Linha Tênue escrita por TAYAH


Capítulo 6
Não vai.... fica - Emma


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo ficou maior do que eu imaginava, e olha que achei que fosse ficar pequeno e sem graça. Na verdade é que eu ainda estou/estava um pouco insegura em escrever as partes da Emma, mas dessa vez eu me empolguei. Acho que finalmente a encontrei dentro de mim.

Capítulo baseado no episódio 3x06

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/431900/chapter/6

Hook tinha acabado de me beijar. Foi coisa de segundos e eu o empurrei assim que me dei conta do que estava acontecendo. Em toda a minha vida eu nunca havia me sentindo tão mal em beijar alguém. Não que fosse um beijo ruim, mas sim por toda aquela situação.

Eu queria tanto ter um descanso, um momento de paz, sem tudo aquilo de contos de fadas, magias e meu filho raptado. Eu só queria uma vida comum, uma família, casa, meu filho em segurança. Mas cada minuto que se passava, as coisas pareciam ficar ainda piores.

Eu cresci sozinha, descrente de tudo, contos de fadas sempre foram bobeiras para mim... Mas agora? Agora eu era parte dele, meus pais nada mais eram do que Snow White e Prince Charming, que fisicamente tinham a mesma idade que a minha... eu estava em Neverland em busca do meu filho que foi raptado por Peter Pan... Captain Hook havia me beijado, e a outra mãe do meu filho era a Rainha má... tudo aquilo era demais...

Por segundos eu me senti tonta... Será que tudo aquilo não se passava de um sonho? Será que eu estava em coma e sonhava com aquela vida desde então? Não, claro que não, aquilo era real, mais real que todos os anos que vive sozinha nos lares adotivos.

Não sei se estava mais angustiada com aquele beijo por todos aqueles motivos, ou se era pelo simples fato de ter pensando em Regina naquele momento. Me senti como se a estivesse decepcionando, a traindo de alguma maneira. Como se eu estivesse desmerecendo sua ajuda para resgatar o nosso filho. Como se eu estivesse ali me divertindo, enquanto ela estava realmente preocupada em achar Henry. Como se eu fosse menos mãe que ela...

Voltei quase correndo para o acampamento, eu só queria me livrar de toda aquela sensação ruim que estava em meu peito. Alguma coisa estava errada. Eu podia sentir, e era algo além de minha confusão mental, era algo concreto. Ao chegar no acampamento e avistar Mary Margaret e David eu tive certeza que algo havia acontecido.

— O que aconteceu? – Mary me perguntou aflita como se eu soubesse de tudo.

— Eu é que pergunto! 

— Eu não sei Emma! Me diga você! – Ela estava nitidamente nervosa e parecia me acusar levemente de alguma coisa. Aquilo só me deixava ainda mais aflita.

— Eu não estou entendo, Mary Margaret, o que esta acontecendo aqui? – Eu perguntei já nervosa, mas firme.

— Calma, só queremos saber se vocês brigaram... – Foi David quem perguntou tentando me acalmar.

— Vocês quem, do que estão falando? – Senti meu coração se apertar, será que eles sabiam do Hook?

— Da Regina, Emma, Regina! – Mary disse como se fosse obvio, mas minha expressão de desespero a fez ver que eu não sabia do que se tratava. O que tinha a Regina com aquilo? Meu coração estava cada vez mais apertado. – Você não sabe mesmo não é?

— Não! – Um desespero surgiu dentro de mim. – Agora me fala o que está acontecendo aqui! 

— Eu não sei... – Ela estava nervosa. - Ela surgiu do nada, juntou suas coisas com magia e foi embora sem dizer uma palavra. – Ela explicou, fazendo-me sentir ainda mais angustiada. Era como se eu tivesse perdido Henry de vez. – E ela não estava nada bem Emma... – Eu precisava ir atrás dela e saber o que havia acontecido. Ela não podia me deixar daquele jeito, sem nenhuma explicação, ela fazia parte daquela equipe, tínhamos que achar Henry juntas.

— Por onde ela foi? – Eu já estava sentindo minha respiração alterada mesmo sem dar um passo.

— Calma, o que você vai fazer? – David perguntou inseguro.

— Por onde ela foi? – Eu falei um pouco mais agressiva, o tempo estava passando e ela estava cada vez mais longe. – Me diz!

— Por ali... – Mary apontou fazendo-me correndo na direção que ela havia dito.

— Não saiam dai, eu volto já! – Eu gritei para eles que ameaçaram vir atrás de mim.

Corri pela mata sem saber para onde ir, meus instintos estavam me guiando, eu apenas me deixei levar. Era como se eu soubesse onde estava indo, como se eu sentisse sua presença cada vez mais próxima, mesmo no escuro, apenas com a luz daquela lua me guiando.

Mais de mil coisas se passavam em minha mente. Era como se flashbacks de tudo que passei com Regina surgissem ao mesmo tempo na minha cabeça. Das coisas boas, as coisas ruins. De todo meu ódio, a todo meu companheirismo naqueles últimos dias. E por mais que ela tenha me feito muito mais mal do que bem, era como se eu estivesse disposta a esquecer todo o seu lado negro e focar apenas na Regina que eu sempre consegui enxergar... Aquela que mais ninguém via além de mim e Henry.

Eu gostava dela... E de verdade, eu queria vê-la feliz.

Meus instintos estavam certos, eu fui levada diretamente a Ragina, que caminhava rapidamente sem olhar para trás, mesmo sabendo que havia alguém se aproximando.

— Regina? – Eu a chamei ainda um pouco distante – Regina? – Eu apertei o passo para alcança-la, mas ela não deu a mínima, era como se eu não estivesse ali. – Espera! – A alcancei, ela estava mesmo me ignorando. O que havia acontecido de tão grave para ela nem querer olhar para mim? – Onde você está indo? – Eu perguntei ofegante pegando em seu braço a fazendo virar para mim, seus olhos estavam negros de raiva. – O que aconteceu? Onde você está indo? – Eu estava mesmo apreensiva com aquilo, porque ela estava daquele jeito? E seus olhos... além de raiva também me passavam algo como dor, mas não dor física, dor da alma.

— Me solte, Swan. – Ela disse completamente ríspida, puxando seu braço com força, me dando as costas e voltando a caminhar rapidamente. O que deu naquela mulher? Ela estava tão bem comigo a horas atrás.

— Espera! – Eu disse indo atrás dela, aquilo já estava me irritando, qual era o problema afinal? Parece até que eu havia feito alguma coisa. Tentei acompanhar seus passos, mas ela estava quase correndo e aquilo só estava me tirando ainda mais do sério. – Qual o seu problema, Regina? – Eu gritei com raiva ao parar de correr a fazendo também parar. Era como se minha pergunta tivesse sido a gota d’água.

— Qual o meu problema, Swan? – Ela disse completamente descontrolada, vindo em minha direção, aquilo me assustou, tive que dar passos para trás, achei que ela fosse me atacar. – Você ainda tem coragem de me perguntar qual o meu problema? – Ela gritava comigo como se eu fosse uma idiota, aquela Regina era realmente a Regina que todos temiam, mas por mais assustada que eu estivesse, eu não estava com medo dela, estava assustada com apenas com sua fuga. – Enquanto eu estou aqui nessa maldita ilha com vocês procurando por meu filho. – Ela gritava com raiva ao se aproximar cada vez mais de mim, fazendo-me dar mais passos para trás. - Você desperdiça meu tempo com seu romancezinho da vez... Eu não vou mais jogar meu tempo fora, é a vida do meu filho que está em jogo!

— Romance? – Eu fiquei completamente confusa, como assim romance? Era sobre isso que ela estava falando, era disso que sua raiva se tratava? – Do que você está falando?

— Do que eu estou falando Swan? – Ela ainda gritava comigo como se eu estivesse realmente mentindo. Seus olhos cada vez mais negros, seu lado obscuro tomando conta de seu ser. Mas também havia muita dor ali, um desapontamento talvez. – Estou falando do seu momento de amor. – Irônica, como se tivesse veneno em sua voz. – Do seu lindo beijo com aquele pirata imbecil. – Seu tom ainda irônico fazendo-me sentir ainda mais culpada por tudo aquilo. Então ela tinha visto, e aquilo me doeu ainda mais, me senti ainda pior, como se agora de fato eu a tivesse traído... Traído nosso filho... Seus olhos me mostraram a decepção e junto com eles uma pequena lagrima. - Eu não estou aqui de férias como você, Swan... Eu quero meu filho de volta, e se você não esta disposta a me ajudar, quero que você saia do meu caminho. – Ela disse a mesma coisa que eu quando pisamos naquela ilha, foi como me mostrar que eu não era digna de liderar a busca de Henry.

— E-eu não beijei ele! – Foi a única coisa que saiu naquele momento, ela apenas riu debochadamente, como se eu fosse a pessoa mais ridícula do mundo, aquilo me doeu.

— Eu vi, Swan! – Ela gritou mais uma vez, assustando-me. – Eu não estou aqui para isso, enquanto você está ai em busca de novos amores eu só quero meu filho de volta! – Ela deu as costas novamente, me deixando ali estática sem saber o que dizer. Aquela sensação era horrível, porque eu realmente me sentia culpada... Mas culpada com o que exatamente? Eu não havia beijado ele, eu não queria ficar com ele, nem aqui e em nenhum lugar... Eu só quero o meu filho de volta! E mesmo se eu tivesse o beijado, o que ela tem haver com isso?

— Olha aqui! – Eu consegui voltar para a realidade, tirei aquele sentimento de culpa ridículo e a confrontei. – Eu não sei o que você viu, mas isso também não te interessa! O que eu faço ou deixo de fazer não é problema seu! – Ela permaneceu de costas.

— É problema meu sim! – Gritou ao se virar bruscamente para mim pela segunda vez, invadindo ainda mais meu espaço pessoal sem nenhum pudor. Seu rosto a cerca de centímetros do meu. – É meu problema a partir do momento em que isso pode interferir na busca pelo meu filho. – Mas do que ela estava falando? Porque ela estava tão irritada com aquilo?... Porque seus olhos não me mostravam preocupação com Henry. Mas me mostravam o quanto estava chateada comigo... Tinha algo a mais ali, algo que eu não consegui decifrar.

Eu não disse nada, não sabia o que dizer, não tinha o que dizer... Estava tudo muito confuso em minha mente. Não se tratava de Henry naquele momento, daquilo eu tinha certeza. Era algo a mais, algo que nem mesmo ela saberia me dizer... eu acho.... Algo que mesmo sendo incompreensível me matava lentamente por dentro.

Seus olhos como escudos, ela estava fazendo o maior esforço para não me deixar lê-los, aquilo só me fazia querer entende-la ainda mais. Ficamos nos olhando por tanto tempo... Pelo menos pareceu... Mas talvez não tenha passado de segundos... Eu queria parar de olhar para aquele olhos, mas só consegui desviar para um lugar... sua boca.... franzida de raiva.... E ao mesmo tempo eu pude sentir seus olhos também se desviarem para a minha, mas foi coisa de segundos, Regina rapidamente se afastou de mim, ficando de costas pela milésima vez.

Eu tentei me acalmar, respirei fundo, uma, duas, três vezes... Eu só precisava me acalmar, nossa relação nunca foi das melhores, mas eu sabia que a gente conseguia conviver sem brigar e até conversar amigavelmente. Eu só precisava buscar dentro de mim aquela Regina que me levou um chocolate para que eu me sentisse melhor. Aquela sim era a verdadeira Regina... E por mais que ela estivesse com raiva de algo que eu nem fiz... porque foi ele quem me beijou... Eu não podia deixa-la partir... Alguma coisa dentro de mim me implorava para que eu a fizesse voltar comigo para o acampamento.

— Olha... – Eu disse com mais calma, ela tinha que se acalmar também. – Eu não sei exatamente o que você viu... Mas eu não o beijei... quero dizer, ele me beijou... – Eu estava estranhamente com vergonha daquilo, como se fosse algo errado.- Mas eu o empurrei... Não que você tenha alguma coisa a ver com isso... – Ela permanecia de costas. - Mas quero deixar claro que minha única intenção nessa porcaria de ilha é resgatar nosso filho. – Por mais que ela tenha sido muito mais mãe dele do que eu, depois que o conheci, foi como se eu me sentisse realmente mais mãe que ela. E até então eu nunca havia sentido essa parceria entre a gente, como se pudéssemos realmente trabalhar juntas para criá-lo, como se fosse realmente algo somente nosso. – Então seja lá o que você estava pensando em fazer... Não faça, temos que ficar juntas, essa é a nossa melhor chance de tê-lo de volta.

Ela permaneceu de costas ainda refletindo as coisas que eu havia acabado de dizer, ou talvez ainda tentando se acalmar. Depois de alguns segundos ela se virou, seus olhos não estavam mais negros como antes, era como se toda a sua escuridão estivesse partido, deixando apenas os castanhos irritados e decepcionados... Mas aquela fúria... aquela não existia mais.

— Eu não tenho mais tanta certeza. – Eu disse calma, mas usando seu tom frio.

— Por favor, vamos voltar para lá, descansar um pouco e continuar com a busca. Sem você, essa equipe não será a mesma, você é uma das partes principais do jogo. – Eu tentei dizer com calma e segurança, mas minha respiração alterada mostrava meu nervosismo.

— E quem é a outra? Hook? –  Seus olhos se estreitaram por segundos.

— Não... – Eu revirei os olhos tentando não perder a paciência. E fiz uma pausa para não falar besteira... De imediato lembrei de magia, talvez fosse a hora certa de aprender algumas coisas. Talvez assim ela visse que eu realmente não estava ali para brincadeiras. – Mas acho que chegou a hora de você me ensinar alguns truques de magia. – Falei com um sorriso na voz, como quem conta um segredo. – Vamos voltar? Por favor? – Eu pedi do mesmo jeito que nosso filho fazia quando queria muito alguma coisa. Eu sempre caia naquelas carinhas, será que com ela também funcionava?

— Está bem. – Ela disse quase bufando de raiva, totalmente a contragosto. Não consegui me conter e sorri de canto, tentando não mostrar o tamanho da minha felicidade por ter ganhado aquela batalha.

Voltamos o caminho quase todo em total silêncio. Mas meus pensamentos berravam dentro de mim. Chegava a doer como se eu estivesse de ressaca. Mas minha ressaca não era de álcool e sim da vida louca que agora me pertencia. Eu queria tanto entender tudo aquilo, queria tanto poder entrar na mente de Regina e saber o que se passava nela, para ter ido embora daquela maneira. Talvez fosse mesmo pelo Henry, talvez fosse mesmo por achar que eu não estava disposta o suficiente para resgata-lo. Talvez fosse muita coisa, tanta coisa que era melhor eu deixar para lá.

— Você pode me ensinar agora? – Eu quebrei o silêncio quase chegando ao acampamento.

— O que? – Ela parecia meio confusa, como se eu a tivesse tirando de um universo paralelo.

— Magia, Regina... – A lembrei. - Pode me ensinar alguma coisa agora? – Confesso que estava com medo daquilo, mas ao mesmo tempo ansiosa.

— E você está preparada, Swan? – Me desafiou.

— Pode apostar que sim. – Rebati no mesmo tom que o dela. Sempre gostei de desafios.

Ao chegarmos ao acampamento, Mary Margaret e David nos olharam como se perguntassem o que havia acontecido, eu apenas neguei com a cabeça mostrando que não queria falar sobre, mas que estava tudo bem. Mary não disse nada, mas eu sabia que ela viria me perguntar depois quando estivéssemos a sós. Mas eu ainda não tinha certeza se queria falar sobre aquilo. Não que não confiasse nela, mas eu não estava a fim de ouvir nenhum sermão de mãe naquela altura do campeonato.

Hook ainda não havia voltado, sabe-se lá Deus onde ele estava, mas confesso que fiquei feliz em não vê-lo de cara. Por mais que não fizesse sentido eu ainda me sentia culpada pelo beijo que ele tinha me roubado.

Assim que Regina reacomodou suas coisas ela se aproximou de mim sentando-se perto da fogueira. Com apenas um movimento ela a apagou. Eu a olhei sem entender, aquilo já fazia parte da aula? Como se ela tivesse lido meus pensamentos ela perguntou se eu estava mesmo pronto, com aquele mesmo tom de antes.

— Pronta para que? – Foi Mary quem perguntou curiosa sentada do outro lado com David.

— Regina vai me ensinar magia. – Respondi um pouco preocupada com a reação deles.

— Não sei se isso é uma boa ideia. – David ficou apreensivo.

— Temos que derrotar o Pan, David, e se isso vai nos ajudar eu estou disposta a aprender. – Eu estava confiante, mostrando mais para Regina do que para eles.

— Então vamos logo com isso, querida, não temos todo o tempo do mundo. – Regina disse um pouco impaciente.

— Acho que vai ser bom sim... – Mary – Eu acredito em você Emma, acredito que possa sim usar sua magia para fazer o bem. Você tem isso dentro de você e tem que aprender a usa-la. – Confesso que me espantei com aquilo, não esperava que ela fosse me apoiar.

Regina logo começou a falar algumas coisas eu já até sabia, de que toda magia vem com o preço e que magia se tratava de sentimento, e coisas mais que Gold e até mesmo ela já haviam me dito antes. Em seguida ela começou a me explicar como eu faria para ascender a fogueira... De que eu tinha que sentir o calor e não simplesmente querer que ele aparecesse, eu tinha que senti-lo. Mas por mais que eu me concentrasse eu não estava conseguindo fazer aquilo... E ela não calava a boca e estava me desconcentrado a cada dois segundos. Era impossível conseguir fazer aquilo com ela falando.

— Foco! – Regina estava impaciente. Eu fiquei parada sem dizer nada, então ela se levantou com raiva - Concentre-se! – Elevou o tom como se eu fosse uma criança, aquilo estava me irritando.

— É meio complicado quando fica falando. – Eu também estava sem paciência e um pouco nervosa. Eu só queria manda-la calar a porcaria da boca.

— Ou quando o vento sopra – Ela começou a andar em volta de mim. - Ou está chovendo. – Ela falava como se quisesse que eu lembrasse de todas as vezes que ela mesma usou magia. - Ou quando alguém atira uma flecha em você. – Ela me olhou ainda sem paciência arqueando as sobrancelhas, propositalmente me lembrando das flechas que ela queimou para me salvar. – Sim, se concentrar é complicado, Emma... – Ela tentava manter a calma. Regina realente não era uma boa professora, mas estava se esforçando. – Mas essa é a questão... Encontre sua raiva. – Ela apontou para a fogueira com as duas mãos - E use-a para se focar. – Ela falava como se fosse a coisa mais boba do mundo, e que eu era uma imbecil de não está conseguindo.

— Não... – Eu queria aprender, eu queria ascender aquela porcaria de fogueira, mas não queria ir para o lado negro. - Deve ter uma maneira... Sem ter que ir para as trevas. 

— Você é patética, um desperdiço de habilidade! – Ela disse irritada me dando as costas, qual era o problema dela?

— E você é um monstro! – Confesso que disse sem pensar a fazendo se virar para mim. Achei que ela fosse surtar com o que eu disse, mas parece que não surtiu nenhum efeito nela.

— Sentiu isso? – Foi o que ela perguntou séria, mas com um sorriso nos olhos,  se divertindo. Que raiva, ela era louca, só podia ser.

— O que? – Eu perguntei ainda com mais raiva, já estava me arrependendo de ter pedido ajuda a ela com aquela porcaria de magia.

— Fumaça! – Ela apontou para a fogueira com um sorrisinho de canto, como se tivesse toda a razão do mundo. Se afastou de mim, mas eu ainda podia sentir sua felicidade por está certa, por ter me feito ficar irritada para conseguir o que ela queria. Para me ver fazendo aquela fogueira se ascender.

Sentei-me onde Regina estava e fiquei observando aquelas chamas. Eu realmente havia feito fogo, eu realmente tinha ficado irritada com ela, eu realmente encontrei minha raiva. Mas tinha que ter outra maneira, tinha que ter um jeito de fazer magia sem ir para aquele lado negro, e eu ia descobrir, ia focar na parte boa, talvez focar em amor, na esperança...

Ainda pensando em magia, Mary Margaret, David e Hook se aproximaram de onde eu estava, eles estavam se arrumando como se fossem para algum lugar. Regina e eu nos aproximamos deles. Alguma coisa havia acontecido. Qual seria o problema dessa vez? Tudo naquela ilha tinha mesmo que ser tão intenso? Perguntei para onde iam e de imediato eu tive certeza que tinha alguma coisa bem errada ali.

— Neal está vivo! – Foi Mary Margaret quem disse apressada, depois que David e Hook tentarem me enrolar.

— Neal está... – Eu senti um terremoto dentro de mim. Mais uma vez mil coisas em minha cabeça. Eu amava o Neal, é claro que eu o amava, não queria de jeito nenhum que ele tivesse morrido, queria que ele estivesse bem, queria que ele pudesse ser presente na vida de Henry... Mas em vez de me sentir bem com aquela notícia, ficar feliz com sua vida, eu me senti pessimamente triste. Eu não queria que fosse verdade. – Vivo?...

— Talvez... – Mary disse apreensiva. E eu desejei do fundo do meu coração que não estivesse. – Me desculpem, mas ela precisava saber. – Ela disse para Hook e David.

Eu me apaixonei por Neal aos dezoito anos, era tudo novo, lindo e divertido. Mas ele me deixou da pior maneira possível. Fui presa por sua culpa. Descobri que estava grávida dele já dentro da prisão. Dei meu filho para adoção. E com o passar do tempo à paixão por ele deixou de existir... Nunca deixei de ama-lo, sempre quis seu bem. Mas isso não significa que eu o queira de novo ao meu lado. E saber que ele poderia está vivo era como mexer em toda aquela porcaria que eu já havia enterrado.

Minha cabeça estava dando voltas e voltas... Porque as coisas tinham que ser daquela maneira? E por mais egoísta que fosse... eu preferia realmente que ele estivesse morto, porque aquele turbilhão de pensamentos e sentimentos dentro de mim me dava náuseas... Henry precisava de um pai, esse era o único motivo que talvez me deixasse feliz, meu filho teria seu pai por perto. Mas nem assim... nem isso estava me fazendo ficar bem com aquela noticia. Porque bem ou mal ele tinha duas mães, para que mais?

— Isso e uma perda de tempo! – Regina tinha raiva na voz, seus olhos estavam desacreditados e com aquela mesma decepção de antes... - Ele está brincando com a gente! – Falou diretamente comigo querendo mostrar-me o que eu queria acreditar.

— Eu não acho isso... – Mary Margaret estava determinada, indo em direção a algumas árvores. Ela sim estava acreditando naquilo com todas as suas forças - Olhem são sinais de briga... Alguém com certeza estava resistindo... – Ela disse apontando para rastros no chão e algumas plantas ao redor. Ela queria que eu acreditasse.

— E como sabemos se era mesmo o Neal? – Eu estava confusa.

— Alguém estava lutando por sua vida Emma, é obvio que era ele! – Mary estava mesmo crente daquilo. Sua verdade era tão absoluta, que eu também já estava começando a acreditar.

— Você vai mesmo acreditar nisso? – Regina séria, olhando diretamente para mim, seus olhos semicerrados pareciam me testar, quereim me ver por dentro. Me pedindo para ficar ao seu lado. Mas eu não consegui responder, eu estava confusa. Eu não o queria vivo, mas se ele estava eu precisava resgata-lo, era o certo a se fazer. - Ótimo! – Seus olhos ainda mais decepcionados. - Quer seguir a estrada em resgate de mais um de seus amores? Fique à vontade... – Ela deu as costas para mim pela milésima vez em menos de duas horas... Diferente da outra hora, dessa vez eu senti, que mesmo que eu pedisse ela não ficaria.

— Espera... Aonde vai? – Senti meu coração se apertar, eu tinha acabado de conseguir faze-la ficar, não era possível ela está partindo de novo.

— Salvar nosso filho, Emma... – Ela se virou com os olhos tristes, mas suas palavras foram ditas com força. Ele era mesmo nosso, mas saber que ela... a Regina havia finalmente aceitado aquilo, me fez querer ainda mais que Neal não estivesse vivo... Eu não podia perde-la, não naquele momento onde ela havia me aceitado. Porque foi exatamente isso que senti, me senti feliz por Regina ter me aceitado. Não achei que algo parecido pudesse me fazer tão bem. Mas mesmo assim eu me sentia triste... triste porque ela queria partir.

— Mas... nós precisamos ficar juntas... – Eu tentei argumentar, não sabia bem o que dizer, apenas a olhei pedindo com todas as minhas forças que não partisse.

— Não! Não precisamos! – Regina disse junto com uma risada nervosa. – Você pode estar preparada para arriscar a vida dele pela grande missão de salvar mais um idiota apaixonado. – Sua voz em nenhum momento falhou, era firme, fria, e até um pouco raivosa. Mas seus olhos... tão intensamente tristes e decepcionados, que me davam vontade de chorar. - Mas eu não estou disposta a isso, Emma. Não aguento mais ver você resolvendo seus problemas amorosos enquanto o nosso filho se torna um menino perdido... Eu estou cansada de ficar aqui apenas esperando... – Ela disse por fim dando as costas e indo para sabe-se lá onde.

— E se ela estiver certa? – Eu perguntei de imediato para Mary. Eu queria mais que tudo que ela estivesse certa. - Pan pode ter mentido...

— Só porque parece ser bom demais, não significa que não seja. – Mary me disse com um sorriso sincero nos lábios. - Não desista, você deve isso ao Henry também... – Ela sorriu mais uma vez tentando me passar toda a confiança do mundo. Sempre tão otimista, que às vezes me dava nervoso.

Regina realmente partiu. Deixando em mim um vazio do qual eu não estava entendendo muito bem. Alguma coisa em mim estava ligada a ela e sem ela por perto eu não me sentia completa, faltava um pedaço meu. Talvez fosse apenas a falta de Henry falando mais alto dentro de mim...

Sem a outra mãe de meu filho, resgatamos Neal, que estava realmente vivo. Fazendo-me sentir ainda mais vazia. Estranho eu sei, mas era como se... agora que ele estava de volta, minha felicidade parecia estar ainda mais longe. De uma maneira completamente esquisita eu sentia como se tivesse feito uma troca. Regina por Neal. E de verdade eu não estava nada satisfeita com aquilo.

Não sei o que era pior, Neal e Hook me disputando como dois cachorros brigando por um osso, ou aquele lugar horrível que era chamado de “buraco negro”. E para ficar ainda pior, tínhamos que acender uma vela dentro de um coco – do qual tínhamos achado que era um mapa, mas não era – em um lugar onde ventava mais do que no topo daquela ilha. Só com a vela acesa conseguiríamos capturar a sombra do Peter Pan, porque só assim iriamos sair daquela ilha quando estivéssemos com Henry. Era nossa única chance de fuga.

Em meio a mais uma briga entre Neal e Hook, onde disputavam o isqueiro que iria acender a vela, o isqueiro voou para longe... As sombras vieram... e tudo aconteceu rápido demais... Eu apenas peguei o coco e me abaixei, enquanto os dois, cada um de um lado, tinha sua sombra arrancada do dentro si. Eles gritavam de dor, eu tinha que fazer alguma coisa, eu tinha que ajuda-los, mas o que eu poderia fazer? Não daria tempo de salvar os dois, eu teria que escolher...

Em meio a todo meu desespero eu ouvi Regina falar em minha mente. "Foco" "Concentre-se"... Era isso que eu precisava. Era como tê-la perto de mim... Ali ao meu lado, me ajudando com aquilo... Eu não tinha mais que escolher quem salvar, Regina seria a minha escolha naquele momento, era ela quem salvaria os dois. Abri o coco e me concentrei. Não foquei na raiva como ela havia me ensinado, apenas pensei em Regina, pensei em como era estar ao lado dela. Em como estranhamente eu me sentia segura, em como eu confiava nela, acreditava nela... Eu foquei em coisas boas, foquei nos sentimentos que haviam dentro de mim. Os sentimentos que nem eu sabia qual eram, mas sabia que existiam... Lembrei também da vez que ela tentou me colocar para dormir, aquelas sensações foram tão boas, que eu daria tudo para sentir de novo...

E com apenas um movimento de minha mão a vela se ascendeu. E a sombra de Peter Pan foi sugada pela chama. Com pressa eu tampei com a outra metade do coco a aprisionando, salvando também Neal e Hook, que caíram ao chão, ainda desnorteados.

— Como você fez isso? – Neal perguntou completamente sem folego, ainda ao chão.

— Regina... – Eu praticamente sussurrei apavorada com aquilo.

Eu estava estática, mais impressionada do que eles na verdade. Eu havia feito fogo, mas foi diferente. Porque da outra vez eu fiz com raiva, irritada com Regina por me pressionar daquela maneira. Mas ali, naquele momento... Eu fiz magia com os sentimentos bons... Com sentimentos que sinto por Regina... O grande problema é... Que sentimentos bons eram aqueles? Alguma coisa dentro de mim parecia querer me mostra-los a todo custo, mas a outra parte parecia querer me cegar, e ficava me dizendo o tempo todo “É apenas pelo Henry, pelo Henry!”

— Ela está te ensinando magia? – Neal perguntou ainda do mesmo jeito.

— É... eu acho que sim... – Eu já nem sabia mais o que eu estava dizendo, fazendo, sentindo...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aê, ficou muito cansativo? Ou vocês gostaram assim bem 'grande' hahahahaha
E a Emma em? Será que ela já está sacando que ama aquela mulher ou ainda falta muito?
Como será o reencontro delas?