Capitulo 2

Stella POV

-Então? O que acha desse?- Mac pergunta apontando pro cartaz, sacudo a cabeça.

-Eu sinceramente não preciso de mais ação na minha vida- Falo, ele ri.

-Você tem razão. Que tal esse?- Ele aponta pra outro, me viro pra olhar o cartaz quando o vejo, está escorado na bancada, com uma faca na mão. Sinto meu corpo travar, seus olhos se fixam em mim, os mesmos olhos. Não pode ser ele, ela está morto! Eu o matei! Ele não pode ter voltado!- Stella?- Ouço sua voz como se estivesse distante, esfrego as mãos nos olhos, elas tremem levemente, e quando os abro e encaro o mesmo lugar, não havia nada lá mais, nada. Era apenas minha imaginação, sinto meu corpo tremer ao toque de Mac, o empurro- Você está passando mal.

-Eu apenas preciso de espaço- Sussurro, passo as mãos pelo meu rosto. Isso não devia estar acontecendo, não devia. Me escoro na parede, algumas pessoas me olham preocupadas, apenas evito o olhar de Mac, aos poucos me acalmo novamente.

-Tome isso- Ele oferece seu copo de refrigerante- Não o melhor mais pode ajudar.

-Eu estou bem- Falo, mas tomo um gole, o liquido gelado desce por minha garganta, e parece congelar minha cabeça por instantes.

-Então... Você quer conversar?- Ele pergunta após alguns minutos de silêncio.

-Eu apenas pensei ter visto alguém.

-Stella, vamos lá. Eu sei que tem mais ai.

-Eu estou bem.

-Não me venha com essa de estar bem. Eu conheço você Stella, e tem algo errado- Seus olhos brilham de irritação, então me sinto como uma suspeita em uma sala de interrogatório, ele está tentando tirar informações de mim.

-É só, talvez você esteja certo. Eu preciso descansar minha mente- Minto, e como eu não entendo, mas ele sabe, eu sei por seu olhar, que eu não o convenci nem por um segundo.

-Stella...

-Ouça- Peço e coloco a mão em seu ombro - Eu apenas preciso descansar minha mente, eu estou exausta. E eu estou ficando paranoica, apenas vendo casos em todo o canto.

-Ok- Ele fala levantando, e me olha mais uma vez, como se pedindo confirmação, assinto-O que acha de uma comedia?

-Perfeito.- Digo, observo Mac ir até a bilheteria comprar o ingresso. Passo a mão pelo cabelo, eu odiava mentir pra ele.

Eu sabia que podia confiar em Mac, mas ao mesmo tempo eu não queria contar nada. Não queria que ele me visse como uma fraca, nem nada disso. Levanto os olhos, ele está voltando, tomo outro gole de seu refrigerante.

-Obrigada- Digo levantando, e forço um sorriso, eu precisava daquilo. Precisava estar com alguém que me fizesse bem, e não fizesse nenhuma pergunta. Apenas estivesse ao meu lado, e Mac era essa pessoa.

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-Está entregue- Mac fala, sorrio. E me escoro na porta do apartamento.

- Obrigado.

-O prazer é meu.

-Eu não estou falando disso- Falo, respiro fundo, eu precisava conversar com alguém. Ou eu iria enlouquecer- Obrigado, por me proteger. Estar ao meu lado.- Sussurro, eu não sabia por que. Mas, eu estava me sentindo como uma adolescente, indecisa, e com medo.

-O prazer é meu.- Ele responde sorrindo, sorrio de volta. Me desencosto da parede, e me aproximo de Mac, e o abraço.

Assim que o abraço sinto as lagrimas escorrerem por meus olhos, eu me sentia segura. E parecia tão certo, e ao mesmo tempo tão errado, ele passou os braços em volta da minha cintura, enterrei minha cabeça em seu pescoço.

Eu apenas queria ficar ali, sabe? Passar o resto dos meus dias ali, apenas me sentindo segura. Nos afastamos aos poucos, de alguma forma contra nossa própria vontade, Mac me olhou, nossos rostos estavam tão próximos.

Eu podia ver o brilho em seus olhos azuis, sacudo a cabeça e me afasto dele. Coloco a mão nos bolsos do casaco.

-Obrigado- Repito sem graça, ele assente, parecia tão desconfortável quanto eu. Me viro e coloco a mão na maçaneta, a giro e entro sem me virar pra ele, espero uns segundos e me viro. Ele ainda está lá me olhando, sorrio enquanto fecho a porta devagar.

Sacudo a cabeça. O que estava acontecendo entre nós?

Não era a primeira vez que isso acontecia, na verdade sempre aconteceu. Mas nós sempre fomos amigos, então era fácil, ignorar isso e seguir em frente, dizer a mim mesma que era apenas afeição. Embora ainda ouvisse algo bem no fundo da minha mente sussurrar: “Mas você nunca se sentiu dessa forma com Danny ou Don, e ambos são seus amigos. Então por que ele? Por que só com Mac?”

Mas eu apenas ignorava e seguia em frente, apenas dizendo a mim mesma que estava imaginando coisas. Mas algo mudou, e eu não sei o que, ou quando.

Quem sabe quando ele me abraçou depois de tudo que aconteceu com Frankie?

Ou quando o laboratório estava pra ser assaltado, e ele me encarou. Nós não precisamos de palavras, ele estava dizendo, e eu sabia exatamente o que, “Stella nós podemos fazer isso juntos”.

Talvez quando ele foi até a Grécia atrás de mim, e eu admito. Eu pensava que ele estava ali apenas pra garantir que eu não fizesse nenhuma burrada e pusesse a credibilidade do laboratório em jogo.

Mas quando ele virou pra mim e disse: “Eu não estou aqui pelo laboratório, estou aqui por você.”

Talvez quando eu percebi no dia seguinte quando ele me devolveu o distintivo, que o que tínhamos era muito mais que amizade, havia muito mais ali, algo que nenhum de nós dois podia explicar.

Sacudi a cabeça, eu estava pensando demais. Coisas demais, estava agitada por causa do pesadelo, apenas isso. Me obriguei a ir até a cozinha e fazer um chá, estava com a caneca entre os dedos e prestes a tomar quando ouvi o celular tocar. Suspirei, dependendo de quem fosse eu apenas iria ignorar, abri a bolsa com certa lentidão e olhei a tela. NYPD, suspirei e atendi.

-Bonasera.

Stella, é o Don. Recebemos uma denuncia relativa ao seu caso, e como você tinha pedido pra ligar assim que soubesse qualquer coisa...

-Está tudo bem Don, eu....- Olhei pro relógio pregado na parede da cozinha- Chego em 20 minutos.

Ok, vejo você. Tchau.

-Tchau- Falei já com a mão pra desligar- Espere...!

Fala.

-Ligou pro Danny?

Não, ainda vou fazer isso.

-Então não faça.

Mas....

-Eu posso cuidar disso sozinha- Falo, ele concorda, mas posso ouvir a relutância em sua voz, estava confuso. Não era justo, Danny precisava de um tempo com Lindsay, não ia tirar ele de casa as 23h por uma denuncia, que nem ao menos sabíamos se poderia ajudar. Desligo o telefone, pego a caneca de chá a bolsa e tranco a porta.

-Boa noite- Uma voz saúda, assinto e me viro, Mattew o vizinho da frente está parado sorrindo, sua roupa é inteira branca e o jaleco está pendurado nas costas.

-Boa noite. Já trabalhando?

-Voltando, e você indo.

-É a vida- Falo, ele sorri, e vamos cada um pro seu caminho. Eu em direção ao elevador, e ele pra casa. Mattew trabalha como pediatra em um hospital publico a noite e de dia em um particular.

Em poucos minutos chego ao laboratório, o porteiro não parece surpreso ao me ver. E eu que ficaria surpresa se ele não achasse normal, afinal quantas e quantas vezes eu e Mac saímos daqui quase 3h da manhã?

-Boa noite- Comprimento, ele sorri.

-Det. Bonasera- Fala, passo e sigo em diante, alguns poucos carros estão ali, olho a vaga de Mac, está vazia, sorrio. Isso quer dizer que ele está em casa, e esse pensamento me tranquiliza. Ele trabalhava demais.

-Hey Stell- Sheldon me cumprimenta, me viro surpresa- Duplo turno- Ele fala, sorrio.- E você?

-Chamado no meio da noite.

-É não está fácil pra ninguém- Ele diz, porém seus olhos parecem me observar, esperar por algo, o encaro confusa enquanto aciono o elevador.

-Algum problema?- Pergunto confusa, ele coloca as mãos no bolso do casaco preto. E parece ponderar sobre algo, como se tentasse achar uma forma de responder sem me dizer realmente o que está acontecendo.

-Sheldon- Falo o encarando, deixando bem claro que o que ele tiver que dizer, que diga.

-Ela voltou- Ele fala, e me observa, esperando por minha reação. Continuo o encarando, esperando por algo melhor do que um simplesmente “Ela voltou”, mas ele permanece em silêncio.

-Ela quem?- Pergunto entrando no elevador, espero que ele entre, mas ele não o faz.- Sheldon, ela quem?- Repito a pergunta segurando o botão do elevador impedindo que a porta feche.

-Peyton Driscoll, pediu transferência. Ela voltou e vai trabalhar na nossa equipe- Ele diz, sinto meu dedo afrouxar do aperto, e o encaro. Peyton?! De volta?!

-Mac sabe?- Perguntou, a porta começa a se fechar, ele apenas assente.

-Ela chegou pouco tempo depois que você e Mac saíram.- Ele diz enquanto as portas fecham, me escoro na parede, enquanto sinto o elevador se mexer. Mac não faria isso? Faria? Ele havia me chamado pra ir no cinema, por que ele sabia que Peyton iria voltar, e não queria que nos encontrássemos.

Claro que não, todos no laboratório sabiam que Peyton e eu havíamos brigado, na verdade ela havia começado tudo, entrando na minha sala gritando que eu havia feito a cabeça de Mac pra que se separassem. Ela era louca.

As portas se abrem, ajeito a blusa e saio do laboratório e ando em direção a minha sala, e ela está lá. Me esperando, como se soubesse que eu estava vindo.

-Det. Bonasera, aqui está meu contrato- Peyton diz estendendo uma pasta marrom, seus lábios formam um sorriso, abro a pasta e folheio era oficial, ela estava de volta.

-Bem vinda de volta- Falo fechando a porta e passando por ela, abrindo a porta da minha sala.- Mac vai conversar com você assim que chegar.

-Será um prazer, revê-lo- Ela diz, e eu não preciso me virar pra saber que ela ainda está com a mesa expressão de triunfo, me escoro na mesa e me viro- Nós só conversamos por telefone.

-Bom- Falo voltando minha atenção pros papeis a minha frente, ouço a porta bater indicar que ela saiu, suspiro.