Linha Tênue escrita por TAYAH


Capítulo 19
Me despedir - Regina


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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Eu quase senti meu coração parar de bater quando Henry surgiu, montado em um dos Unicórnios Alados que sobrevoavam minha sacada. Todos que estavam em meus aposentos – Snow, Red, Neal, Rumple, Azul e Tinker – incluindo eu, ficamos completamente chocados com aquela cena. Que foi particularmente linda e encantadora. Algo que nem mesmo eu já havia cogitado a hipótese em ver na vida.

Eu permaneci estática por um tempo. Primeiro assustada e com medo, medo dele se machucar, ou algo parecido. Mas depois que ele desceu com um sorriso lindo nos lábios, eu me senti tão bem e aliviada que até me esqueci de respirar.

Henry... o nosso filho havia conseguido, ele havia pegado as penas... era ele o responsável por salvar a vida de Emma. Era ele o responsável por recuperar a minha esperança de ter um final feliz.

Confesso que eu estava meio desnorteada. Talvez fosse a falta de sono, a falta de comer, ou a magia excessiva que eu havia feito depois de ter sido enfraquecida. Ou talvez fosse tudo isso e mais algumas coisas... Porque eu estava realmente me sentindo fraca, cansada, com os olhos inchados, a garganta arranhando, a cabeça latejando ao fundo e uma leve tontura quando minhas piscadas eram mais demoradas.

A Fada Azul pegou as penas com o Henry, se retirou dos meus aposentos, mas logo voltou junto com Charming, trazendo o antidoto para Emma, que permanecia imóvel apenas com seu peito subindo e descendo pela respiração.

— Tome, faça-a beber. – Azul disse dando-me o frasco com o liquido azul.

Levantei levemente a cabeça de Emma, encostei o pequeno frasco em seus lábios, com cuidado eu o derramei fazendo-a beber. Soltei sua cabeça calmamente esperando ansiosa que ela acordasse. Todos permaneciam calados, olhando atentamente os meus movimentos. Eu quase conseguia sentir a vibração de nervosismo de cada um presente no local.

Ficamos ali parados, olhando para ela, esperando qualquer reação que fosse, mas nada aconteceu. Nem mesmo um suspiro ou um dedinho se mexendo. Meu coração se apertou ainda mais que antes, aquele desespero sem tamanho querendo tomar conta do meu ser novamente. A vontade de chorar já estava presente e em breve ela transbordaria. Emma tinha que acordar, ela não podia nos deixar... me deixar...

— Por que... Porque ela não acordou? – Eu perguntei diretamente para a Fada Azul. – O que foi que você fez errado? – Eu disse em tom de acusação fazendo com que todos se virassem para ela.

— Deu errado? – Snow perguntou meio perdida.

— Não. – Azul disse com uma calma irritante. – Olhe para ela... – Todos nós olhamos imediatamente.

Emma parecia uma criança ao acordar ainda sonolenta. Molhou os lábios com a língua, tentou abrir os olhos algumas vezes, mas não conseguiu de imediato, como se a pouca luz do meu quarto a incomodasse. Respirou fundo uma única vez, bocejou dando um meio sorriso no final, como se tivesse tido um bom sono. Entreabriu os olhos com dificuldade, tentando olhar para algum lugar, mas seus olhos pareciam perdidos.

— Está frio hoje... – Emma resmungou fazendo-me sorri, tive que me segurar para não chorar. – Eu vou... – Ele fechou os olhos e molhou os lábios outra vez antes de prosseguir– Eu vou dormir só mais um pouco... – Ela soltou o ar com força, como se tivesse muito cansada.

— Não... Não dorme de novo. – Eu disse assustada pegando em seu braço, mas ela apenas deu um meio sorriso de olhos fechados. Aquilo me deixou com medo, muito medo dela nunca mais acordar.

— Ela está bem. – Azul disse ainda com aquela calma irritante. – Deixe-a dormir. O antidoto fez efeito, mas ela precisa descansar agora. Talvez ainda tenha febre e até alguns delírios, mas é apenas o efeito colateral do veneno. – Ela falava olhando apenas para Snow e eu. – Em um ou dois dias, ela estará totalmente perfeita, como se nada tivesse acontecido. – Ela sorriu para Snow, mas apenas para ela.

— Mas ela... – Snow começou a falar, mas fez uma pausa antes de prosseguir. – Mas ela pode ser transportada?

— Transportada? – Eu perguntei assustada sem entender.

— Sim Regina. – Snow disse diretamente para mim. – Eu agradeço tudo que você fez pela minha filha, mas quero leva-la para casa. Sua divida por ela ter salvado sua vida, já foi devidamente paga. – Ela dizia como se eu tivesse feito tudo por obrigação. Fazendo-me sentir realmente ofendida. - Todos nós somos muito gratos pela sua ajuda, mas agora Charming e eu vamos cuidar dela. – Eu fiquei sem saber o que dizer, eu realmente não esperava por aquilo. Eu não queria que Emma partisse. – Então Azul, nós podemos leva-la? – Ela perguntou para a Fada, que apenas afirmou com a cabeça.

— Mas... não acha... que... – Eu não sabia o que deveria dizer, ou fazer. A única coisa que eu sabia é que eu não queria ficar longe de Emma, que eu mesma queria cuidar dela. – Não acha que deveria esperar... até ela acordar? – Eu perguntei a Snow tentando manter minha respiração regular, fiquei realmente nervosa com a possibilidade de ela sair de perto de mim.

— Não precisa se preocupar mais Regina. – Charming quem respondeu. – Nós vamos leva-la para casa, tudo que você fez já foi o bastante. Estamos realmente agradecidos. – Ele disse com um sorriso amarelo, o que fez meu coração palpitar de raiva. Eu não queria deixar Emma partir.

Eu fiquei calada, eu não tinha como argumentar, não tinha como dizer que eu queria cuida dela, eu não tinha direito sobre Emma, ou autoridade para exigir que ela ficasse. Eu era apenas a Regina... nada mais que uma vilã tentando se redimir... nada mais que alguém indiferente para todos eles. Alguém que provavelmente não era a pessoa ideal para ficar ao lado da princesinha amada.

Permaneci em total silêncio, sentada ao lado de Emma, olhando em um ponto fixo, tentando achar forças, tentando achar um jeito de lidar com aquela situação. Mesmo que não houvesse algo de fato, para o meu coração já era o suficiente. Ele gritava por Emma, exigia por ela, e exigia que eu nunca mais saísse de perto dela.

Todos falavam irritantemente, tentando resolver como levariam Emma para o castelo dos Charmings, falavam sem parar, o que me dava ainda mais dor de cabeça. Eu queria que todos eles desaparecessem, que evaporassem da minha frente, e me deixassem apenas com Emma e Henry. Nem mesmo Tinker eu queria ali naquele momento, eu só queria poder estar junto com as pessoas que realmente me importavam.

— Mãe... – Henry disse baixinho ao sentar a minha frente, enquanto os outros ainda decidiam como levar Emma para o castelo. – Você está bem? – Ele perguntou atencioso ao pegar em minha mão. Respirei fundo antes de responder.

— Não... – Eu pensei em mentir, mas mentiras não eram mais precisas, não com meu filho. – Mas eu vou ficar querido. – Eu tentei sorrir para ele, que sorriu de um jeito reconfortante para mim.

— Eu vou ficar aqui com você está bem? – Henry ainda falava baixinho, como se não quisesse que ninguém ouvisse. – Eu vou te fazer companhia até ela voltar – Ele disse se referindo a Emma. Meu filho estava tão diferente, tão mais maduro e amoroso comigo.

— Não filho... Ela não vai voltar. – Eu disse me segurando para não chorar. – Agora ela vai viver no castelo com seus avós... e vai ter um lindo final feliz lá. – Eu disse meio debochada querendo me convencer que ela jamais ficaria comigo. – Ela vai ter a vida dela e eu vou ter a minha aqui... sozinha... – Eu comecei a falar mais para mim do que para ele. Eu não conseguia acreditar que nem mesmo depois de ter sido despertada com um beijo de amor verdadeiro, que Emma realmente fiaria ao meu lado, como meu real final feliz... Talvez o beijo fosse pelo Henry e não por mim.

— Não mãe... – Com calma e com um sorriso de canto, ele ficou balançando a cabeça negativamente. – Você sabe que está errada... – Ele pareceu pensar antes de continuar. – Você pode até tentar se enganar... Mas sabe... sente... e quer que não seja como está pensando... – Suas palavras me acalmavam e me faziam ter fé. – Eu vou ficar aqui com você, vou te fazer companhia enquanto eles cuidam da minha mãe... Porque eu sei, que quando ela acordar, ela vai vir até a gente. – Ele sorriu para mim confiante.

— Obrigada por tudo meu filho... – Eu passei a mão em seu rosto, não sabia muito bem o que responder a ele. – Obrigada por ser tão especial. – Eu sorri ainda tentando não chorar por um milhão de motivos e o abracei em seguida.

— Já está tudo pronto Regina. – Eu ouvi Snow falar assim que eu me separei do abraço com Henry. – Rumple vai teletransportar Emma e eu para o castelo.

— E qual foi o preço que ele pediu por isso, querida? – Eu perguntei com um leve deboche para Snow.

— Digamos que... – Rumple disse sorrindo ironicamente antes de continuar. – Seja um investimento. – Seu sorriso sarcástico era como se tentasse me mostrar alguma coisa.

— Tudo tem um preço para você Rumple... – Eu disse já desconfiada. – Mas seja como for, saiam logo daqui. – Eu levantei sem ao menos olhar para Emma mais uma vez, eu não queria me despedir.

Caminhei até a sacada para observar a noite fria que me esperava pela frente

Eles ainda falavam, decidindo coisas e descartando outras. Aquele falatório em eu quarto estava me deixando cada vez mais irritada. E além de me tirarem a paciência, também iriam me tirar uma das únicas coisas que realmente me importava na vida

Mas eu tinha que ser forte e me manter aparentemente bem, eles não tinham que saber que eu estava despedaçada por dentro e nem que eu queria Emma para sempre ao meu lado.

— Então eu vou com Rumple e Emma, Red vai na frente para logo nos encontrar lá e os outros vão a cavalo. Amanhã alguém vem buscar os outros cavalos que ficarem. – Eu ouvia Snow repassando aquilo pela milésima vez, até um jumento já teria entendido. – Henry querido... você pode ir com o Charming, ou com o Neal... – Ela o incluiu separadamente pela primeira vez.

— Não Mary Margaret... – Ele disse com naturalidade. – Eu não vou com vocês... vou ficar com minha mãe aqui. – Eu sorri ainda de costas para eles, feliz por tê-lo ao meu lado.

— Vai? – Snow perguntou confusa. – Mas querido... – Ela ficou sem saber o que dizer e Henry logo voltou a falar.

— Eu sei que Emma vai ficar bem, eu tenho certeza que em menos de dois dias ela já vai estar de pé outra vez. – Ele dizia confiante o que fez todos pararem de falar e prestar atenção apenas nele. – Então eu vou ficar aqui com a minha mãe... – Ele fez uma pequena pausa. - Eu estou com saudades dela. – Eu sorri mais uma vez ainda de costas para eles, apenas ouvindo a conversa.

— Mas Henry, sua mãe... Emma... vai querer ver você quando acordar, ela vai querer que você esteja ao lado dela... – Snow falava com cuidado. – Não acha melhor ir para a nossa casa com a gente... E depois... depois você visita a Regina... – Ela falava como se o meu castelo não fosse nada, como se meu lar não fosse dele, parecia até que eu não era mãe dele. Aquilo fez com que eu perdesse a concentração que eu estava fazendo para ficar calada.

— Querida... – Eu disse ironicamente ao me virar para ela, fazendo todos olharem para mim. – Henry ainda é meu filho, nesse mundo e em qualquer outro mundo ele será sempre meu filho... Esse castelo aqui também é dele, então não fale como se aqui não fosse o lar dele, porque é... Você pode ter me tirado muitas coisas na vida, mas isso, o meu filho você não vai tirar de mim. – Confesso que tentei não ser rude, mas foi difícil não aumentar o tom de voz e não olhar para ela como se fosse um verme.

— Não Regina eu não quis dizer isso... – Snow disse sem jeito.

— Mas foi exatamente o que disse. - Eu disse ao colocar uma de minhas mãos em minha cintura. - Se Henry quer ficar comigo, ele vai ficar... Isso você nunca vai poder tirar de mim. – Eu estava me esforçando para me manter realmente firme, porque por dentro eu era o desespero em pessoa. Eu realmente queria eles fora o mais rápido possível. – Então, se já resolveram tudo, saiam logo daqui. – Eu disse ao dar as costas para eles e voltar a mirar o céu negro e estrelado.

Não sei se eles demoraram tanto quanto eu achei ou era apenas minha ansiedade para eles partirem. Mas depois de finalmente terem ido embora e levado Emma com eles, eu me senti ainda pior. Fraca, com dor em todo o corpo... e triste, muito triste. Como se tivessem levado meu coração junto a eles. Meu sofrimento só não era maior, porque meu filho havia ficado, porque me filho realmente havia escolhido ficar comigo, ao meu lado.

Ainda parada olhando pela sacada, Henry surgiu de um lado e Tinker do outro, ambos se juntaram a mim, mas não falaram nada de imediato. Apenas ficaram olhando para o céu como eu já estava fazendo há um tempo. Era bom saber que eu não estava sozinha, era reconfortante ver que mesmo sentindo-me triste eu ainda tinha pessoas ao meu lado que poderiam me distrair, e fazer com que eu me sentisse amada.

— Eu estou com medo Regina... – Tinker disse baixinho ainda mirando o céu.

— Medo de que? – Foi Henry quem perguntou curioso olhando para ela, assim como eu também.

— Eu sinto algo grande e poderoso vindo. – Tinker disse ao virar a cabeça para nos olhar, sua expressão era séria e até um pouco receosa. – Minha intuição de Fada... ela diz que temos que nos preparar... nos preparar para um grande luta.


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Notas finais do capítulo

Podem falar.... ficou ruim né? ):
Mas espero que o próximo recompense esse.



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