Linha Tênue escrita por TAYAH


Capítulo 14
Rota Sul, campo aberto, cavalo - Emma


Notas iniciais do capítulo

Eu nunca demorei tanto para escrever um capítulo dessa fic. hahahhaha De verdade, eu estava quase desistindo, não porque foi difícil ou algo parecido, mas sim porque esse final de ano foi super badalado. Toda vez que eu sentava para escrever, alguém me atrapalhava, ou eu tinha que sair, ou estava fazendo 100° no Rio de Janeiro hahahahahahahahaha Mas eu acabei - AMÉM!

Digamos que, eu amei demais esse capítulo, e espero que vocês o amem comigo! E até agora esse é o maior que eu já escrevi. Preciso me controlar. hahahhhahahah

Quero agradecer a todos que estão acompanhando. Vocês fazem toda a diferença nisso aqui, sem seus comentários e tudo mais, essa fic não existiria. OBRIGADA DE CORAÇÃO!

Um feliz ano novo para todos, que 2014 seja repleto de amor para todos nós!

Boa leitura!



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Aquele menino leu tanto contos de fadas na vida dele, que conseguiu criar toda uma história para gente. Eu era Anna Duck a salvadora dos finais felizes.

Henry disse que eu estava ali com ele - meu fiel aliado e filho - para salvar aquela família infeliz das garras da Rainha má. Que tínhamos viajado para a Floresta Encantada, especialmente para ajuda-los a acharem Emma - a filha perdida do Rei e da Rainha. Que esse era o meu destino e que eu havia nascido especialmente para aquele momento.

Mentir nunca foi algo que eu gostei de fazer, mas as vezes era para um bem maior. Precisávamos estar com eles. Eu tinha que proteger Henry e nada melhor do que a família para isso. Com lembranças ou sem, Mary Margaret e David ainda eram meus pais.

Não sei de fato se eles acreditaram naquela história, mas pelo menos tinham nos acolhido e ainda hospedaram a gente em um daqueles quartos de contos de fadas.

— Anna Duck? Duck, Henry? Duck? – Eu disse abismada assim que bati a porta daquele quarto gigantesco.

— Ah, mãe... – Ele se virou para mim, mas não parou de andar, dando passos para trás. - Foi o primeiro nome que me veio à cabeça. – Ele sorriu achando graça. Deu as costas e voltou a andar em direção a uma grande janela que ia do chão ao teto.

— Mas porque Duck, Henry? – Eu ainda não estava acreditando. – Não poderia ter mudando apenas Emma e deixado Swan? – Eu disse ainda parada próxima à porta com minhas mãos na cintura, olhando para ele que olhava pela janela admirando o local. – Saiba que você também agora terá que ser chamado de Henry Duck ok? – Ele me olhou de canto de olho com um sorriso irônico.

— Não mãe... Eu sou Henry, Henry Mills. – Ele disse achando graça. – A Duck aqui é você! – Ele disse rindo da cara que eu fiz.

Além de se divertir com meu nome, Henry estava completamente deslumbrado com tudo. Seus olhos brilhavam tanto, que qualquer um podia ver a sua felicidade. Para ele sem duvidas, deveria ser como entrar em seu antigo livro e poder fazer parte daquelas histórias que o fizeram tão feliz.

Confesso que não só ele, mas eu também estava bem animada, bastante confusa, mas feliz. Meu medo era não conseguir quebrar a maldição, não conseguir faze-los se lembrarem. Eu na verdade não fazia ideia por onde começar ou como.

Da outra vez, foi preciso acreditar que contos de fadas eram reais, que eu fazia parte daquilo, que eu era a Salvadora. E com um beijo de amor verdadeiro eu fiz todos eles recuperarem suas memórias.

Mas daquela vez era diferente, eu já acreditava, eu já sabia de tudo. Eu era sim filha de Snow White e Prince Charming. Regina era a Rainha má, na verdade não era mais, mas tinha sido um dia. E eu era sim a Salvadora. O único problema era, como que eu ia quebrar aquela maldição.

Eu me sentei próxima à janela, observando a linda paisagem, como Henry estava fazendo antes. Já ele mexia em tudo, como uma criança de cinco anos, que não conseguia ficar parado em um só lugar por mais de dois minutos. Até fazer a cama de pula-pula ele tinha feito.

Com meu olhar perdido no horizonte, me lembrando do encontro daquela tarde com Regina, eu me peguei pensando em como as coisas seriam se todos nós estivéssemos ficado lá em Storybrooke. Em como seriam nossas vidas... em como eu e Regina conviveríamos. Meus pensamentos estavam tão longe, em uma vida que jamais seria vivida, que levei um susto quando ouvi baterem na porta.

— Senhora Duck? – Ruby disse do lado de fora do quarto após bater na porta.

— Senhora Duck? – Eu disse apenas com os lábios para Henry, sem acreditar que estava mesmo sendo chamada daquele jeito. Que por sua vez colocou a mão na boca tentando prender o riso. – Você me paga Henry Mills! – Eu disse baixinho ao passar por ele que ainda tentava não rir. Eu me recompus antes de abrir a porta para Ruby.

— Desculpa incomodar vocês. – Ela me olhava de um jeito estranha, meio confusa, como se mil pensamentos passassem em sua cabeça. – Mas Snow está te chamando até os aposentos reais. – Seu olhar confuso me analisava, como se tentasse buscar algo em sua mente.

— Mais passeios pelo castelo? – Henry disse animado já se colocando ao meu lado.

— Na verdade ela está chamando apenas a Senhora Duck. – Ruby disse com sutileza, tentando não ofende-lo. – Mas eu posso te levar para dar uma volta enquanto o jantar não fica pronto. – Ela disse diretamente para ele, mas me olhando no final. – Tem problema eu mostrar algumas coisas para ele Senhora Duck?

— O único problema é você me chamando assim. – Eu sorri tentando mostrar que era uma piada. – Me chama de Anna, por favor.

— Então mãe – Henry sorriu irônico para mim. - Vai lá falar com a Rainha Snow, que a Red vai me mostrar onde eu posso me divertir. – Red? Além de perder a memória, ela também perdeu o nome?

Um guarda que me levou até os aposentos reais. Não ficava tão distante do meu quarto, mas eu sem duvidas teria me perdido se não tivesse ajuda.

Aquele castelo estava completamente diferente da ultima vez que estive nele. Quando eu e Mary Margaret ficamos presas na floresta, tudo estava destruído, o castelo estava em ruinas. Mas desta vez não tinha nada fora do lugar, todos os cômodos em perfeito estado, como se a magia tivesse refeito cada pedacinho dele.

As portas do quarto estavam abertas e Mary Margaret olhava distraída pela sacada. Mesmo ao longe eu pude sentir sua tristeza. Sua dor por ter perdido a filha deveria está matando-a lentamente. Aquilo doía muito em mim, porque eu estava ali, apenas esperando por um abraço dela. Esperando que ela se lembrasse de tudo. Que se lembrasse se mim.

— Me chamou Rainha Snow? – Eu disse parada próxima à porta com minhas mãos no bolço de trás da calça. Fazendo-a se virar surpresa para mim. Chama-la daquele jeito me dava até vergonha, mas eu tinha que fazer.

— Chamei sim Senhora Duck. – Ela disse com um sorriso triste ao vir em minha direção.

— Por favor, me chame de Anna. – Eu pedi com educação sorrindo de canto.

— Tudo bem, Anna, então vamos esquecer as formalidades... Me chame apenas de Snow também. – Ela se aproximou o bastante olhando em meus olhos como se tentasse ver através deles. Era como se algo dentro dela me reconhecesse. – Bem Anna... Sei que combinamos de falar sobre isso amanhã. – Ela dizia com calma, mas sem parar de me analisar. – Mas eu estou realmente muito ansiosa. Não que eu tenha te chamado aqui para isso. Mas eu preciso saber... – Ela fez uma pequena pausa, enquanto eu, tentava me mostrar confiante, sem deixar todo meu medo vazar. – Você pode mesmo trazer minha filha de volta? – Seus olhos cheios de esperanças, mas seu sorriso ainda era triste. Eu queria dizer que eu estava ali, mas preferi seguir os planos de Henry. Dessa vez eu faria do jeitinho dele, porque das outras, quase acabaram em morte.

— Sim. – Eu disse confiante. Porque a Emma, de fato, já estava ali. Seus olhos se encheram ainda mais de esperanças, deixando uma lagrima solitária escorrer por seu rosto.

— Eu não sei por que, mas eu confio em você... – Mary disse com um sorriso feliz. – É como se eu já te conhecesse há muito tempo. – Ela me analisava. – Será que é coisa de outras vidas? – Ela perguntou daquele jeitinho único dela, foi inevitável não sorrir.

— Não acredito muito nessas coisas, mas posso te dizer, que também sinto o mesmo. – Eu sorri outra vez.

— Bem, como eu disse... Eu não te chamei aqui para isso, amanhã todos nós vamos conversar sobre o assunto. – Ela sorriu tristonha de novo. – Te chamei para te emprestar algumas roupas, as de Henry eu já mandei entregar em seus aposentos. – Ela disse indo em direção a uma porta. – Venha comigo, eu já separei algumas coisas para você.

Mary Margarete me mostrou várias e várias roupas, uma mais estranha que a outra, vários vestidos e coisas mais... coisas que eu nem sabia onde colocar. Até blusa com calda ela queria que eu vestisse.

Se eu tivesse crescido ali, talvez tudo seria muito comum e natural para mim. Mas tendo vindo de onde eu vim, vestindo roupas nada parecidas com aquelas, com a idade que eu tinha, não conseguiria me acostumar com tanta frescura de roupa em cima de roupa. Seria muito mais simples se eu pudesse colocar uma calça, uma camisa e minhas botas.

— Não tem como me emprestar algo mais parecido com o que o Rei estava usando, ou até mesmo Neal? – Eu disse sentada em um banco enquanto ela me mostrava um “vestido de campo”, como ela mesma havia chamado.

— Neal? Quem é Neal? – Ela me perguntou sem entender.

— Neal? Não, estava pensando em outra pessoa, desculpe. – Eu tentei me concertar, mas fiquei nitidamente nervosa. – Eu quis dizer Baelfire.

— Ah, o menino perdido. – Ela disse ao se lembrar. – Bem, ter até tem, mas... – Ela me olhava estranha. – Não são roupas para uma dama. – Ela disse como se aquilo fosse algo muito errado, mas em seguida sacudiu sua cabeça como se tivesse dito besteiras. – Na verdade, não tem problema nenhum, eu mesma quando morei na floresta não usava vestidos, nem minhas roupas e nem meus modos eram de uma dama... – Ela sorriu para mim como se me entendesse. – Você é uma salvadora, assim como minha filha seria. – Seu sorriso murchou novamente. - E aposto que pessoas como vocês duas, não devem andar como rainhas intocáveis.

— Está certa. – Eu sorri tentando anima-la - Eu realmente prefiro algo mais confortável.

— Então vou pedir para Charming te ajudar com isso. – Mary disse animada.

Confesso que foi divertido pegar as roupas dele emprestadas, eu nunca na vida iria me imaginar vestindo algo do meu pai. Mas naquela situação, as dele eram bem mais a minha cara do que as da minha mãe.

David me emprestou algumas peças, mas eram todas bem parecidas. Calças de couro, que variavam em tons de marrom até o preto. As blusas ou pareciam ceda ou “saco de batata”, mas todas de botão. As roupas de dormir, foram mais simples, pareciam até com meus pijamas, só que de um tecido diferente. As botas eu usaria as minhas, mas Mary fez questão me emprestar algumas. Com a desculpa que eu realmente iria precisar.

Até mesmo uma espada David me deu, como agradecimento antecipado por ajudar a encontrar sua filha perdida. Aquilo era bem doloroso, ouvi-los falar de mim, vê-los tão tristes e não poder fazer nada... Não imediatamente.

Depois de ter passado aquele tempo em família, com meus pais me ajudando com as roupas. Todos foram jantar em uma enorme sala, com uma mesa gigantesca. Coube todo mundo e ainda sobrou lugares.

Depois do banquete, quanto eu já estava me preparando para subir e tomar aquele banho. Neal veio falar comigo. Cortejou-me como naqueles filmes antigos, me chamando para passear ao entardecer. Tive que me segurar para não rir da cara dele. Mas pelo menos ali, era apenas de um que eu tinha que fugir. Já que não fazia ideia de onde Hook poderia estar. Talvez com Tinker, já que era outra que também não tinha visto.

Finalmente eu e Henry iríamos descansar. Eu já estava a tanto tempo acordada, que nem pensar eu estava mais conseguindo. Meu dia tinha sido realmente grande, maior do que um dia comum teria. Eu subi na frente, Henry ainda estava entretido nas histórias que David estava contando para ele.

— Emma Swan? – Eu ouvi aquela voz inconfundível perguntar, assim que bati a porta do quarto. – É você, não é? – Confesso que fiquei com medo. Senti todo o plano de Henry se desfazer em minhas mãos.

— O que faz em meu quarto? – Eu disse ao me virar para Tinker que estava sentada naquela cama enorme. Ela logo se levantou vindo em minha direção, olhando-me do mesmo jeito que todas as pessoas, como se algo dentro deles soubessem quem eu era.

— Estranha mesmo essa sua roupa... – Ela disse me olhando de cima a baixo, analisando cada pedacinho meu. – Achei que Regina estivesse exagerando. – Ela disse mais para ela do que para mim, ainda olhava para minhas roupas como se fosse de outro planeta. Mas eu realmente nem liguei, porque ouvir o nome “Regina” fez meu coração disparar.

— Regina? Onde ela está? – Eu perguntei em um impulso. O que a fez franzir o cenho e me analisando ainda mais que antes.

— Interessante... – Ela parou de falar como se tivesse buscando palavras. – Você me parece preocupada com ela... – Ela dizia como se estivesse lendo em meu rosto, que provavelmente estava dizendo tudo. – Você se importa com ela... – É claro que eu me importava, mas isso era algo que somente eu sabia, nunca havia contado a ninguém sobre meus sentimentos. E com Tinker dizendo aquelas cosias, fez com que eu ficasse ainda mais apavorada. – Mas... Você está aqui... no castelo dos Charmings... – Ela fez uma pequena pausa ainda olhando em meus olhos, como se tivesse lendo um livro. – Porque alguém que se preocupa com Regina estaria no território dos inimigos? – Ela balançou a cabeça como se tivesse tentando espantar alguma coisa. – Não, não, na verdade a pergunta certa é... Porque você se preocupa com ela, se nem ao menos a conhece?

— O que realmente você veio fazer aqui, Tinker? – Eu disse indo em direção à janela, não queria ela lendo minhas expressões quando se tratava de Regina.

— Calma ai... – Tinker disse vindo atrás de mim. – Eu não te disse meu nome, como sabe meu nome? – Eu me virei para ela, que estava confusa.

— Eu sei mais do que você imagina. – Eu sorri de canto. – Agora me diga, o que você quer? Eu estou cansada e tenho muito que fazer amanhã. – Eu cruzei os braços mostrando minha impaciência.

— Eu vim por Regina. – Tinker disse séria. – Ela quer saber quem é você e de onde veio...

— Não posso dizer... – Eu me lembrei do plano de Henry, mesmo sabendo que Regina jamais acreditaria naquilo, ainda mais que eu já havia dito meu nome para ela. – Mas eu quero vê-la. Quero falar com Regina.

— Tem alguém chegando. – Ela disse olhando para porta. Mas logo voltou a me olhar. – Eu tenho que ir, não podem me ver aqui. – Ela sacudiu os ombros fazendo suas asas surgirem... aquilo foi bem estranho. – Amanhã ao entardecer, pegue a Rota Sul e cavalgue até o primeiro campo aberto. – Ela disse com pressa. Suas asas começaram a bater, fazendo-a tirar os pés do chão. – Regina estará te esperando.

— Mas eu não... não sei se vou saber chegar lá. – Eu disse com meu coração disparado. Rota Sul, campo aberto, cavalo... Eu não entendi nada daquilo.

— Não se preocupe... Eu tenho certeza que vai encontra-la. – Tinker disse ao ficar bem pequena e voar rapidamente para fora de meu quarto.

Tinkerbell me deixou completamente apavorada com a ideia de sair cavalgando pela floresta. Mas o que estava fazendo meu coração realmente bater forte, era saber que eu veria Regina no dia seguinte, que conversaria com ela. Mas que tudo aquilo que vivemos, não existia em suas memórias. Seria como nossa primeira conversa.

No mesmo instante em que Tinker se foi, a porta do quarto de abriu. Era Ruby trazendo Henry para dormir.

— Tinha alguém aqui com você? – Ruby perguntou olhando ao redor como se farejasse alguma coisa.

— Não, só eu. – Eu disse tentando ser convincente. Ela por sua vez me olhou completamente desconfiada.

— Só tome cuidado Anna... – Ela me olhava com reprovação. – Boa noite Henry. – Ela sorriu para ele. – Boa noite Anna...

— Boa noite Red. – Ele também sorriu para ela. – Obrigado por tudo. – Ela apenas sorriu como quem diz “de nada”.

— Até amanhã. – Eu disse ainda nervosa com o que eu teria que enfrentar no dia seguinte. Ela se foi, nos deixando sozinhos.

No dia seguinte, foi Henry quem falou quase tudo na reunião. Ele realmente sabia improvisar muito melhor do que eu, quando o assunto eram planos estratégicos. Quem o ouvia falar, acreditava fielmente que aquela operação mirabolante, era o única que daria certo em todos os Reinos. Que com a gente para ajuda-los a acharem a Princesa Emma, tudo seria resolvido e todos teriam seus finais felizes.

A Operação Princesa teria três etapas. Um, teríamos que pegar Regina e faze-la falar, fazer com que ela nos dissesse onde seria o lugar que os enviariam na maldição que não deu certo. Dois, pegaríamos um dos feijões mágicos, que eu e Henry tínhamos, para ir até o lugar e recuperar a criança. E três, usar o ultimo feijão para voltar à floresta encantada.

Era realente o plano perfeito, tirando o fato de que Emma estava ali, e que nada daquilo era real.

Não sei como pegaríamos Regina, mas eu de fato não queria que isso acontecesse tão cedo. Talvez eu até falasse os nossos planos para ela, para que pudesse se proteger e me dar tempo para conseguir pensar em como fazer todos se lembrarem. Eu tinha mesmo era que arrumar um plano de verdade, arrumar um jeito de recuperar as memórias de todos.

A tarde começou a cair e eu deixei todos na tal sala de reunião – incluindo Henry. Com a desculpa que precisava ficar sozinha para pensar melhor.

Todos eles discutiam em como pegar Regina, mas aquilo não me importava muito, na verdade eu estava era muito ansiosa para vê-la. Eu tinha que sair do castelo, pegar a tal Rota Sul e cavalgar até o campo aberto. E só de pensar que eu não conseguiria, meu coração era praticamente esmagando em meu peito.

Se eu estava nervosa antes mesmo de chegar ao estábulo, imagina quando eu estivesse de frente para ela. De frente para aquela mulher que eu conhecia tão bem, vestida como a Rainha que todos sempre temeram... Nunca tive medo de Regina, nunca a achei má como todos sempre falaram. Sempre vi naqueles olhos uma coisa totalmente diferente do que até ela mesma mostrava. Mas ali, naquele momento, sabendo que ela não tinha nenhuma memória que pudesse faze-la ser quem era, aquilo me dava um certo receio, mas não um receio dela me machucar, e sim de não me aceitar.

Não foi difícil de achar o estábulo, mas confesso que estava bem insegura com aquela coisa de montar. Eu nunca havia feito algo parecido em minha vida.

E se eu simplesmente não soubesse?

E se eu caísse e morresse?

Eu não estava com medo do cavalo, mas estava com medo de não saber o que fazer.

Mas são nesses momentos que eu tinha certeza, que muita coisa são sim passadas de pais para filho. Escolhi um cavalo todo branco, na verdade foi ele quem me escolheu. Achei aquilo unicamente incrível. Foi como se ele realmente tivesse falando comigo e me pedido para ser escolhido. Na verdade, ele não era ele e sim ela. A égua era unicamente linda e seu nome estava em uma plaquinha, pendurado no portãozinho.

— Ciena, certo? – Eu falei ao passe a mão em sua cabeça, fazendo-a relinchar e me fazendo sorrir.

Eu nunca tive contato nenhum com um cavalo antes. Mas ali, naquele momento, eu me senti tão bem perto de Ciena, que eu soube que havia nascido com aquilo. Que era o sangue dos meus pais falando mais alto dentro de mim.

Mesmo sem entender algo dentro de mim praticamente gritou, que eu e aquela égua seriamos grande amigas, mesmo eu nunca tendo me imaginando sendo amiga de um animal antes.

Ciena foi bem legal comigo, era como se soubesse que era a minha primeira vez. Fui falando com ela o tempo todo. Dizendo que não podíamos ser vistas, que pegaríamos a tal Rota Sul e que iriamos até um campo aberto encontrar uma pessoa. Contei para ela da maldição também, de Regina, de Henry... Por mais estranho que pareça, eu realmente me senti completamente à vontade, para contar tudo para Ciena. Que me respondia com relinchos, como se entendesse absolutamente tudo.

Não sei se foi ela, se foi eu, ou se fomos nós duas juntas. Mas pegamos o caminho certo. Pelo menos era essa a impressão que eu tinha, que estava cada vez mais próxima a Regina. E a cada galope meu coração se apertava ainda mais, fazendo também meu estomago revirar. Aquela sensação de nervosismo era irritantíssima. Porque fazia com que eu me sentisse uma menina de dezoito anos outra vez.

Depois de tanto andarmos no meio das árvores, eu consegui avistar a nossa frente, o tal campo aberto que Tinker havia dito.

— Acho que estávamos certas... É ali Ciena... é ali. – Eu falei completamente nervosa com a égua, como já estava fazendo desde o momento em que nos conhecemos. Ela por sua vez relinchou como se me respondesse ‘sim’.

Não se fazia nem uma hora que eu havia conhecido aquela égua, na verdade eu nunca tinha tido nenhum animal na vida. Mas aquela conexão que eu tive com Ciena, foi algo realmente único... talvez até mesmo... mágico.

Assim que saímos da floresta e entramos no campo aberto. Eu avistei do outro lado Regina em cima de um cavalo negro. Chegamos juntas, no mesmo instante. Eu havia conseguido, eu tinha a encontrado.

Fomos nos aproximando aos poucos, sem pressa, como se quiséssemos prolongar aquele momento. Nossos olhos sem se largarem um só segundo. Quando chegamos perto o suficiente, como em uma dança, Ciena e o cavalo de Regina deram voltas entre eles, como uma coreografia ensaiada, parando um de frente para o outro como se dessem permissão para que conversássemos.

De imediato apenas nossos olhos conversavam. Os dela me mostravam tanto medo, tanta duvida, tanta confusão, que doeram em mim. Eu conseguia ver que nada para ela fazia sentido. Aquilo era realmente agonizante.

— Me diga. – Sua voz quase falhou, mas ela se manteve firme, em uma pose completamente majestosa. – Quem é você? – Regina perguntou fria, mas seus olhos estavam nitidamente assustados.

— Você sabe. – Eu tentei não perder o controle da minha respiração. – Emma Swan.

— Seu nome não me responde as minhas perguntas... Swan – Ela disse com tanta autoridade, que se eu não soubesse quem ela era realmente, se eu não soubesse ler tão bem seus olhos, eu teria tremido de medo. – Quero saber de onde você veio, porque está aqui? – Sua voz era gélida, mostrando como seus muros estavam altos. Mas para mim isso nunca foi um problema. – Porque seu nome é Emma? Porque seu filho tem o nome do meu pai? Porque ele me chamou de mãe? Eu preciso de respostas... – Ela lançou todas aquelas perguntas em cima de mim, como se me implorasse por ajuda. Mas sua pose ainda era a mesma, sobre aquele cavalo negro.

Eu realmente não sabia o que fazer, se contava tudo, ou se seguia os planos de Henry. Seguir os planos do nosso filho não daria muito certo com ela, ainda mais que eu nunca soube mentir muito bem. Mas contar a ela toda a verdade, talvez não ajudasse muito também.

— Fale alguma coisa... – Regina disse em tom mais alto, mas sem perder a pose. Ela estava aflita com aquilo e era nítido. Eu simplesmente não consiguia dizer nada, eu só queria entender o que se passava em sua mente. – E pare de me olhar desse jeito. – Sua voz quase soou raivosa, mas eu podia ver que era apenas medo.

— Eu não sei o que dizer Regina... – Eu disse um pouco ofegante pelo nervosismo.

— Como você me conhece? De onde? – Ela perguntou autoritariamente com a voz elevada, querendo impor algo que para mim não funcionava.

— É uma longa história... – Eu pensei antes de falar, eu estava com medo dela não acreditar se eu tentasse. - E talvez você nem mesmo acredite nela...

— Você só vai saber se tentar, querida... – Regina disse com ironia. – Então comece logo, não tenho o dia todo. – Ela ficou me olhando como quem espera impacientemente.

— O que exatamente você quer sabe? – Eu disse ainda mais sem ar, completamente rendida.

Aquela mulher a minha frente era a Rainha Má, mas apenas por fora. Porque por mais que eu nunca tenha conhecido aquele lado tão temido, eu podia sim dizer que aqueles olhos, eram os mesmos que eu conheci. Aquele medo, aquela angustia, aquele desespero. Eram iguais aos que vi da ultima vez. Eu podia ver que ela estava confusa, completamente perdida. Talvez fosse como eu e Henry, na verdade deveria ser exatamente aquilo. As memórias foram apagadas, mas os sentimentos ficaram. Deixando apenas vazio e confusão dentro dela.

Eu ia dizer tudo, tudo que ela quisesse saber. Eu realmente seria verdadeira, do jeito que fosse, ela acreditando ou não. Era um risco que eu teria que correr. Não tinha como mentir, não para ela que estava tão desesperada por respostas.

— Tudo, quero saber tudo, quero que me de respostas... Eu preciso entender... – Sua pose já não era tão majestosa quanto antes, era como um misto entre a rainha e a prefeita. Antes mesmo de eu conseguir pensar e como começar ela já voltou a falar. – Quem é você? Me diga, quem é? – Ela disse com mais desespero do que com raiva.

— Emma... – Eu fiz uma pausa, ela ia dizer algo, mas eu cortei. – Filha da Mary... – Eu me corrigi balançando a cabeça negativamente. – Filha da Snow White.

— É mentira! – Ela gritou. – Não é possível! – Ela disse com raiva, mas seus olhos estavam confusos. – Me fale a verdade, eu ordeno que me diga a verdade! – Regina estava realmente perdida e aquilo doía em mim.

— Eu disse que você não iria acreditar. – Eu disse em tom baixo sentindo meu coração se apertar. – Qualquer coisa que eu diga, você vai achar que é mentira. – Seria fácil demais se ela acreditasse.

— Inútil! – Ela resmungou olhando para o lado. – Como se a mulher dos meus sonhos fosse ajudar em alguma coisa... – Ela disse mais para ela do que para mim, fazendo meu coração ir à boca. Ela também sonhava comigo, como eu com ela. Foi inevitável não sorrir pelo menos um pouco. Regina voltou a me olhar. – É tudo uma perda de... – Ela parou de falar bruscamente. – Porque está sorrindo? Acha isso engraçado? – Seus olhos se encheram de raiva pela primeira vez.

— Não são sonhos, Regina... – Eu tentei me manter firme. – São lembranças... – Eu sorri de canto para ela, torcendo para que agora ela começasse a acreditar em mim.

Sua expressão ficou completamente confusa. Seus olhos me olhavam com tanta intensidade que pareciam querer ver através de minha alma. Aqueles sonhos eram realmente atormentadores e sempre deixavam um vazio do tamanho do mundo, como se nada pudessem preenchê-los.

— Não... – Ela disse depois de alguns segundos refletindo sobre o que eu disse. – Não faz sentido, nada faz sentido. – Regina disse como a mulher que conheci, como a mãe de Henry, com medo e sem chão.

— Eu sei que não... – Eu tentei passar confiança para ela com um sorriso de canto. - E é por isso que eu estou aqui... Eu vim concertar as coisas Regina. Eu vim devolver o final feliz de todos. Incluindo o seu. – Eu disse com o coração aberta, me sentindo feliz em devolver Henry para vida dela. Ela por sua vez apenas me olhava com aqueles olhos confusos. – Nada que eu vou dizer vai fazer sentido agora, mas quando eu conseguir fazer todos se lembrarem, você vai se sentir feliz e completa outra vez.

— Não... Eu não posso ter um final feliz, meu final feliz morreu há muitos anos. – Ela disse com rancor na voz, mas seus olhos pareciam acreditar em minhas palavras.

— Mas você encontrou seu final feliz outra vez, em outra pessoa. – Eu ainda estava ofegante pelo nervosismo, mas não tanto quanto antes. A confiança em mim começou a surgir aos longe. – Henry é seu final feliz. – Eu sorri confiante.

— Seu filho? – Ela perguntou como se não tivesse entendido o que eu disse.

— Exatamente. – Eu respirei fundo. – Ele é seu final feliz Regina. Ele é seu filho... – Eu respirei fundo novamente. – Nosso filho. – Ela me olhou completamente perdida, como se nada do que eu tivesse dito fizesse mesmo sentido.

— Só me diga como e em que momento nós fizemos esse filho, Swan? – Ela disse com o cenho franzido, como a Regina que eu conhecia tão bem. Aquilo me fez sorrir, ela era realmente a mesma.

— Não! – Eu tentei me recompor para não rir. Respirei fundo mais uma vez e resolvi contar logo tudo. – Não sou boa com histórias, mas vou tentar... – Eu fechei os olhos com força tentando me lembrar de tudo, mas logo voltei a olhar para ela. - A Maldição que você lançou, não falhou... – Ela me olhou como se eu tivesse falando alguma besteira, mas eu continuei. – Era tudo perfeito como você planejou. Você era a prefeita de Storybrooke e adotou o meu filho depois de dezoito anos vivendo sozinha. Quando ele fez dez anos, foi atrás de mim com a ideia fixa na cabeça que todos na cidade em que vivia faziam parte de um conto de fadas... – Ela me olhou engraçado, mas eu prossegui. – Disse que eu era a salvadora, filha da Snow White e que eu tinha que quebrar a maldição da Rainha má. – Ela revirou os olhos, mas continuou a prestar atenção. – Eu não acreditei nele e isso quase lhe custou a vida, mas eu o salvei com um beijo de amor verdadeiro, quebrando também a maldição. – Seus olhos pareciam tristes, como se algo dentro dela pudesse realmente se lembrar. – Mas coisas ruins aconteceram depois, entre elas algumas boas, outras muito piores, mas no final, para salvar todos de uma outra maldição que estava sendo lançada por Peter Pan, eu e Henry tivemos que partir, para você conseguir salvar a todos. – Eu respirei fundo lembrando-me daquele dia tão ruim. – Mas junto com essa... salvação, todos perdemos as memórias...

— E como você se lembra de tudo? – Ela perguntou como se me desafiasse. Ou talvez como alguém que quer acreditar.

— Antes de partir, você me deu um presente. – Lembrar daquilo doía muito dentro de mim. Aquela despedida foi de arrancar o coração. – Me deu memórias falsas para viver uma vida feliz com Henry, mas mesmo tudo sendo perfeito o vazio dentro de nós parecia nunca ter fim, como se faltasse alguma coisa dentro da gente... – Eu não ia falar dos sonhos, mas era meu coração que estava falando. - E eu tinha os mesmos sonhos que você... não só eu como Henry também... – Regina semicerrou os olhos ficando nitidamente com a respiração alterada.– E ontem, quando cruzamos a linha da cidade em nosso Reino, nos lembramos de tudo... e com um feijão mágico, chegamos até aqui... – Eu queria tanto saber o que ela estava pensando. – Você foi a primeira pessoa que encontramos quando chegamos.

— Não... – Ela disse com a voz falha e a respiração ofegante. - Me fale dos sonhos. – Regina pediu com tristeza e curiosidade nos olhos.

— Eram desfocados... – Eu forcei minha memória para lembrar com exatidão. - Nunca faziam muito sentido, mas sempre me sentia completa quando estava sonhando, mas quando acordava... era como se o mundo não fizesse sentido, dava dor de cabeça... Mas o que mais incomodava era a saudade e a angustia que eles deixavam todas as manhãs... – Eu tentei ser o mais clara possível. Enquanto ela ficou me olhando assustada, com seu cenho franzido, como se fosse chorar a qualquer momento. – E você estava na maioria deles, eu não conseguia te ver de fato, mas quando me lembrei de tudo, eles ficaram claros... e eu e Henry descobrimos que eram apenas nossas lembranças... querendo a todo custo nos mostrar o caminho de volta para você... – Eu falei mais do que deveria.

— E-eu... – Ela estava completamente assustada. – Eu quero vê-lo. – Sua voz quase falhou, mas ela logo se recompôs, mas sem aquela pose toda, apenas a Regina que eu conhecia. – O menino... Henry... eu quero vê-lo.

— Você acredita? – Eu disse sentindo meu coração se disparar com a esperança.

— Não... Eu não... – Regina parecia ainda mais perdida. – Eu não sei... mas... – O pavor em seus olhos não me deixava ver nada além dele. - Eu só sei que eu sinto... – Ela parecia realmente não saber o que dizer. – Eu preciso vê-lo. – Ela fez uma pequena pausa. – Por favor.

— Tudo bem... – Eu não fazia ideia do que se passava em sua cabeça. Mas por seus olhos eu conseguia ver o quanto ela estava perdida. Nada poderia estar fazendo sentido para Regina, mas o sentimento dentro dela ainda era o mesmo, isso eu podia sentir. – Eu posso... traze-lo aqui amanhã... nesse mesmo horário.

— Shiiih... – Ela ficou alerta olhando para trás de mim, fazendo-me olhar também. – Acho que tem alguém nos vigiando. – Eu procurei por algo entre as árvores, mas nada vi.

— Não tem nada ali Regina... – Eu disse voltando a olhar para ela.

— Pode não ser nada, mas pode ser alguma coisa. – Ela disse em tom baixo, como se tivesse realmente alguém nos ouvindo. – Não podemos mais ficar aqui, é perigoso, eu sou fugitiva e se você for vista comigo, vai ser julgada como cumplice. – Ela disse com medo nos olhos, como se realmente se preocupasse com aquilo. – Amanhã, nesse mesmo horário... e traga o menino. – Ela disse já puxando as rédeas de seu cavalo negro.

— Eu vou trazer... – Eu disse quando ela já estava se virando para ir, que logo guiou seu cavalo para voltar de onde vieram. Eu apenas fiquei ali, olhando-a partir. Mas antes de entrar na floresta Regina parou, olhou para mim por alguns seguindo e sumiu por entre as árvores.


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Notas finais do capítulo

E aeeee? O que acharam? Me digam tudo e não me escondam nada! Eu preciso saber o que sentiram e o que acharam desse capítulo do tamanho do mundo!

E Regina, será que ela acreditou na Emma?