Linha Tênue escrita por TAYAH


Capítulo 12
Destino - Emma


Notas iniciais do capítulo

Bem, a partir de agora as idéias dessa fic são minhas. Não estou mais seguindo a série, estou por conta própria. Espero de coração que você gostem de como as coisas na minha cabeça funcionam.

O capítulo saiu meio grande, mas acho que isso não é um problema, é? hahaha

Eu sei que é chato ficar falando isso, mas agora mais que nunca, eu preciso da opinião de vocês ok? Porque eu sou um pouco insegura as vezes, e eu preciso saber o que você estão achando dessa nova parte da fanfic.

OBS: Eu estou super empolgada com essa 'segunda parte'. E confesso que estou amando tudo isso. OBRIGADA A CADA UM DE VOCÊS!

Boa leitura!



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(Nove meses depois)

Acordei com o despertador. Oito e quinze da manhã.

Me revirei na cama por alguns minutos antes de conseguir levantar. A noite tinha sido pesada. Não que eu tenha feito algo de fato, mas aqueles sonhos estranhos sempre me deixavam cansada, sempre me faziam ter dores de cabeça, sempre me faziam sentir um vazio inexplicável e uma saudades que eu nem sabia do que era. Aqueles sonhos vinham acontecendo a mais ou menos nove meses. Mas o mais assustador de tudo era, que Henry também os estava tendo.

Aquela sexta-feira não seria uma sexta qualquer, era aniversário de Henry. E como havíamos panejado, ele poderia escolher o que quisesse para fazermos naquele dia tão especial. Eu estava disposta a qualquer coisa, até mesmo passar o dia inteiro assistindo, paranoias especiais.

Ele era meu príncipe, minha única família naquele universo enorme, e nada melhor do que fazer feliz quem a gente ama. Nada melhor do que ser a responsável por aqueles sorrisos tão lindos.

Preparei o café e coloquei em uma bandeja. O dia para ele já começaria como de um rei. Beijos de bom dia e uma boa comida preparada com muito amor. Junto com meu presente surpresa, dentro de um envelope vermelho.

— Feliz aniversário filho! – Eu disse ao colocar a bandeja ao seu lado na cama e beijar sua testa – Dormiu bem? – Eu perguntei ao me sentar.

— Obrigado mãe. – Ele sorriu meio forçado ao se sentar em seguida. – Mais ou menos. – Ele tinha carinha meio triste.

— Porque filho? – Ele estava mesmo abatido, será que estava doente? – O que está sentindo? – Eu levei minha mão a sua testa.

— Eu estou bem mãe. – Ele tirou minha mão com cuidado. – Mas... eu estou triste. – Ele olhou pela janela, como se procurasse por algo. –Tive aquele sonho outra vez. – Seus olhos voltaram para os meus. – Eles me deixam triste... É como se... – Ele não sabia como dizer, mas eu sabia o que era.

— Faltasse alguma coisa... eu sei... – Eu fiz uma pequena pausa junto com uma longa respiração. – Olha Henry... Eu também os tive essa noite... sei que não é algo normal... Mas hoje é seu dia, é seu aniversário, não tem o direito de deixar esses sonhos idiotas te abalarem, são apenas sonhos, nada mais que sonhos... Vamos viver o dia de hoje e depois a gente pensa no que fazer sobre esses sonhos idiotas ok? – Eu sorri para ele, que sorriu de volta dizendo sim com a cabeça. Olhei para o envelope vermelho na bandeja, o peguei e entreguei. – Toma... um presente surpresa para você.

— O que é? – Ele perguntou curioso ou pegar de minha mão.

— Abra e descubra você mesmo. – Eu o desafiei com um sorriso, ele analisou o envelope por alguns segundos, mas não o abriu, voltando a me olhar curioso.

— E aquele nosso trato, que iríamos fazer o que eu quisesse hoje, como meu presente de aniversário? – Ele perguntou também em um tom de desafio.

— Ainda está de pé criança! – Eu sorri. – Esse é um presente extra. – Eu apontei para o envelope com os olhos, mas voltei a olha-lo. – Vai, abre... quero ver se vai gostar.

É claro que ele gostou, ele estava querendo ver aquele musical da Broadway há um bom tempo – Wicked. E confesso que eu também estava, mesmo não fazendo meu tipo de passatempo. Eu na verdade preferiria mil vezes ir assistir uma partida de futebol. Mas era aniversário dele, não meu.

— Está pronta para saber o que vamos fazer hoje? – Ele perguntou sorridente ao terminar seu ultimo gole de chocolate quente com canela.

— Vamos lá. – Eu fingi medo.

Ele sorriu feliz e abriu a gaveta do criado mudo ao lado de sua cama. Pegou um papel e me entregou. Henry já não era mais criança, mas sua carinha de menino levado ainda continuava a mesma.

Abri o papel que estava dobrado ao meio e fiquei confusa ao ver o que era.

— Um mapa? – Eu perguntei ainda olhando para o mapa, que estava riscado com uma rota traçada.

— Vamos acampar. – Ele disse feliz.

— O que? – Eu olhei para ele assustada. – Acampar? Nesse lugar aqui? – Eu mostrei o mapa para ele apontando para onde ele havia feito um x. – Henry, acho que daqui até lá são seis horas de viagem ou mais.

— Eu sei. – Ele disse como se não se importasse. – Você me prometeu que ia fazer o que eu quisesse, disse que se eu quisesse ir à lua eu podia. – Ele disse me fazendo lembrar que eu realmente havia dito aquilo. – E não tem problema a viagem ser longa, a gente fica lá até o domingo, vai ser legal você vai ver.

— Mas porque no Maine? Não pode ser mais perto? Conheço um lugar legal que fica só a uma hora daqui. – Eu disse tentando convence-lo.

— Você me prometeu. – Ele disse fazendo aquela carinha de cachorrinho sem dono que sempre me convencia. – Por favor.

Já estávamos na estrada há exatamente seis horas e quinze minutos, eu não aguentava mais dirigir aquele fusca. Eu só queria chegar logo no tal lugar que Henry havia escolhido, o tal lugar que eu não fazia ideia de onde ele havia tirado e nem porque queria tanto acampar lá. Poderíamos fazer tantas coisas, até mesmo ir naquele lugar que treinam cavalos que ele queria ir. Mas não, ele tinha que ter escolhido acampar no fim do mundo. E o pior de tudo era que eu havia concordado.

O sol logo iria se pôr e eu não sabia se estava preparada para ficar no meio da mata no escuro, eu estava começando a me arrepender de ter cedido nas vontades dele. Mas agora já não tinha como voltar atrás, já estávamos muito perto, a qualquer momento chegaríamos no lugar marcado.

— Mãe, para o carro rapidinho? – Henry disse quebrando o silêncio.

— Parar o carro? – Eu olhei de canto de olho para ele, mas voltei a olhar para estrada. – Porque? O que foi agora?

— Quero fazer xixi. – Ele sorriu forçado, com medo que eu fosse brigar com ele, e eu ia.

— Mas Henry – Eu olhei para ele sem acreditar. - Paramos naquela loja... você não fez xixi lá não? – Eu perguntei já parando o carro no acostamento, um pouco irritada, na verdade eu estava era muito cansada de dirigir.

— Eu fiz... – Ele ainda sorria forçado, com aquela cara de “não briga comigo”. – Mas lembra que compramos um refrigerante também? Deu vontade de novo. – Ele disse ao abrir a porta do carro.

— Seja rápido, eu quero montar a barraca antes do sol se pôr. – Eu também abri a porta.

Saímos do carro praticamente juntos, eu tinha que esticar um pouco minhas pernas, eu já nem estava mais sentindo minha bunda. Enquanto eu me alongava Henry se virou de costas já fazendo xixi no acostamento, que nem acostamento de verdade era.

Encostei-me a porta do fusca, cruzei os braços e fiquei olhando ao redor, olhando aquele lugar tão estranhamente lindo e... familiar. Eu de fato não me lembrava de já ter estado ali, mas eu me sentia estranha, bem talvez... A sensação que tinha, era como se eu estivesse voltando para casa.

Andei até o meio daquela estrada deserta e olhei para todos os lados, parando na direção que estávamos indo. Henry logo se juntou a mim como se não entendesse o que eu estava fazendo. Na verdade nem mesmo eu sabia.

— O que você está olhando? – Ele perguntou parando ao meu lado, olhando para a frente da estrada, procurando pelo o que eu também procurava.

— Nada... – Eu balancei a cabeça negativamente, flashs de alguns sonhos me vieram a mente, aquilo era tão estranho. – Vamos... – Eu coloquei a mão em suas costas querendo que ele voltasse para o carro, mas ele não se mexeu.

— Olha, tem uma linha ali na frente. – Ele disse apontando para o chão bem mais a frente que a gente. – O que será que ela divide? – Ele ainda olhava fixo para linha.

— Não sei Henry, não deve ser nada. – Eu disse o empurrando levemente, eu só queria chegar logo. – Vamos voltar para o carro e continuar... Já estamos perto.

Aquela linha, aquele lugar, aquele fim de tarde, estava me dando uma nostalgia tão grande que meu coração estava apertado, como se a qualquer momento fosse chorar. Mas o pior de tudo não era isso, e sim ter saudades de coisas que nem sei o que são. Isso sim é agonizante.

Eu estava realmente doida para chegar ao local escolhido por Henry, queria deitar um pouco e descansar. Olhar as estrelas e contar histórias com meu filho até de dormir. Entramos no fusca e eu dei partida. Não cheguei a andar quase nada, foram apenas alguns metros, foi apenas o tempo de atravessarmos a tal linha que Henry havia mostrado.

Uma forte energia passou por nós, fazendo-me frear com força parando o fusca no meio da estrada. Se eu estivesse em alta velocidade teríamos nos machucado.

Uma dor horrível tomou conta de minha cabeça... parecia que ia explodir. Mil flashs começaram a surgir e minha mente, sem ordem, sem sentido. Fechei os olhos encostando a testa ao volante. Aquela dor ia me matar, estava insuportável... Cada vez mais coisas eram reveladas, meus sonhos ficando cada vez mais claros... Não eram sonhos, eram lembranças... era a minha vida...

Tirei a testa do volante encostado a cabeça ao banco do carro, queria que aquela tontura passasse e aquela dor sumisse.

Abri os olhos lentamente tentando me situar de onde estava. Tentando entender se tudo aquilo era real e estava mesmo acontecendo. Não o fato de uma vida louca de contos de fadas, mas sim que eu tinha mesmo deixado minha família para trás, e que se fazia meses que eu havia estado ali pela última vez.

Tentei colocar meus pensamentos em ordem, mas eu mal conseguia respirar, imagina pensar.

— Mãe? – Henry disse quase em um sussurro meio assustado.

— Você está bem? – Eu me virei para ele passando a mão em seu cabelo, estávamos assustados. – Se machucou? – Eu o olhei de cima a baixo.

— Não... – Sua voz ainda era baixa e seu olhar distante, ele estava nitidamente abalado.

Voltei a encostar minha cabeça ao banco. Fechei os olhos tentando recuperar pelo menos a minha respiração.

Ficamos em silêncio por longos segundos. Precisávamos daquele tempo, precisávamos colocar as coisas em ordem.

Tudo em minha mente estava nítido. Mas a minha vida real se embolava aos últimos nove meses que vivi apenas com Henry. Aquilo sim era confuso. Memorias de duas vidas se misturando em apenas uma. Um vazio enorme sendo preenchido pela verdade esquecida por meses. A tal saudade que tanto me incomodou nos últimos tempos... sendo entendida pela realidade.

Eu havia acabado de me achar, mas me sentia ainda mais perdida que antes. Eu me lembrava de tudo, e não fazia ideia de como resolver as coisas... Eu queria encontra-los, mas eu sabia que não seria possível.

— O que vamos fazer agora? – Henry perguntou ainda com a voz baixinha e meio triste, seus olhos fixos no nada.

— Eu não sei Henry... – Eu disse no mesmo tom que ele. Respirei fundo em seguida tentando levar oxigênio ao cérebro. – Eu não faço ideia... – Eu neguei com a cabeça sem olhar para ele em seguida.

— Eu quero ir para lá... – Seus olhos ainda fixos no nada – Temos que encontra-los... – me olhou triste.

— Acho... – Eu ainda não conseguia pensar muito bem. – Acho que não será possível Henry... – Eu falava mais para mim do que para ele, eu mesma não queria criar esperanças. - Storybrooke não existe mais... – Eu olhava para fora do fusca.

— Mãe... – Ele colocou a mão em meu ombro me chamando atenção. – Ainda tem magia aqui, você não vê? – Ele tinha esperança nos olhos. – Storybrooke pode realmente não existir... mas ainda resta um pouco de magia por aqui. – Ele olhou para fora do carro, mas voltou a me olhar. - Olhe só o que acabou de acontecer com a gente... a linha nos fez lembrar. – Eu estava com saudades daquele menino cheio de esperanças. - Nós vamos encontra-los mãe... – Ele sorriu confiante. – Você sabe que isso é coisa de família, sabe que sempre nos achamos. E não vai ser diferente dessa vez. – Eu tentei sorri para ele, mas não me sai muito bem, eu realmente não queria criar falsas esperanças.

— Henry... – Eu não sabia o que dizer, muito menos o que fazer, eu não queria lutar por algo em vão. – Não... – Ele me olhava entranho, me analisando. – Não tem como chegar lá, não tem mais nada aqui...– Sua expressão era assustada, era como se não tivesse acreditando no que eu estava falando. - E mesmo se tivesse magia aqui, eu não saberia o que fazer, nem como fazer...

— Mas você é a Salvadora! – Falou como se isso resolvesse todos os problemas do mundo.

— Sim eu sou, mas isso não quer dizer que eu vá conseguir abrir um portal aqui e agora, para podermos ir direto a floresta encantada... – Eu parei de falar ao perceber que estava gritando com ele. Fiz uma pausa para tentar me controlar. Ele por sua vez ficou nitidamente irritado, saiu do carro, bateu a porta com força e andou meio pedido.

Eu tinha que pensar, eu tinha que agir, mas eu mal conseguia respirar ainda...

Parecia que fazia apenas alguns minutos que eu tinha visto Regina pela última vez. Mas ao mesmo tempo parecia que fazia uma vida inteira. Aqueles sentimento tão confusos e misturados dentro de mim. Eu queria mais que tudo acreditar que seria possível chegar até eles, mas o meu lado órfã dizia que era impossível, que havia sido um grande erro termos ido até lá. Que se Regina fez o que fez por nós, é porque sabia que nunca mais nos veríamos. E agora que sua magia de novas lembranças não existia mais, teríamos que viver a vida inteira com aquele tormento, com a falta de todos aqueles que tanto amavamos.

Sim, ter ido até ali, tinha sido um grande, um enorme erro. Eu sabia que não iria conseguir viver sabendo que... eu nunca mais os veria na vida.

Sai do carro para tentar conversar com Henry. Já era difícil tentar convencer um adolescente normal de 12 anos, mas tentar convencer Henry, era sim a coisa mais difícil do mundo. Quando esse meu filho colocava uma coisa na cabeça não existia ninguém que pudesse tirar.

— Henry... – Me aproximei, ele estava de costas, com a mão nos bolsos da calça, olhando para o crepúsculo no céu. – Eu não quis gritar com você... Desculpa. – Eu estava bem mais calma que antes, parei logo atrás dele.

— Não estou irritado porque você gritou comigo... – ainda de costas.

— Eu só quero que você entenda... Que... – Eu não queria acabar com as esperanças dele, mas ele tinha que entender. - Regina fez o que fez por nós para vivermos felizes, para termos uma vida normal... Porque ela sabia que não seria possível irmos juntos com eles. Ela sabia que nunca mais nos veríamos... Você tem que entender que foi um grande erro termos vindo para cá... – Ele se virou bruscamente para mim, completamente indignado.

— Um erro, Emma? – Ele disse com raiva. – Você não vê? Não enxerga que é o destino querendo que a gente volte para eles? – Sua voz era firme, e até me lembrava um pouco Regina quando brigava comigo.

— Não deveríamos ter vindo Henry... – falei com a voz fraca... Minha cabeça estava tão embaralhada.

— Não mesmo? – Seus olhos me desafiavam. - Por quanto mais tempo você e eu íamos conseguir viver aquela mentira? Aquelas lembranças que não eram nossas? – Ele falava em tom alto e eu o olhava um pouco assustada. – Por quanto tempo você acha que iriamos aguentar aquela vida? Aqueles sonhos estranhos... que na verdade eram nossas reais memórias... que independente do tempo que passasse, elas sempre iriam nos atormentar? – Ele realmente não era mais uma criança, já falava com gente grande. - Aquele vazio e aquela saudade... que nunca sabíamos do que era... Poderíamos parecer felizes, mas você sabe que faltava muita coisa... na verdade faltava tudo. – Seus olhos estavam vermelhos, ele não queria chorar. Ele respirou fundo tentando se recuperar, ficamos em silêncio por um curto tempo. Ele olhou para os lados, mas voltou a me encarar. – Você não sente falta deles mãe? – Ele perguntou baixinho. – Não sente falta dela...? – Ele deixou uma lagrima escorrer, fazendo meu coração doer. Ficamos em silêncio outra vez. Era apenas daquilo que eu precisava, do meu filho mais uma vez me fazendo acreditar que tudo era possível e que o destino sempre sabia a hora certa de agir.

— O que você sugere? – Eu perguntei esperando que ele sim tivesse uma solução, seus olhos se encheram de esperanças outra vez. Henry não respondeu de imediato, mas logo seu rosto foi inundado com um sorriso tão único que eu sabia que ele havia tido uma grande ideia.

— Os feijões, os feijões mágicos! – Falou como uma criança feliz.

— Mas Henry... A plantação foi destruída você não lembra? – Eu disse lembrando me da ocasião, antes mesmo de Henry ser levado para Neverland. - E provavelmente a maldição também levou isso de volta para floresta encantada. – Seria muito bom para ser verdade.

— Pode ser que sim, pode ser que não... – Sua voz era tão feliz, que não tinha como ter esperanças também. - Vamos tentar! – Ele sorriu pedindo por favor com os olhos.

Foi mais estranho do que eu imaginei... estar naquele lugar, saber que ali haviam vidas, casas, ruas, mas que tudo havia sumido e se transformado em mato e árvores. Era assustador saber que um dia eu vivi ali como se fosse viver para sempre... mas que nada mais voltaria a ser como antes.

A noite já tomava conta de tudo, apenas as nossas lanternas e a lua que nos iluminava. Chagava a me lembrar um pouco dos dias em que passei em Neverland. Até daquilo eu podia dizer que ia sentir falta. Na verdade qualquer coisas que envolvesse todos aqueles que amo eu sentia saudades.

Eu queria mais que tudo, que Henry estivesse certo outra vez. Mas cada passo que dávamos mais impossível aquilo me parecia. Eu ia desistir a qualquer momento, mas o destino estava mesmo querendo nos ajudar, ele estava mesmo do nosso lado... Meu coração quase saiu pela boca, eu não podia acreditar, não podia ser real...

— Eu disse mãe... eu disse! – Henry falou ao se ajoelhar em frente um pequeno pé de feijão. – Eu sabia, eu sonhei com isso... – Ele olhava apenas para o pé de feijão, deslumbrado com nossa vitória. – Nós vamos encontra-los! – Ele olhou para mim, que ainda estava paralisada com aquilo. Nós íamos mesmo encontrar nossa família. Eu ia mesmo ver meus pais de novo... e Regina também.

No pequeno pé de feijão solitário, continham três feijões mágicos. Mas apenas um seria necessário para chegarmos à Floresta Encantada. Nada mais que um.

Eu não fazia ideia de como aquilo estava ali, de como ele havia sobrevivido à maldição. Era como se estivesse nos esperando, era como se tivesse tido esquecido ali apenas para que nós um dia pudéssemos encontra-lo. Talvez fosse mesmo o destino... Quem sabe ele não planejou tudo isso desde o inicio. Talvez esse tempo esquecido tenha servido para algo que só depois saberemos o exato por que. Na verdade a única coisa que eu queria mesmo era me sentir em casa, e algo que já havia descoberto era que... casa é onde nossa família está e não o local que moramos.

Henry pegou os três feijões, colocou dois deles em seu bolço e se levantou com um em mãos. Seus olhos estavam felizes, ansiosos e cheios de esperanças. Eu ainda não conseguia processar direito as informações, mas estava tão feliz quanto ele. Meu coração batia rápido de tanta ansiedade, eu estava indo de volta para casa.

Meu filho me entregou o feijão e sem dizer nada, eu o joguei no chão já pensando na Floresta Encantada, já desejando mais que tudo rever cada um daqueles que achei que nunca mais veria em toda a minha vida.

Um portal se abriu a nossa frente, demos as mãos e nos jogamos naquele mundo magico, que estava extinto de nossas vidas há meses.

— É aqui? – Henry perguntou, mas eu ainda estava de olhos fechados, com medo de termos ido parar no País das Maravilhas dessa vez. – Está de dia... – Ele estranhou me fazendo abrir os olhos e senti-los arder com a claridade. Eu ainda estava caída no chão, enquanto ele já de pé olhando tudo ao redor.

— É... – Eu disse ao me levantar tirando a terra de minha roupa. Estávamos no meio de uma floresta e a única coisa que eu via eram árvores e árvores. – Só não faço ideia onde exatamente estamos.

— Isso é o de menos! – Ele estava radiante. – O importante é que estamos aqui. – Seus olhos estavam brilhando tanto que eu sorri achando graça.

Não passei muito tempo na Floresta Encantada da outra vez. Mas eu sabia, eu sentia, era mesmo ali, até o cheiro era inconfundível. Nós havíamos conseguido, estávamos na Floresta Encantada, junto com todos os outros. Eu ia reencontrar meus pais. Eu ia rever Regina. Eu ia viver uma vida de verdade.

— Ouviu? – Henry perguntou alerta olhando ao redor.

— Sim. – Eu disse também ouvindo o mesmo que ele. – Não sai daqui, que eu vou ver o que é. Não demoro. – Eu ordenei a ele, que apenas bufou e revirou os olhos impaciente. Confesso que achei muito engraçado a carinha que ele fez, porque eu realmente me vi naquelas feições.

Fui andando em direção ao barulho e logo encontrei uma estrada de terra. Não muito longe eu conseguia ver. Era uma carruagem ou algo do tipo que de aproximava. Deveríamos estar mesmo com sorte, primeiros s feijões, depois uma carruagem. Eu estava começando a ter certeza que ninguém poderia escapar do destino... Que somente ele decide como nossas vidas seriam.

Fiquei ali parada no meio da estrada, esperando que se aproximasse o bastante. Eu estava nervosa, não fazia ideia de quem era, poderia ser qualquer um, até mesmo alguém que eu não conhecesse. E quanto mais perto a carruagem misteriosa ficava de mim, mais nervosa eu me sentia, a sensação era boa, mas ruim ao mesmo tempo.

O homem de armadura que conduzia a carruagem a parou repentinamente ao ver que eu me encontrada no meio da estrada. Não só eu, como os cavalos também se assustaram. O condutor parecia um robô, não disse uma palavra, apenas ficou me olhando por trás daquela mascara de ferro. Era até um pouco assustador para falar a verdade.

Meu coração estava a mil e mais uma vez minha respiração intensa.

A porta da carruagem se abriu e eu quase não acreditei ao ver quem saiu de dentro dela.

Regina quem saiu de dentro dela, seus movimentos pareciam estar em câmera lenta. Eu fiquei completamente estática com aquela cena, com aquela mulher. Ela realmente estava digna de uma rainha. Mas não uma rainha qualquer. Estava uma perfeita rainha de contos de fadas.

Seu vestido era vinho escuro, colado em seu corpo, marcado suas curvas. Um penteado elaborado, a maquiagem forte. Sua pose era bem diferente da mulher que conheci em Storybrooke, era muito mais sexy e poderosa. Seu olhar era frio e penetrante, mesmo ainda meio longe.

Sua raiva era tão transparente que eu podia senti-la de onde estava. E aquilo me dava calafrios.

— Posso saber porque está parada no meu caminho? – Falou impaciente vindo em minha direção com pressa. Confesso que estava com saudades daquilo.

Eu não consegui dizer nada de imediato, eu estava em choque ainda. Regina chegou perto o bastante ficando a mesmo de três metros de distancia de mim.

Mil lembranças sobre nós duas surgiram como um furação em minha cabeça. Mas a que mais se sobressaia de todas elas, era o nosso ultimo encontro. Ela estava tão entregue, tão completamente nua emocionalmente. Era como se ela tivesse aberto as portas para mim, deixando a passagem completamente livre. E tê-la abraçado como tanto desejava foi uma das melhores sensações que tive em minha vida. Aquele abraço fez com que eu me sentisse realmente completa, me senti parte de algo maior. E eu queria muito sentir aquilo outra vez.

Lá estávamos nós uma de frente para outra. Eu realmente havia conseguido, eu tinha a encontrado eu podia abraça-la novamente...

Mas a única coisa que eu conseguia fazer era, ficar olhando para ela.

Meu corpo não estava reagindo, mas minha cabeça não parou nem por um milésimo de segundo. Queria tanto dizer para ela que nem todas as melhores memorias do mundo poderiam substituir as reais. Que nem mesmo uma vida tranquila chegaria aos pés de tudo que eu vivi com todos eles... e com ela.

Regina me olhava de uma maneira completamente estranha. Seus olhos eram frios e vazios, cheios de duvidas, havia medo neles também. Mas eu vi nitidamente, que seus olhos mudarem de cor ao se cruzarem com os meus depois de tanto tempo. Foi como ver toda a esperança do mundo naquele olhar tão intenso.

Não sei quanto tempo se passou que ficamos nos olhando em silêncio, pareceram horas, mas talvez não tenha se passado de alguns segundos.

— Acho que você já pode sair do meu caminho. - Ela disse como se voltasse repentinamente para a atmosfera. Sua voz suava fria e dura. Eu continuei estática e a olhei sem entender, ela não estava me reconhecendo? Ela me olhou de cima a baixo, com um pouco de desdém. – Vai... criatura. Saia do meu caminho. – Ela fez gestos com a mão.

— Regina... – Eu quase cochichei o nome dela sem saber o que fazer. Logo me lembrei do que ela havia dito no dia em que nos despedimos. Que ninguém lembraria de nada.

— Sim, sou eu mesma, querida... – Ela disse com um sorriso irônico. – Agora saia do meu caminho que eu estou com pressa. – Ela olhou para trás como se estivesse fugindo de algo, mas logo voltou a me encarar.

— Você não me reconhece mesmo? – Eu perguntei mais triste do que deveria, minha respiração nitidamente alterada.

— E eu deveria, estranha? – Sua expressão era de desdém, mas seus olhos também me mostravam uma confusão enorme.

— Swan. Emma Swan. – Eu disse sabendo que seria inútil dizer meu nome para ela. Mas, mesmo assim alguma coisa aconteceu dento dela, seus olhos se estreitaram e me analisaram. Ela podia não lembrar de mim, mas eu sabia que estava mexendo com o seu inconsciente. Sabia que os sentimentos ainda eram os mesmo.

— Nunca ouvir falar de nenhuma Swan... Senhorita. – Ela disse tentando manter-se firme em suas palavras. – Você já pode sair do meu caminho, ou eu vou ter que tomar minhas próprias providencias? – Ela disse em tom de ameaça, mas no fundo ela não queria de fato que eu partisse, eu senti que ela não queria. Algo dentro dela pedia por minha presença e eu conseguia ver tudo isso em seus olhos.

— Mãe? – Ouvi Henry me chamando ao longe. – Mãe? Onde você está? – Ele saiu saiu de trás de algumas árvores.

— Henry, eu não pedi para você esperar? – Briguei  ao me virando para ele. – Volta para lá. – Mas ele não voltaria mais. Seus olhos já estavam fixos em Regina e sua expressão era tão feliz ao olhar para a mãe, que eu não consegui pensando em algo para dizer.

— Mãe? – Ele abriu um sorriso lindo para Regina, que o olhava sem entender, completamente confusa com a situação.

— Não Henry... – Eu ia começar a dizer, mas não deu tempo, ele correu até ela e a abraçou com força e saudades. Já ela permaneceu estática, com a respiração parada, como se tivesse prendido o ar. Seus olhos cheios de medos e duvidas, se revezavam entre ele e eu. Ela não sabia o que dizer, o que fazer. Eu queria dizer que tudo ficaria bem, queria tentar explicar alguma coisa, mas ela sumiu, deixando apenas a fumaça roxa para trás.

— O que...? – Ele perguntou confuso olhando ao redor.

— Ela não lembra de nós. – Eu disse com o pouco de forças que eu tinha, eu já estava extasiada, não conseguia mais sentir as cosias. – A maldição... – Eu lembrei a ele. – Nem ela nem ninguém nesse lugar lembra da gente, Henry.

— Mas eles vão lembrar. – Foi otimista vindo em minha direção. – Você sabe que vai conseguir fazer todos lembrarem, você já fez isso antes e vai fazer novo. – Ele tentou sorrir confiante para mim, mas ele também estava nitidamente abalado, com o que havia acabado de acontecer.

Eu o abracei tentando recuperar minha forças.

Eu sabia que aquela sexta-feira seria especial, mas eu não contava com nada daquilo. Só de lembrar que quando havia acordado pela manhã, eu era apenas uma mulher comum vivendo uma vida falsamente perfeita. E naquele momento eu estava ali, na Floresta Encantada voltando a viver a minha vida real, minha cabeça latejava. Mas confesso que eu não trocaria aquela dor por nada... porque mesmo minha cabeça parecendo que ia explodir a qualquer momento, aquilo ali era real. Era a minha vida, era o meu final feliz, com a minha família, mas desta vez completa.

Regina havia ficado tão apavorada que tinha sumido deixando sua carruagem para trás. Mas assim que saímos do seu caminho o condutor seguiu como se nada tivesse acontecido. Confesso que fiquei morrendo de vontade de entrar naquela carruagem e ir atrás dela. Mas eu tinha que pensar em Henry primeiro, tinha que encontrar Mary Margaret e David, talvez, mesmo desmemoriados eles poderiam me ajudar.

Fomos caminhando pela mesma estrada de terra. Eu não fazia ideia para onde deveria ir, estava apenas seguindo meus instintos. E naquele momento eles me mandavam ir na direção contrária que Regina estava indo. Na verdade, metade de mim queria ir atrás da mãe do meu filho, já a outra me mandava ir à direção contraria, que é onde meus pais estariam.

Não andamos nem cinco minutos. Logo uma outra carruagem veio em nossa direção. Ficamos apenas esperando que eles chegassem a gente. E diferente da outra, nessa o condutor não vestia armadura, não parecia um robô e não era apenas uma carruagem eram mais.

Quase que sem sincronia algumas portas se abriram pessoas saíram de lá. Mas não pessoas comuns, eram eles, Mary Margaret, David e todos os outros.

Henry e eu nos olhamos e sorrimos.

Com os olhos trocamos a frase que resumia o nosso dia “é o destino”.

— Se não se importa. – David disse com educação. Já eu apenas sorri de felicidade – Senhora... Estamos com pressa, vocês poderiam se retirar do caminho, por favor? – Nem eu nem Henry conseguimos dizer nada, meu filho apertava minha mão em sinal de alegria.

— Por favor, senhora. – Mary Margaret quem se pronunciou dessa vez. – A Rainha Má vai escapar outra vez, temos que pegá-la, eu tenho que achar minha filha, ela é só um bebe. – Senti vontade de abraça-la e dizer que eu estava ali.

— Bem, infelizmente... – Foi Henry quem se pronunciou. – Ela acabou de escapar... sumiu naquela fumaça roxa – Ele me olhou como se pedisse para confiar nele e não dizer nada. Fiquei com receio, mas permiti que ele continuasse. – Eu sei que procura por Emma, Rainha Snow, nós dois viemos do mundo em que sua filha fui enviada. E acho que podemos ajuda-la a encontra-la. – Não sei se batia nele por inventar tal história ou se ficava feliz com tamanha esperteza a dele.


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Notas finais do capítulo

E aeeeeeeê? O que acharam?
E agora que eu não sigo mais a série, como é que ficou a coisa toda?