I'm Never Changing Who I Am escrita por Moça aleatoria


Capítulo 55
Apenas esteja aqui.


Notas iniciais do capítulo

"Amiga, voce é péssima" disse minha querida amiga Isa quando eu disse que tinha atrasado o capítulo.
Sério, gente, eu to meio (bem) quebrada aqui. Fui conseguir pegar no computador na quarta feira e até corrigir já seria quinta e dai acabei adiando para esse fim de semana. To tão encurralada que fui conseguir responder os comentários dos DOIS últimos capítulo só hoje e ainda foi complicado.
Mas eu estou tentando, enquanto por favor paciência comigo.







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POV Nico

Cada um dos cilindros coloridos estava cuidadosamente arrumado em sequencia, não sabia se eram organizados por cor ou por necessidade. Com a falta de ambrosia e néctar, a enfermaria do acampamento tinha se voltado para a medicina mortal para não deixar de atender os campistas. No entanto, todos os medicamentos mortais eram cuidadosamente modificados e aperfeiçoados ao serem misturados com alguma planta ou especiarias mágicas. Cada um deles tinha uma pequena etiqueta presa em si marcavam suas funções, algumas mostram nomes complicados que eu não sabia pronunciar, outros diziam “pó de chifre do Minotauro” ou “água do rio Estinge”. Meus olhos correm por cada cilindro distraidamente.

Sinto um arrepio correr por minha espinha quando sinto a respiração quente em minha nuca. Obrigo-me a relaxar, colocando em minha mente que estávamos seguros. No entanto, cada dia que se passa se torna mais difícil acreditar que tanta calmaria poderia durar tanto tempo.

Eu suspiro quando sinto os lábios de Will em meu pescoço.

–Onde estão os outros? –pergunto, me virando e apoiando o quadril na bancada.

–Piper precisou ir para o chalé 10, algo sobre uma chefe de chalé implicante. Leo esta naquele projeto os irmãos. Acho que ele disse algo sobre um dragão de metal. –Will da de ombros. -Jason e Thalia aparentemente vão resolver sobre a decoração do chalé de Zeus. Percy e Annabeth devem estar se pegando em algum lugar...

Um riso sai de meus lábios antes que eu consiga conter, minha cabeça se inclina para traz. Após tanto tempo de olhares cúmplices e tristes, era bom saber que finalmente tinham se acertado.

–Não está com ciúmes? –ele pergunta, seu nariz toca a ponta no meu.

–Não seja idiota. –eu o repreendo, juntando as sobrancelhas. –por quê? Você está?

–Nem em um milhão de anos. –Will ergue as suas, oferecendo-me um olhar inocente.

–Que bom.

–Sabe o que isso significa? –Agora, Will está tão perto que posso sentir seu halito e sua respiração quente sobre meu rosto. –Que estamos sozinhos.

Will aproxima seus lábios dos meus e me beija. Eu retribuo-o, já havia me acostumado a ter seus lábios nos meus, mas a sensação que me traziam era algo que talvez nunca realmente me acostumasse, seria algo que me faria suspirar todas às vezes.

–Queria poder beijar você assim fora daqui. –Will diz entre meus lábios, e quando tenta toca-los novamente, eu me esquivo. Will suspira. –desculpe, eu não deveria ter dito nada.

Os olhos de Will murcham em tristeza e eu mordo os lábios.

–Eu que tenho que me desculpar. É só que...

As palavras não saem de minha boca. Não poderia dizer que continuava a reprimir o que era, ou o que sentia. Eu gostava de Will, eu amava beija-lo e amava tê-lo comigo. Ele era como uma droga, talvez pudesse ter vivido a vida inteira sem tê-lo, mas agora que tenho, não suporto a ideia de perdê-lo. Era uma droga que eu já não sabia mais viver em abstinência.

No entanto, o medo ainda apertava meu peito. Tudo estava bom demais, fácil demais, e eu sabia que como sempre, cedo ou tarde, as coisas acabariam dando errado. Afinal, elas sempre davam. Apenas não queria ser eu a terminar o que vinha sendo a melhor época de minha vida. Eu temia por que enquanto mais se tem, mais tem a perder. E, deuses, eu nunca tive tanto. Eu nunca fora tão feliz, e agora, pensar em não ter mais aquilo era simplesmente torturante.

–Está tudo bem. Eu entendo.

Meus dedos vão a seu pescoço, mas voltam para seu rosto, contornando sua mandíbula com o polegar. E via nos olhos de Will que ele estava triste, mas, ao mesmo tempo, ele me entendia. Não da boca para fora, para me consolar, mas realmente entendia tudo que eu não havia dito, todos os medos que nunca diria em voz alta.

Mas Will faria aquilo por mim, estaria comigo mesmo que apenas na enfermaria se fosse preciso. E eu prometi a mim mesmo que não o faria passar por isso por muito tempo. Não era justo com ele. Não era justo negar algo tão básico para alguém que em tão pouco tempo havia me dado tudo.

Então eu simplesmente passo meus braços a redor de Will, o puxando contra mim, e enterrando meu nariz em seu ombro. Imediatamente Will me abraça de volta. E não posso deixar de pensar em como tudo aquilo é frágil. Sinto meu estomago pesar quando penso naquilo que todos evitam dizer em voz alta. Eu penso em Effy e Mary Ann, soltas, e provavelmente planejando alguma coisa. Naquele garoto, Alex Sanders, que havia sumido antes de toda a confusão. Penso nos deuses sumidos, e sei que Eros não vai parar, muito menos Effy. E a pior parte, é que sei que independente do que acontecer em seguida, estaremos bem no meio disso.

Penso no que cada um deles está fazendo agora. Effy, Mary Ann Bell, Alex Sanders, Dália Dark… Dália. Havia pensado muito sobre a filha de Nemesis. Qual teria sido o caminho que Dália tomara? Será que se quer havia conseguido sair da caverna de alguma forma?

Sinto os dedos de Will correndo por minhas costas e sinto o estomago rodar. Will não sabe sobre Dália, não havíamos tocado no assunto desde que voltamos. E a culpa de não lhe dizer a verdade me consumia, e me destruía ainda mais que o medo de ter toda aquela paz destruída.

–Precisamos conversar. –eu digo, afastando-me.

–Isso nunca é boa coisa. –as sobrancelhas de Will se erguem, parece preocupado. –Pensava que estivéssemos indo bem. Eu não estava reclamando, Nico, eu só....

–Não. Não é nada disso. –eu nego com a cabeça, e Will pega minha mão, como se conferisse se as coisas estavam de fato bem. Eu a seguro contra a minha, e Will parece se tranquilizar. Às vezes, a doçura de Will fazia meu peito encher-se de culpa por ser tão frio, e, às vezes, fazia-me derreter. –Mas também não é nada de bom.

As sobrancelhas de Will se franzem, agora ele parece preocupado, mas de uma forma diferente, ele parece tenso.

–Sou todo ouvidos.

–Você... Você se lembra de Dália?

O olhar de Will muda, ele não é mais o garoto doce, era um lutador. Assumia a postura de soldado tão rápido quanto assumia a de médico, a de amigo ou a de amante.

–A garota que tentou nos matar com um machado e você nocauteou na caverna? Lembro sim.

Eu suspiro, não tenho coragem de olhar Will nos olhos.

–Eu não a nocauteei, e eu deixei ir.

A mão de Will solta a minha em pura surpresa, ele abre os braços na frente do corpo, indignado.

–Você fez o que? –A voz de um sobe um tom.

–Ela era só uma garota, Will. –eu argumento, e os olhos de Will rolam frustrados.

–Uma garota que tentou nos matar!

–Ela tentou me matar. –eu o corrijo, digo entre dentes. -Por que eu matei o irmão dela.

–Por que Tom era sádico e estava muito perto de machucar Thalia! –Will gesticula. –fazer pior que isso!

–Não me ponha como mocinho da historia!

–É você que insiste em ser o vilão!

Sinto a raiva irradiar por minhas veias, e vejo o mesmo acontecer com Will. Por que sei que não mereço vê-lo me defendendo, nem se quer o mereço a meu lado. Eu via nos olhos de Will como ele me achava bom mais do que eu de fato era. Ele via isso por que Will nunca me viu como era antes, não me conhecia quando estava perdido. Ele não me acha capaz de maldades por que nunca me viu fazê-las.

Então eu suspiro por que não quero brigar, não era esse o ponto. Eu encaro meus pés enquanto passo os dedos pelo cabelo, aflito. Will não diz mais nada, seus olhos claros apenas me observam.

–Quando Bianca morreu eu culpei Percy. Eu o culpei por anos e ele nem se quer a havia matado, apenas não conseguira protegê-la. E eu o odiei, eu o traí em batalha, e mais de uma vez. Eu coloquei Percy e Annabeth em perigo mais de uma vez, Will.

As palavras saem de minha boca como o segredo que nunca tinha dito em voz alta. Sentia meus ombros pesarem enquanto a culpa invadia-me. Sabia que os olhos de Will já não deveriam mais carregar raiva, mas continuaria presos em mim, e que ele não me interromperia até que dissesse tudo que precisava dizer.

–Quando alguém que tomou conta de você a vida inteira morre, você quer culpar alguém, qualquer um. Por que você não suporta a ideia de algo tão terrível ter acontecido com alguém que você ama tanto, por que tudo que você pensa é que aquela pessoa não merecia isso, nem você. Dália só estava com Effy naquela caverna por que sabia que estando do lado dela estaria contra mim. Ela não é má, ela não tem nada a ver com Effy ou Eros. Dália só estava com Effy por que me culpou, e sei que foi muito fácil para ela me culpar. E Effy se aproveitou disso, usou uma garota que não tinha a mínima ideia de onde estava se metendo. –eu paro por um momento, recuperando o fôlego, os olhos claros de Will não saem de mim por um segundo se quer. – Veja, eu não estou dizendo que tinha razão em fazer o que fez, mas eu a entendo. Eu já estive no lugar dela, eu sei como é, Will.

–Você não pode ter certeza que ela mudou de lado. –ele nega com a cabeça. Não há mais raiva em sua voz, apenas cansaço.

–Eu a convenci a seguir em frente, a fazer algo melhor com a vida dela. Ela seguiu em frente, algo que eu demorei anos pra fazer. –Will nega com a cabeça, frustrado, como se não quisesse acreditar em mim. Ou talvez como se quisesse desesperadamente acreditar, mas não conseguisse. -Eu pedi que ela fingisse um desmaio e ela me obedeceu, Will. Ela nos deixou ir.

–Ela ia perder de qualquer forma. –ele resmunga.

–Will, me ouça. Ela é tão má quanto eu sou.

–Você não é mau. - Will responde rapidamente, como se aquilo fosse um insulto a si mesmo.

–Somos apenas pessoas que fizeram coisas ruins pensando ser o certo. Pessoas boas que erram tentando acertar. A vingança é só mais um tipo de justiça, a dos desesperados por qualquer tipo. –eu toco o rosto de Will. –eu estou do lado certo por que encontrei as pessoas certas. Eu sou quem eu sou por que perdoei Percy e fui perdoado, eu conheci Thalia... Eu conheci você. E eu quero que Dália tenha ao menos essa chance. Todo mundo deveria ter essa chance. Eu não tenho o direito de dizer se ela tem ou não esse direito.

Minha mão desce por seu braço até alcançar sua mão novamente. Will suspira.

–Você mal a conhece.

–Você também não em conhecia quando saiu em uma missão perigosa comigo.

–É diferente. –Will coloca sua mão sobre a minha. Ele parece prestes a argumentar, mas apenas nega com a cabeça. –Tudo bem, mas e se ela voltar a se juntar com Effy?

– Se ela escolher errado mais uma vez você pode fazer o que quiser. Mas eu não vou tocar naquela garota.

Os olhos de Will estão cravados em mim, sua mão aperta a minha.

–Eu não confio em Dália, mas eu confio em você. Não vou dizer a ninguém sobre ela se você não quiser.

–Muito obrigado.

Sei que meus olhos transbordam gratidão, enquanto os deles estão cheios de preocupação. Aquele não seria o primeiro segredo que Will guardaria por mim e provavelmente não seria o ultimo. Sabia que era algo perigoso demais para manter em sigilo, e sabia que seriam poucos que me dariam esse voto de confiança.

E os olhos de Will me miram com cuidado, ele não diz nada, seu olhar claro apenas contorna meus olhos, tentando entender algo neles. Por fim, ele suspira, e seus braços concordam minha cintura, puxando-me para si mais uma vez.

–Eu não consigo entender como em algum momento se quer você pode pensar que é alguma coisa a não ser bom, e incrível. –ele beija minha tempora, e eu sorrio fracamente, aceitando suas palavras, apenas para não contraria-lo.

–Você só diz isso por que gosta de mim.

–Eu faço muito mais que isso.

Os lábios de Will vão mais uma vez para meu pescoço. Fecho meu olhos, e sinto seus lábios tocarem os meus.

E então ouvimos alguém limpar a garganta. Imediatamente pulo para traz.

–Não se preocupem comigo, sou apenas a amiga assexuada do grupo. –Thalia ergue as mãos para o ar, se rendendo. Tem as costas apoiadas no batente da porta. –vamos, continuem. Vocês são uma gracinha.

–Cala a boca, Grace. –digo a garota, e Will me tasca um beijo estralado na bochecha. - Aliás, você não tinha que estar com Jason?

–Não tínhamos muito que discutir. Alias, sabia que tem uma estatua de Zeus hippie naquele chalé? Infelizmente tira-la de Aquela merda vai ter que ficar lá. Mas não importa, vou continuar no chalé de Artemis, Jason que se vire para dormir com Zeus encarando ele. –Thalia gira os olhos, mas então volta a sorrir para nos. –Mas se estou incomodando eu posso sair pra vocês se pegarem um pouco.

–Vaca.

–Canalha.

–Você não incomoda. –obviamente Will quem disse.

–Quem disse? –eu respondo, e Thalia gira os olhos, mas tenta conter o sorriso que lhe escapa dos lábios.

–Will disse, você é surdo?

–Crianças... –Will resmunga atrás de mim. –Brigar é feio.

–Ela sabe que eu amo ela. –eu digo, já não contendo o sorriso em meus lábios. Thalia mostra-me a língua.

–Tenho certeza disso. –Will diz. –só não tenho ciúmes por que estou mais certo da sua sexualidade do que você.

Dou-lhe um tapa no ombro, e vejo Thalia inclinar a cabeça para rir, enquanto Will finge dor.

Thalia era a única pessoa com quem conseguia agir normalmente com Will na presença. É claro que Jason também sabia sobre nós, mas não tinha tanta intimidade com o garoto. Não confiava em sua língua tanto quanto confiava na habilidade de sua espada.

E meus olhos caem novamente sobre Thalia, de braços cruzados e um sorriso no rosto. Não posso deixar de suspirar.

–É muito egoísmo meu ter desejado que você aceitasse a oferta de Artemis e ficasse conosco no acampamento? –pergunto a Thalia, e seu sorriso diminui do divertido para o doce.

Sinto Will pousar sua cabeça na minha.

–Então acho que somos dois egoístas. –ele suspira, fazendo uma mecha de meu cabelo flutuar.

Thalia sorri de lado como se pedisse desculpas. Ela se afasta do batente da porta em passos lentos até nos.

–Não era para ser. –ela da de ombros. –desde que entrei para a caçada, isso tem sido toda a minha vida. Caçar, combater monstros, servir a Artemis... É mais do que só uma questão de evitar romances, é um estilo de vida, e eu me adaptei a ele. De qualquer forma, nunca me encaixei no acampamento. Sabe, tem uma escultura de Zeus hippie no meu chalé, e ela não vai sair de lá. – ela finge um arrepio com a lembrança.

–Vamos sentir sua falta quando você for. –Will declara, e puxa Thalia pelo braço, juntando ela em nosso abraço, colocando-a entre nós.

–Pelo amor dos deuses, vocês não vão virar aqueles casais que falam sobre si no plural, vão? Qual é, isso é muito chato. Se forem fazer isso me avisem para eu parar de falar para as pessoas que conheço vocês.

Nossos peitos tremem em uma risada conjunta. Os cabelos negros de Thalia se confundem com os meus, ambos abaixo dos loiros de Will.

–Sabe, Artemis planeja ficar um pouco mais no acampamento, talvez possamos adiar nosso abraço de despedida algumas semanas. –Thalia revela, e Will parece tentar erguer eu e Thalia juntos no ar, e chega a fazê-lo em alguns centímetros.

–É por isso que eu adoro vocês dois! –ele joga a cabeça para trás, gritando empolgado pela enfermaria.

–Adora, é? –pergunto, e ele abaixa a cabeça e sorri.

Então Will beija a bochecha de Thalia e em seguida minha boca, fazendo Thalia e eu sacudirmos em uma risada.

É, seriam ótimas semanas. Eu as aproveitaria o tempo que durassem.

POV Jason.

A arena de batalha estava praticamente vazia. Era hora do almoço e a maioria dos campistas havia deixado suas atividades rotineiras para o almoço. Dessa forma, as únicas caçadoras que treinavam arco e flecha estavam longe de nós, já que a maioria também estava no refeitório como o restante dos campistas.

Apenas Piper, Leo e eu ocupávamos o campo de batalha. Bem, Leo havia largado a espada que havia tentado lutar a alguns metros de si. Um a zero para a espada, por enquanto. Ao que parece, Leo parecia dar-se por satisfeito com seu cinto de ferramentas de parafusos infinitos e mãos flamejantes como arma. Ele se sentava no chão, com as costas apoiadas no muro da arena e com um bloco de anotações sobre as pernas, concentrado em um projeto de seu próprio chalé.

Já Piper... Bem, Piper parecia mais interessada do que imaginava em manejar sua adaga, e surpreendentemente, era boa nisso. Talvez não fosse realmente surpreendente, eu a tinha subestimado, mas não sou o tipo de pessoa que comete o mesmo erro duas vezes. Ela tinha o cabelo preso em um rabo que agora se desmanchava, a única pena que agora o enfeitava havia sido presa junto com o restante das mechas. Seu peito subia e descia com os movimentos da luta.

No momento, ela duelava comigo. Piper era uma boa ofensiva, mas mantinha brechas demais para que eu a ataque sem dificuldade. Divertia-me enquanto bloqueava suas investidas e, vezes ou outras, investindo contra sua armadura nas falhas de sua defesa.

–Defesa, Piper! –eu a instruo.

Quando atinjo sua cintura, também coberta pela armadura, ela bufa, frustrada, movendo uma mecha para longe de seu rosto e concertando a defesa.

–Defesa! –eu abro a boca para lembra-la, mas é ela quem diz em meu lugar.

Quando ela o faz, mudo minha investida para uma defesa, inconscientemente influenciado pelo charme. Mas Piper bate com força contra minha espada, e aponta a adaga contra meu peito. Seu peito se move ofegante, ela tem um sorriso nos lábios. Eu não reago, ainda entorpecido pelo charme.

–Ei, isso é roubo! –eu digo, mas tenho um sorriso no rosto. –mas foi um bom movimento.

Ela inclina a cabeça e abaixa a arma, o sorriso em seu rosto havia sido tomado por uma expressão curiosa.

–Voce estava fazendo uma sequencia. –ela diz. –defesa, defesa, ataque, defesa, ataque, ataque, defesa.

Minhas sobrancelhas se juntam. As palavras se Piper parecem cantadas como uma velha melodia em minha mente. Extremamente familiar.

–Estava? –pergunto, em duvida, Piper concorda, com sua respiração já tranquilizada.

–Parece como... Movimentos de treinamento. Você não estava pensando muito no que fazia, estava? –nego com a cabeça. –Parecem movimentos bons contra monstros, já que eles em geral não são muito inteligentes. –ela da de ombros. -deve ser algo de sua memória.

Piper começa a desamarrar a armadura de seu peito, eu descanso minhas costas na parede, cruzando meus braços. Meu peito aperta com a menção, era possível sentir saudades do que nem se quer se lembra? E as palavras parecem ser vomitadas de minha boca.

–Teve um momento, durante a luta contra Effy. –Piper vira-se para mim, mesmo que eu encare meus pés. –me lembrei de algumas coisas.

Sabia que todos haviam notados meu lapso quando Effy usou seu poder sobre nós, nos obrigado a reviver nossas piores lembranças com o amor. Para mim, no entanto, aquilo me mostrara apenas fleches. Olhos inchados e cheios de dor, negros e tristes. Muitos fleches, muita dor, e nenhuma lembrança. Sabia que ninguém havia me questionado até agora por que todos temiam a resposta.

Quando ergo meus olhos, Piper tem os olhos em mim. Mas não parecem surpresos, mas contem uma parcela considerável de pena. Ela comprime os lábios.

–Se lembra de onde veio? –sua voz possui uma boa quantidade de otimismo.

–Não, não exatamente. Foram tipo fleches. –eu explico, erguendo uma mão, tentando gesticular. –algumas imagens que não param de se repetir em minha mente.

Eu nego com a cabeça, massageando o topo do nariz. Piper passa a encarar o chão.

Ah, aqueles fleches, como gostaria de entende-los. Cabelos e olhos negros, blusa roxa e jeans surrado. Em algumas lembranças, a via mais jovem, um olhar infantil e tímido. Mas na maioria das vezes, via olhar sério e determinado, que fazia com que meu perto se apertasse por não me lembrar do contexto de tais lembranças. Reyna. Um nome, uma provável historia e nenhuma lembrança.

Piper abre a boca repentinas vezes para falar, mas desiste na metade do caminho. De alguma forma, penso que Piper sabe que estou pensando em Reyna, na garota que me espera em algum lugar. Ela não pergunta sobre o que estou pensando, por que deve saber. Ela não pergunta sobre Reyna ou minhas lembranças, por que sabe que não poderei responder suas perguntas. Ela apenas suspira, e diz aquilo que eu gostaria de ter ouvido desde que acordei naquele ônibus.

–As lembranças são suas, elas fazem parte de você. –seus olhos subiram até mim, e têm de um belo tom violeta quando encontraram os meus. –você não as perdeu, estão com você. Vai encontra-las cedo ou tarde.

Piper segura à armadura nos braços, na frente de seu corpo, seus olhos se concentram em mim por alguns segundos, e eu adoraria saber o que ela pensa. Então ela mira algo por cima de meu ombro, seu olhar é triste e ela suspira antes de se virar. Ela caminha até onde ficam guardadas as armaduras. Eu olho por cima de meu ombro.

E lá está Leo. A caneta que antes fazia contas e desenhava androides robóticos com eficiência está pousada, pendente entre o indicador e o dedo médio. Seu pulso se apoia em seu joelho e seus olhos fogem do caderno. Seu olhar e distante, ele mira algum lugar entre o céu e o horizonte, parece perdido, extremamente triste.

Viro-me e vejo Piper se afastar, eu a sigo.

–Isso é por causa de... Calipso? –eu pergunto a ela, enquanto a garota arruma sistematicamente a armadura no lugar ideal.

Piper havia me contado sobre Leo e Calipso no dia seguinte após voltarmos da missão. Assim que fomos colocados em nossos chalés e após uma boa noite de sono. Mesmo depois de tudo isso, mesmo depois de estarmos bem e a salvo, o olhar de Leo aprecia desconcentrado, triste e cansado demais. Ele se perdia em olhares e em momentos, com o déficit de atenção agravado e hiperatividade ignorada. Questionei Piper depois de uma tarde com a versão entristecida de Leo, e ela me contara com relutância e cuidado a historia dos dois, e de como Calipso o havia mandando fugir da caverna enquanto ela ficara para traz para ajudar os deuses.

–Eu pesquisei a historia dela. –Piper começa, ainda sem me olhar nos olhos. –sua maldição era ser afastada daqueles por quem se apaixonava. Todos a deixavam, por um motivo ou por outro. Uns tinham outros amores, outros, batalhas a terminar. Nenhum nunca voltava, a ilha em que era presa não podia ser encontrada.

Eu dou de ombros.

–E daí? Como isso se aplica a Leo? Ela está fora da ilha agora. –Piper se vira para mim, seu olhar é serio e preocupado.

–Talvez a ilha não seja o problema. Talvez Calipso seja destinada a ser afastada de quem ama. Talvez Leo passe a vida toda pensando em uma garota que nunca poderá ter, e que está destinada a esse fardo. –seu olhar novamente mira sobre meu ombro, na direção de Leo. –eu não quero isso pra ele. Não há nada pior do que amar alguém com quem não se pode estar.

Quando seus olhos se voltaram a mim, Piper pareceu processar o que tinha dito. Sua boca e abriu em um “O” envergonhado.

–Eu sinto muito.

Na verdade, não sabia se Piper se referia a mim e Reyna, ou a mim e ela. Não sabia dizer e não queria perguntar. A dúvida quanto à frase batiam em minha mente com força e culpa.

–Tudo bem.

Quando o olhar de Piper se fixa em Leo novamente, eu me viro para meu amigo, que continua com o olhar perdido. Quando finalmente nos nota, ele força um sorriso e gira a caneta nos dedos, em seguida aponta-a para o papel.

–Em algumas semanas teremos um super dragão de metal para ajudar a tomar conta desse acampamento! Vocês vão ver, vai ser demais!

Quando seus olhos se voltam para o papel, ele já não aprece tão empolgado.


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Notas finais do capítulo

Aviso bem importante: para quem shippa Jasiper, TRETA pela frente. Não, gente, eles não vão ficar só nisso. Mas triangulo amoroso é a minha definição de TRETA. E quem não ama TRETA.
Enfim, vou ser breve dessa vez.



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