Linha Tênue escrita por TAYAH


Capítulo 13
Maldição falha - Regina


Notas iniciais do capítulo

Espero conseguir atingir a expectativa de vocês. Porque eu, de verdade, estou super ansiosa com isso tudo. Nem parece que sou eu que to escrevendo, de tão nervosa que eu fico hahahahahah

Vamos ver o que vocês acham dessa mais 'nova' Regina. Ou antiga. Ou Atual. Ou varias juntas hahahah :X

Boa leitura!



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Eu já estava comemorando minha vitória, já me sentindo a melhor pessoa do mundo por finalmente obter minha vingança. O príncipe estava caído ao chão e a princesa idiota chorando por ele. Aquela sensação de ter finalmente meu final feliz era simplesmente maravilhosa. Nada mais prazeroso do que ver aquela família-feliz destruída e devastada.

Em um minuto eu estava lá, naquele quarto de bebê no castelo dos Charmings. Com a maldição entrando por todas as partes, varrendo tudo sem deixar nada para trás. No outro minuto estávamos em um campo aberto e extenso. Mas não apenas eu, Charming e Snow, mas sim todos aqueles que eu estava amaldiçoando. Todos eles juntos naquela clareira no meio da Floresta Encantada. Nenhum deles, nem mesmo eu, conseguia entender o que havia acontecido.

O silêncio permaneceu no local por um tempo. Eu fiquei paralisada com aquilo tentando buscar em minha mente algo que eu tivesse feito de errado. Mas não tinha nada, absolutamente nada... Não era possível ter dado errado. Não fazia sentido... A maldição já estava nos levando para o outro reino, já estava dando tudo certo. Não tinha como estarmos ali ainda.

Consegui sair do meu estado de choque quando pensei em Rumple, mas diferente de todas as vezes em que pensei nele, eu senti uma certa dor em meu peito. Uma dor estranha, que de fato não era raiva como sempre.

Olhei para Snow e Charming que estavam a minha frente. A maldição não havia dado certo, mas alguma coisa tinha realmente acontecido. Porque algo dentro de mim mudou, era como se em um minuto eu os quisesse infelizes, mortos e massacrados. Mas naquele momento eu já não sentia mais nada daquilo. Ainda tinha dor e raiva dentro de mim, mas aquela sede de vingança não existia mais. Era como se a maldição tivesse levado todo o meu ódio por eles embora. E aquilo de fato me deixou apavorada, eu não estava me reconhecendo, eu não sabia mais quem era.

— Onde estamos? – Snow perguntou meio desnorteada ao lado de seu príncipe, que já não estava mais quase morrendo em seus braços, como no minuto anterior. Aquilo era mesmo possível?

— Acho que ainda estamos em casa. – Charming disse colocando a mão no ombro de sua esposa e olhando ao redor como se reconhecesse o lugar.

— Você está bem?! – Snow disse desesperada, analisando cada pedacinho dele. Ela também não estava acreditando que ele estava de pé ao lado dela, como se nada tivesse acontecido.

— Estou. – Charming tinha um meio sorriso. Snow sorriu aliviada, mas logo sua expressão voltou ao pavor.

— Emma! – Snow falou com a voz desesperada.

Aquele nome me fez ficar paralisada outra vez. Doeu tanto em meu peito que senti vontade de chorar. Eu realmente não me conhecia mais. Minha cabeça começou a rodar, era como se a qualquer momento tudo fosse ficar preto e eu desmaiaria. Mas eu permaneci ali, parada, olhando para o casal alegria, que estava debatendo coisas que eu não conseguia mais prestar atenção.

Rumpelstiltskin sem duvidas saberia me responder, ele sim ia me dizer o que havia dado de tão errado. Eu tinha certeza que ele poderia tirar todas as minhas duvidas. E me devolver o meu eu natural. Porque toda aquela tristeza no meu coração parecia que ia me matar. Não era como a tristeza de ter perdido Daniel ou meu pai, que faltava um pedaço do meu coração. Era ainda maior e pior. Como se faltasse ele inteiro. Um vazio sem tamanho dentro do meu peito.

— Regina? – Snow disse dando um passo em minha direção. Ela estava com raiva, não só ela como muitos deles. – A maldição falhou, não falhou? – Ela perguntou dando mais um passo a minha frente, o que me fez recuar um para trás. Não era como se eu tivesse com medo dela, eu só não queria machuca-la. Eu realmente precisava voltar ao meu eu normal. Eu não consegui responder, apenas olhei para aqueles que estavam mais próximos, parando meus olhos em... Tinkerbell? O que ela estava fazendo ali?

— Então, onde ela está Regina? – Charming perguntou se colocando a frente. Sua voz era firme. Eu senti raiva daquilo, é claro que senti. Mas estranhamente também não queria machuca-lo.

— Do que diabos estão falando? – Eu perguntei com desdém e raiva na voz, me mantendo firme. Eles não precisavam saber que eu não queria mais machuca-los.

— Emma, Regina! – Snow disse em tom alto, mas quase chorando, fazendo meu coração doer com aquele nome outra vez. – A minha filha... A colocamos no armário. Diga-me para onde você nos levaria, para onde sua maldição ia nos levar.

— Eu não faço ideia. – Eu disse dura, mantendo minha postura de rainha. – Isso é problema de vocês e não meu. – Falei com naturalidade, mas dentro de mim, aquela frase não fazia menor sentido. Eu tinha que descobrir o que estava acontecendo comigo.

— Você tem que nos dizer, tem que nos levar até lá. Minha filha é apenas um bebê, tenho que pega-la de volta. – Snow deu mais um passo a frente.

— Já disse não é problema meu. – Eu dei mais um para trás.

Não só ela como todos os outros começaram a vir em minha direção, meus sentimentos poderiam ter mudado assustadoramente, mas eu duvido que os deles também tinham. Eles me massacrariam por uma resposta... da qual eu não fazia ideia de qual era. Eu realmente não sabia que reino seria aquele que a maldição nos levaria, sabia apenas que seria um sem magia.

Antes que eles chegassem a mim, eu fugi. Me teletransportei direto para a cela de Rumple. Ele sim teria respostas, não eu. Mas ele não estava lá, fazendo-me sentir aquela dor em meu peito outra vez. Eu estava perdida, completamente perdida.

A maldição tinha dado errado. Todo meu ódio e sede de vingança, bruscamente haviam sido substituídos por um vazio enorme dentro do meu peito. Um vazio que nem mesmo Daniel e meu pai poderiam preencher. E aquela dor era enlouquecedora.

O que havia acontecido comigo?

O que a maldição tinha feito dentro de mim?

Perguntas essas, apenas Rumple poderia responder, mas eu não fazia ideia de onde ele poderia estar. Talvez fosse ele o culpado de tudo. Talvez desde o inicio esse era o seu intuído. Quem sabe essa era a real maldição. Me transformar em uma mulher fraca, para poder ficar com o poder apenas para ele.

Mas nem mesmo aqueles pensamentos me fizeram querer acabar com a vida dele.

Raiva eu ainda podia sentir, mas aquele ódio, aquela sede de vingança que me consumia como fogo, havia desaparecido. E aquilo me deixava com medo, muito medo. Mas eu não estava com medo deles me pegarem e acabarem comigo, mas sim se terminar sozinha, sem ninguém no mundo.

Eu precisava achar Rumple, precisa entender o que era toda aquela porcaria. Ou talvez uma noite de sono faria com que as coisas voltassem ao normal.

Depois de dois meses que a maldição havia sido lançada, dado errado e me mudando completamente. Eu ainda me sentia sozinha e vazia. Mas um vazio que eu não fazia ideia do que poderia ser. Um vazio que me fazia chorar todas as noites antes de dormir. E ao acordar também.

Eu tinha sonhos estranhos, nunca me lembrava de fato o que acontecia neles. Eu me sentia completa quando estava dormindo e aqueles sonhos estranhos me invadiam. Mas sempre que acordava me sentia ainda mais triste. Era como se a vida quisesse me mostrar algo, mas algo que eu jamais poderia ter. Um final feliz.

E não existe nada pior no mundo, do que ter certeza que você jamais será completa, jamais seria feliz.

Os Charmings ainda estavam me procuravam, queriam saber a qualquer custo onde era o tal Reino que a maldição nos levaria. Mas eu não sabia onde era. Eu não queria falar com eles, eu não queria falar com ninguém.

A única coisa que realmente me distraia naquele enorme castelo gelado e solitário, era minha macieira, da qual eu conversava todos os dias. Poderia ser meio louco, mas era bom falar com a árvore, ela pelo menos nunca me irritava ou me deixava triste.

— Para uma fugitiva, não tem muita segurança por aqui. – Aquela voz atrás de mim me fez tremer por dentro. Não sei se de medo ou de felicidade. Mas eu não me virei para ela de imediato. – Foi muito fácil passar pelos seus guardas, está tentando ser pega, Regina? – Foi apenas naquele momento que me virei para Tinker que estava a alguns metros de mim.

— Tinker... – Foi o que eu disse ao encarar seus olhos. – Em que posso lhe ajudar? – Eu disse ao pegar uma maça de minha macieira e andar em direção a mesa do chá próximo onde eu estava. Eu não a via Tinker há muito tempo, mas era como se de algum jeito a maldição também tivesse mudado toda aquela raiva que tinha entre nós.

— Quero minhas asas de volta. – Ela disse com certa raiva ainda parada onde estava. Eu me sentei sem pressa.

— Me desculpe querida, mas eu sou a Rainha má não a Fada Azul. – Eu disse ao colocar a maçã sobre o prato e servir chá em minha xícara. – Aceita um pouco de chá, Fada? – Eu disse naturalmente, mas provavelmente deve ter suado como deboche.

— Não, eu já disse o que quero. – Ainda com raiva.

— E eu já lhe disse que não sou a pessoa que pode te ajudar. –  Coloquei açúcar em minha xícara. – A não ser que queria um coração arrancado. – Falei com deboche.

— Na verdade você é a única que pode. – Ela se acalmou ao se aproximar de mim.

Estranho ou não, eu e Tinker acabamos nos entendendo naquele dia. Foi bem complicado no inicio, mas no final da tarde depois de varias discussões, já estávamos rindo como se nunca tivéssemos deixado de ser amigas. Aquela maldição realmente tinha me mudado. Não sei se para melhor ou para pior. A única coisa que eu tinha certeza naquele momento era, que mesmo ao longe, eu me sentia feliz por ter aquela amiga de volta. Era como se naquele dia o destino batesse em minha porta para dizer. "Hey, você não está sozinha"

Descobrimos logo nos dias seguintes que Tinker ainda era uma fada de fato... Esse era apenas mais um dos mistérios que daquela maldição falha... Além do fato, dela não saber como tinha ido parar na Floresta Encantada outra vez, já que sua ultima lembrança era em um reino chamado Neverland.

Cada vez mais eu me sentia confusa em relação a tal maldição. Mas preferia não pensar muito naquilo, porque se não meu coração voltava a doer incondicionalmente, como se teimasse em me mostrar algo inexistente.

Mais alguns meses se passaram e o vazio dentro de mim ainda permanecia. Aqueles sonhos ainda eram os mesmos, e me atormentavam cada vez mais. Mas dessa vez eu tinha Tinker para me ajudar, eu tinha minha amiga para me fazer companhia naqueles dias tristes. Ela conseguia fazer com que as coisas não parecessem tão ruins. Ela até conseguia me divertir. Eu poderia até mesmo dizer, que era ótimo tê-la morando em meu castelo. Mesmo às vezes ela falando mais do que eu gostaria de ouvir.

Era engraçado, ela sempre queria arrumar uma solução para todos os problemas.

— Nossa você está com uma cara péssima! – Tinker disse com a boca cheia ao entrar em meu quarto.

— É a única que eu tenho, querida. – Eu estava mau humorada, ainda sentada em minha cama.

— Qual foi o sonhos dessa vez? Algum diferente? – Ela se sentou na beirada da cama, ainda comendo. Quantas vezes eu ia ter que falar para ela não comer no meu quarto?

— Não sei, mas o rosto da tal mulher parece que tá ficando mais nítido. E o do menino também. – Eu tentei me lembrar, mesmo tudo ainda sendo bem desfocado. – Ah... – Eu quase gritei ao me lembrar. – Você estava no de hoje, na verdade tinha muita gente, mas eu reconheci sua voz, a sua e a da Snow também. – Ela me olhou tentando me analisar ou entender alguma coisa. – Confesso que sua participação no sonho foi inútil. – Eu sorri com deboche, mas ela ignorou.

— Hum... – Ela resmungou pensativa. – Tente me descrever a mulher outra vez. E o menino também.

— De novo? – Eu perguntei sem paciência. Ela apenas afirmou com a cabeça ao colocar o ultimo pedaço de bolo em sua boca, deixando alguns farelos caírem em minha cama, fazendo-me olha-la com reprovação.

— Desculpa. – Ela disse com a boca cheia fazendo mais farelos caírem, o que me fez revirar os olhos, já ela sorriu com a boca cheia de bolo. Em seguida Tinker fez gestos com a mão como se me pedisse para continuar o que estávamos falando. Eu respirei fundo antes de prosseguir.

— Ela é bem loira, cabelos compridos. – Eu tentava com todas as minhas forças visualiza-la em minha mente - Tem mais ou menos minha altura, um pouco mais alta talvez. Tem braços fortes e um corpo magro. – Eu fiz uma pequena pausa tentando me lembrar de mais coisas - Eu consegui ver mais nitidamente as roupas hoje também. Roupas bem estranhas para falar a verdade. Ela se veste como um homem, calça, botas e tipo uma blusa vermelha... de couro vermelho...

— Ela é bem estranha... – Tinker comentou ao engolir. – E o menino?

— Ele... é mais baixo, bate mais ou menos no meu ombro, tem cabelos liso e escuro, mas sua pele é bem clara. Ele veste preto, mas suas roupas são tão incomuns como as dela. Não sei se consigo explicar muito bem.

— E os sentimentos ainda são os mesmos? – Ela perguntou ao se ajeitar na cama.

— Tinker, você está com algum problema de amnésia? – Eu perguntei sem entender. – Porque quase todos os dias você me pergunta a mesma coisa. Maldita hora que resolvi te contar sobre isso. – Eu bufei.

— Para com isso, que eu sei que você gosta de falar sobre esses seus sonhos. – Ela disse como se tirasse minha mascara de irritada e a tacasse longe. – Eu quero conseguir entender esses sonhos e cada informação a mais é valida, então eu vou sim perguntar tudo de novo, sempre que os tiver. – Ela disse como se tivesse toda a razão do mundo. – Então me diga logo... E os sentimentos? – Eu respirei fundo como se não tivesse saída.

— Ainda são os mesmos. – Eu disse com a voz meio triste. – Eu me sinto estranhamente completa perto deles. Como se mais nada no mundo importasse, apenas eles dois. Me sinto sempre feliz com o menino. Mas com ela às vezes sinto medo, fico irritada, ou até mesmo quero que ela suma... mas acabo sempre querendo ela bem no final. Na verdade eu gosto dela, mas tenho medo desse sentimento.

— Assim como teve medo de se tornar minha amiga no passado. – Ela disse mais para ela do que para mim. Era como se tentasse ligar as coisas.

— É, mas o sentimento é diferente. – Eu  também estava tentando entender.

— Sim, isso eu já sei. – Ficamos em silêncio por alguns segundos, até que eu me lembrei que tinha um compromisso.

— Tinker, querida. – Eu chamei sua atenção. – Eu tenho que encontrar aquele feiticeiro hoje, lembra? – Me levantei – Talvez ele me ajude a encontrar Rumple. Depois a gente conversa mais sobre esses sonhos idiotas. – Eu fui em direção ao meu banheiro. – Na verdade vou ver com esse feiticeiro se ele arruma um jeito de eu não tê-los mais, ou quem sabe entende-los.

Fui realmente difícil chegar ao local que o feiticeiro havia marcado comigo. Era um lugar proibido para mim, ficava próximo demais ao castelo dos Charmings e se eles me pegassem, eu literalmente já era. Porque aquela maldição não me deixava mais fazer nada de ruim contra eles. E para ser ainda pior o feiticeiro não apareceu, me deixando esperar por quase duas horas naquela zona perigosa.

Na volta para meu castelo eu avistei algo me seguindo, era a mulher lobo quem estava atrás de mim. E se ela estava ali, a qualquer momento os reforços chegariam. Eu tinha que ser rápida, não podia ser pega, eu não queria fazer mal a ninguém. Eu só queria entender toda aquela loucura que minha vida tinha se tornado depois da maldição que não havia dado certo.

No meio do caminho, quando eu já não via mais nada me seguindo, a carruagem parou bruscamente fazendo meu coração disparar. Achei que fossem eles, mas assim que desci, eu vi que era apenas uma pessoa louca, que estava impedindo a passagem.

Andei com pressa em direção a aquele ser petulante, eu o faria sair de lá, o ameaçaria, mesmo eu sabendo que não conseguiria machuca-lo. Mas impor respeito e colocar medo nas pessoas, isso eu ainda sabia fazer. Já me aproximei pergunta por que ela estava parada em meu caminho... Mas ao ver a pessoa de perto, meu coração pareceu parar de bater. Minha cabeça não conseguia pensar em mais nada, eu fiquei literalmente paralisada.

Eu não me lembrava de ter visto o rosto dela antes, mas eu sabia que era ela. Era a tal mulher dos sonhos estranhos. Até mesmo a roupa era igual. Não podia ser, aquilo não estava acontecendo. Quem era aquela estranha? Cheguei a pensar que ainda estava sonhando. Mas não era sonho, era a realidade.

Senti medo ao estar ali, porque os sentimentos dos sonhos pareciam ainda mais concretos naquele momento. O coração apertado, aquela saudade, a felicidade extrema... Eu queria perguntar quem era ela, de onde veio. Mas eu estava tão apavorada que eu só queria sair dali. Talvez eu estivesse tendo um delírio. Ou talvez fosse mais um efeito da maldição que deu errado.

Eu tinha que reagir, eu tinha que sair daquele lugar, eu tinha que fazer aquela assombração desaparecer da minha frente. Porque era só isso que ela poderia ser, um fantasma de minha cabeça, que estava cada vez mais perturbada.

— Acho que você já pode sair do meu caminho. – Eu disse fria, até mesmo dura. Eu não podia transparecer meus medos para aqueles olhos tão únicos que pareciam querer comer minha alma. Mas ela não se mexeu, continuou parada sem retirar seus olhos dos meus. Que estranhamente me diziam o quanto ela também estava confusa. Eu a olhei de cima a baixo tentando desviar aquele foco de seus olhos verdes tão intensos, eu tinha que afugenta-la. – Vai... criatura. Saia do meu caminho. – Eu disse com desdém, como se ela fosse um inseto, e aquilo doeu tanto dentro de mim que eu não conseguia entender.

— Regina... – Ela disse meu nome quase em um sussurro. Seus olhos se encheram de uma tristeza tão grande que eu senti falta de ar. Mas me mantive dura, onde eu estava. Quem era ela? E porque tanta dor dentro de mim? Como ela sabia quem eu era? Tentei respirar e me manter em minha pose.

— Sim, sou eu mesma querida... – Eu tentei usar meu tom natural. - Agora saia do meu caminho que eu estou com pressa. – Eu olhei rapidamente para trás, lembrando que a qualquer momento os Charmings poderiam aparecer.

— Você não me reconhece mesmo? – Ela perguntou com a voz triste, fazendo meu coração parar outra vez. Impossível aquilo está acontecendo. Ela era a mulher do meu sonho, sabia o meu nome e ainda estava perguntando aquilo? Não poderia ser real, eu tinha que sair dali o mais rápido possível.

— E eu deveria, estranha? – Eu estava me sentindo destruída por dentro, confusa também, mas me mantive firme em meu tom superior.

— Swan. – Ela disse ainda com aquela voz meio triste. Seus olhos falavam comigo de uma maneira tão invasiva que me incomodava. Era como se ela pudesse ver dentro de mim. - Emma Swan... – Aquele nome causou ainda mais tormento dentro de mim. Emma? Esse não era o nome da filha da Snow? Definitivamente aquilo não era real, eu deveria mesmo está louca e delirando... Mas mesmo sendo uma grande maluquice, tudo era bem confuso e doloso, muito doloroso. Os olhos dela ainda olhando dentro de mim. Era como se ela pudesse ouvir todos os meus pensamentos.

— Nunca ouvir falar de nenhuma Swan... – Eu disse usando todas as minhas forças para me manter firme - Senhorita. – Eu não sabia o que dizer. – Você já pode sair do meu caminho, ou eu vou ter que tomar minhas próprias providencias? – Eu tentei a ameaçar, mas de fato, não deve ter funcionado muito. Eu queria sair correndo dali, porque estava apavorada. Mas ao mesmo tempo eu queria tanto entender tudo, queria tanto chegar mais perto dela.

— Mãe? – Eu ouvi a voz de um garoto vindo das árvores. – Mãe? Onde você está? – Ele chamou mais uma vez antes de sair de trás de uma delas.

Não era possível. Eu estava realmente louca, completamente pirada.

O que aquela maldição havia feito comigo?

Onde Rumple estava?

Porque ele havia sumido?

Eu precisava de ajuda. O mais rápido possível.

Aquele tal garoto era o mesmo dos meus sonhos. Era ele... e ao vê-lo ali, meu coração se sentiu tão feliz, mas tão feliz... que eu fiquei estática outra vez. Me senti tão completa com a presença dele, não só dele, mas dos dois... Que eu nem sabia mais se estava mesmo respirando. Eu não sabia mais se ia conseguir sair dali. Eu realmente não sabia mais quem eu era. Senti vontade de chorar, mas meu corpo parecia não me pertencer mais.

— Henry, eu não pedi para você esperar? – Henry? Porque ele tinha o nome do meu pai? Tinha como as coisas ficarem ainda mais confusas? – Volta para lá. – Ela disse no mesmo instante em que o garoto olhou para mim. Os olhos dele se encheram de uma felicidade tão grande quando cruzaram os meus, que uma força quase me fez correr para abraça-lo.

— Mãe? – Ele disse olhando em meus olhos, com um sorriso enorme. Eu não era mãe de ninguém, mas ouvi-lo me chamar daquele jeito, além de ficar ainda mais confusa que antes, eu fiquei literalmente emocionada.

— Não Henry... – A voz dela saiu baixa, como algo bem distante. O tal garoto, que tinha o nome do meu pai, correu em minha direção e me abraçou com força.

Eu realmente estava desesperada.

Quem era aquela mulher e quem era aquele garoto?

Porque eu sonhava com eles desde a maldição?

Porque ele me chamou de mãe?

Porque o nome dele era Henry?

Porque o nome dela era Emma?

Porque aqueles sentimentos tão estranhos em relação a ambos?

Eu não os conhecia, eu não sabia quem eles eram... E meus sonhos não eram parâmetros de nada. Apenas de uma maldição que deu errado.

Olhei para ela a minha frente enquanto ele ainda me abraçava. Já a estranha nos olhava com afeto, como se estivesse feliz em ver aquilo. Mas também tinha tristeza em seus olhos e aquilo doía dentro do meu ser.

Antes que as cosias pudessem ficar ainda piores, antes que aquele medo me matasse, eu usei o pouco de forças que ainda me restava para me teletransportar diretamente para meus castelo.

— Ai! – Tinker quase gritou ao me ver. – Porque você faz isso? – Ela disse com a mão em seu coração. – Você sabe que eu sempre levo susto quando você aparece assim do nada. – Ela tagarelou, mas eu mal conseguia ouvir.

Eu a ignorei, não por mal, mas apenas pelo fato de que estava completamente perdida. Eu não conseguia nem mesmo formular um pensamento inteiro.

Era tudo muito confuso e surreal em minha mente. E aquela mistura de sentimentos fazia até minha alma doer. Se alguém me falasse que o que tinha acontecido era apenas mais um sonho, eu simplesmente acreditaria. E ficaria feliz em saber que era tudo coisa da minha cabeça.

Subi quase correndo até meus aposentos. Tinker veio atrás de mim, sem parar de falar um segundo se quer, mas eu não conseguia captar nenhuma palavra que saia dela. Porque meus sonhos embaçados e o encontro de minutos atrás, estavam se embolando cada vez mais.

— Regina! – Ela segurou em meu braço, fazendo-me virar para ela, quando eu já estava quase chegando a sacada de meu quarto. – Para! – Ela estava assustada, era nítido. – O que aconteceu? Porque você está assim? Foram os Charmings? – Eu apenas balancei a cabeça negativamente, acho que tinha perdido minha voz pelo caminho. – Então fala o que aconteceu? Está me deixando preocupada, Regina. – Ela ficou parada me olhando esperando por uma resposta. Eu respirei fundo umas três vezes, eu tinha que ter certeza que tinha voltado a respirar normalmente.

— Meus sonhos. – Eu consegui dizer com um pouco de dificuldade, respirando fundo mais uma vez. – Eu encontrei com eles. – Eu disse fazendo-a me olhar ainda mais assustada.

— O que? – Tinker perguntou confusa.

— A mulher e o garoto eu acabei de encontrar com eles na estrada. – Eu disse me achando mais louca do que antes.

— Calma. - Ela disse mais para ela do que para mim. – Me explica isso, mas explica direito. – Ela disse indo até minhas bebidas, nitidamente abalada com a notícia.

Depois de repetir a história três vezes para ela, eu me sentia mais calma e com menos medo. Ainda estava confusa com tudo aquilo, mas meu desespero já havia ido embora. Deixando apenas uma coisa gostosa e assustadora dentro de mim. Eu não sabia quem eles eram, mas o que eu sentia naquele momento com eles foi verdadeiramente único. E foi ainda melhor que em meus sonhos.

Eu não sei o que faria se não tivesse Tinker comigo. Era como se ela fosse minha única família ali. Na verdade ela era sim minha única família. Minha única amiga.

— Tem certeza que você não bateu a cabeça e sonhou com isso? – Ela fez aquela mesma pergunta pela quarta vez. Eu apenas a olhei irritada, que sorriu de canto, como se me pedisse desculpas. – Eu só queria ter certeza...

— Fada. – Eu disse com meu tom irritado, mas ela sabia que não era sério. – Eu não vou mais te responder as perguntas que já fez. – Eu tinha era que agir. - Na verdade eu vou tentar descobrir para onde eles foram. – Eu disse ao desencostar da mureta da sacada. – Vou ver se Sidney consegue localiza-los. – Eu disse ao entrar em meu quarto, com ela logo atrás de mim.

— Você deveria fazer o que eu disse, deveria ir atrás deles e tentar obter respostas. – Ela tagarelava atrás de mim. – Porque você sabe... Rumple sumiu, o tal feiticeiro é um idiota que te deixou plantada esperando... Acho que com esse ai, você não vai conseguir nada...

— Eu vou fazer isso Tinker. – Eu disse de frente ao espelho. – Sidney? – Eu o chamei, que logo surgiu a nossa frente, desfazendo meu reflexo se tornando apenas ele.

— Mas porque você precisa dele? – Ela perguntou como uma criança birrenta. Tinker não gostava muito dele, na verdade um não gostava do outro.

— Sim minha Rainha. – Ele disse com toda aquela cerimonia, que por mais que eu amasse aquele status, eu não via mais necessidade. Depois da maldição falha, me soava estranho, falso talvez.

— Emma Swan e Henry. – Eu disse os nomes deles, fazendo-me tremer. – Consegue acha-los?

— Quem são esses? – Ele perguntou curioso, como sempre.

— Não te interessa. – Foi Tinker quem respondeu olhando torto para ele. – Pode ou não pode acha-los?

— Não recebo ordens suas, fadinha. – Ele a desafiou.

— Tinker... – Eu disse olhando para ela com reprovação. – Por favor. – Ela revirou os olhos já bufando. Sacudiu seus ombros e fez suas asas aparecerem.

— Enquanto você usa esse espelho idiota para te ajudar. – Ela olhou rapidamente para ele, mas voltou a me olhar. - Eu mesma vou procura-los. – Antes de eu argumentar alguma coisa, ela ficou pequena e saiu voando pela sacada de meu quarto

— Não sei como aguenta essa menina, minha Rainha. – Sidney disse com desdém. – Sempre tão impulsiva. Ela nunca pensa no que faz. – Tinker realmente sempre foi muito impulsiva. Mas aquilo não me incomodava.

— Essa menina é minha amiga. – Eu disse com a voz fria, mas sentindo orgulho dentro de mim. Fiz uma pequena pausa para voltar o que interessava. – Você pode ou não pode acha-los? Emma Swan e Henry. – Ia ser sempre daquele jeito? Toda vez que eu pronunciasse o nome deles ou os ouvisse, eu ia sentir aquela coisa estranha dentro de mim?

— Vou tentar minha Rainha, assim que tiver uma resposta eu volto para lhe dizer.

— Tente ser rápido, eu tenho pressa nesse assunto. – Eu disse já me virando de costas para ele, voltando para sacada.

— Sim minha Rainha. – Eu quase não pude ouvi-lo, minha cabeça já estava longe. Com meus pensamentos naquelas duas pessoas, que haviam acabado de atravessar o meu destino.


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Notas finais do capítulo

Por favor, me digam o que acharam! Estou ansiosa para saber se gostaram ou não!