I'm Never Changing Who I Am escrita por Moça aleatoria


Capítulo 39
O mistério de Jason Grace


Notas iniciais do capítulo

Mas um POV Jason em que eu luto para, diferentemente dos livros, não faze-los dormir! Desculpe o bullyng com o Jason, eu realmente gosto dele, alguns capítulos dele são tão zzzzzz. Sorry Jay.
Por que eu não postei ontem? ESQUECI. Sem desculpas, apenas esqueci.
Adivinha quem está trabalhando duro e avançando lentamente na segunda temporada? EU! O começo está me dando trabalho, muito calculado, mas fazer o que? Eu faço o que eu amo! Ah, quem dera poder fazer isso o tempo todo!
GENTE, PARA TUDO! TEM UMA RECOMENDAÇÃO A MAIS NA FANFIC! AFS GREGO, MUITO OBRIGADA!! SUA RECOMENDAÇÃO ALEGROU MINHA SEMANA TODA! SIGAM O EXEMPLO DO COLEGUINHA E RECOMENDEM TAMBÉM!
Tem gostado do POV Jason? Apartir daqui os POVs começam a variar. Muita gente junta, muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. Sempre me perguntei por que tio Rick não deixou HDO na primeira pessoa, já que sempre achie mais pessoal e interessante, e com essa segunda temporada EU DESCOBRI POR QUE, É DIFICIL CARA. Mas estou conseguindo!
Dividi a narração do capítulo em duas por que tá dificil tanta gente hein! kkk E esse capítulo é do meu segundo casal de irmão preferidos (sorry, ainda amo mais Artemis e Apolo). Irmãos Grace a seu dispor!




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/431633/chapter/39

POV Jason.

Não foi difícil achar uma pequena caverna no Grand Canyon. Não sei se é permitido estar ali, mas não havia ninguém para nos impedir. Estávamos mais preocupados em não ser atacado por monstros do que sermos parados por seguranças mortais.

Assim que conseguimos a caverna, Leo tirou um pacote de salgadinho enorme da mochila que levava no ônibus.

–Comida para a viagem. –ele alegou.

Dividimos a comida entre nós. Thalia, Nico e Will comeram satisfeitos, eu diria que não comiam a pelo menos um dia. Então Will se levantou e começou a fazer curativos.

–Venha, Jason. Tem um corte grande ai. –ele chamou, apontando minha bochecha que ainda sangrava, manchando meu rosto em uma linha de sangue que eu estancava com a manga do casaco.

Não pretendia receber ajuda, era um ferimento ínfimo, ia da bochecha e descia até o queixo. Mas Will insistiu, ele me parecia um cara legal e preocupado com todos a sua volta. O tipo de pessoa gentil e bondosa com que se pode confiar.

–Voce é filho de Febo, certo? –pergunto enquanto ele limpa meu ferimento com álcool. –seu pai é um dos deuses que eu conversei.

Will franze as sobrancelhas, mas então o conhecimento parasse lhe invadir. Ele sorri de lado.

–Tecnicamente meu pai é Apolo, a versão grega de Febo. Mas é pó mesmo cara, então sim.

–Seu pai se parece muito com voce. –digo, por algum motivo. –ele parecia abalado. Todos eles estavam.

O sorriso de Will fica triste.

–Deve ser por causa de Percy, o garoto que voce viu. Ele parece é um grande amigo deles.

–Seu também?

–Mais ou menos. –ele faz uma pausa, enquanto termina o trabalho e pousa as mãos na coxa. –gosto de Percy, mas nunca falei muito com ele. Thalia e Nico são mais próximos.

Ele aponta os dois com a cabeça, lhe passando a fala.

–Conhecemos Percy há mais tempo. –Thalia diz. –é um bom garoto, por mais que discutamos muito. –ela sorri. –ele Apolo são amigos há um tempo. Afrodite se aproximou por que já era amiga de Apolo. Já Artemis... ainda é um mistério pra mim.

–Voce acertou um raio na... como vocês chamaram? Fúria hoje. –Piper se dirige a Thalia. –consegue fazer isso por causa de seu pai ou mãe?

Thalia concorda com a cabeça.

–Sou filha de Zeus. Por isso consigo lançar raios.

–Jason também lança raios? Tipo o Pikachu?

Todos pareceram se interessar pela pergunta de Leo, mas ninguém deu atenção à segunda parte. Todos se dirigiram a mim, esperando uma resposta.

–Não que eu me lembre. Talvez. –dei de ombros, não sabia a resposta. Thalia sorriu.

–Aprendi a convocar raios com doze anos, mas não conseguia muita coisa, me deixava fraca demais. –ela explica. –só depois dos quinze, depois de deixar de ser um pinheiro, consegui com mais habilidade. Talvez voce consiga se se esforçar. –ela diz. –mas nunca consegui voar, de qualquer maneira. Acho que são poderes diferentes, mesmo que sejamos ambos filhos de Zeus.

Minha mente martela. Zeus. Zeus Zeus. Meu pai não é Zeus.

–Júpiter. –digo, e o sorriso de Thalia morre aos poucos. –eu me lembro disso. Seu nome é Júpiter.

Nico deu de ombros.

–Que seja. Zeus ou Júpiter. Não faz realmente diferença. –ele diz como se tentasse nos convencer disso. –é o deus do céu e o deus dos deuses. Jason é um filho dos três grandes, assim como Thalia eu e Percy.

–Tres grandes... Tipo Zeus, Poseidon e Hades? –Leo pergunta. –os fodões das historias, certo?

–Percy é filho de Poseidon, e eu sou filho de Hades. –Nico responde. –Annabeth, a menina que voce viu, é filha de Atena.

Franzo as sobrancelhas.

–Mas... Atena, ou Minerva, que seja, não é uma das deusas virgens? Ela... Não deveria não ter filhos?

Thalia inclina a cabeça e estrala os lábios.

–Ponto interessante. Teoricamente, Atena é virgem, ela não tem filhos da forma convencional. –ela explica. –ela tem, tipo, filhos pela cabeça. Por favor, não me pergunte como.

Não pedo mais detalhes, não achava que a deusa ficaria satisfeita se nos ouvisse falando se sua vida não-sexual.

–Então Percy e Annabeth também são semideuses? Como nós? –Piper retoma a pergunta. –é comum um semideus ser tão próximo dos deuses?

Thalia e Nico trocam um olhar triste e um suspiro. Will olha para os amigos de canto de olho, mas não carrega o mesmo pesar nos olhos.

–Percy foi nomeado deus durante nossa ultima guerra. –Thalia explica. –ele não ia aceitar, mas estava morrendo, precisava de ajuda. Então agora ele é imortal, é o deus das ondas.

Não consigo engolir a surpresa. Um semideus que vira deus? Poucos conseguiram esse privilegio, Conseguia me lembrar das historias com perfeição. Baco, o deus do vinho e Hercules, ambos filhos de Júpiter conseguiram esse feito. Era algo incrível, mas Thalia e Nico tinham um olhar triste. Talvez pelo fato de agora se tornarem tão distantes de alguém que um dia fora tão próximo. Então eu sorri.

–Bem, precisamos encontra-los logo. Esse Percy parece ser incrível, e um bom amigo. Preciso conhecê-lo.

O olhar de Thalia se levantou, e minha irmã sorriu tristemente para mim. E eu me sentia extremamente feliz em poder chama-la assim. É como um velho sentimento empoeirado. Fraternidade.

–Bem, acho que precisamos descansar para partirmos amanha. –Thalia disse, tomando agora uma postura seria e de liderança. –Mas precisamos de pelo menos duas pessoas para ficar de guarda.

–Eu fico com Nico. –Will se ofereceu com prontidão. –preciso trocar os curativos dele, de qualquer forma. Acho que vai demorar um pouco. Só preciso trocar o seu antes, Thalia. Então podemos começar os turnos.

–Não preferem descansar? Parecem estar na estrada a muito tempo. –Piper questionou.

–Não. –Nico negou, arrancando um sorriso de canto de Will e Thalia. –não, não tem problema. Podemos trocar depois.

Nico deu de ombros e Thalia acenou com a cabeça. Todos concordam, sem mais dificuldades.

Will pega sua mochila e tira de lá um kit de primeiros socorros. De dentro desse, uma pasta esverdeada com cheiro forte.

–Meu deus! Que cheiro é esse? –Leo é o primeiro a reclamar.

–A pomada mágica de Will. –Nico sorri para o garoto, que lhe da à língua.

Nico ri e se senta de costa para a parede, apoiando-se nela, a poucos metros de Piper e Leo, mantendo uma distancia pouco sociável entre eles. Olho para Thalia, que discretamente aponta para o canto da caverna com a cabeça. Piper e Leo tentavam arrumar suas coisas. Aceno com a cabeça, e Thalia pisca.

Dirijo-me até eles, que me cumprimentam com um sorriso de canto.

–Tudo muito estranho, não é? –pergunto e eles acenam com a cabeça.

–Nossos pais são deuses gregos. Um ex-semideus e agora deus precisa de nossa ajuda para salvar a si mesmo e a namorada. Super normal. –Leo da de ombros, Piper sorri a seu lado.

–Voce perder a memória e no momento seguinte eles aparecem não pode ser coincidência, não é? –Piper pergunta em um tom de sussurro.

–Não. Tenho certeza que não é. Não acredito em coincidências.

–Mas a questão é: Jason perdeu a memória e por isso não sabe quem somos, ou não sabe quem somos por que nos quem sabemos demais. –meus olhos vão até Leo, impressionado que palavras tão serias tenham saído de sua boca.

Os olhos de Piper sobem novamente, eles variam de azul para violeta. Ela olha para Leo incrédula.

–Do que voce está falando? –Leo da de ombros.

–Voce viu como a nossa professora mostro olhou para ele?

–Antes ou depois de tentar nos matar? –Piper pergunta, com os olhos semicerrados.

–Antes. –Leo gira os olhos. –Era como se nunca o tivesse visto antes. E a tatuagem? Nós teríamos notado que nosso melhor amigo tem um código de barras tatuado no braço! –ele gesticula exageradamente. –Não é estranho que eu saiba como voce foi parar no reformatório, mas nenhum de nos jamais soubemos como Jason foi? Nunca nem nos perguntamos? Aquele momento do ônibus foi o único que me perguntei isso em meses!

Um silencio se instala entre nos. Não sei como explicar aquelas coisas. Simplesmente não me lembro deles, mas não tenho coragem de repetir a frase mais uma fez, pois eles me olham com tanta familiaridade que chega a ser assustadora.

Então ouvimos Nico limpar a garganta, próximo a nos. O garoto estava ali, tão silencioso quanto às próprias sombras, que não me passou em nenhum momento que ele pudesse estar ouvindo. Ele limpa a garganta, mostrando-se presente, e pedindo permissão para falar. Não a duvidas que Nico seja uma pessoa solitária e de poucos amigos, mas parece ser uma boa pessoa, pronto para ajudar no que for preciso. Aceno com a cabeça, e ele começa.

–Eu encontrei vocês três em um sonho noite passada. –ele explica. –Vi vocês entrando no ônibus. Voces três estavam conversando normalmente, como três adolescentes comuns. Voces dois não tinham a mínima ideia da minha presença. –ele se refere a Piper e Leo, e então se vira para mim. –Mas voce me viu, Jason. Pareceu me ver tão nitidamente que parecia se perguntar o que estava fazendo ali. Seu olhar era estranho, só agora o identifico. Era como se estivesse se lembrando de algo. Mas Piper e Leo não me viram.

–O que voce acha que isso significa? –pergunto.

–Não sei. Pode ser muitas coisas. Voce pode ter aprendido a lutar em algum lugar e então ter se infiltrado para se aproximar de Piper e Leo, dois semideuses. Muita gente faz isso no acampamento meio sangue, é uma forma de recrutar semideuses. Também pode ter sido encantado. Muita coisa. –ele se virou para mim extremamente sério. –se algo pudesse fazer sua memória voltar. Alguma lembrança. Algo de sua vida antes de Piper e Leo, ou alguma memória que comprove que o que eles dizem acontecer realmente aconteceu. Até onde sabemos, vocês dois também podem ter sido encantados. –Nico se vira a Piper e Leo.

Leo se vira para Piper com um sorriso animado no rosto. Ele aponta para Jason.

–Beije ele! –ele grita.

–Leo! –Piper repreende o garoto. –ele nem se lembra de mim.

Sua voz soou tão triste que forcei minha mente, tentei me lembrar dela, forcei minha memória até enxergar pontos negros, mas nenhuma lembrança vinha. Era impossível.

–Na verdade, pode dar certo. –Nico comenta. –pode fazer com que alguma lembrança de vocês voltem. Bem, se existirem.

Leo e Piper pareceram desconfortáveis com a possibilidade. Nico limpou a garganta, parecia arrependido da ultima frase.

Nico e Leo olharam de mim para Piper. As bochechas de Piper estavam coradas e ela mordia o lábio inferior. Eu concordei com a cabeça quando seus olhos subiram.

Então me inclinei até ela e a beijei. Mal pude sentir seus lábios nos meus com a violência que as memórias vieram.

Deu certo.

Uma enorme quantidade de flashes corriam em minha cabeça, assim como os flashes que os deuses haviam me mostrado. Mas dessa vez, era eu quem estava neles. Eu tinha dois anos, e uma garotinha de cabelos negros até a cintura e olhos azuis me segurava pela mão e sorria. Thalia.

Então não estava mais, então estava em um acampamento, e uma cidade se estendia atrás dele. Uma garotinha de aproximadamente seis anos tinha cabelos negros e os olhos inchados e vermelhos, ela pedia pela irmã mais velha. Eu tinha a mesma idade, e havia parado de pedir pela minha há alguns anos. Pego a mão da garota, e então temos dezesseis, os olhos da garota agora são sérios e duros, não é mais uma garotinha, não pede mais por amparo. Ela usa uma armadura romana completa e empunha uma espada assim como eu. Estamos em guerra, estamos lutando contra um exercito, e vários semideuses a nosso redor também lutam. Um grande estrondo soa, nos vencemos a guerra. Ergo a espada aos céus, como agradecimento a Júpiter, e então termina. As visões acabam. As memórias acabam.

Eu finalmente me afasto de Piper.

–Jason? Está tudo bem? –ela me pergunta.

A cor deve ter fugido de meu rosto. Agora, Will e Thalia haviam se juntado a nos, todos aguardavam respostas.

–Eu... eu me lembro de eu e Thalia crianças. –olho para minha irmã, que comprime os lábios em expectativa. –não sei por que, mas depois que sumi fui para um lugar... como um acampamento. Uma cidade se estendia atrás. –explico, e Will, Nico e Thalia franzem as sobrancelhas.

–Uma cidade mortal? –Thalia pergunta. Eu nego.

–Não, era como se fosso uma extensão do acampamento. –digo. –tinha uma garotinha... E então eu me vi atualmente, estava lutando em uma guerra contra monstros, eu estava liderando um exercito. Estava com essa garota. Nós vencemos e então tudo apaga. Minhas memórias vão até ai.

Will, Nico e Thalia trocam olhares confusos.

–Alguma chance de se lembrar contra o que era a guerra? –Will pergunta.

–Era um Titã. Titã Saturno. –digo. –significa algo para vocês?

–Cronos. –Nico é o primeiro a raciocinar os nomes. –a luta contra Cronos. Foi a... um mês atrás.

–Não, isso não faz sentido. –Piper contradiz. –Jason está conosco tem um ano.

Thalia pousa a mão no ombro da garota.

–Tempo é algo facilmente distorcido, Piper. –ela explica. –um deus pode ter forjado suas mentes. Jason pode ter sido enfeitiçado durante esse mês, ter se enturmado. Pode ter feito vocês pensarem que se passou um ano, quando na verdade ele esta aqui há só um mês, talvez até menos. A névoa pode ter encoberto a tatuagem. Se Jason estava liderando uma batalha ele deve ser conhecido por alguns monstros. Escondendo a tatuagem e fazendo com que ele mesmo não saiba quem é pode ter disfarçado-o dos monstros.

–Quem fez isso? Eros? –Will sugere.

–Não. Quem fez isso estava protegendo Jason. –Nico diz. –mantendo os monstros longe, mantendo-o seguro.

–Mas então para que me tirar de onde estava? Tínhamos ganhado a guerra. Estava tudo bem. –digo.

–Não sei, irmão. –Thalia nega com a cabeça. –também não faz sentido que Afrodite, Apolo e Artemis tenham tirado voce de seu acampamento, afinal, Percy está sumido a apenas uma semana, mais ou menos. Não tem sentido nenhum nisso.

–Então... Jason estava enfeitiçado esse tempo todo? –A voz de Piper era um fio, e Thalia segurou seu ombro. Os olhos das duas estavam sobre mim.

–Provavelmente. Quando beijei você, Piper eu... eu só me lembrei de coisas que fiz quando estava no controle de mim, de minha antiga vida. E eu acho que só lembrei por que... –minha voz morreu em minha garganta, não tinha certeza se deveria dizer ou não a frase seguinte. Piper assentiu, pedindo que eu continuasse. Ela merecia saber a verdade, mesmo que não merecesse o efeito dela. –por que acho que eu tenho uma namorada onde eu estava. Reyna, eu me lembro dela. Sinto muito.

Piper abaixou a cabeça e acenou. Sua tristeza e desapontamento eram nítidos, mas ela parecia tentar esconde-los. Leo segurou seu pulso e Nico e Will desviaram os olhos. Thalia apertou seu ombro.

–Venha, Piper e eu vamos pegar o primeiro turno. –ela se levantou e ofereceu a mão a Piper, que aceitou. –meninos, vocês pegam o segundo, sim?

Nico e Will não discutiram, apenas concordaram. Leo deitou-se no chão sobre o próprio braço e suspirou, eu fiz o mesmo.

–Ela gosta muito de você, cara. –Leo diz, olhando par ao teto. –Ela é minha melhor amiga, e... até ontem você também.

–Sinto muito. O que eu podia fazer? Mentir? Já temos mentiras o suficiente aqui.

Ele sorri com o canto dos lábios, tristemente.

–Eu sei, não precisa se desculpar. Não foi culpa sua. Só... Pegue leve com ela.

Concordo com a cabeça, segurando em minha garganta os pedidos de desculpa que sinto que devo a eles.

...

POV Thalia.

Piper senta-se no chão da parte de fora da caverna abraçada ás próprias pernas. Ela enterra o queixo nos joelhos, escondendo seu rosto até o nariz. Seu cabelo comprido chicoteia nos ventos com graça. O meu também voa levemente, mas bagunçados e chicoteando nos olhos. Me lembro então por que sempre mantive os cabelos tão curtos, mas em Piper o corte parecia funcionar bem.

–Eu fugi de casa pouco tempo depois de Jason sumiu.

Começo, e Piper finalmente se vira para mim. Seus olhos brilham com as lágrimas que segura. Ela apoia a lateral da cabeça nos joelhos e olha para mim. Era a mesma técnica que usava quando Jason era pequeno e chorava por nossa mãe, e ela pouco se importava. Eu começava a contar uma historia, e ele se concentrava nela, e esquecia-se de suas tristezas. Desejei por muito tempo ter alguém que fizesse isso comigo. Nunca tive. Mas Piper agora tenta fazer a mesma coisa, usando minha historia para se concentrar em mim, e não nas lagrimas, e não no que sente.

–Nossa mãe nunca foi das boas. Bebia demais, chorava demais, era triste demais. Nunca soube criar duas crianças, nossa casa tinha muitas garrafas de bebidas, cheirava a álcool e cigarros, os tocos se espalhavam pelo chão e o tapete e o sofá eram furados pelas cinzas, mesmo que nossa mãe botasse a culpas dos estragos em nos. Não era um lugar para duas crianças crescerem, muito menos era o tipo de pessoa que deva ter filhos. Era uma atriz falida, desconhecida, não estava nem ai para gente, mas eu estava ali apenas para Jason. Minha vida foi cria-lo até que... até que ele se foi. E então de repente nada mais me prendia ali. Eu cortei o cabelo com uma tesoura velha e fugi de casa. Minha mãe insistia que eu deixasse comprido como uma garotinha, mas eu não era uma garotinha. Então eu o cortei antes de fugir. Acho que foi mais simbólico.

Sorri com a lembrança, de como segurar uma tesoura e cortar meus cabelos foi meu primeiro ato de rebeldia. Como naquele dia virei da irmã mais velha responsável para uma garotinha rebelde. Como, no estojo de maquigens de minha mãe, ela abusava dos batons vermelhos e sensuais, e como roubei seu deliniador antes de fugir, em como os usei por ser a única maquiagem que ela jamais usara. Ela era sensual, tinha grossos lábios avermelhados que marcavam os cigarros e a bebida que consumia. Eu tinha olhos claros, e os pintava de preto, eu era uma punk.

–Vaguei sozinha por muito tempo, até que encontrei Luke. Ele era um pouco mais velho, também era um semideus, filho de Hermes, e também tinha fugido de casa por não se dar bem com a mãe. Me apeguei muito a Luke, acho que criei nele as raízes que tinha com Jason. Jason era minha família e tinha ido embora, e então Luke passou a ser minha família. Me apaixonei por ele aos poucos, ao longo dos dias e dos meses, ao longo das batalhas em que lutávamos sem boas armas e sem treinamento adequado, mas protegíamos um ao outro. Então encontramos Annabeth. –sorri com a lembrança, pois aquele era um dos dias mais felizes de minha vida. –ela tinha sete anos. Consegue imaginar uma garotinha de sete anos escondida em uma casa velha abandonada, com medo dos monstros que a atormentavam? Ela estava sozinha e apavorada, mas tinha um martelo como arma e o carregava corajosamente. Luke e eu a levamos conosco. Ela sempre foi muito esperta, filha de Atena, não foi difícil identificar. –sorri mais uma vez. –então finalmente um sátiro nos encontrou. Grover. É meu amigo até hoje. Ele nos guiou até o acampamento, onde estaríamos seguros para treinarmos. E fomos atacados, me sacrifiquei para salva-los, por que são minha família. Virei um pinheiro por muito anos. Nunca me arrependi do que fiz, não importa o quanto tenha perdido com aquilo. –suspirei. –quando voltei, tinha a mesma idade de Annabeth, e Luke estava lutando ao lado dos monstros que um dia nos atormentaram. Ao lado de Cronos. Luke nutriu tanta magoa... E eu não estava lá quando ele precisou de uma amiga, de alguém que o amasse como eu amava. Eu não estava lá, eu não tive escolha. Luke se esqueceu da família que éramos, e quando eu finalmente estava lá era tarde demais.

Virei-me para Piper novamente, que ouvia a historia atentamente.

–Não sei se tem um moral da historia. É uma típica historia de amor grega, cheia de tragédias. –disse. –mas quando Luke precisava de alguém que o amava por perto, eu não pude estar lá. Nem como amiga, nem como mais que isso. Jason, voce e Leo estão juntos por um motivo. Talvez não seja para que voce e Jason tenham algo romântico, talvez seja, eu não sei. Independente disso, Jason precisa de apoio agora, a cabeça dele está uma bagunça. Não deixe que a sua história termine como a minha.

Faço uma pausa. E então deixo um sorriso escapar.

–E mesmo que seu romance termine uma merda, dane-se. Não estou aqui fazendo uma propaganda para a caçada, viu? Não estou aqui para lhe dizer “a palavra de Artemis”. Até por que não entrei na caçada por Luke, entrei por mim, entrei para impedir uma profecia, entrei para salvar vidas que poderiam ser perdidas. Nunca, jamais, em nenhuma circunstancia, pense que a sua vida se resume em um romance. Você, Piper Mclean, não existe nessa historia para ser o par romântico triste de Jason Grace. Você é mais que isso. Você é uma semideusa, é uma heroína. Você combateu uma fúria com um pedaço de pau quando não tinha mais armas. –consegui arrancar da garota uma risada. –voce fez isso com coragem. Você vai pisar e dançar nas cinzas de todos os monstros que mexerem com os seus amigos por que você se importa com eles. Mas principalmente, voce vai fazer isso por que voce é uma heroína. Não temos nosso potencial definidos pelos garotos que nos amam ou por nossas vidas românticas. Nós temos nosso potencial definido por nossa coragem. Nós somos heroínas. Não dou a mínima se voce está triste por causa do meu irmão ou qualquer outro garoto. Não fique. Voce é melhor que isso.

Piper sorriu. Ela tirou o rosto do joelho e enxugou os olhos úmidos, abaixou os joelhos. Ela me abraçou pelo pescoço.

–Obrigada, Thalia. –ela disse. –Jason pode ter sido enfeitiçado, mas vocês dois são muito parecidos, sabia? Voces são bons com os outros.

Sorriu para a garota.

–Estou feliz por ter ajudado.

Então acontece. Assim que Piper me solta, vejo dela emanar um brilho cor de rosa. Arregalo os olhos para ela, que olha para a própria pele com espanto. Então o holograma de uma pomba aparece no topo de sua cabeça.

–Piper, voce está sendo reclamada! –digo, animada. –Piper está sendo reclamada!

Então os outros saem da caverna para ver. Primeiro Jason seguido de Leo, e então Nico, que pula em um pé só, com a perna sem seu curativo, que Will provavelmente estava trocando. Will segue o garoto com cara feia, mandando que ele vá mais devagar. Mas sua carranca some ao ver a pomba em Piper. Ele sorri.

–Leo! –Jason grita, apontando para a cabeça de Leo, onde outro holograma surge.

–Tem um martelo na minha cabeça! –o garoto exclama.

Eu sorrio e troco um olhar com Will e Nico.

–Voces foram reclamados. –eu anuncio. –Piper Mclean, filha de Afrodite. E Leo Valdez, filho de Hefesto.

Aos pés de Piper, algo começa a brilhar, e, cravada na terra, está uma adaga. Ela olha para a arma, como se se perguntasse se deveria pega-la. Eu aceno com a cabeça, e a garota a pega, a tirando do chão. A adaga reflete como um espelho e imediatamente eu a reconheço.

–A adaga de Helena!

–A da guerra de Troia? –ela olha assombrada para a arma. –é realmente essa?

–Sim. Helena foi uma heroína abençoada por Afrodite. É um presente de sua mãe, Pipes.

Então Leo se abaixa, e pega do chão algo nem tão longe tão brilhante e fabuloso quanto o presente de Piper. Um cinto de ferramentas. O garoto vira a cabeça, em duvida par ao cinto.

–Um cinto de ferramentas? -Piper pergunta, em duvida. –experimente.

Leo dá de ombros e veste o cinto. Nada acontece.

–Que gracinha! Combina com os seus olhos, cara. –Jason comenta com bom humor.

Então Leo abre o bolso, e tira de lá fita isolante.

–Pra que isso? –Jason pergunta.

–Pra tapar a sua boca. Suas piadas são péssimas. –Leo retruca. Mas seu olhar é animado, ele logo tira os olhos do amigo e se volta para a nova peça. –eu posso tirar o que eu quiser daqui?

–É encantado. Provavelmente. –eu respondo.

Leo enfia as mãos no cinto novamente, mas elas voltam fazias.

–É, não dá pra tirar um x-tudo daqui. –ele parece triste.

–Não é uma arma, mas pode ser muito útil para um filho de Hefesto. –Nico quem diz. –mas nem de longe tão especial quanto a adaga de Piper.

–Está brincando? Eu amei! –ele tira um parafuso do cinto. –tem tipo, parafusos de todos os números e tipos em quantidades infinitas! Sabe o que eu posso fazer com isso? Praticamente tudo!

Não respondi, apenas imaginei quando mais veria alguém tão empolgado com parafusos infinitos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E essa é a minha tentativa de encaixar uma série na outra. Na verdade nem me lembro como Leo realmente arranja aquele cinto dele.
O que eu posso dizer? Eu amo uma Thalia feminista e odiei o fato da Piper parecer ser posta na maior parte do livro apenas como o par romantico do Jason. Só em BOO ela foi ter um papel realmente, e foi um salto tão grande que me pareceu quase forcado. Tipo, nossa ela ta meio parada a um tempo, bora fazer alguma coisa com ela. Então estou ajustando a fanfic. Espero que estejam gostando.
Leem, comentem, recomendem. Amo voces!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "I'm Never Changing Who I Am" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.