–Eu não acredito que ainda esteja aqui- Don falou sacudindo a cabeça e encarando o homem escorado na parede oposta olhando pelo vidro- Mac ela ficou arrasada quando você não apareceu.

–Eu sinto- Ele respondeu, sua voz rouca. Don piscou, nunca havia visto Mac agir assim, na verdade estava surpreso e ao mesmo tempo chocado.

Nunca em toda a sua vida um dia pensara que ele conseguiria ser tão frio.

–Ela estava chorando- Don comentou o encarando, Mac continuou em silêncio- Olhe pra mim- Don pediu, embora tenha soado mais como uma ordem.- Vai perde-la por que é orgulhoso demais pra dar o braço a torcer?!

–Não se trata de orgulho!- Mac exclamou se virando, seus olhos estavam vermelhos e fundos indicando que não dormia havia um bom tempo- Ela mentiu pra mim.

–Ok, ela errou e você vai agir como uma criança que não fizeram o que ela queria?!

–Pela segunda vez Don não se trata de orgulho!

–Sim se trata! Você e Stella são dois teimosos! E nenhum dos dois vai parar enquanto alguém não der o braço a torcer! Eu pensei que você a amava Mac- Don falou o encarando e sacudiu a cabeça sorrindo levemente irônico em seguida- Aparentemente estava errado mais uma vez. – Ele falou saindo e batendo a porta em seguida.

Mac bufou e jogou a caneta em cima da mesa, estava irritado.

Estava com raiva de Stella, por ter ido embora por causa de uma briga.

Com raiva de Don por indiretamente chama-lo de covarde.

E com raiva de si mesmo, por não ter feito nada.

Ele não estava realmente planejando ir, havia dito que desceria tomaria um café e voltaria a trabalhar, era isso que faria.

Mas então trinta minutos após estava entrando no saguão do aeroporto correndo em direção ao setor de informações.

–Eu preciso saber.... se o voo que vai pra New Orleans já partiu- Ele pediu levemente ofegante, e com as faces coradas da corrida, a atendente o encarou.

–Qual deles?- Perguntou como se fosse obvio, Mac parou.

–Eu estou procurando por uma mulher, ela vai pegar ou já pegou um voo pra New Orleans.

–Eu não posso dar essa informação- Ela respondeu, Mac abriu o terno e tirou o distintivo e o estendeu a frente.

–Isso ajuda?

–Qual o nome?

–Bonasera. Stella Bonasera- Ela murmurou, enquanto a mulher digitava no computador a sua frente, ele estava prestes a perguntar novamente quando ela parou.

–Voo 451, com destino a New Orleans.- Ela apontou pra enorme placa eletrônica a poucos metros indicando, os voos que já partira, estavam partindo ou estavam agendados.- Ele já partiu, meia hora atrás. Ela é suspeita, por que se for, eu preciso fazer....

–Não- Ele murmurou, sacudindo a cabeça- Esqueça- Com as mãos no bolso, Mac seguiu em direção a um dos bancos e se sentou.

“Ambos observaram com ódio o homem ir embora. E Stella se perguntou até que ponto o ser humano pode ser tão egoísta e só pensar em si mesmo, capaz de matar alguém de forma tão cruel pra salvar a própria pele.

Antes ele do que eu, lembrou com amargura da frase comumente dita por ai.

–Me obrigou a pular hoje. Ainda bem que estava atenta- Mac comentou se virando pra ela, lhe lembrando de como por um segundo de diferença Stella conseguira puxa-lo a tempo de ser esmagado por um container.

–Não queria que acabasse como o Paddy Dolan.- Ela respondeu, se lembrando do estado em que encontrara o corpo amassado, engoliu levemente em seco e tentou afastar a imagem da cabeça, ele está a salvo.

–De qualquer maneira, obrigado.- Ele agradeceu, ela assentiu e se aproximou dele, imediatamente a frase dita pelo assassino lhe voltou a mente.

–Isso é o que os parceiros fazem.”

Não, não era isso que os parceiros faziam.

Isso era que amigos faziam, isso era o que ela fazia por ele.

Mac bufou e colocou a mão na cabeça. Pra um homem que se achava tão inteligente, ele se sentia tão estupido agora.

Como pudera ser tão cego em relação a Stella?! Como não pudera perceber!

Nunca daria certo com outra mulher, nunca daria certo com Peyton, ou com Aubrey, por que tudo o que ele procurava.

A coragem, a doçura, o amor, o sorriso, a confiança. Tudo era característica de uma única mulher, tudo isso era Stella.

E agora ele havia perdido ela.

Definitivamente estupido!

Imediatamente como se pra tortura-lo, ele começou a se lembrar de tudo o que havia acontecido entre os dois.

Todas as conversas tarde da noite quando não havia ninguém mais no laboratório.

É claro todas as brigas, ele sempre ficava furioso, por que aparentemente seguir ordens parecia algo extremamente difícil pra Stella quando isso batia com o que ela achava. E é claro que ele se lembrava que um sorriso dela, ou mesmo quando ela parecia culpada era o suficiente pra ele esquecer tudo o que fora dito anteriormente.

Eles não precisavam de palavras, não precisavam de longos discursos, apenas estarem ali era o suficiente pro outro. Assim como fora suficiente pra ele vê-la ali sentada naquele pub enquanto ele tocava, ela não precisou falar, apenas pelo olhar ele sabia exatamente cada palavra: “Eu estou aqui, e não importa o que aconteça. Vamos ter um ao outro.”

E agora não temos.

Frustrado ele passou a mão no rosto, ainda não havia acabado certo?! Ele poderia comprar outra passagem.

E era isso que ele faria! Ele compraria uma passagem pra New Orleans, e procuraria por ela por toda a cidade, ele se levantou.

4 horas depois... New Orleans...

–Eu preciso de um taxi- Stella falou colocando o telefone perigosamente equilibrado em seu ombro, enquanto lutava com as bagagens.

Ok, eu mando um dos nossos homens busca-la.

–Obrigado.

De nada. E... Bem vinda.

–Obrigado- Stella repetiu e suspirou, ela havia pesquisado sobre New Orleans.

Mas New Orleans não parecia nenhum pouco com o que pesquisou. Era quente, e úmido por causa da proximidade do mar, sua boca estava seca, e ela se sentia derreter.

E o lugar era tão claro e aberto que ela se sentia incomodada, e isso nunca havia acontecido antes. A verdade que ela sentia falta de New York, e havia a deixado quanto tempo? 3 horas atrás?

Ela queria tanto aquele ar poluído... Ok, não chegava a tanto.

Stella sacudiu a cabeça e afastou um pouco a blusa levemente colada do corpo.

A verdade era que sentia falta, das pessoas que estavam em New York. Seus olhos vagaram pelo aeroporto. Teria que se acostumar, afinal essa era sua nova casa.

Stella não era conhecida por sua paciência, e depois de 30 minutos parada na droga do aeroporto. Seu avião havia demorado mais do que o necessário pra pousar, e aparentemente uma viajem que deveria durar 3 horas, demorou 4 h! A ultima coisa que ela estaria era bem humorada, seus dedos digitaram no telefone com mais força que o necessário.

–Eu estou aqui esperando...

O homem vir busca-la certo?

–É- Ela falou como se fosse obvio, embora tenha mordido sua língua pra não responder: “Não, eu estou esperando nevar no verão!”

Espere um momento..

–O que?!

Ele já chegou.

–Ok- Ela respondeu mal humorada.- Onde ele está?!

Ele está a poucos metros de você.

–O que...- Sua frase parou na garganta, ao erguer os olhos e vê-lo. Ela sentiu seus dedos fecharem o celular, enquanto encarava o homem de terno se aproximar sorrindo- O que droga você está fazendo aqui?!

–Vindo atrás da mulher da minha vida.- Mac falou a encarando, e Stella o encarou, naquele momento sabia exatamente como se sentia alguém que levava uma bancada com um taco de beisebol.

Sua cabeça tinha começado a girar, e sua mão tremer.

–Ela uma vez de disse que eu tinha um problema, e envolvia uma mulher- Ele comentou sorrindo, ela piscou, isso era insano!

Mac havia pegado um avião pra New Orleans.

–E ela estava certa, eu estive sozinho por um longo tempo.

–Não- Ela pareceu encontrar sua voz, Mac a encarou- Peyton.

–Eu estive procurando por uma mulher perfeita, eu estive procurando por beleza, bom humor, com uma boa dose de sarcasmo. Alguém bondosa, e que seja uma lutadora.

–Você estava procurando por...

–Você- Ele completou, Stella o encarou, ela estava tendo alguma espécie de delírio?! Por favor, ele era Mac Taylor! Quais as chances de ele ter a seguido e estar, por mais insano que pareça, se declarando pra ela num aeroporto lotado!

Por favor ela precisava praticamente por o homem na parede e tortura-lo pra faze-lo soltar uma palavra quando algo o esta incomodando!

–Você tinha razão quando disse que me enlouquecia! Por que definitivamente faz isso! Você não faz o que eu mando, e se coloca em riscos desnecessários apenas por que quer provar algo! E isso me enlouquece por que imagino que nunca mais vai voltar!- Ele desabafou furioso, Stella nunca o vira tão... Diferente? Aquele não era o Mac que estava acostumada a lidar- Eu não posso perder você, por que você não é só a mulher da minha vida. É a mulher que eu amo, e eu demorei tempo demais pra ver isso.

A mulher que amo....A mulher que amo.... A mulher que amo....

Stella não conseguia respirar. Sabia que era uma reação realmente exagerada, mas não conseguia pensar em nada que não fosse as simples quatro palavras.

Ela passara tanto tempo convencendo a si mesma que nunca haveria espaço pra si mesma além do titulo de melhor amiga. E ela estava tão cansada dele!

Queria apenas que ele a visse como uma mulher...

–Por favor diga algo- Mac implorou encarando a mulher a sua frente.

Ele havia enfrentado todos os seus medos, seus sentimentos, pra dizer o que vinha tentado dizer há anos, e ela ficava muda?!

–Você realmente tem certeza disso?

–Que tipo de pergunta é essa?!- Ele indaga a encarando incrédula. Ele entrara em uma avião, depois descera dele. E ela precisava de alguma outra prova?!

–Eu apenas estou dizendo...- Ela sacudiu a cabeça e o olhou, seus olhos marejados- Nossas brigas praticamente incendeiam o laboratório, e isso é que somos amigos. Imagine o que pode acontecer se ficarmos juntos?!

–Eu acho que quero correr o risco.

–E fora ao fator que nenhum dos dois tocou que é Sinclair, eu acho...

–Stella! Fique calada!- Ele murmurou irritado, por que ela estava colocando tantos impedimentos?! E quando ele viu o olhar que ela lhe lançou e sua boca se abriu, Mac sabia que estava encrencado.

Antes que ela pudesse dar uma de suas respostas espertas e furiosas ele a beijou.

Ele sorriu ao senti-la amolecer em seus braços, e Mac apenas aproveitou a sensação de tê-la apenas pra si.

–Então é assim?- Ele perguntou quando quebrou o beijo, Stella o encarou com uma sobrancelha erguida- Quando você não está falando?- Ele completou, viu o rosto dela passar de confuso pra furioso, e sorriu ao beija-la mais uma vez antes que pudesse dizer qualquer coisa.