I'm Never Changing Who I Am escrita por Moça aleatoria


Capítulo 58
Porque está amanhecendo?


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu demorei muito mais do que o normal. E pra todo mundo que não sabia que estava acontecendo: LEIAM AS NOTAS INICIAS DO CAPÍTULO ANTERIOR. Eu estou de intercambio nos Estados Unidos pelos próximos seis meses. E avisei nas notas do capítulo anterior que poderia demorar devido a adaptação e tudo mais. Não esperava demorar tanto, mas também tive pouquinhos comentário, o que não me incentivou muito. Mas dai apareceram mais alguns leitores no fim da semana e eu fiquei feliz e resolvi postar.
Posso desabafar? Eu odeio a língua inglesa. Gente, português é tudo de bom. Tem ideia quantas metáforas da pra fazer com essa língua rica que a gente tem? Nunca amei tanto português.
Mas ninguém quer saber disso por que ta todo mundo muito preocupado com o fato de que É O ULTIMO CAPÍTULO.
O que eu tenho a dizer? Sinto muito. Leiam o capítulo, e voces entederão.



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POV Annabeth

A primeira sensação que tive ao acordar foi de puro conforto. Podia ouvir a chuva cair ao lado de fora do chalé, sem raios ou trovoadas, apenas chuva, que, junto de si, trazia o frio da manha, que arrepiava-me as pernas desnudas, mas bem aquecidas pelo edredom a minha volta. Naquele momento, nem se quer me atentei ao fato que supostamente não deveria chover no acampamento. Mas era uma sequencia muito grande de coisas que supostamente não deveriam acontecer de fato acontecendo. Eu não deveria estar no chalé 3, na verdade, não deveria estar nem no acampamento, deveria estar com as caçadoras, mas não estou. Não sou mais uma delas. E eu não deveria me sentir tão confortável com isso, ou tão confortável com a noite passada. Mas sentia, por que nada poderia parecer mais certo.

Dobro os joelhos, entanto alcançar as pernas de Percy com as minhas, procurando pelo calor das suas pela cama de solteiro. No entanto, não haviam pernas ali, nem calor, nem ao menos Percy.

Viro-me par ao lado, e abro os olhos para ver a cama fazia que se estendia sem seu dono. Minha mão esfrega meus olhos, tentando espantar o sono. Sento-me na cama, e meu olhos fitam o quarto vazio.

–Percy? –meus olhos estão na porta aberta do banheiro, mas apenas o silencio se instalava ali. Nenhuma resposta, nenhum som de água do chuveiro ou da torneira, nem se quer passos denunciavam qualquer presença.

Apenas a chuva ressoava lá fora. E, aqui dentro, apenas eu.

Desço os olhos para minhas palmas juntas em meu colo, e finalmente me dou conta que ainda segurava a conta azul em minha palma. Quando abro os dedos, sinto-os doloridos pela noite que passaram fechados contra o colar. Eu a arrumo sobre minha palma e observo o presente que não havia tido tempo de observar na noite passada.

A conta azul exibia o belo desenho de uma coruja, a tinta dourada riscava com graça a coloração azulada. Sabia que ao menos aquela coruja não havia sido feita por Percy. Quando uma mecha de meus cabelo caia sobre meu ombro, fazendo cócegas em meus dedos, pude ver o dourado de meu cabelo e o dourado do desenho. Podia ver o azul da conta e o azul que estava presente em, bem, tudo o que era de Percy. Não era apenas uma junção de Poseidon e Atena, por que Percy sabia que, a esse ponto, éramos muito mais do que filhos de algum deus, éramos nos mesmos.

–Obrigado. –sussurro para mim mesma, e, ao levantar os olhos, me dou conta o quão sozinha estava ali.

Eu me ponho de pé, ainda vestindo a grande camisa de Percy. A minha volta, o quarto permanecia da mesma maneira que na noite passada. Camisas e sapatos espalhados pelo quarto, e, ao lado da cama, o par de botas que havia sido esquecidos juntos com uma discussão do lado de fora de cama.

Aos pés dessa, estavam minhas roupas da noite anterior, diferenciadas das de Percy por estarem devidamente dobradas. Tiro a blusa de Percy, dobrando-a e a deixando sobre sua cama, e me vestindo com as roupas do dia anterior.

Toco a porta do banheiro com a ponta do dedos e a abro, apenas certificando-me de que estava vazio. Adentro o banheiro e me dirijo a pia. Prendo meu cabelo em um coque e jogo água em meu rosto. Ao me olhar no espelho, podia ver meu rosto finalmente com um tom bronzeado que antes tinha. As olheiras haviam sumido, levadas pelos remédios de Will, que tiravam de mim a insônia, e faziam-me dormir por tempo o bastante. As vezes os pesadelos vinham, e as vezes iam embora.

No entanto, via que Percy tinha mais olheiras que eu, e sabia que também tinha mais pesadelos. Talvez os remédios de Will não fossem o suficiente para leva-los embora, mas acreditava que o tempo seria. Percy, por ser um herói, ou por ser um deus, ou apenas por ser teimoso como sempre fora, parecia reprimir tudo o que carregava, escondendo a dor que ainda não conseguira se livrar. Como se todos aqueles nomes o obrigassem a parecer calmo, a parecer bem, por que ele era um deus, um herói, era Percy Jackson. E, as vezes, ele se esquecia que ainda era só um garoto.

Miro mais uma vez o cordão em minhas mãos, e contorno meu pescoço com ele, amarrando-a na altura da clavícula, deixando as contas do acampamento abaixo dela. Toco o couro novo com a ponta dos dedos, e, ao olhar-me no espelho, podia também ver as marcas avermelhadas da noite passada contornarem meu pescoço e clavícula junto do colar. Vejo as bochechas se avermelharem em meu reflexo, mas também há um sorriso nele. Eu apenas desfaço o nó em meu cabelo, deixando que os cachos loiros cubram os resquícios da noite anterior.

Eu suspiro ainda com os olhos no espelho ao me perguntar onde estaria Percy. Depois de tanto tempo, tanto desejo e tantas saudades, tantas toques e palavra trocadas... Sabia que Percy ansiava por um momento como o da noite passada tanto quanto eu, sabia que ele faria questão de acordar junto a mim nessa manha, faria questão de prender a conta em meu pescoço.

E aquilo estava terrivelmente errado.

Dou meia volta e miro a porta de saída a minha frente.

Desde que entrara no acampamento, a maior dificuldade que encontrara nele era meu chalé. Por mais que os filhos de Atena fossem calmos e discretos, e andassem nas pontas dos pés para não despertar os demais, sempre passava a noite em claro quando algum de meus irmãos trabalhava em um projeto até tarde. Era sempre a primeira a acordar, e quando não era, era a segunda, pois os passos ecoavam altos pelos chalés, e o bater de portas me despertavam com facilidade.

E eu sabia que Percy não havia saído do chalé. Não houveram passos naquela noite. E aquela porta não havia sido aberta.

Eu sabia, em meu peito e em minha mente que aquilo estava errado. Eu sabia que Percy não conseguiria sair daquele chalé sem me acordar, e, do jeito que era, nem se quer seria capaz de se desvencilhar das cobertas sem fazer-se notar. E também sabia que continuava fraco demais para se transportar. Sabia que, mesmo se pudesse, nunca tivera o habito de usar seus poderes sem um bom motivo. Mas talvez tivesse um bloqueio em minha mente, aquela parte de minha cabeça que se recusava a acreditar em tudo que eu já sabia. Aquela parte da consciência que ignora o perigo, e se convence que ele não existe por que está cansado demais dele.

E naquela manha eu convenci a mim mesma a abrir a porta e mergulhar na chuva. Com uma feição calma mesmo que o coração palpitasse, eu caminhei pela chuva em direção a enfermaria. Mesmo que soubesse que todos os dias Percy passava no chalé de Atena para me acompanhar até a enfermaria, que era o ponto de encontro de todos nós, onde todos passávamos as manhas, ocupando nosso tempo de tranquilidade com risadas fáceis e conversa fiada. Eu sabia que hoje aqueles dias teriam fim, mas caminhei até lá, por que tinha a esperança de ver Percy deitado na rede da varanda, mesmo que não fizesse sentido que ele estivesse lá.

E a medida que caminhava, a chuva molhava meu corpo, fazendo as roupas pesarem e meu cabelo grudar em meu rosto. A chuva era calma, sem relâmpagos ou trovoes. Mas era grossa, densa e pesada, simplesmente triste. E enquanto caia, fazia com que cada músculo de meu corpo doesse ao se mover. Talvez fosse culpa da chuva, talvez da tensão em meus músculos, mas eu culparia a chuva de qualquer forma. E, antes mesmo que pudesse notar, tinha a enfermaria em meu campo de visão, e meus pés corriam até ela.

Na varanda, Piper trançava uma pequena mecha de seu cabelo, sentada na mureta de pernas cruzadas. Leo tinha o elástico que a garota provavelmente usaria para prender sua trança em mãos, e o girava entre os dedos, dando pequenos nós e os soltando em seguida. Jason tinha a cabeça reposada na parede, sentado ao chão de frente dos amigos. Enquanto me aproximava em passos rápidos, ninguém deu-me atenção, talvez deduzissem que corria por conta da chuva, mas quando adentrei a varanda, não torci o cabelo molhado nem se quer os olhei. Apenas mirei a rede vazia e abri a porta da enfermaria. E, naquele momento, Piper e Leo tinha os dedos congelados, e os olhos dos três semideuses me seguiam.

Quando adentrei a enfermaria, fechei a porta atrás de mim, e apenas duas pessoas estavam ali. Rachel tinha o quadril repousado sobre uma maca, uma de suas mãos repousava ao lado de sua cabeça, como se contivesse extrema dor, a outra mão pegava a caixa de remédio que Will Solace a estendia. Quando fecho a porta atrás de mim, ambos viram-se em minha direção. Os olhos de Will parecem pesados, como se não tivesse dormido naquela noite. Os dois pares de olhos correm sobre mim, procurando uma explicação enquanto eu apenas repouso minhas costas na parede, sentido minha respiração pesada, talvez pela corrida, talvez por que meu corpo tremesse pela chuva fria, talvez por puro pânico.

Eu tiro minhas costas da parede, impulsionando meu corpo para frente, abrindo a boca para avisa-los. Mas nenhum som sai dela, ele continua preso em minha garganta, me sufocando com as palavras que não conseguia dizer.

E foi então que a porta se abriu mais uma vez, dessa fez com tanta violência que bate contra a parede e volta na direção de Thalia, que precisa segurá-la para não ser atingida, e o faz sem tirar os olhos de nós. Ou melhor, sem tirar os olhos de Will.

Thalia estava molhada pela chuva, o cabelo curto colado nas bochechas e pescoço, maquiagem negra escorrendo pelas maças do rosto e os olhos azulados arregalados lhe dão uma imagem maníaca. Ela pressiona os lábios para então abri-los, e os dela saem o aviso.

–Eu não consigo acha-lo.

E, quando ela diz, paro em meio a meus passos em direção a Will e Rachel, preciso me apoiar na parede para conter o tremor em minhas pernas. Mas ninguém nota, os olhos de Will e Rachel estão sobre Thalia.

Da porta, saem Jason, Piper e Leo, atraídos para a algazarra.

–O que aconteceu? –Jason pergunta as costas da irmã, mas os olhos de Thalia não vacilam os de Will.

–Eu não consigo achar Nico.

Jason franze as sobrancelhas enquanto Piper e Leo trocam olhares preocupados. Os olhos de Rachel vão de Thalia para Will, enquanto os meus miram Thalia completamente confusos.

–Nico? –minha voz sai tão confusa que os olhos de Rachel recaem sobre mim.

–Eu passei no chalé de Hades e não tem ninguém lá. Ele não está na arena nem no refeitório, não está na praia nem na Casa Grande. Will, ele não está em lugar nenhum.

A voz de Thalia começa para um anuncio firme, mas declina enquanto seu corpo parece tomar conta de suas palavras. Sua voz se abaixa até se tornar um lamento. Ela não está falando com nenhum de nos, seus olhos estão fixos em Will. E os olhos do garoto não estão surpresos, apenas se enchem de dor enquanto a voz de Thalia decai em tristeza. Todos parecem segurar o fôlego, todos os ânimos contidos, esperando a reação de Will, o mais próximo de Nico junto a Thalia. No entanto, ele apenas comprime os lábios e suspira. Will da um passo em direção a Thalia com nada alem de tristeza nos olhos.

–Thalia...

–Não. Will. Me escuta.

Ele tenta toca-la no braço, mas Thalia se desvia. Seus olhos continuam fixos nele, como se o garoto não a tivesse ouvido direito. Will suspira mais uma vez, e não achava que já o tinha visto tão triste.

–Esta tudo bem, Thalia.

–Não está tudo bem. Você escutou o que eu acabei de dizer? –a voz de Thalia se ergue mais uma vez, ela parece zangada. –Eu...

–Thalia. –Will diz, com a voz dura, e a boca de Thalia se fecha pela intervenção do garoto, que tem os olhos pesados nela. –Ele não está desaparecido, eu sei onde ele está.

A raiva de Thalia parece ser dissolvida em confusão. Ela nega a cabeça para Will, como se ele estivesse enlouquecido.

–Não. Eu o procurei por todo o acampamento, ele não está em nenhum lugar, Will!

O garoto morde os lábios antes de responde-la.

–Ele não está no acampamento. Nico... Nico foi embora.

Thalia nega com a cabeça, seus olhos completamente desolados, como a pior traição que já sofrera. Seu rosto é completamente tomado por dor e infelicidade, talvez... Talvez ainda mais dor do que quando foi traída por Luke. Por que, de qualquer forma, Nico fazia parte de sua família agora, e ele se fora. Ela nega com a cabeça, por que não acredita nas palavras de Will, por que não pode acreditar.

–Por que ele iria embora? Estávamos tão bem. Vocês... –ela começa a dizer, mas a frase parece engasgar em sua garganta como um sufoco, e se perde no ar, morrendo em seus lábios. –todos nós. Por que ele iria embora?

A voz de Thalia carrega pesar, mas também há raiva nela.

–Ele teve um sonho com Hades, ele disse a Nico que o Mundo Inferior estava fraco com tudo que estava acontecendo com Eros e os deuses. Frágil o suficiente para trazer alguém de volta. Ele quer trazer Bianca de volta.

–Bianca? Bianca Di Angelo? –a voz de Thalia se eleva, carregada de raiva. –Bianca di Angelo está morta! Ninguém pode....

–Nico acha que pode. –Will a interrompe, e Thalia o mira como se estivesse prestes a soca-lo. Ela comprime os lábios em raiva e serra os punhos para Will.

–Ele foi até você antes de ir embora, não foi? Ele contou para você. –mesmo que a frase fosse uma pergunta, não havia nenhuma duvida na voz de Thalia. Will não há respondeu, mas a garota não parecia esperar por uma resposta. –e você simplesmente o deixou ir?

A voz de Thalia é tão dura e contem tanta raiva que é inacreditável que expressão de Will continue a mesma. Talvez por que o garoto não pudesse ficar mais triste do que já estava, nem mesmo com as palavras de Thalia.

–O que eu poderia ter dito? O que eu poderia ter feito? –a voz de Will soa cansada, como se de fato implorasse para que Thalia lhe desse uma resposta, como se tivesse passado toda aquela noite pensando naquilo, procurando uma resposta, uma alternativa.

–Qualquer coisa que não fosse deixar aquele garoto ir sozinho para o inferno!

O rosto de Will se contorce em uma careta dolorida. Jason toca o ombro de Thalia, mas a garota se desvencilha do irmão, dando uma passo a frente em direção de Will, ficando de frente com o garoto, mas Will não se afasta, ele se mantêm de frente para Thalia.

–Quer saber o que você poderia ter feito? Você poderia tê-lo amarrado em uma cadeira, soca-o na cara, derrubado-o no chão. Qualquer coisa!

A cada frase que começava, Thalia levantava os punhos para Will enquanto cuspia as palavras sobre ele. E o abaixa junto ao corpo mais uma vez ao terminar, e voltava a levantar no inicio da segunda. A cada frase, parecei completamente tomada pela raiva, mas ao termina-la, parecia simplesmente desolada demais. E em nenhum momento Will a parou. Ele não se zangou com suas palavras, nem se afastou de seus punhos. Talvez soubesse que a amiga não o machucaria de verdade, ou talvez estivesse triste demais para se importar com isso, ou, talvez, simplesmente achasse que merecia aquilo.

Então os punhos de Thalia se erguem uma ultima vez, e finalmente descem no peito de Will. Mas não dessem com força ou violência, Thalia apenas segura-se a gola da camisa do garoto, como se verificasse se ao menos ele ainda estava ali. E Will segura os antebraços de Thalia quando ela se debruça sobre ele, tocando-lhe o ombro com a testa.

E a cena é tão triste que desvio meu olhos de Thalia e Will. Eu encaro o chão, encaro meus pés para notar que minhas pernas tremem, e eu ergo os olhos mais uma vez quando sinto o toque em meu ombro. Nem ao menos havia notado Rachel se mover, mas a garota estava a meu lado, os olhos fixos em mim. Ela não dava atenção a Thalia e Will, seus olhos estavam grudados em mim, verdes e preocupados.

–Você está se sentido bem?

Então as vozes começam a ressoar. Depois que os gritos de Thalia finalmente tiveram um fim, as perguntas começaram a surgir. As vozes confusas de Jason, Piper e Leo, que haviam ouvido apenas a versão enraivecida de Thalia da história. Podia ouvi-los perguntar o como e o por que. Podia ouvi-los perguntar quem merda era Bianca. Podia ouvir a confusão em suas vozes.

–Pera, Nico tem uma irmã? –pergunta Leo.

A boca de Thalia se abre, mas ela ainda está abalada demais para uma resposta rápida.

–Como assim ele teve um sonho? –Piper pergunta.

E as vozes continuam, com perguntas e respostas curtas de Will e Thalia. Sinto o aperto de Rachel em meu ombro quando sinto meus ouvidos apitarem. Eu fecho os olhos, e quando os abro, todos tem os olhos em mim. Demoro um tempo para notar que havia acabado de gritar com eles.

–Vocês querem calar a boca? –o eco das palavras machucavam minha garganta, as primeiras palavras que havia dito naquele dia, já que estava em pânico demais para dizer o que queria dizer. As palavras que haviam roubado minha voz e agora machucava minha garganta. Podia sentir tudo isso, mas continuava sem poder ouvi-la.

E todos os olhos estavam em mim. Thalia, Rachel e Leo pareciam simplesmente chocados demais, Will tinha olhos tristes manchados de preocupação junto de Piper. Minhas mãos se fechavam em punhos e minhas unhas de cravam a palma com tanta forma que sentia os músculos tremerem. Percebi que minha respiração estava pesada, e que toda a dor que segurava havia finalmente sido drenada em raiva.

Ninguém diz uma única palavra, apenas tem os olhos em mim, esperando que eu falasse.

–Eu não consigo achar Percy. –dessa vez minha voz não é um grito, mas é dura, ela raspa em minha garganta como se não bebesse água a dias. Ela não treme, mesmo que todos os meus músculos o façam. Ela apenas anuncia.

Como assim você não consegue achar Percy? –a voz de Thalia é chocada.

–O que você acha que eu quis dizer? Olhem em volta! Quem não está aqui?

No entanto, Thalia não demonstra nenhuma irritação por meu tom de voz. Ela apenas abre os lábios em surpresa, seus olhos correndo pela sala, trocando olharem com cada um presente na enfermaria. Seu olhos parecem pesados se culpa quando nota que de fato Percy é o único que não está ali.

–Espera ai, ele não pode ser desaparecido de repente. –Leo diz.

–Tudo bem, vamos nos separar. –Jason é o primeiro a dizer. O olhar do garoto é firme, como um líder posto a prova. –precisamos chegar a arena, o refeitório...

–Não. –É Thalia quem corta o irmão antes mesmo que eu abra a boca para fazê-lo. Os olhos da filha de Zeus estão fixos em mim. –eu estive em todos esse lugares essa manha, procurei por Nico por todo o acampamento. Annabeth está certa. Ele não está aqui.

–Alguém viu ele voltando pro chalé na noite passada? –Jason pergunta.

–Eu estava com ele. Ele dormiu no chalé de Poseidon. Mas não estava lá essa manha. –eu nego com a cabeça, voltando a sentir as pernas tremerem.

–Precisamos avisar os deuses. Artemis, Apolo e Afrodite devem saber de alguma coisa. –Jason sugere. –precisamos ir para a Casa Grande.

Dessa vez, quem para o filho de Zeus é Rachel, que não havia aberto a boca desde o inicio da discussão. Tão silenciosa que acredito que nem se quer haviam se dado conta de sua presença.

–Eu fui até a Casa Grande procurar por Apolo essa manha, não estava me sentindo muito bem. –a voz de Rachel vacila, os olhos verdes correm por cada um de nos, e param em mim. -Não tinha ninguém lá.

Sinto minha cabeça doer e meu estomago rodar. Eu apoio minhas costas a parede com os olhos fixos em Thalia enquanto vejo o rosto da garota de encher de pavor. Eu sabia o que aquilo significava, e vi seu rosto se contorcer em uma careta quando ela se deu conta disso.

–Deuses! –Thalia gritou, a voz lotada de surpresa e raiva, como se não pudesse acreditar naquilo. Thalia correu as unhas pelo cabelo. –Merda, eu estive em todos os lugares! Eu não vi nenhum dos deuses essa manha também. Se eles não estavam na Casa Grande...

Minhas unhas seguram meus cabelos. Aquilo não fazia sentido. Apolo, Artemis, Afrodite e Percy Jackson, todos desaparecidos em apenas uma noite. Haviam ido dormir e não acordaram em suas camas na manha seguinte. Quatro deuses sumiram sem deixar rastros, sem deixar nada. Ainda podia sentir o gosto dos lábios de Percy nos meus, seu cheiro em minhas roupas, suas marcas em meu pescoço. Se fechasse os olhos, poderia imagina-lo segurar minha mão, me abraçar como fez naquela noite. A apenas poucas horas ele estava comigo. E agora a conta em meu pescoço me sufocava, me tirava o ar.

Inconscientemente, aquele fora seu presente de despedida.

A mão de Rachel que segurava meu ombro escorrega por meu braço até alcançar meu pulso, e quando o faz, o aperta com uma força que sei que Rachel não possuía. Ela o aperta, eu meus lábios se abrem em dor, mas é a voz de Rachel que soa. A garota grita, e mesmo que a força que esteja em meu pulso não seja dela, a voz definitivamente é. O corpo de Rachel parece pesar, e sou levada ao chão junto dela quando ela cai, sem tempo de segura-a. Ao em vez disso, sinto minha cabeça quicar na parede, e minha visão se escurecer.

Quando abro os olhos mais uma vez, Will está posta de frente para Rachel, tentado fazê-la acordar, podia ouvir seus lábios a chamando. A meu lado, via Thalia postada, tentado desvencilhar o aperto de Rachel em meu pulso. Will toca o rosto de Rachel, e a garota se debate, usando o braço livre para afastar o filho de Apolo.

Sabia que aquilo não era uma profecia. Não era assim que Rachel ficava quando recitava uma. Ela costumava se debater como se tivesse convulsões, como se estivesse totalmente fora de si. Mas agora Rachel se debatia como se estivesse em perigo, como se a sua volta cada um de nos fossemos seus inimigos.

–Jason! –Piper grita para o garoto, postado próximo de Rachel, ajoelhado no chão.

Por algum motivo, Jason demorou para agir, o que não era de seu costume. Ele parecia surpreso demais com toda a situação. Mas ele parece despertar com a voz de Piper, e segura o outro braço de Rachel, que se debate contra os toques de Will.

Mas quando Jason segura seu pulso, Rachel crava suas unhas em sua pele, provavelmente com mais força do que fazia em mim. E, quando o faz, Jason cai. Ele desmaia, seu corpo escorrega na direção da parede assim como Rachel, posso ver o exato momento em que o azul de seus olhos perdem a consciência. Quando o eco do som da cabeça de Jason atingindo o chão ecoa, é que sinto a minha própria consciência falhar.

Quando abro os olhos, não vejo Jason nem Rachel, nem nenhum deles. No entanto, eu vejo Percy Jackson. Mas seu cabelo está mais curto, ele é poucos centímetros menor que eu, ombros estreitos e expressão confusa, a expressão que mais esboçava aos doze anos, e era com essa idade que ele se postava minha frente.

–Apenas sei que estarei lutando a seu lado. - Podia ouvir minha voz ecoando, e podia me lembrar de dizê-las.

Podia me lembrar das feições pesadas de Percy sobre a profecia que teria que enfrentar, sobre a guerra que teria que lutar quando alcançasse dezesseis anos. A profecia que havia completado a meses atrás, na guerra que havíamos ganhado por sua coragem. Mas, naquele momento, o Percy de doze anos não fazia ideia do que era capaz, talvez ele nunca de fato saiba.

–Por quê? –ele pergunta, e sua voz soa vacilante pela idade e pela confusão. Mas soa exatamente como Percy sempre soou.

Mas, naquele momento, ele parecia mais confuso que o normal. Senti a pontada de raiva em minha mente e a versão minha de doze anos de idade não pode deixar de suspirar e revirar os olhos para ele. Hoje, eu sabia que toda aquela repulsa por suas perguntas idiotas vinham junto do embrulho em meu estomago por amar responde-las. E eu o amava a mais tempo do que imaginava.

–Por que você é meu amigo, Cabeça de Alga. Mais alguma pergunta idiota?

E posso ver pela segunda vez o medo em seu rosto de dissolver para um sorriso, e seu olhar esverdeado desviar-se do meu. Vi seu rosto jovem sorrir para mim em seguida, e não tinha certeza se ele se dera conta que corara naquele dia.

E então tudo se dissolve. E tenho todo o corpo debruçado sobre Percy, minha cabeça dói e todo meu corpo pesa, e sei exatamente quando é isso. Olho para cima, e quero gritar por estar ali mais uma vez. Os olhos verde de Percy estão abaixados em mim, mas ele não me segura, seus braços carregam o céu sobre sua cabeça, o sangue mancha seu rosto de suas roupas, assim como em mim. Posso ouvi-lo implorar para que eu me mantenha acordada, me mantenha viva. E como naquele momento tive apenas duas certezas. A primeira, era que amava Percy Jackson, e era amada. A segunda, era que não viveria para tê-lo.

Eu fecho os olhos, por que não suporto a imagem a minha frente. E, quando os abro, é Percy quem está no chão.

A minha volta, Nico, Will e Thalia se postavam, de joelhos, juntos aos três semideuses que ainda não haviam-me sido apresentados. E meus olhos correm pela cena, até o encontrarem. Percy estava inconsciente, tombado para o lado oposto, nem se quer poderia ver seu rosto. Mas o peito estava manchado de sangue, e não subia nem se quer descia, nenhum sinal de vida se quer em seu corpo, eu sabia disso. E eu me lembro de chorar enquanto Thalia debruçava-se sobre mim, enquanto Will fazia seu máximo para recupera-lo, para trazê-lo de volta.

E, quando abro meus olhos, ele não está ali.

–Acorde! –meus olhos se abrem, e Piper tem as mãos em meus ombros, me balançando para me acordar. Eu olho para o lado para ver Rachel e Jason.

Rachel abre os olhos como quem acorda de uma dose forte demais de analgésicos. Ela abre os olhos vagarosamente e apoia a cabeça na parede. Percebo então que suas mãos repousam sobre seu colo, e que tem marcas avermelhadas nos pulsos, provavelmente causadas pelas tentativas dos garotos de fazê-la nos soltar.

Quando Jason acorda, sinto o coração bater contra o peito, e me ponho em alerta. O garoto acorda como se saísse de um pesadelo. Ele respira pesadamente como se o ar lhe faltasse, como se tivesse acabado de sair de uma batalha. Thalia afega o ombro do irmão, mas Jason nem se quer a olha. Seus olhos correm por cada um de nos, e param em mim quando finalmente me encontram. Seus olhos azuis elétricos cheios de energia, e cheios de receio.

–É a troca dos lideres. Os deuses estavam errados esse tempo todo. –Jason diz, entre um fôlego e outro. Seus olhos estão vidrados em mim, e, naquele momento, Jason parece apenas repetir palavras, por que aquelas não eram as dele. –Percy Jackson está no outro acampamento. O acampamento romano, o Acampamento Júpiter.


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Notas finais do capítulo

O título desse capítulo é um verso da música brasileira "Relicário". O verso inteiro é: "Porque está amanhecendo se não vou beijar seus lábios quando voce se for?"
Sim, esse tempo nos Estados Unidos está me fazendo muito nacionalista.
Bem, bem. Curiosidades sobre o capítulo: Para quem também não sabe, água (a chuva no caso) na literatura significa mudanças. Então, bem, mudanças vieram e virão. E eu incetivo voces a ouvir essa musica "relicário" que eu ouço desde criança e até hoje não a entendi por completo, mas me baseei bastante nela (Nando Reis e Cassia Eller).
Alguém ai está me odiando profundamente por que acabou de notar por que eu finalizei o último capítulo com #TchauPercy ? Agora voces podem dar um #TchauPercy de novo.
Isso era tão obvio quando era na minha cabeça? Porque pra mim, seguindo a minha lógica demoníaca e a lógica dos livros, é muito obvio. Mas ninguém sugeriu isso nos ultimo capítulos quando eu perguntei o que voces esperavam para o final. Bem, eu realmente espero que não tenha ficado obvio como suspeito, por que eu gostaria de imaginar a carinha de voces bem surpresa, tipo com o queixo caindo aos poucos ao se dar conta do que estava acontecendo, para que lado eu estava remando essa barquinho. Alguém gostou pra onde eu remei o barquinho? Ou tão meio afim de se jogar no mar e se afogar um pouco?
Próxima parada: Acampamento Júpiter.
Ok, agora as perguntas QUE EU PRECISO TER RESPONDIDAS E QUE SÃO DE EXTREMA IMPORTÂNCIA PARA A SEGUNDA TEMPORADA.
1-A capa dessa temporada foi feita com fanarts. O que voces preferem, capa com fanart ou pessoas reais? Estou meio na duvida por que sou apaixonada por fanarts, mas o grupo do Nyah! cheio de capaz lindas com pessoas reais está me fazendo parar para pensar. Então, o que voces preferem para a segunda temporada?
2- Eu não vou colocar a fanfic como finalizada. Por quê? Porque eu não tenho ideia de quando a segunda temporada sai. E para não deixar voces no escuro, quando eu postar a segunda temporada, também postarei o primeiro capítulo aqui com o link. Ai quando voces virem atualização em I'm never changing who I am, vão saber que é a segunda temporada.
3-Estou pensando em fazer uns posters ou algo assim. Frases marcantes da segunda temporadas com fotos do dreamcast ou com fanart (pra isso também preciso da pergunta 1). O que eu também acabaria postando nessa fanfic. MAS AINDA ESTOU PENSANDO NISSO NÃO É CERTEZA ESSE GRUPO DO NYAH TÁ ME INFLUENCIANDO MUITO. O que voces acham?
E para quem está se perguntando: qual será o nome da segunda temporada? Não está 100% definido, mas o plano original é: "Don't let me go"
Só pra lembrar voces que eu sou passional. O que significa que se voces escreverem comentários grandes, ou simplesmente comentarem ou escrever uma recomendação de finalização, eu vou ficar com pena e me sentir mal por demorar muito e adiantar a segunda temporada.
Quando sai a segunda temporada? Como já disse, não tenho ideia, mas a ideia é demorar um mês, um mês e meio no máximo. Mas como eu já disse, comentários e recomendações me influenciam bastante. Sinto muito pela demora, minha vida está meio de ponta cabeça no momento.
EU SOU PASSIONAL GENTE SE APROVEITEM DISSO E ME DEIXEM FELIZ PRA EU POSTAR RÁPIDO. EU TO NOS ESTADOS UNIDOS FALA PORTUGUÊS COMIGO PELO AMOR DE DEUS.
Se eu tenho algo mais a dizer? Bem, amo muito todos voces, e obrigada por me acompanharem aqui, mesmo no inicio quanto a minha escrita era uma bosta (que vergonha de reler os primeiros capítulos) e hoje ainda não é lá uma maravilha não. Obrigada por continuarem comigo até hoje, e conto com voces na segunda temporada também.
E sinto muito pelo Percy. Muito mesmo. Mas sou uma autora, esse é meu trabalho, eu vivo por isso.
TCHAU I 'M NEVER CHANGING WHO I AM
VEJO VOCES EM DON'T LET ME GO.
#TchauDeVerdadePercy
#Don'tGoPercy
#DONTLETMEGO
Adoro essas # deixam tudo tão engraçado.











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