I'm Never Changing Who I Am escrita por Moça aleatoria


Capítulo 53
Nós ficaremos bem.


Notas iniciais do capítulo

PERA AI MUNDO VOLTA QUE AINDA É DOMINGO E EU TO NO PRAZO!
E volta também por que minhas aulas começam na terça e eu vou chorar ali no cantinho. Sim, TERÇA FEIRA, nem em pergunte por que, é assim desde que eu estudo lá.
Sou muito inútil, não fiz bosta nenhuma nas férias, só dormi e escrevi.
Eu passei o dia reescrevendo esse capítulo por que tinha muita pouca emoção e as coisas não funcionam assim comigo não. Bem, acabei tendo que dividir em dois, e olha que faz tempo que isso não acontece. Antes o capítulo inteiro tinha 5 mil palavras, agora metade dele tem 4 mil. POXA ALGUÉM ME DA UMA ESTRELINHA VAI.
Alias, eu vi Cidades de Papel. To no chão cara como assim? Amo e odeio esse livro ele me magoa muito.
Esse capítulo tem direito a praticamente tudo, e como jogar todo mundo que voce ama na panela jogar um pouco de dor, sofrimento e felicidade, ligar o fogo do inferno e pronto. É tipo brigadeiro, tudo de bom.
Tenho que parar de falar de brigadeiro se não vou precisar fazer um por que ta difícil hein, é muita tristeza nessa vida.
Alguém quer me dar brigadeiro?
Tudo bem, boa leitura miguxos.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/431633/chapter/53

POV Percy.

A primeira sensação que me vem é a dor. Ela preenche cada centímetro de meu corpo, corre por cada uma de minhas veias e lateja minha cabeça. No entanto, dói em uma proporção tão inferior a que costumava sentir que se torna quase confortável.

É como tossir para limpar a garganta depois de superar uma tuberculose. É como pular um degrau da escada depois de pular de paraquedas. É como estralar os dedos depois de quebrar os braços. Era apenas uma lembrança triste que estava feliz em superar, mas triste em tê-la vivido.

No entanto, minha memória parece pulsar dentro de minha mente, latejando em uma explosão confusa de lembranças e dores. Lembro-me de me aproximar de Effy, de sentir cada órgão falhar, cada celular pulsar em meu corpo, e todos os neurônios gritarem. Lembro-me de fechar os olhos e suspirar, e ter a certeza que seria a ultima vez que fazia ambos. E então estava morto, pelo menos até abrir os olhos novamente.

Lembro-me de cada olhar, do preocupado de Thalia até o simplesmente chocado de Nico. Do hesitante de Jason até os certeiros de Will. Todos gloriosos e devastados de sua maneira. E Will Solance havia salvado a mim e a Annabeth. E cada um deles havia arriscado sua vida para a nossa ajuda. Até mesmo Nico que ainda não tinha certeza se sentia algo por mim que não fosse raiva. Até mesmo Will com quem nunca se quer havia falado. Até Jason, Piper e Leo, que nunca havia visto antes daquilo.

E então Jason e Leo me levantaram do chão. Thalia apoiou-me quando minhas pernas não suportavam meu peso. Jason pegara Annabeth nos braços. E eu nos transportei para o Acampamento Meio Sangue. Depois disso tudo ficou negro, e não havia aberto os olhos novamente.

Na realidade, permiti demorar-me a abri-los. Agarrei os dedos aos lençóis que cobriam meu corpo, movi a cabeça a fim de testar o travesseiro sob minha cabeça. E, mesmo assim, algo em meu peito gritava que quando eu abrisse meus olhos ainda seria a escuridão do céu que estaria a me observar e a me engolir.

Mas, quando meus olhos finalmente se abrem, quando a luz fere meus olhos, eu os mantenho abertos para admirar o teto esbranquiçado familiar da Casa Grande sobre minha cabeça.

–Desista.

–Cala a boca. Eu não vou desistir.

Uma risada fraca ecoa, e eu viro na cabeça a direção das vozes tão familiares. E ao ver a cena, todas as preocupações parecem ser limpas de minha mente, expulsas pela felicidade em vê-los. E não posso deixar de sorrir.

–Sério, Grover, nós jogamos esse jogo milhares de vezes, você nunca ganha.

Apolo estica os pés e apoia-se nas costas da cadeira a fazendo inclinar para traz. A postura de Apolo é relaxada, ele tem um sorriso fraco nos lábios, mesmo que seus olhos sejam mais fundos do que eu me lembre. Grover, por sua fez, se sentava na ponta de sua cadeira, seu corpo se curva para frente e suas cartas são seguradas próximas de seu nariz, como se tivesse um sério problema de visão. Em baixo da mesa, posso ver sue casco bater no chão em nervosismo, o som ecoa pela sala, mas o ambiente é tão amigável que ninguém se quer da atenção.

–Estou muito perto dessa vez. –ele enche o peito de esperanças, mesmo que pareça curvar-se ainda mais sobre as cartas.

–Você sabe que ninguém me vence nisso. –seus olhos dourados nem se quer encaram as cartas, eles parecem apenas se divertir com Grover.

–Ninguém além de mim.

Artemis, que estava sentada sobre o braço do sofá e atrás de Apolo, se levanta para cutucar o irmão. Ela contorna a pequena mesa redonda enquanto os garotos jogam. Artemis se apoia no ombro de Grover e aponta uma carta.

–Descarte essa. –ela indica.

Grover sorri para a deusa e faz o que ela manda. Apolo abre os braços, fingindo indignação. Artemis sorri para o irmão e leva a caneca que tem nas mãos até os lábios. O cheiro de café forte inunda minhas narinas, e me sinto sorrir.

–Isso é roubo! –Apolo aponta para Artemis em um tom acusatório. –isso é completamente injusto!

Artemis sorri para Apolo por traz da caneca. Era um sorriso divertido e fraternal, completamente diferente da expressão de raiva e sarcasmo que ela costumava oferecer a ele. E Apolo a retribui, abaixando os olhos novamente para as cartas. Tudo neles parecia extremamente diferente. Cada olhar parecia conter conforto, e não a irritação que antes carregavam.

Fisicamente, Apolo aprecia ficar cada vez mais jovem. No momento, não parecia ter mais de dezoito anos, se passaria por um de seus filhos sem nenhum problema. O cabelo dourado parecia ter ganhado alguns centímetros, mas perdido um pouco de seu dourado.

Artemis, no entanto, parecia mais velha. Parecia mais alta, sua trança negra continuava lá, mas parecia ter perdido o tom perfeccionista. E mesmo que ainda carregasse muita seriedade em si, ela mostra a língua para o irmão quando ele o faz primeiro.

Os olhos de Grover se erguem para os deuses, parecem se divertir com a cena. A voz de Afrodite soa em uma risada fraca. Afrodite estava deitada no sofá de barriga para baixo, as mãos apoiavam o queixo e as pernas se cruzavam no ar em uma postura relaxada e graciosa ao mesmo tempo. A deusa usava um short jeans curto e uma blusa curta com franjas. Na vestimenta, Afrodite lembrava uma hippie, e os cabelos dourados estavam jogados sobre o ombro, cacheados e compridos.

–Está falando de roubo, Polo? Se eu fosse você conferiria os bolsos dele, Grover. Apolo costumava guardar umas cartas ali quando jogava comigo.

Apolo nega com a cabeça, fingindo decepção.

–Qual, é, Dite! Foi só uma vez, e faz milênios! Não foi tipo, em Troia? –Apolo da de ombros. –Aliás, aquilo foi tudo ideia de Dionisio. Afinal, o cara é o deus dos jogos, o que você... –seus olhos voltam para as cartas, e, quando se levantam, estão em mim. –Percy!

O sorriso divertido que Apolo esbanjava se derreteu em surpresa para depois se reconstruir em um sorriso maravilhado. O rosto de Grover se ilumina em nada além de felicidade. Afrodite mostra os dentes, encantadora e brilhante como sempre fora. O sorriso de Artemis se alarga para então se conter, era uma mistura de alivio e orgulho que ela me oferecia. Grover e Apolo largam suas cartas na mesa viradas para cima, exibindo o jogo que nenhum deles se virou para olhar. De repente, aquilo aprecia ter se tornado simplesmente ínfimo.

Enquanto Apolo e Grover veem direto em minha direção, Artemis apenas endireita a coluna, com o sorriso orgulhoso ainda nos lábios. Então ela se volta para o sofá. Afrodite precisa se apoiar no braço do sofá para se levantar, e Artemis apoia as costas da deusa. Quando Afrodite ergue os olhos novamente, noto o cansaço e a palidez em seu rosto.

Grover aperta meu ombro, como se precisasse desesperadamente conferir se eu realmente estava ali, mesmo que saiba que deveria ter permanecido inconsciente por algum tempo. Meus olhos se perdem entre movimentos e olhares, tanto que recuo em surpresa ao sentir os dedos em minha testa.

–Calma, garoto. –sinto Grover apertar meu ombro quando Apolo continua a medir minha temperatura. Seus olhos são preocupados e minuciosos, substituindo o sorriso de antes. Não era mais meu amigo, era meu médico. -Como se sente?

As deusas haviam finalmente se juntado a nos, Artemis se colocara entre Apolo e Grover, enquanto Afrodite estava atrás da cabeceira, sinto suas unhas em meu cabelo antes de responder.

–Me sinto ótimo.

Vejo um bico se formar nos lábios de Afrodite, como se não cresse em minha resposta. Sim, eu sentia dor, mas tudo parecia tão pequeno... E, apesar de tudo, era verdade. Não me sentia tão bem, tão vivo e mais feliz há muito tempo, tanto tempo que nem se quer conseguia contar. No entanto, Grover sorri, ele sorri por que sabe que eu não daria uma resposta diferente. Ele sabe que não estou realmente bem, mas estou muito melhor, e ele se contenta com isso.

–Graças aos deuses... –Grover murmura, e Artemis toca seu ombro.

–Acredite, os deuses não tem nada a ver com isso. –ela garante. –devemos isso a aqueles semideuses.

E todas as lembranças voltam a assombrar minha mente. Os olhos azulados de Thalia, a expressão de Will, a surpresa de Nico. E Annabeth. Lembro-me de vê-la ao chão, tão próxima a mim e tão distante. Lembro-me de vê-la fraca e vê-la morrendo, e de como tudo que mais desejava a beira de minha morte era poder olha-la mais uma vez. E então a preocupação foi maior que qualquer medo e qualquer objeção que meu cérebro pudesse fazer.

–Annabeth está bem? Ela está no acampamento?

E assim que as palavras saíram de minha boca. Vi Grover sorrir docemente e vi Apolo triste ao olhar a irmã, a qual a presença havia sido subitamente esquecida em meio a tanta preocupação. Sinto o aperto em meu peito se intensificar, e me sinto prestes a vomitar quando finalmente tenho coragem de olhar Artemis. Abro a boca para me desculpar, mas ela simplesmente nega com a cabeça.

–Está tudo bem. Podemos conversar sobre isso depois. –Artemis esboça um sorriso triste, mas sereno nos lábios. Eu concordo coma cabeça. Essa seria uma conversa que precisaríamos ter, mas não agora.

Sinto Afrodite afagar meus cabelos, não posso vê-la enquanto ela se posta à cabeceira. Eu ergo os olhos para a deusa, mas minha mente gira, e não posso mira-la. E penso se a posição que se encontra não é justamente para que não lhe mire os olhos, e não lhe pergunte sobre seu cansaço. Sei que Afrodite quer poupar disso.

–Eles estão bem, Percy, fique tranquilo. –ela garante.

Sinto o charme evidente em sua voz, um charme tão forte que não posso lutar contra, e nem se quer quero. Agradeceria-a se não sentisse meu corpo imediatamente relaxar, e sinto-me tão leve que temo que falar possa estragar a sensação, pois manter a calma tem se tornado cada vez mais difícil.

Apolo parece permitir que eu aproveite o momento antes de se pronunciar.

–Tudo bem, agora todos deem o fora. –Apolo junta os dedos das mãos para estrala-los na frente do corpo. –deixem o deus da medicina cuidar do garoto.

Artemis é a primeira a obedecer ao irmão. O olhar que costumava a direcionar a ele, o olhar que dizia que o irmão era capaz apenas de besteiras, havia sido substituído por um certo respeito, orgulho talvez. Ela bagunça os cabelos do irmão antes de sair, seguido por Grover e Afrodite, mesmo que esses tenham me dirigidos olhares relutantes antes de sair.

Apolo suspira assim que a porta se fecha.

–Você está horrível, sabia? –ele comenta. Seu olhar é cheio de preocupação, mas parece guardar uma certa magoa, um certo rancor por traz do dourado. Apolo estica o braço e arranca um fio de minha cabeça, eu não lhe desvio os olhos. –Sabe há quanto tempo você está aqui? Há duas semanas. Faz duas semanas que estou curando você e só agora seu cabelo saio da cor cinza. Se bem que isso com certeza ainda não é preto, mas pelo menos não é mais branco. Você tem noção que tinha recaídas tão sérias que precisamos colocar sua cama na Casa Grande por medo que passa-se mal no meio da noite? Duas semanas comigo usando o máximo de poder que tenho, e você continua assim.

Mantive-me em silencio, esperando que Apolo falasse. Sabia que Apolo não sentia raiva, mas sabia também que havia preocupação demais em si. Era o deus que passara milênios sem se importar com ninguém para evitar momentos como esse, moemnto que Apolo nunca aprendera a lidar. E o deus calmo e relaxado estava tenso e preocupado. E eu sabia que essas eram coisas que ele precisava dizer. E eu esperei, esperando que Apolo chegasse a algum ponto, mas não parecia haver de fato um.

–Droga, Percy. Você não pode se tornar o melhor amigo que tive em eras e então se tornar o primeiro deus a morrer. Tem noção o quanto eu, Grover, Dite e Arty ficamos preocupados? Você é um idiota.

Preciso me esforçar muito para tirar a frase de Apolo de minha mente. Ele não disse “quase morrer”, Apolo dissera “morrer”. Mesmo que a pergunta estivesse em meus lábios, eu não queria realmente saber o que de fato acontecera. Era apenas algo que eu queria esquecer.

E então não pude deixar lhe de oferecer um sorriso. Por que estava simplesmente contente demais em vê-lo, por ver cada um deles. De saber que estava em casa. E um sorriso também dançou nos lábios de Apolo.

–Siga a luz. –ele mandou, acendendo um pequeno raio de sol na ponta no indicador. Meus olhos acostumados com a escuridão se incomodam com a luz, mas obedeço a Apolo. –acha que consegue se levantar?

Eu concordo com a cabeça, Apolo segura minha mão e me puxa para sentar-me, apoiando minhas costas enquanto coloco os pés para fora da cama. Quando o lençol cai de meu peito, vejo que a maior parte do meu tronco está enfaixada.

–Precisei enfaixar. Suas costelas estavam praticamente em pó e seus pulmões estavam mais ou menos do tamanho de uma laranja. Dois pulmões em uma laranja se quer saber. Você ainda está fraco, a autocura está fazendo efeito, ou estaria morto, mas está lenta e fraca. Então nem pense em fazer besteiras.

–Pretendo ficar meio longe de besteiras por enquanto.

Meus pés finalmente tocam o chão, eu empurro meu corpo para cima, mas minha visão escurece assim que meus braços deixam o apoio da cama. Sinto os braços de Apolo me manter em pé, me apoiando pelas costas. O ouço murmurar uma benção, pisco para ver os pontos negros se afastarem lentamente. Sinto boa parte de minha dor ser aliviada, mesmo que não extinta, mas o suficiente para me manter em pé sozinho.

–Parabéns, você não está morto. –quando o miro, os olhos de Apolo parecem mais fundos que há poucos segundos.

–Acho que foi por pouco.

–Você acha?

–Você também não aprece muito bem. Nem Dite. –meus olhos contornam Apolo, os olhos escurecidos por olheiras pareciam ter ganhado idade, Apolo parecia extremamente cansado. Seu sorriso falha, mas ele se esforça para mantê-lo.

–Esquece isso, está tudo bem. Foi você que chegou aqui praticamente morto. – ele nega com a cabeça, como se ainda não acreditasse. –Você é péssimo, amigo.

Apolo gira os olhos, fazendo uma careta divertida. Quando rio, minhas costelas doem, mas eu não lhes dou atenção. Apolo me puxa para um abraço, e eu o abraço de volta. Quando Apolo me solta, seus lábios estão comprimidos em um sorriso sem dentes.

–Vamos, tem algumas pessoas que querem te ver. Você deixou muita gente preocupada.

Um sorriso brota em meus lábios e eu aperto o ombro de Apolo, ele sorri ates de nos transportar.

....

–Valdez! Não é por que você pode fazer fogo que tem que usar o tempo todo! Pare com isso.

Piper reprende Leo quando esse brinca de acender um dedo em chamas e aproxima-lo ao cabelo da amiga. Imediatamente a chama se apaga do dedo do garoto, influenciado pelo charme de Piper.

–Não use o charme comigo, Mclean! –o garoto protesta, mesmo que não pareça realmente ofendido.

–Sem poderes na enfermaria. –Will repreende os amigos, ele passa por ambos sentados na mureta.

–Teoricamente estamos do lado de fora da enfermaria. –Nico provoca. O garoto está deitado na rede provavelmente recém-posta na varanda.

–Muito engraçado, Di Ângelo. –Will finge uma risada sarcástica enquanto estende para Nico dois comprimidos. Ele trazia consigo uma garrafa d’água na outra mão. –seu remédio, moço.

Will deposita os dois comprimidos na palma de Nico. O garoto põem-se sentado na rede, e devolve um comprimido para Will. O filho de Apolo comprime os lábios, mas toma o comprimido com a garrafa d’água, em seguida a estende para Nico. O garoto toma o remédio, e faz sinal para o amigo sentar-se.

Thalia parece distraída. Ela está deitada na mureta próxima a Piper e Leo, com a cabeça posta sobre o colo de Jason. O olhar azulado na garota está nos amigos, e o de Jason se perde no horizonte. Ele parece simplesmente admirar o acampamento, como se procurasse nele alguma coisa que ainda não havia encontrado, ou simplesmente se admirasse com a vista que ainda não havia se acostumado.

Mas Thalia leva a mão à cabeça quando Jason lhe puxa uma mecha distraidamente. Um tremor parece passar pelo corpo de Thalia, não como se o irmão tivesse lhe puxado forte, mas como se tivesse lhe causado um arrepio. Thalia esfrega a nuca enquanto finge-se de mal humorada par ao irmão.

–Que mania com o meu cabelo, garoto! Você mexe nele desde que tinha dois anos! –ela reclama, e Jason sorri. Parece se divertir com momentos da infância que não recorda. –só que fazia forte, principalmente quando eu comia um biscoito seu.

–Pobre Jason, ficava sem biscoito? –Piper brinca, com um sorriso nos lábios. Ela finge um bico infantil. Todos riem, a rede parece balançar com os risos de Will e Nico. Jason tomba a cabeça para traz.

Apolo parece demorar-se a aparecer propositalmente, me deixando apreciar a paz e a tranquilidade da cena. Como se soubesse que eu ainda demoraria a voltar a essa realidade, como se soubesse que ainda temo fechar os olhos e ainda estar no Monte Otris quando abri-los. E ele me deixa apreciar a cena calma e cotidiana que havia se tornado a melhor que eu poderia desejar.

Apenas noto que já estamos aparentes quando Thalia é a primeira a nos ver. Ela ainda ri de Jason, e têm os olhos fechados, quando os abre, eles nos encontram. Ela abre um sorriso largo, o que atrai a atenção dos outros, se virando para nos.

Thalia se levanta tão rápido que Jason precisa se segurar para não cair da mureta. Ela me abraça pelo pescoço e eu a retribuo, Thalia enterra o rosto em meu pescoço, mas não posso conter um gemido quando seu abraço se intensifica.

–Sinto muito. –ela pede ao se afastar, mas o sorriso largo continua em seus lábios. Seus olhos me contornam e ela segura meus braços, em seguida toca meu rosto, como se conferisse se eu estava realmente ali.

Will se põem de pé, e por pouco Nico não é derrubando da rede pela diferença de peso entre os garotos. Solance se vira paro filho de Hades a fim de ajuda-lo, mas o garoto lhe acena com a mão.

Jason, Piper e Leo também já estão de pé. O trio me olhava com cuidado, eles acenam com a cabeça.

–Senhor. –Jason é o primeiro a dizer, sua cabeça se abaixa em uma reverencia.

Eu sorrio para o garoto.

–Pelo amor dos deuses, sem senhor. –eu peço, lhes oferecendo um sorriso. –vocês salvaram a mim e Annabeth. Muito obrigado.

Jason sorri, e me oferece a mão, e a pego, toco seu ombro em seguida. Quando me viro, Leo balança o punho fechado em um soquinho, eu sorrio antes de retribuir, e estico a mão a Piper quando ela me oferece um high five.

Então vejo que Nico havia se levantado da rede. Penso em caminhar até o garoto e abraça-lo, mas Nico era uma pessoa com quem nunca sabia como lidar. No momento, não sabia se Nico ainda me odiava, se era minimamente meu amigo. Mas Nico me oferece um sorriso contido, e eu o retribuo. Quando suando dou um passo na direção do garoto, ouço Will dizer.

–Como se sente? –as expressões de Will lembravam muito a de seu pai. Era preocupada, séria e aliviada nas mesmas proporções.

–Estou ótimo, graças a você. A todos vocês. –meus olhos passam pelos semideuses para parar em Will novamente. -Obrigada pelo o que fez. –eu agradeço com um olhar sério. –eu poderia estar morto se não fosse por você. Annabeth poderia estar morta. Muito obrigado.

O filho de Apolo sorri amigável.

–Não foi nada. –ele garante. E eu aceno com a cabeça.

–Foi sim.

O olhar de Will pousa por cima de meu ombro, seu sorriso agora é tranquilo. Quando olho para traz, apenas a porta da enfermaria nos observa.

–Ela está lá dentro. –ele informa. –está dormindo, mas tem acordado algumas vezes. Meu pai e eu temos feito o tratamento dela.

Eu me viro para Will.

–Eu posso entrar?

–Quando quiser.

E eu me viro para a porta, e posso ouvir Will gesticular para os semideuses saírem, e ouço os passos de cada um deles se afastando para dar-nos privacidade. E então eu finalmente abro a porta.

A enfermaria está exatamente como sempre fora, mas estava completamente fazia. Os dias pareciam ter corrido calmos, nossa chegada provavelmente fora a ultima bomba do acampamento. E, em meio a camas vazias, meus olhos correram para ela.

Os cabelos cacheados se espalhavam pelo travesseiro, o loiro não tinha mais o tom dourado que costumava ter, mas estava longe da cor pálida que tinha da ultima vez a vira. Assim como o cabelo, sua pele estava readquirindo a cor, mesmo que as olheiras ainda se fizessem presentes abaixo de seus olhos.

Annabeth usa uma camisa do Acampamento Meio Sangue, ela é grande demais para seu corpo. A camisa provavelmente era do estoque que mantinham na enfermaria, afinal, eram incontáveis os números dos campistas que vinham com feridas de batalha e com a camiseta destruída. Sinto minha garganta se fechar ao lembrar a quanto tempo não lhe vejo com a camiseta laranja do acampamento, há muito tempo só a vira com o uniforme da caçada. A lembrança me faz engolir a seco.

Minha mão procura pela sua de baixo do lençol, e eu a seguro com firmeza. Então a deposito sobre a minha, esticando os dedos, e fazendo com que a sua se estique obre a minha. Então seguro seus dedos, acariciando os ossos dos nós com o dedão.

Reparo na cicatriz avermelhada no braço de Annabeth. A cicatriz vai do meio dos braços e some quando a blusa cobre o restante do traçar da linha, e reaparece em sua clavícula, onde a blusa larga demais deixava aparente.

Apenas então noto que minhas mãos tremem e que seguro um soluço em meus lábios.

Levo sua mão a meus lábios e fecho os olhos, tentando me acalmar. Lembro-me do ferimento causado por Effy logo no primeiro dia após me entregar para ela. De como Effy cortara o braço de Annabeth com a mesma adaga que depois fincara em meu estomago. Agora, o ferimento havia recebido pontos e a linha rosada que riscava sua pele era apenas uma cicatriz, uma cicatriz que eu ainda deveria ter por baixo do curativo em meu tronco. Era uma rachadura que Effy havia aberto em cada um de nos.

As memórias veem em fleches em minha mente. O som das laminas e a dor do peso do céu, o gosto do sangue e a visão escurecida. Do olhar angustiado de Annabeth e do gosto de seus lábios nos meus. Sinto minha mandíbula tremer e meus ombros se encolherem. Sinto a mão de Annabeth apertar a minha.

Abro meus olhos e encontro os seus. O tom cinza havia voltado para suas íris, seus olhos estavam entre abertos e me miravam marejados. Um sorriso surgiu em meus lábios e senti minha visão embaçar com as lagrimas que tentava não soltar.

–Annie.

Seus dedos seguram os meus e ela os puxa fracamente em sua direção. Por um momento a felicidade é o alivio é tão grande que se quer consigo abraça-la por temer feri-la. Não a abraço por que meus braços não conseguiriam contornar sua cintura por estão tão fraca. Eu apenas deito minha cabeça sobre seu corpo, encostando minha cabeça sobre suas costelas enquanto minha mão ainda segura a sua. Sinto os dedos de Annabeth em meu cabelo em minha nuca, e sinto seu peito tremer quando Annabeth soluça. E então, finalmente, não vejo mais motivos para conter meus próprios soluços.

Os braços de Annabeth parecem tentar puxar-me para ela, e meu corpo parece derreter-se sobre o dela, se desmoronando e sucumbindo da única forma que alguém deveria sucumbir, de alivio, de amor.

Quando sinto minha respiração se acalmar, quando sinto o peito de Annabeth parar de tremer, mesmo que sinta uma de suas mãos tremerem contra a minha, e a outra tremer em minha nuca, é que finalmente ergo a cabeça para olha-la.

A mão de Annabeth ainda está em minha nuca e em meu cabelo, e suas unhas acariciam e arranham. Thalia e até mesmo Afrodite tinham o costume de mexer em meu cabelo, mas nenhuma delas tem a capacidade de me fazer arrepiar como Annabeth fazia. Esse era um dom que apenas Annabeth possuía. E, deuses, era boa nisso.

Suas mãos deslizam para meu rosto e seu polegar contorna meu maxilar. E minha mão acaricia seu cabelo, deixando que os cachos envolvam meus dedos e fazendo-os sumir dentro de uma infinidade de fios.

E, deuses, como quero beija-la naquele momento.

E tudo que precisava fazer era me inclinar um pouco mais. Nossos corações batem em uma mesma sincronia, vejo nos olhos de Annabeth o mesmo sentimento que tenho nos meus. Vejo como ela quer que me incline, e como sabe que não o farei.

Estamos bem, ou estamos tentando estar. E não quero estragar nenhum segundo se quer da calmaria que me encontrava. O sol brilhava com calma, o céu estava limpo, de noite a lua viria cheia e graciosa e o mar permaneceria calmo por quanto tempo minha sorte durasse. Não desafiaria Artemis, nem colocaria Annabeth em mais problemas, mal havíamos superado o anterior.

Eu não queria problemas com Artemis. Por enquanto.

Passo o polegar sobre seus dedos, e os sinto gélidos, aperto-os contra os meus, mesmo sabendo que minha pele é tão pálida e tão fria quanto a sua.

–Como se sente? –eu pergunto, erguendo os olhos para Annabeth. E ela sorri.

–Estou bem. –ela garante. Toca as costelas com a ponta dos dedos que não estão nos meus. –quero dizer, ainda dói, mas estou bem melhor. –seus olhos sobem novamente para mim. –eu acordei algumas vezes, vi Thalia, Nico, Will... Os garotos novos, Jason, Piper e Leo... E não vi você. Fiquei tão preocupada.

Seus dedos apertam os meus, e sinto minha respiração travar. Meus olhos a contornam, querendo e desejando não ser o motivo de tanta tristeza, de tanta dor. Poderia lidar com qualquer coisa que não fosse o tom triste na voz de Annabeth. Era o som que fazia meu coração doer e meus pulmões falharem.

Ah, se ela soubesse como me tem simplesmente na palma de sua mão.

E, na verdade, ela sabe.

–Eu sinto muito. Acabei de acordar. –eu digo. –Ah, Annie.

Quando abro a boca para lhe dizer algo, sinto minha visão escurecer. Sinto meu estomago se contrair e minhas costelas e pulmões pesarem. Agarro o estomago com a mão livre e abaixo a cabeça para tentar controlar os pontos em minha visão.

–Percy?

Levanto a cabeça, e Annabeth tem o olhar preocupado em mim. Noto que aperto sua mão enlaçada a minha. Ela a segura com firmeza.

–Nada. Não foi nada. –aperto seus dedos levemente, ela retribui o aperto. Com os olhos tão preocupados, os olhos que sei que me amam, e que eu tanto amo. Ela ergue a outra mão, segurando meu rosto novamente,

–O que está sentindo? –eu seguro seu pulso em meu rosto.

–Eu estou ótimo eu só... –suspiro quando enquanto meus olhos a contornam, como se de fato nunca a tivesse visto. Sinto um sorriso se formar em meu rosto. –deuses.

–O que foi? –embora sue semblante ainda estivesse preocupado, ela deixa um sorriso escapar no canto de seus lábios.

Primeiramente não lhe digo nada, não digo nada por que tudo que tenho a lhe dizer são todas as coisas que não posso dizer. Não posso dizer quão linda ela é, nem contar-lhe como ela faz meu coração pesar, nem sussurrar quanto a amo. Apesar disso, estou feliz. Estou imensamente feliz. Por que ela está viva.

Sinto sua mão se mover em meu rosto quando eu sorrio.

–Só estou feliz por estamos em casa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

QUE JOGUE A PRIMEIRA PEDRA QUEM NUNCA SE CAGOU DE MEDO DA SOGRA (representada por Ártemis no momento).
Acho que meio que voltamos a estaca zero. Percy, voce é péssimo.
Eu seriamente acho fazer as cenas Solangelo muito engraçadas por que eu sei que eles se pegam, voce sabe que eles se pegam e NINGUÉM LÁ SABE QUE ELES SE PEGAM. Acho que o Nico é aquele amigo que todo mundo tem muita certeza que é hétero para suspeitar de alguma coisa. E Will é o amigo feliz, todo mundo tem um amigo feliz. E eu aqui shippando.
Percabeth é diferente. Todo mundo sabe que eles se amam e todo mundo sabe que enquanto eles estão só os dois sozinhos eles NÃO SE PEGAM por que não pode e sabem que Percy não arriscaria a vida de Annabeth por isso.
Meus OTPs.
Dai temos Thalia e Jason, que eu acho que foi muito pouco explorado em HOO. POXA ELES SÃO IRMÃOS S E FORAM SEPARADOS QUANDO PEQUENOS COMO ASSIM RICK CRIA UMA HISTORIA TRISTE ASSIM E NÃO DA CONTINUIDADE?
Tudo bem to meio histérica hoje, acho que são as aulas voltando.
Até a próxima, miguxos.