vez. Até breve, quem sabe.