Linha Tênue escrita por TAYAH


Capítulo 18
Única chance - Henry


Notas iniciais do capítulo

Espero que não tenha demorado tanto assim. E que vocês ainda estejam ai ansiosos por mais...

Esse capítulo é especialmente narrado pelo Henry, e espero que vocês não me odeiem por isso, e que até gostem, como eu gostei. Confesso que achei que ficaria um capítulo pequeno, mas até que consegui desenvolver bastante.

Por favor, me digam tudo e não me escondam nada, porque eu realmente fiquei achando que vocês não curtiram muito o último capítulo e estou com certo receio de não gostarem desse.

Boa leitura!



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Eu estava muito assustado com minha mãe Emma daquele jeito. Eu fiquei realmente apavorado com aquela flecha, com tanto sangue e com ela desacordada. Mas ver minha mãe Regina tão desesperada fazia com meus medos se duplicassem. Mas era também o que me dava ainda mais forças... forças em acreditar que tudo daria certo... forças para me mante firme e dar a minha mãe Regina o poio que ela precisava.

Quando a Fada Azul disse que seria eu a pessoa responsável por arrumar a cura para a flecha com o veneno enfeitiçado, eu tive toda a certeza do mundo, que ela ficaria bem. Eu senti a fé que precisava para parar de sentir aquelas coisas ruins. Eu ia conseguir, eu acreditava mais que tudo naquele mundo, que eu teria minha família unida, que eu finalmente teria minhas mães juntas ao meu lado.

— Eu? – Eu disse um pouco assustado. Mas não foi o medo que fez meu coração bater forte e sim a esperança de salvar minha mãe e ser um verdadeiro herói.

— Sim Henry. – Disse a Azul com um meio sorriso para mim. - Você é a única esperança de trazer Emma de volta a vida. Só você pode encontrar os Unicórnios Alados... – Ela me olhava e falava como se eu tivesse cinco anos de idade.

— Decimo quinto pôr do sol de cada mês... – Minha mãe Regina disse baixinho olhando para minha mãe Emma como se estivesse pensando, mas ela logo voltou seus olhos para a Fada Azul. – Esse dia seria amanhã? – Minha mãe completou ainda com a voz rouca.

— Exatamente. – Azul se limitou em dizer voltando seus olhos para mim.

— Então... Eu só tenho que esperar até amanhã... – Eu disse achando aquilo mais fácil do que a situação parecia ser. – Tenho que esperar até o pôr do sol... e só?

— Não é tão simples assim... – Azul voltou a dizer, mas agora olhava diretamente para minha mãe Regina. – Vocês terão que juntar o máximo de cavalos que puderem. Junta-los em um lugar aberto e deixar apenas Henry no local. O tempo será curto e as chances são mínimas... E se nenhum de nossos cavalos for um Unicórnio Alado... - Ela olhou rapidamente para mim, mas voltou a olhar para minha mãe. – Se falharmos... Emma não vai sobreviver até o próximo mês... – Eu senti minha mãe prender a respiração ao fim da frase da Fada Azul, o que me fez segurar em sua mão, fazendo-a me olhar com os olhos apavorados. Eu nunca a tinha visto daquele jeito.

— Vai dar tudo certo mãe. – Eu disse ainda segurando em sua mão e olhando em seus olhos. – Não precisa mais ter medo. – Eu disse confiante. – Eu vou conseguir isso... vou trazê-la de volta para gente... – Eu olhei para minha mãe Emma desacordada, mas logo voltei para minha outra mãe. – Nós vamos ser uma família. – Eu disse baixinho, mas provavelmente todos ouviram. O que fez minha mãe Regina sorrir, entre algumas lagrimas que desceram junto com minha ultima frase.

— Meu pequeno príncipe. – Ela disse ao acariciar meu rosto e sorrir com amor.

— Bem... eu acho que posso ajudar com isso... – Sr. Gold disse tirando a atenção de todos. – Eu conheço uma magia, para localizar Unicórnios Alados. – Ele dizia também olhando para minha mãe Regina, como se eu não fosse importante para aquilo. – Uma magia que até então sempre achei que nunca dava certo, pelas vezes que tentei e falhei. Mas agora sabendo que apenas aquele que possui o coração de um verdadeiro crédulo pode encontra-los... – Ele olhou rapidamente para mim, mas voltou a olhar para Regina. – Acho que Henry pode tentar.

— Não calma. – Minha mãe disse receosa. – Henry teria que usar magia?

— Isso mesmo querida. – Sr. Gold respondeu com naturalidade, aquilo me deixou ainda mais ansioso. – A família inteira usa... - Ele disse um pouco sarcástico ao olhar apenas nós três na cama.

— Não... – Minha mãe Regina estava com medo. – Ele é apenas um menino. Tem que haver outro jeito. – Seus olhos suplicavam para Sr. Gold ter outra saída.

— Mãe... – Eu apertei sua mão que ainda segurava. – Eu não sou mais uma criança, eu já tenho doze anos... E eu posso fazer isso... eu vou fazer! Eu sou nossa única chance... Agora é a sua vez de confiar em mim. – Eu tentei passar toda a fé que eu tinha para ela.

— Pode ser perigoso Henry... Toda magia vem com um preço e eu não quero que você pague por ela. – Ela tinha os olhos tristes e preocupados.

— Mas às vezes não usá-la também pode vir com um preço... – Falei ainda firme e acreditando mais que tudo que eu seria o salvador de nossa família. Já minha mãe Regina soltou uma risada estranha.

— Eu disse isso para Emma uma vez... quando estávamos em Neverland procurando por você... – Minha mãe Regina disse olhando para minha mãe Emma do mesmo jeito que ela costumava olhava para mim.

— Regina? – Sr. Gold chamou sua atenção. – Não temos muito tempo, temos que preparar as coisas. – Ele fez uma pequena pausa. – Você quer salva-la não quer? – Ele disse de um jeito rude.

— É claro que quero! – Elevou seu tom como se não acreditasse naquela pergunta.

— Então deixe Henry fazer o que tem que ser feito. – Sr. Gold falou como se fosse o dono da verdade. - É uma magia complicada, mas nada muito forte. Eu vou ensinar tudo a ele, com cuidado e atenção. – Sr. Gold falava de um jeito diferente também, era como se realmente se importasse comigo. – Ele também é minha família, Henry é meu neto e eu só desejo o melhor para ele.

— Eles estão chegando. – Sidney disse através do espelho fazendo todos olharmos para ele, como havíamos feito antes. Aquilo era um tanto engraçado. – Os Charmings estão chegando.

— Vá recebê-los Tinker. – Minha mãe Regina pediu para a Fada, que se retirou as pressas sem dizer nada.

— Eu preciso de ajuda com alguns ingredientes que provavelmente você não tem Regina... – Ele olhou para Azul em seguida. – Você poderia me ajudar com isso?

— Claro. – Fada Azul respondeu simpática como sempre.

— E eu? O que eu faço? – Eu queria ajudar também.

— Por enquanto... – Sr. Gold fez uma pequena pausa ao olhar para mim, e minhas mães. – Por enquanto querido... Fique com sua família. – Ele deu um meio sorriso.

Sr. Gold logo se foi com a Fada Azul, deixando apenas nós três naquele quarto.

Algumas coisas em minha cabeça estavam bem confusas para falar a verdade. Mas sempre que eu me sentia assim, como se nada tivesse mais saída. Eu olhava ao redor e via quanto amor me rodeava e acreditava que aquilo era a coisa mais forte do mundo. Que o amor poderia vencer qualquer obstáculo e que poderia ser suficiente para toda uma vida.

Toda a minha família era mais que especial, do meu bisavô aos meus pais. Cada um era único e encantado da sua maneira... Mas minhas mães, Emma e Regina, eram como... meu maior sonho. Nada melhor para mim, do que ter ao meu lado as pessoas que mais amava no mundo. Nada mais prazeroso do que vê-las felizes.

E eu confesso que não fiquei surpreso com o beijo de amor verdadeiro que minha mãe Emma havia dado para acordar minha mãe Regina. Eu de fato nunca tinha pensado naquilo, nem mesmo cogitado aquela opção, mas no instante em que aconteceu, foi como se eu sempre soubesse e que aquilo já existia desde antes de eu nascer... Era como se o destino tivesse pensado em cada detalhe, sem errar em nenhum momento.

O silencio permaneceu de maneira agradável e reconfortante por alguns minutos, até meus avós e outras pessoas surgirem no quarto. Todos eles desesperados e assustados.

— Emma?... Como ela está? – Minha vó Mary Margaret disse a frente já correndo em nossa direção. – O que aconteceu com ela? – Ela dizia da mesma maneira desesperada que minha mãe Regina. Aquilo me dava uma certa angustia.

— Foi envenenada. – Minha mãe Regina disse apreensiva sem tirar os olhos de minha outra mãe.

O desespero de todos ficou ainda maior. Todos falando ao mesmo tempo, todos querendo saber exatamente o que aconteceu. Até que eu consegui fazer com eles se acalmassem e contei o que tinha que ser feito. Foi difícil faze-los se aquietarem, mas confesso que fiquei orgulhoso de mim, por conseguir aquilo. Era bom não tê-los me olhando como uma criança idiota e sim como um possível herói.

Aos poucos as pessoas foram deixando o quarto novamente, naquele momento éramos apenas eu, minhas mães e meus avós Charmings lá dentro.

— Eu não vi como foi... – Minha avó começou a dizer depois de alguns minutos em silêncio. – A bolha de proteção que Emma fez não deixava que nós víssemos direito o que estava acontecendo lá dentro. – Ela olhava diretamente para minha mãe Regina, que parecia não saber muito bem como perguntar o que tinha em mente. – Como que você acordou Regina? Como que todos nós voltamos a lembrar de tudo?

— E-eu... – Eu vi que minha mãe Regina foi pega completamente de surpresa. Eu não fazia ideia se ambas as minhas mães já sabiam de seus sentimentos. E mesmo eu amando minha avó eu não sei se aquele era o momento certo de se dizer alguma coisa.

— Fui eu. – Eu disse com pressa antes que minha mãe falasse alguma besteira. – Eu beijei a testa dela... Foi o meu beijo de amor verdadeiro que a fez acordar... – Eu tinha que ser convincente. – E com isso... todos vocês tiveram suas memórias de volta... Fui eu quem quebrou completamente essa maldição. – Meus avós me olhavam com atenção, eu soube que eles estavam acreditando em mim. Já minha mãe Regina, me olhava daquele jeito estranho, como se sentisse orgulho, mas ao mesmo tempo não entendesse o que aquilo significava.

Meus avós se retiraram depois de um tempo, deixando nós três sozinhos novamente. A intenção era que nós dormíssemos, mas eu sabia que nem eu nem minha mãe Regina conseguiríamos descansar.

— Porque você mentiu para eles? – Regina perguntou um pouco receosa depois de um tempo, quando eu estava parado olhando por sua sacada.

— Não era o momento certo. – Eu disse ao olhar para ela que não havia saído em nenhum momento do lado de minha mãe Emma. – Acho que isso é algo que vocês duas tem que contar a eles. – Confesso que estava falando com toda a cautela do mundo. Porque se elas ainda não sabiam ao certo o que aquilo era, eu não queria assusta minha mãe Regina e eu sabia que quando se tratava de amor, ela sempre reagia de uma forma estranha. – Não sei qual seria a reação dos meus avós... E muitas coisas já aconteceram hoje, o melhor a se fazer era deixar essa informação para depois. – Eu desencostei da sacada e fui em direção as minhas mães.

— Você é mesmo meu príncipe. – Ela sorriu com aquela cara inchada de tanto chorar, mas foi um sorriso sincero e cheio de amor. – Eu não seria nada sem você. – Ela disse assim que me sentei do outro lado de minha mãe Emma. – Eu não quero nunca mais te perder Henry... Eu senti muito a sua falta, mesmo sem saber que você. – Ela disse ao pegar em minha mão e deixar uma lagrima escapar.

— Não fique achando que sentiu sozinha... Nós também sentimos. – Eu disse com um meio sorriso, na verdade eu queria era saber mais sobre o sentimento de ambas, mas sem pressionar para não assustar.

— Vocês? – Minha mãe perguntou com um meio sorriso como se me desafiasse a contar mais.

— É... – Eu pensei antes de falar, não queria mesmo assustar ela. – Tanto eu quanto Emma, tínhamos aqueles sonhos... – Eu fiz uma careta ao lembrar a dor que eles causavam. – Você sabe... – Ela afirmou com a cabeça. – Mas agora já estamos todos aqui... e logo vamos ser nós três de verdade, com minha mãe acordada. – Eu olhei para Emma e logo peguei em sua mão, fiz uma pausa observando-a, mas logo voltei a olhar para minha outra mãe. – Você está aqui há horas, daqui a pouco Sr. Gold vem me buscar para me ensinar a tal magia e eu vou ter que me preparar para o pôr do sol... – Eu sabia que ela iria resistir a minha proposta, mas mesmo assim eu fiz. – Porque não toma um banho, pelo menos para relaxar um pouco? Eu fico aqui com ela, juro que não saio de perto dela. – Eu disse com calma, querendo realmente que minha mãe descansasse.

— Henry querido... quem tem que descansar aqui é você. Eu não vou sair daqui, eu não vou para lugar nenhum. – Eu sabia que ela resistiria.

— Mãe... Por mim, pela Emma... só um banho, para pelo menos tirar essas roupas... Depois você deita aqui do lado, são só alguns minutos de descanso para você. – Eu insisti, mas ela dizia que não com a cabeça.

— Não vou sair daqui Henry. – Falou com calma. – Mas posso trocar de roupa se isso está te incomodando. – Ela logo se cobriu completamente com aquela fumaça roxa, trocando suas roupas por pijamas e ficando com a aparência de limpa. – Pronto, estou com roupas de dormir e limpa, agora é a sua vez de entrar naquele banheiro e tomar um banho. – Pronto, ela ia usar sua autoridade de mãe.

— Não quero sair daqui também. – Eu disse como um desafio.

— Vai sim... – Falou mesmo jeito que eu, mas logo se virou para o espelho. – Sidney? – Meus olhos logo voaram para o grande espelho, que logo surgiu a figura do antigo jornalista da cidade.

— Sim majestade. – Ele disse de maneira estranha, como se ela fosse superior a todos.

— Peça para Tinker arrumar roupas para Henry e mande alguém vir preparar um banho para meu filho aqui em meu quarto.

Depois do meu banho obrigado, eu me juntei as minhas mães naquela enorme cama. Eu sabia que não iria dormir e eu sabia que minha mãe Regina também não conseguiria. Então ficamos ali, apenas deitados, com minha mãe Emma entre a gente. Como se nada de ruim estivesse realmente acontecendo.

Se eu usasse a imaginação eu até poderia dizer, que elas estavam apenas dormindo, que eu apenas tinha tido um sonho ruim, que havia ido dormir na cama delas apenas por medo de ficar sozinho em meu quarto. Eu até poderia acreditar que aquele era o inicio dos nossos finais felizes... Na verdade eu já estava acreditando.

Quando o Sol estava nascendo Tinker me cutucou fazendo-me despertar de um cochilo. Eu nem ao menos tinha reparado que havia dormido. Me sentei um pouco assustado olhando para minhas mães ao meu lado.

— Regina está dormindo. – Tinker disse bem baixinho. – Deixe-a dormir mais um pouco... – Ela estendeu a mão para mim, para que eu descesse da cama. – Venha comigo, Sr. Gold está a sua espera.

No caminho para a sala que o Sr. Gold estava, encontrei varias pessoas. Todos ainda estavam por lá. Alguns dormindo outros conversando. Meus avós estavam sentados no salão principal, um ao lado do outro, de mãos dadas, tentando passar esperança um para o outro. Eles apenas sorriram para mim com amor nos olhos.

Algum dia quero ter um amor tão bonito quanto o deles dois...

Meu pai foi o único que pediu para ir comigo ao me encontrar pelo caminho. E juntos nós fomos até uma sala com cheiro ruim, cheia de coisas para fazer magia. Lá meu avô Gold começou a me explicar como tudo funcionaria. Era uma poção que ele havia feito. Eu teria que joga-la em mim no momento em que o sol começasse a se pôr. Daquele jeito os Unicórnios Alados que estivessem próximos, seriam atraídos para mim. Era exatamente aquilo, uma magia de atração, que faria com que eles fossem levados diretamente para uma luz que sairia do meu coração.

O resto do dia passou tão lentamente, que achei que o pôr do sol nunca mais fosse chegar. Eu não voltei ao quarto desde o momento em que Tinker tinha ido me chamar, passei o dia recebendo recomendações e me preparando para o momento esperado.

Quando finalmente a hora chegou eu subi correndo para ver minhas mães. Ao entrar no quarto, minha mãe Regina estava sentada ao lado de minha mãe Emma, com meus avós Charmings em pé próximos a cama.

— Está na hora. – Eu disse ainda próximo a porta. – Eu vim apenas dizer... Até logo. – Eu disse ao me aproximar deles.

— Eu estou com medo, Henry... – Regina disse ao pegar em minha mão, assim que eu me aproximei.

— Eu vou conseguir mãe, não precisa ficar com medo. – Eu sorri confiante.

— Não estou com medo de você não conseguir, estou com medo de alguma coisa acontecer com você... – Ela pegou em meu queixo, dando-me um sorriso meio triste. – Eu não aguento mais perder as cosias que amo, e estou apavorada com a possibilidade de alguma coisa de ruim lhe acontecer meu príncipe. – Eu conseguia sentir o medo em sua voz, que ainda estava rouca pelo choro excessivo.

— Vai dar tudo certo Regina. – Minha vó disse para ela como se lhe a confortasse, eu gostava daquilo, de como mesmo depois de tudo, elas pareciam poder viver em paz. – Acredite que ele vai voltar para você, apenas acredite que tudo vai ficar bem. – Diferente de todas as vezes, minha mãe Regina não torceu o nariz ou fez cara feio para o otimismo de minha avó, ela simplesmente deu um meio sorriso como lhe agradecesse por aquilo. - Acredite nele, como eu acreditei em Emma.

— Eu tenho que ir. – Eu disse diretamente para minha mãe Regina. – David vai me acompanhar até próximo ao lugar onde os cavalos estão. – Eu disse ao me virar para meu avô. – E ele prometeu me esperar o mais perto possível. Assim que eu pegar as penas eu volto correndo para cá. – Eu queria que ela ficasse tranquila.

— Eu vou com ele Regina e vou trazê-lo de volta. – Meu avô David falou confiante – Snow vai ficar aqui com você, para lhe ajudar caso a febre de Emma volte a piorar, mas acho que não vamos demorar.

— Tudo bem, eu só quero que Henry fique seguro. – Minha mãe disse ainda segurando em minha mão. – Até logo, querido. – Ela sorriu para mim e se levantou por alguns segundos para beijar minha testa. – Tenha cuidado.

— Eu volto já mãe, não se preocupe. – Eu sorri.

Foi exatamente como eu havia planejado com meu avô David. Fomos cavalgando juntos no único cavalo que ficou, e em um certo ponto, ele desceu e eu prossegui sozinho, até o lugar onde colocaram todos os cavalos possíveis e impossíveis. Eu nunca tinha visto tanto deles juntos em um só lugar.

Confesso que estava nervoso, mas não com medo, apenas ansioso para conhecer os Unicórnios Alados.

Desci daquele cavalo e caminhei até o centro do campo. Retirei o pequeno frasco do bolso e o abri com cuidado. Olhei para o horizonte e esperei o sol tocar a terra. No instante tão esperado eu joguei o liquido em minha cabeça já desejando mais que tudo que os dois Unicórnios Alados estivessem ali. Como o Sr. Gold havia dito, magia se trata se sentimentos e eu já conseguia sentir o final feliz por todas as partes.

A magia estava dando certo, meu peito logo começou a brilhar em um dourado, como se meu coração estivesse explodindo em luz. Eu apenas fechei os olhos e abri os braços, pedindo ao sol que iluminasse-os até meu o brilho. Que trouxesse-os para mim. Para que eu pudesse ter minha família de volta, para que eu pudesse ser feliz.

Eu conseguia sentir a magia passar por todo o meu corpo, mesmo de olhos fechados eu conseguia perceber uma movimentação ao meu redor, eu queria olhar para ver se eles já estavam lá, mas preferi sentir ainda com mais força, preferir esperar para que minha fé naquilo fosse a mais forte de todo o mundo.

Não fiquei muito tempo daquele jeito, não chegou a ser nem mesmo um minuto inteiro. E como se o sol tivesse me ouvido eu senti uma coisa tocar em uma de minhas mãos e em seguida algo tocar a outra.

Com calma eu abaixei minhas mãos e abri os olhos. A minha frente tinham dois cavalos incrivelmente lindos e um deles era realmente inconfundível. Um era preto e o outro branco... Mas aquele branco... era ela, era a égua chamada Cinea que minha mãe Emma e eu, havíamos cavalgado para encontrar com minha mãe Regina no dia anterior. Confesso que me senti um pouco bobo por não perceber que Cinea poderia ser quem procurávamos, já que tanto minha mãe Emma quanto eu, tivemos uma ligação bem estranha com ela.

Ainda parado onde eu estava, ambos os cavalos rodaram em volta de mim como uma dança, e ao pararem, ambos a minha frente, suas assas e seus chifres surgiram como magia, em seguida fizeram uma espécie de reverencia em minha direção, como se me cumprimentassem, aquilo era encantador e parecia até ensaiado.

Eles eram incrivelmente lindos, e a luz do pôr do sol os deixavam ainda mais impressionantes, aquilo ali era realmente um conto de fadas, algo que nem mesmo em meus sonhos mais loucos eu imaginei ver em minha vida.

— Eu sou Henry... – Eu comecei a falar com eles, como a Fada Azul havia dito para fazer. – Você se lembra de mim, Ciena? – Eu perguntei diretamente para ela que relinchou como se dissesse ‘sim’, após eu acariciar sua cabeça. – É eu também me lembro... Já você... – Eu olhei para o Unicórnio Alado negro ao lado dela. – Eu não conheço... – Eu olhei para seu pescoço onde havia um grande pingente com um nome. – Ra... Raza-go... – Eu li com um pouco de dificuldade o que havia escrito. – Razago seu nome certo? – Eu disso sorrindo para ele, que relinchou do mesmo jeito que Ciena. – Eu estou aqui para pedir um favor... – Eu disse com calma, eu tinha que fazê-los deixar que eu tirasse suas penas, não poderia simplesmente arranca-las. – Minha mãe Emma... – Eu disse olhando para Ciena. – Você lembra dela não lembra? – Ela relinchou novamente. Era como se realmente entendesse tudo e me respondesse a cada pergunta, aquilo era fascinante. – Então... Minha mãe Emma foi envenenada... – Ciena dessa vez relinchou de uma maneira diferente, posso até dizer que em um tom triste. – E apenas vocês dois podem ajuda-la, apenas com uma pena de cada um de vocês pode salva-la. – Ambos os cavalos se olharam e relincharam juntos, como se trocassem palavras. – Por isso estou aqui, quero saber se posso pegar uma pena de cada um. – Eu ainda falava com calma, tudo tinha que ser feito sem pressa, se não as coisas poderiam sair do controle. – Por favor, Ciena... Por favor, Razago... A vida de minha mãe depende disso.

Foi Ciena quem relinchou primeiro se abaixando como uma reverencia novamente, naquele momento eu entendi que era uma autorização para pegar uma de suas penas completamente branca. Coloquei minha mão sobre sua cabeça e a acariciei, eu queria que ela entendesse que estava tudo bem. Fui passando a mão sobre seu pelo até chegar a sua asa, que era incrivelmente macia, tudo aquilo era realmente mágico. Com cautela eu retirei uma de suas penas e me afastei, o que a fez se levantar calmamente.

— Obrigado Ciena. – Eu sorri para ela que relinchou em troca.

Em seguida foi à vez de Razago. Ele fez o mesmo que Cinea, dando-me permissão para pegar uma de suas penas completamente negra. Eles eram igualmente lindos, mas totalmente opostos. E aquilo que fazia com que eles fossem tão perfeitos um ao lado do outro, era como se eles se completassem.

Com o mesmo cuidado eu retirei uma de suas penas segurando-a firmemente em minha mão junto com a outra. Eu não poderia perder aquilo de jeito nenhum, a vida da minha mãe Emma dependia daquilo.

— Obrigado aos dois. – Eu sorri para ambos que relincharam. – Mas agora eu tenho que ir, tenho que correr até o castelo. – Eu disse apontando para trás. – Eu sei que vou vê-los outra vez, então até mais. – Eu disse já dando passos para trás.

Quando eu me virei e comecei a andar rapidamente em direção ao castelo, Ciena se colocou a minha frente como se me impedisse de continuar. Confesso que me assustou um pouco, ainda mais quando Razago se colocou ao lado dela também me impedindo.

— O que? – Eu perguntei a eles que relincharam juntos. – Eu preciso ir, minha mãe está morrendo... – Eu falei com mais pressa do que deveria. – Por favor, me deixem passar. – Eu supliquei sentindo o choro em minha voz.

Ciena relinchou e tocou em minha barriga com seu focinho, como se quisesse que eu chegasse para trás, fazendo-me instintivamente fazer aquilo. Eu fiquei com um pouco de medo naquela hora. Mas ao ver que ela novamente se abaixou, mas daquela vez quase que completamente, eu perdi o medo, ficando completamente confuso.

Razago andou a minha volta, parando logo atrás de mim, meu coração batia forte, mas eu desejava e acreditava que tudo iria dar certo.

Fazendo-me levar um susto ele me empurrou na direção de Ciena que ainda estava abaixada, quase deitada ao chão. Foi naquele instante que eu entendi o que eles queriam.

— Você quer... quer que eu suba em você? – Eu perguntei apenas para confirmar. Ciena Relinchou e balançou a cabeça como se falasse ‘sim’. Razago por sua vez me empurrou impaciente. – Ok ok, eu subo! – Eu disse ao rir da impaciência dele.

Aquilo era mesmo como viver um sonho, um sonho magico e sem limites.

Eu subi com cuidado em Ciena, que logo ficou de pé e relinchou para mim. Fez suas enormes asas baterem, nos tirando do chão e voando em direção ao castelo.

Razago não saiu de perto dela um segundo se quer. Era como se eles fossem apenas um, mas divididos em dois. O jeito com que voavam ao céu, um ao lado do outro, sempre parecendo uma dança ensaiada. Confesso que foi muito melhor voar com eles do que com Pan em Neverland.

O momento mágico e incrível logo chegou ao fim. Ciena voou alto até a sacada do quarto de minha mãe Regina, fazendo todos que estavam lá dentro nos olharem como se fossemos fantasmas. Com cuidado eu pulei para dentro do quarto.

— Obrigado. – Eu disse para Razago e Ciena que ainda permaneciam próximos a sacada. – A gente se vê depois. – Eu sorri feliz, já eles relincharam em respostas e voaram para longe. De imediato eu me virei para todos que estavam no local, levantei as penas e sorri diretamente para minha mãe Regina que igualmente a todos, estava com os olhos arregalados e a boca entreaberta. – Eu consegui!


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Notas finais do capítulo

E aê? Ficou tão ruim assim? Foi chato? Cansativo? Irritante?

Eu particularmente achei legal, mas quero saber de vocês. Por favor, me falem o que acharam!



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