I'm Never Changing Who I Am escrita por Moça aleatoria


Capítulo 36
Encurralados pelo Amor.


Notas iniciais do capítulo

Sabem que dia NÃO é hoje? Hoje NÃO é meu DESARNIVERSÁRIO. Sinto muito Alice.
Hoje eu faço 16, posso votar e ver quase qualquer filme nos cinemas! Ai, ai, essa vida. Na verdade é no sabado, mas como deve ser lido no domingo, já não será meu aniversário mais....
Não parei em casa hoje, só por isso estou postando essa hora. Mesmo assim... alguém quer fazer uma recomendação de presente?
MAS EU QUE TENHO UM PRESENTE PARA VOCES! TRAILER? TRAILER? TRAILER?
TRAILER!
https://www.youtube.com/watch?v=bY8n513yUpI
PARA VOCES, SÓ PARA VOCES!!
COMENTEM NO VIDEO POR FAVOR!!!!!!
Primeiramente: para os leitores que descobriram a fic pelo primeiro trailer: como voces acharam o trailer? Pelo youtube mesmo ou por indicações? É muito importante para eu saber, por favor, respondam isso.
Segunda coisa: Eu sei que voces são um bando de gente curiosa, mas eu recomendo que LEIAM ESSE CAPÍTULO ANTES DE VER O TRAILER para avitar reações do tipo: WTF? O QUE VOCE TÁ ARRUMANDO LÍVIA?
Bem, eu estou muitissimo orgulhosa de mim mesmo por esse trailer, estou muito feliz!
E, ai meu deus, que capítulo ENORME! Acho que bati meu recorde! Sinto muito, eu amo tanto esse capítulo (levemente doentio, mas incrivel) que colocaria mais e mais e mais coisas nele! O reescrevi milhares de vezes!
Masssss eu vou deixar voces lerem, por que eu também AMO esse capítulo! Amo voces!



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POV Nico

Ainda estava escuro quando fui acordado, a única luz vinha de cima do acento do ônibus. Tinha certeza que havia desligado o meu antes de pegar no sono, mas esse agora jazia aceso e feria meus olhos. Minha cabeça se apoiava a janela do ônibus, onde se era possível ver nosso segundo dia indo embora e o começo do terceiro chegando aos poucos, como se tivesse preguiça ao aparecer. E, para o nosso bem, seria bom se demorasse o máximo possível.

Acordei com uma mão em meu ombro, me balançando de leve. O toque era calmo, mas teria sido o suficiente para me por em alerta, mas não dessa vez. Estava mergulhado no sono mais profundo que já tivera em muitos anos.

Quando abri os olhos, ainda demorei a focalizar Will, de pé e curvado para mim.

–Acorde, Nico. Precisa tomar seu remédio.

Não pude evitar um gemido frustrado e preguiçoso ao notar que não poderia simplesmente virar e voltar a dormir. Will sorriu de minha reação. Só então pude notar que ele tinha olhos sonolentos assim como eu. Uma parte de seu cabelo estava amassado, com o formato da poltrona onde dormira. No entanto, ele parecia já estar acordado há um tempo.

–O remédio para dor que tomamos dá sono. –ele anunciou, e então tudo pareceu fazer mais sentido.

–Não durmo tão bem ha anos. –me sentei em uma das poltronas, tirando a perna da segunda para que Will se sentasse. Foi o que ele fez.

–Da próxima vez eu vou lhe dopar com rivotril, então. –ele sorriu, mas eu não sabia o que era rivotril. Piadas médicas. –Aqui.

Will me estendeu não um comprimido, como eu esperava, mas sim um copo de plástico com um líquido gosmento, em uma coloração entre o verde e o marrom. O liquido parecia denso, algo entre o solido e o liquido.

–Que merda é essa, Will? –perguntei.

–Seu remédio, ué.

–Nem ferrando que eu vou beber isso ai. –Will revirou os olhos.

–Não é pra beber, irritadinho. É pra sua perna.

Will virou-se para ficar de frente para mim, cruzou as pernas e bateu em seu colo, mandando que eu colocasse minha perna ferida ali. Suspirei e obedeci. Encostei minhas costas na janela e coloquei minha perna esquerda em seu colo. Imediatamente ele subiu o pouco da barra da calça que restava e recomeçou o processo de tirar a gaze.

–E voce achou essa coisa gosmenta na farmácia? –perguntei. Will subiu os olhos para mim, ele parecia ofendido.

–Não. Eu que fiz.

–Serio? Com o que?

–Algumas plantas medicinais que Apolo incluiu nos primeiros socorros com algumas coisinhas da farmácia. Uma receita de família. –um pequeno sorriso dançou em seus lábios. –sabe, minha mãe era uma enfermeira muito talentosa.

Não perguntei sobre sua mãe, talvez fosse uma história que não valeria a pena ser contada. Eu bem sabia que algumas coisas deveriam permanecer quietas, intocadas. Era melhor assim.

–Incrível. –respondi. Will pareceu corar levemente.

–Acho que é a primeira fez que você elogia alguma coisa. Qualquer coisa. –ele fez uma pausa, pousando as mãos nas coxas, como de costume.

–Isso não é verdade. –disse, mas sabia que, provavelmente, Will tinha razão.

–É, talvez não seja. –voltou sua atenção novamente para minha perna. –mas comigo pelo menos é.

Não respondi, por que provavelmente deve realmente ser a primeira coisa legal que digo a Will Solace. O que mais eu havia dito que não fossem reclamações para ele? No máximo o agradecera por salvar minha perna e minha vida durante a missão. Will era feito de doçura e gentilezas, quanto a mim... Não conseguia fazer um esforço se quer para ao menos tentar.

–Não se mova. –Will aconselhou quando começou a passar a gosma caseira. Meus deuses, como aquilo era horrível. Ardia de uma maneira impossível, ardia como inferno. Tanto que pensei que Will só poderia ter errado na receita. –Só mais um pouco...

Então simplesmente passou. Toda a dor se foi em um piscar de olhos. E toda a dor que sentia no ferimento e todo o ardido que a gosma espalhou por minha perna sumiram, deixando em seu lugar um frescor e um alívio tão grande que pensei só a ambriosa ser capaz de fazer.

–Meus deuses, que coisa maravilhosa! –Will riu mais uma vez.

–A receita original deveria ter um pouco de néctar. Com a comida divina qualquer ferimento se fecha quase imediatamente. Mas acho que é isso que temos para hoje. -ele terminou de enrolar-me novamente em gaze. –pela manha já deve poder andar melhor. E em um dia ou dois poderá andar sozinho.

–Essa é a melhor noticia que recebo em muito tempo. Obrigado. –Will acenou com a cabeça e tentou dizer o que provavelmente seria um “por nada”, mas suas palavras foram sufocadas por um bocejo seguido por piscadas duras.

Ergui meu corpo para ver a poltrona da frente, onde Thalia ainda dormia e ocupava agora todas as duas poltronas. Quando o ônibus ainda estava cheio, Thalia e Will sentaram-se um ao lado do outro nos acentos para dois, me deixando com um inteiro atrás deles para que eu pudesse esticar a perna. Tudo ideia de Will. Mas agora com Thalia esparramada pelas duas poltronas, Will não teria chance alguma de retira-la para se deitar. Alem disso, mesmo que tivesse alguma chance de Thalia se mover, Will não teria chegado lá. O sono parecia invadi-lo e penetra-lo.

–Acho que eu o remédio ainda faz efeito. Durma um pouco Will.

Eu nem precisaria ter dito, Will parecia de repente ter sido possuído por Morfeu. Agora que tinha terminado com minha perna, seu corpo parecia manda-lo descansar como uma recompensa pelo trabalho completo. Deitou sua cabeça no encosto da poltrona e em poucos segundos juá podia observar a respiração regular. Ele provavelmente hibernaria ali. E ainda com minha perna sobre si.

Tirei minha perna do colo de Will e me virei para a janela novamente, onde o sol começara a surgir. Em pouco tempo chegaríamos a nosso destino, e ainda teríamos muito o que percorrer. E em pouquíssimo tempo já não teríamos mais tempo. Então reencostei a cabeça na janela e decidi que aproveitaria o tempo que nos restava enquanto pudesse.

...

Tudo estava negro, todo o mundo era feito de escuridão. Nenhuma luz, nada que não fosse fosco. Olhei a minha volta e me perguntei se estaria tendo um pesadelo. Não, eu me dava bem com a escuridão. Nunca temi o escuro, sempre fiz parte das sombras, sou um filho de Hades. Aquilo não faz jus a um dos pesadelos que costumava ter. Esperei que alguma coisa acontecesse, mas nada aconteceu. A escuridão continuava ali, olhando para mim.

Tenho plena consciência de estar dormindo. Mas não acho que conseguiria acordar se quisesse.

Seria uma visão? Improvável. Só tive a visão de Percy e Annabeth mais cedo por que Will me tocou. Apenas vi os deuses trancados na caverna de Eros por que o deus queria que o visse. Mas não havia nada para se ver aqui. Não havia nada nem ninguém.

Foi então que tive uma ideia. Aquilo tudo é trevas, escuridão? Então eu poderia viajar naquilo, poderia me transportar. Me transportar em sonho? Aquilo não poderia gastar energia. Até por que naquele momento estava de pé, e minha perna não doía.

Foi bem mais fácil que qualquer viagem nas sombras. Ali, eu era uma sombra, de fato. Não tinha corpo, eu estava sonhando, estava dormindo. Não precisava me transformar em sombras e então trazer-me de volta, não corria o risco de entrar na escuridão e não conseguir sair. Eu estava dormindo, eu já era uma sombra, um fantasma adormecido.

Não pensei em nenhum lugar exato, mas as sombras me levaram para ver exatamente o que eu queria. E também tudo aquilo que eu não queria.

Estava novamente sob o céu sem estrelas, e de frente para quem o mantinha em pé. Percy continuava segurando o céu. Annabeth estava consciente, de joelhos, sua cabeça e ombro se apoiavam no peito de Percy para se manter assim. Ela falava em sussurros, e o garoto sussurrava de volta. Não podia ouvi-los, eram como a visão de Will.

Sempre gostei de Annabeth. Poderia ter todos os sentimentos confusos em relação à Percy, mas sempre foi inegável e valentia e a força de Annabeth. Alem é claro do amor que ela nutria por Percy. Ela faria qualquer coisa por ele, e vice e versa. Se alguém conseguiria se manter vivo ou morrer apenas por outra pessoa, esses seriam Percy e Annabeth.

Ela se mantinha firme. Não estava estável ou fora de perigo. Pelo contrario, ela parecia morrer aos poucos. Mas ainda tinha forças para se manter por um tempo. E Percy estava com ela, segurava o céu como se não pesasse nada, como se seu único pesar fosse a instabilidade de Annabeth.

Me aliviei ao pensar que talvez conseguimos encontrar os semideuses que os pudessem salvar a tempo.

Os semideuses!

Eu não sabia onde estavam, mas se as sombras me conduziram até ali sem que pensasse no lugar, talvez também fizesse isso com o trio de semideuses.

Novamente fui engolido pelas sombras, com uma leveza extraordinária. Esperava encontrar um trio de jovens lutadores. Três jovens armados, com experiência e altamente treinados. Três semideuses que possuíssem maior poder do que dois filhos dos três grandes e o melhor arqueiro e curandeiro de Apolo. Mas o que encontrei fez meu queixo cair de surpresa e pânico.

Três adolescentes completamente despreocupados postavam-se lado a lado. Dois meninos e uma menina. Não deviam ter mais de dezesseis anos. A sua volta estavam varias outras crianças da sua idade, mas elas não eram meio sangues como eles, eram estudantes mortais. Todos eles entravam em um ônibus de excursão escolar.

O trio não parecia animado com a viagem, na verdade pareciam entediados. O garoto loiro e mais alto segurava a mão da menina, que tinha cabelos compridos e uma pena presa nele. O segundo garoto era mais baixo, quase do tamanho da garota. Ele tinha um sorriso largo e falava enquanto girava o que parecia ser um controle remoto entre os dedos longos e finos. O casal ria do que o garoto falava, mas o desanimo é evidente. Ainda é madrugada e nenhum deles gostaria de estar ali. Provavelmente se trata de uma excursão forçada.

Quem seriam esses semideuses tão poderosos? Será que se quer sabiam que eram meio sangues? Parecem tão leves, tão despreocupados com tudo que não seja querer estar em suas camas. Uma despreocupação que apenas alguém que luta empunhou uma arma pode possuir. Como três despreparados poderiam ser mais poderosos que nos três?

Thalia, a filha de Zeus, havia se sacrificado por seus amigos, para que eles pudessem viver mesmo que custasse sua própria vida. A meio sangue que fora transformada em pinheiro pelo próprio pai por anos, que virou caçadora e entregou sua vida a Artemis para o bem do mundo e para uma grande profecia, que explodiu monstros com raios e sua lança.

Will, o filho de Apolo, conselheiro chefe, campista há quase tanto tempo quanto Annabeth e qualquer um. O melhor arqueiro e melhor curandeiro do acampamento, que me guiou com flechas por um cão infernal sem nem chegar perto de me acertar. Que me curou de um ferimento que poderia ter me custado uma perna.

Essas duas pessoas e eu estamos arriscando nossas vidas para encontrar três semideuses sem nenhuma experiência? Como dois dos filhos dos três grandes e o melhor arqueiro de Apolo, com anos experiência e de luta em nossos ombros somos uteis apenas para achar esses três semideuses despreparados para que eles salvem Percy e Annabeth? Que sentido isso faz?

Então acontece. O garoto mais alto desvia sua atenção dos amigos e olha diretamente para mim. O sorriso ainda está preso em seus lábios, mas se dissolve enquanto me fita. Ele é loiro, e suas sobrancelhas claras se franzem a o me ver. Seus olhos são de um azul límpido me fitam com cuidado. Ele pisca algumas vezes, parece confuso, afetado. A menina repara no olhar do namorado e olha para mim também, mas seu olhar me atravessa, ela não me vê. O amigo toca seu braço também. O loiro devia o olhar.

Eu uso o acontecimento como minha deixa para sair dali. Não sei se o garoto volta a me mirar, mas se o faz, não me encontra mais ali.

....

–Meninos! –ouvi a voz de Thalia chamar. Me coloquei sentado tão rápido que quase trombei com Will, que fazia o mesmo. –o ônibus parou. Bem vindos a Nebraska.

Esfreguei os olhos antes de acordar de fato. Will arquejava a meu lado, mas já começara a recolher nossas mochilas. Eu fiz o mesmo.

Quando finalmente me pus de pé, fiquei feliz em saber que consegui permanecer sem problemas. Testei meu pé em um passo, e teria caído se não me segurasse na poltrona. Não conseguia andar sozinho ainda, a dor não permitia que meu pé se apoiasse totalmente no chão, mas conseguiria andar sem ser carregado.

–Como vai a perna? –Thalia perguntou surpresa a me ver de pé.

–Will fez uma receita de família. –respondi. –uma gosma mágica e milagrosa ou algo assim.

–Nada de mais. –ele deu de ombros. –mas ainda acho que seria melhor se se apoiasse em um de nos para andar. Não acho que consiga mancar sozinho por muito tempo, principalmente se vamos andar apartir daqui.

Não discordei de Will. Ele havia feito demais por mim para que eu continuasse a contesta-lo. Apenas concordei com a cabeça, e apoiei-me em sue ombro para descer do ônibus quando ele sugeriu.

–Onde estamos exatamente? –pergunto.

–Nunca ouvi falar dessa cidade. –Thalia responde.

–Não estamos indo muito para o norte? –Will pergunta.

–O importante é que tem uma ferroviária que nos leva direto para o Arizona. De lá podemos caminhar um pouco até o Grand Canyon.

–Perfeito. –Will sorriu. –Isso vai dar certo. Nós vamos encontrar esses três semideuses.

–Mas antes precisamos comer alguma coisa. –Thalia disse. –sobrou algum dinheiro, acho que consigo um salgadinho ou algo assim.

Ela contava o dinheiro distraidamente enquanto andávamos pelas ruas, procurando uma loja pouco movimentada.

–Como vocês acham que eles são? –Will questiona. –Esses semideuses.

–Pelo trabalham que estão dando, espero que sejam muito, muito fodas. –Thalia respondeu, só então tirou seus olhos das moedas para me encarar. –talvez sejam filhos de deuses tão antigos quanto Eros. Talvez eu, voce e Percy ganhemos um irmão ou irmã. Mais um filho dos três grandes pode ser útil agora.

–Seria uma boa. Olha ali. -Will apontou para um posto de gasolina com uma pequena loja de conveniências. –Mas não eles não deveriam não ter filhos?

–No entanto aqui estamos Nico e eu, indo salvar o terceiro filho que também não deveria existir.-Thalia contestou. –Os deuses não são de cumprir sua palavra. E, na verdade, em um momento como esse seria muito bom se não cumprissem.

Adentramos na loja de convencia. La fora, apenas um homem varria o chão. Dentro da loja não havia ninguém, o ambiente não parecia muito higiênico, mas tinha alguns salgadinhos e uma geladeira de refrigerantes. Will foi até a geladeira enquanto Thalia verificava os salgadinhos. Não havia quem nos cobrar.

–Eu sei quem são os semideuses que vamos encontrar. –encosto as costas na parede. Os olhos de Thalia e Will se viram para mim rapidamente.

–Sabe? A quanto tempo? –Thalia perguntou. –por que não contou?

–Descobri durante a noite na verdade. –respondo aos olhos curiosos. –descobri que consigo me deslocar dentro dos sonhos, como um fantasma. Consegui localizar os três.

–Onde eles estão? Como são? –os olhos de Will brilhavam em empolgação, esperando que eu descrevesse os mais corajosos e poderosos heróis de todos os tempos.

–Eles estavam em uma escola, entrando em um ônibus de excursão para o Grand Canyon.

O olhar de expectativa de Will foi para a decepção, e o de Thalia para a raiva.

–Como é? –ela questionou. Eu dei de ombros.

–São apenas três adolescentes. Devem ter a nossa idade. E... gente, acho que eles nem se quer sabem que são meios sangue.

Os queixos de ambos caem, eles trocam um olhar de pânico. Will suspira e Thalia bufa, com raiva.

–Isso só pode ser um engano. –Thalia diz entre dentes. –alem de achar esses três vamos ter que ser babas deles? Três inexperientes não podem ter sua primeira missão como algo tão importante!

–A primeira missão de Percy foi algo bem importante, e ele só tinha doze. –Will observou. –e teoricamente essa também é a primeira de Nico.

–Percy é um filho dos três grandes, e estava acompanhado por Annabeth, que é uma campista nata. –Thalia disse, de mal humor. –E Nico é mais novo que voce e já passou por muito mais sem nem se quer ter uma droga de missão oficial! Duvido que um daqueles garotos consiga fazer metade que Nico, mesmo que mais jovem, já fez!

Will cruzou os braços e mordeu o lábio. Olhou para mim como se esperasse que eu concordasse com Thalia, esperando ver em mim uma expressão ofendida. Apenas dei de ombros. Não tomava as palavras de Thalia como reais, nem se quer concordava com elas. Ela só estava estressada, e com razão. Obviamente não precisava descontar em Will, mas não fazia por mal. Não que me orgulhasse, mas eu mesmo costumava fazer o mesmo.

Thalia bufou mais uma vez.

–Desculpe, Will. –ela pediu, e o garoto concordou com a cabeça. –é só que... Não posso acreditar nisso. Sem chance três inexperientes salvarem Percy e Annabeth de Eros e sua filha psicopata!

Então aconteceu. As portas de vidro do posto se escureceram, como se estivessem sujas de fuligem. As luzes pareceram explodir em um clique surdo e sons de botas ecoaram, derrapando no chão. No meio da escuridão eu conseguia sentir os corpos se movendo. Ainda estava apoiado ao ombro de Will, mas o garoto foi puxado na escuridão. Saquei minha espada quando ouvi os primeiros sons de laminas cortarem o ar da escuridão.

Ouvi armas colidindo, mas sabia que estávamos em desvantagem. Quem atacara com certeza sabia os movimentos que fazia, e Thalia e Will estavam lutando a cegas. No entanto, ninguém lutava comigo.

O grito de Thalia ecoou junto ao som de sua queda. Ouvi-a gemer em dor quando atingiu o chão. Tentei correr em sua direção, mas minha perna não permitia que eu fosse muito rápido. Senti a presença do inimigo na escuridão e ataquei. Quem lutava nem fez questão que atacar de volta, apenas se desviou com tanta agilidade que se esquivou as minhas costas. No momento, eu não tinha agilidade o suficiente para me virar tão rápido quanto o lutador pode me atacar. O ar foi cortado por um dardo, eu o senti chegando pela escuridão, mas nem se quer consegui jogar-me ao chão a tempo.

Fui atingido pelas costas, na base da coluna, pouco a baixo da cintura. O local ardeu como fogo, e cai de joelhos quando minha cabeça começou a latejar. Não conseguia mais sentir a escuridão. Não conseguia pensar com clareza. Minha cabeça e meu corpo doíam. O que quer que tinha naquele dardo corria em minhas veias como se fosse fogo. Minha espada caiu no chão, e eu cai de joelhos.

Toquei minhas costas para remover o dardo, mas quando tirei, senti-o quebrar dentro de minha pele, garantindo que tanto a dor quanto o que quer que o dardo continha ficaria dentro de mim.

Um terceiro baque ecoou, junto a uma risada feminina.

A luz vermelha iluminou o local. Era fraca, mas já conseguia ver nossos agressores. Apenas dois deles. Effy, com um olhar sombrio e sorriso maníaco se postava atrás de Will, que estava de joelhos no chão. Ela sufocava Will com uma besta o apertava com força, de forma que ele arquejasse e gemesse por ar. Will tinha um grande roxo no queixo que parecia inchar, seu arco estava jogado no chão.

Apenas um garoto a acompanhava. Ele tinha cabelos loiros pálidos e pele branca, era alto e forte, deviria ter pelo menos 18 anos, seus olhos pareciam ser cinzas, mas a luz era fraca demais para que eu pudesse ter certeza. E ele segurava Thalia, prendendo seus braços para trás. Ela inclinava a cabeça para o lado, tentando manter-se o mais longe possível do garoto. Era possível ver o inchaço na parte exterior de seu braço esquerdo, onde Effy também havia atirado um dardo.

A luz vinha de um sinalizador. Effy segurava s besta contra o pescoço de Will, e acende o sinalizador tão próximo do rosto dele que temo que as faíscas queimem seu rosto. Effy joga o sinalizador no chão, entre nós.

Reparo que em seu cinto ela guarda pelo menos meia dúzia de sinalizadores para a iluminação, denunciando que pretende nos manter aqui por um tempo. Olho para o já aceso, que queima demoradamente sem se apagar. A besta que usava para sufocar Will ainda estava carregada, e sentia que os dardos envenenados vinham dela.

–A espada, Nico. –a menina mandou, apertou ainda mais a besta contra a garganta de Will. –me de sua espada e eu deixo ele respirar.

Will começava a fiar vermelho pela falta de ar.

Eu ainda estava de joelhos, então busquei minha espada no chão e a deixei deslizar até Effy. Ela largou Will e se abaixou para pegar a arma. Will não teve tempo de reagir, apenas tentava puxar ar, se apoiando nas mãos. Effy guardou a besta no cinto e apontou-lhe minha espada contra a garganta de Will.

–As apresentações. Tom é um filho de Nemesis, e vai me ajudar com vocês hoje. –Effy começou. –Tom, esses são Thalia, Nico e Will. Thalia, Nico e Will, esse é Tom. Eu já conhecia Thalia, já conhecia Nico. E você, bonitinho? É novidade, filho de Apolo. Nem se quer foi necessário um dardo pra você. Nenhum poder interessante. Quase tão bonitinho quanto Percy Jackson, mas nem de longe tão poderoso, muito menos bom lutador. Mas não duvido de sua habilidade com o arco, Raio de Sol. Então vamos mate-lo longe, sim?

Ela apertou a lamina no pescoço de Will. Conhecia a capacidade de minha lamina, se ele tentasse falar, teria a garganta cortada.

Olhei para as sombras a minha volta e pensei se conseguiria alcançar Will e Thalia a tempo de nos transportar por elas. Mas meu corpo também parecia fraco.

–Viagem pelas sombras? Não vai rolar, querido. –Effy disse, em um tom afiado. –O dardo que lhe acertei anula seus poderes, Nico. Usa do mesmo principio que as tornozeleiras dos deuses. E, pelo que eu sei, o a ponta continua em voce.

Levei a mão na altura que estava fincada, mas estava muito profunda.

–Não, não. –Effy cortou. –tire a mão daí, ou teremos alguns probleminhas aqui. –ela aponta para Will e em seguida para Thalia com o queixo. -Mãos na cabeça, meu amigo.

Imediatamente obedeci enquanto ela aproximava a lamina do pescoço de Will. Em meio à penumbra e a luz avermelhada, o reflexo anguloso do rosto de Effy era sombrio.

–Thalia também recebeu um dardo. Mas já vou avisando que posso fazer muito pior do que acertar dardos em vocês se não me obedecerem.

Thalia tentou soltar os braços, mas o garoto era pelo menos o triplo de tamanho, e ele nem se quer carregava arma. Novamente ela encostou a lamina no pescoço de Will, tanto que ele foi obrigado a recuar ainda mais, colando sua cabeça no corpo de Effy.

–Sabe, vocês são tão extremamente fáceis de derrotar. –ela sorriu. –veja só. Dois contra três. E nem se quer precisamos prender voce, Nico. Para que usar algemas e cordas para prender o inimigo quando podemos torturar os amigos dele?

Tive uma vontade muito grande de andar até ela e dar na cara dessa piranha maligna. Mas sabia que Thalia e Will estariam mortos no meu segundo passo. Trinquei os dentes e respirei fundo.

–O que voce quer, Effy? –perguntei. Aquilo não fazia sentido. Se ela queria nos impedir de encontrar o trio de semideuses que podem derrotar Eros, ela já teria nos matado.

–Meu pai e eu gostamos de jogos. Sabe, primeiro mandamos três cães infernais do tártaro para deixar as coisas mais interessantes, mas vocês não conseguiram lidar com eles. –ela deu de ombros. –tudo bem, tudo bem. Superestimamos vocês. Então mandamos só um. Voces deram conta, mas terminaram... meio mal. Qual é, vocês são muito chatos.

–Qual é o ponto?

–O que é isso? –ela me ignora. –uma missãozinha para encontrar três semideuses teoricamente superpoderosos para salvar Percy Jackson e Annabeth Chase? Vocês já não grande coisa, imagino que os três também não sejam.

–É isso? Você quer informações sobre os garotos? –novamente ela deu de ombros.

–Na verdade não sei ao certo quem são, vocês tem um ponto. Mas ouvi boatos... e não são ao favor de vocês. Mas isso não faz diferença, não quero mata-los agora. Não é isso que eu faço, eu sempre dou a chance de lutarem. Eu poderia simplesmente ter chegado e atirado dardos em vocês quando entraram na loja. Mas eu esperei e dei-lhes a chance de lutar.

–No escuro? Voce chama isso de justiça?

–Eu disse que dou uma chance. Nunca falei que era uma chance justa. –ela disse. –é como o amor funciona. Sempre há uma chance de dar certo. Geralmente voce apenas se ferra, mas existe uma chance. O amor não precisa ser justo, Nico, pensei que voce soubesse disso. Bem, é assim que eu trabalho, são as minhas regras.

Não respondi, apenas deixei que Effy falasse.

–Ouvi boatos dos três que vocês estão procurando. Apenas um deles parece levemente ameaçador. –a menina sorriu. –mas nada de mais. Eles não tem chance. E vocês também não. Eu poderia matar todos agora, mas não vou. Se me obedecerem vocês podem ir e tentar concluir a missãozinha de vocês. Eu não dou à mínima. Se conseguirem, se esses três semideuses forem longe o bastante eu os capturarei, torturarei, e retirarei seus poderes assim como tenho feito com os deuses. É claro que eles não vão sobreviver à experiência. Mas fazer o que? –ela suspirou. –Agora, se não me obedecer, Nico... Primeiro vou fazer coisas terríveis com seus amigos. Depois vou levar voces para ter os poderes drenados até a morte. Um de cada vez. Sua escolha.

–Por que eu? –não consegui conter a pergunta amarga que queimava em minha garganta. –Thalia é ainda mais poderosa que eu. Will é mais altruísta que eu.

–Por que você tem estado sozinho muito tempo. Por que não tem o costume de tomar decisões em grupo. Você age sozinho, luta sozinho, foge sozinho. Por que você me deixa curiosa, Nico. Sempre viveu sozinho e tomou decisões que influenciavam apenas você. Decisões que poderiam lhe ferir ou lhe salvar. E geralmente não tinha medo de tomar as perigosas. –ela sorriu mais uma vez. –mas agora você tem amiguinhos! Tem que tomar a decisão. Você é um garoto orgulhoso, teimoso. Prefere morrer ao ceder ao inimigo, ao dar a ele esse prazer. Teria coragem de tomar uma decisão perigosa como essa com a cabeça de seus amigos em risco? É um especialista em se sacrificar, mas conseguiria sacrificar a eles?

Estava derrotado. Abaixei minha cabeça para Effy, que riu com satisfação.

–Foi o que eu pensei.

–O que quer que eu faça?

Ela se virou para Tom, que segurava Thalia. O menino parecia vidrado, como se não fizesse nada que a menina não mandasse. Seu rosto não tinha expressão, ele não falava absolutamente nada. Ele segurava Thalia rudemente. Effy olhou de Tom para Thalia.

Senti um arrepio correr minha espinha ao notar no garoto uma certa semelhança comigo. Poderoso e feroz. Seria eu visto da mesma maneira que eu agora via Tom? Alguém perigoso e sombrio demais para se estar junto?

–Sabe, Thalia, nunca gostei de você. –Effy diz, prosseguindo. –Muito mandona, muito segura de si. Não tem o complexo de vitima que Annabeth tem. Nenhuma de vocês vale nada, na verdade. Sempre odiei mais Annabeth, mas ela já está tendo o que merece. –Thalia se debateu, mas nada disse. Sabia que na situação que estava era melhor não dizer nada. –É, acho que você vai ter também.

–Se voce tocar nela, eu juro que eu te mato. –rosnei para a garota, que me olhou com curiosidade.

–Tenho observado a missão de vocês. –Effy se dirigia a mim. –e meu pai disse que eu teria uma boa surpresinha para a tortura de vocês. Acho que acabei de achar. –ela olhou de mim para Thalia. –É, isso vai ser divertido.

–O que voce quer de mim?

–Sabe, Artemis sempre teve um grande favoritismo por Annabeth. Quando Percy a beijou e a vadia correspondeu, Artemis não a matou como deveria. Deixou que Percy a convencesse. Se realmente quisesse matar Annabeth, nem se quer teria dado a Percy tempo de falar. Se a quisesse morta ela estaria morta. Ela esta viva apenas pelo favoritismo da deusa, não por merecimento. –então ela se virou para Tom e Thalia. –Eternamente pura, não é? Proibida de toques masculinos. Vamos testar o julgamento de Artemis.

O grandalhão puxou Thalia para si, encostando-se ainda mais nela.

–Me larga! –a voz de Thalia era dura, mas conseguia ver o medo por trás dela. Estava completamente imobilizada. Ele soltou uma das mãos e segurou seus braços com apenas uma. A segunda ele tapou a boca de Thalia, que começara a se desesperar.

Will tentou se debater em protesto, mas Effy o puxou para trás pelos cabelos levemente compridos de sua nuca. Me coloquei de pé com punhos cerrados. Em resposta, Effy postou a espada na lateral do pescoço de Will. Ela apertava tanto que uma linha de sangue já escorria.

–Calminha, todo mundo! –ela gritou, e Will e eu fomos obrigados e nos aquietar.

–Se ele tocar nela...

–Voce vai matar todo mundo? Já escutamos isso, querido. Mas não acho que voce esteja em posição para nos ameaçar. –Effy fez pouco caso. –Mas não vai ser Tom que fará com que Thalia fique em debito com Artemis. Vai ser voce.

Eu ri sem humor para a garota. Ela só poderia estar louca.

–Não vou fazer merda nenhuma, Effy.

–Se voce não for, pode ter certeza que Tom vai. –ela ergueu as sobrancelhas. –E pode ter certeza que ele vai ser menos educado.

–Voce é doente. –disse novamente entre dentes.

–Eu sei. Mas quem se importa?

Meus músculos tremiam e minha visão começava a ficar escura de ódio. Se ainda tivesse poderes, Effy e Tom teriam sido engolidos por uma onda de escuridão sem nem mesmo que eu ordenasse.

–Vou ser mais clara, Nico. Beije-a ou Tom fará pior.

–Por que você quer isso? O que você ganha com isso?

–Eu ganho a satisfação de saber que tornei suas vidas infelizes com o amor. Ainda não notou? Esse é e sempre foi o meu objetivo. E se Artemis decidir considerar isso uma traição aos votos, voce vai ter que conviver sabendo que a morte de Thalia foi sua culpa. Talvez a maioria das pessoas pudesse gostar de culpar a mim, mas não você. Você vai se culpar a vida toda por isso. –ela sorri. –Agora, Nico.

Meus punhos estavam cerrados, meus dentes pareciam prestes a trincar com a força que os cerrava. Mas eu não me movi. Ela bufou.

–Eu tentei pedir com educação. –de repente, os olhos de Effy se tornaram tão vermelhos quanto seus cabelos, sua cabeça se inclinou levemente. Ela sorriu antes dizer, em um tom vidrado. –Beije-a.

Meus pés começaram a se mover sem vontade própria. Minhas unhas rasgavam mais palmas, mas não conseguia convencer a mim mesmo a parar. Effy estava me controlando, e me forçava a andar até Thalia. Minha cabeça latejava a cada músculo meu estava dormente pela força de me fazer parar, mas eu não podia. Minha perna nem se quer doía mais.

O que aconteceria depois disso? Se eu beijasse Thalia, mesmo que a força, Artemis seria capaz de reconsiderar? Eu poderia ser a causa da morte de Thalia se Artemis não reconsiderasse?

A cabeça de Thalia subiu alguns centímetros quando me aproximei. Seus olhos eram tristes e cansados, mas não me culpavam ou julgavam. Com um olhar ela parecia me perdoar pelo que estava prestes a fazer. Will se debatia abaixo de Effy. Eu me odiei por aquilo.

Tom praticamente a jogou em cima de mim. Thalia me abraçou e enterrou a cabeça no meu pescoço. Assim que o fez, o grandalhão sacou um machado do cinto, e o apontou para Thalia, bem a suas costas, para o caso dela se afastar.

–Tudo bem. Artemis vai reconsiderar. Não é nossa culpa. –ela sussurrou a meu ouvido. –não é sua culpa.

Foi então que Effy soltou uma gargalhada.

–Eu não acredito nisso!

–O que é tão engraçado?

–Eu estou fazendo errado! –ela riu ainda mais, tanto que o pescoço de Will sangrava quando ela se movia para rir. –bem que meu pai disse que seria divertido! Pode pega-la de volta, Tom.

Tom apontou o machado para o pescoço de Thalia antes que qualquer um de nos pudéssemos intervir. Trinquei os dentes. Se a puxasse para longe o machado a feriria. Não tive escolha, Thalia apenas se afastou de mim e Tom a pegou pelos braços novamente.

Effy virou-se para Will antes de dizer.

–Pobre filho de Apolo. –ela sorriu antes de aponta-lo. –é o loirinho aqui que você vai beijar, Nico.

Meu queixo e o de Will caíram ao mesmo tempo. Will apareceu se engasgar com o sangue de sua garganta.

–Voce não pode estar falando serio. –eu disse, e Effy finalmente fechou a cara.

–As coisas vão ficar bem piores se você der uma de homofóbico, Nico. Qualquer dor que o amor cause é valida. Não reclame, o raio de sol aqui é bem mais atraente que Thalia. –então novamente seus olhos ficaram vermelhos. –Agora.

Dessa vez meus músculos não doeram. Meus pés de moveram no mesmo ritmo, mas meu corpo pareceu flutuar até Will e Effy. Não pude me impedir, e dessa vez era como se não existisse alternativa a não ser obedecer. Talvez ser envolvido pelo controle de Effy duas vezes seguidas tornasse o processo mais difícil de se combater. Talvez fosse mais fácil para Effy controlar quando acertava o sexo.

Vadia miserável.

De repente, estava de joelhos de frente para Will. Meu coração palpitava de ódio, meus músculos tremiam em contradição a meus movimentos.

–Se não cooperar, vou terminar o trabalho em seu pescoço, Will. Alem de terminar de arrancar a perna de Nico.

Will pareceu engolir a seco. Seu rosto era neutro pela magia, provavelmente como o meu também deveria estar. O ódio por Effy se nutria em ambos nossos peitos. Effy apontou a espada para a nuca de Will, o forçando a se inclinar.

Seus lábios tinham gosto de sangue e sol. Não sei como pode existir gosto de raios de sol. Talvez seja apenas o gosto do verão, o gosto quente e confortável de um dia ensolarado. O choque térmico de lábios entre os meus frios com seus quentes fez um arrepio percorrer minha espinha. De repente algo pareceu mudar. Effy provavelmente estava contribuindo com seu controle sobre nós, pois Will contribuía de boa vontade. Ele só poderia estar sob o efeito de Effy. Eu? Talvez estivesse sobre o efeito, talvez não. Me culpei por gostar tanto de algo feito completamente contra a nossa vontade.

Apenas naquele momento fiquei aliviado por saber na penumbra que estamos, e por sentir a luz do sinalizador acabar, e a fumaça que saia desse atrapalhar a visão. Desejei que esse acabasse de uma vez. Desejei não estar fazendo aquilo, não estar gostando tanto do que fazia.

Tentei interromper, mas como um imã fui atraído de volta. Poderia ser apenas Will, mas me recusava a acreditar. Effy estava contribuindo para aquilo. Minha mão tocou seu ombro e a sua minha cintura. De repente, a mão de Will deslizou para baixo de minha camisa, para a base de minhas costas. Exatamente onde o dardo estava. Will começou a aperta-lo com as unhas do polegar e indicador, tentando soltar a ponta do dardo que anulava meus poderes. Aquilo doía tanto que talvez tenha chegado a morder seus lábios em algum momento. A fumaça, a penumbra e a luz acabando tornava a situação perfeita. Então senti a ponta sair.

Toquei Will pela nuca duas vezes, e desenhei um “e” com a ponta dos dedos. Ele pareceu entender a mensagem. Effy alcança o sinalizador no cinto e o acende. Will se virou no momento preciso e passou uma rasteira em Effy com toda a sua força. Surpresa, a menina caiu, e o sinalizador já aceso rolou de suas mãos. Will chutou minha espada que a garota derrubara de volta para mim. Assim que tive a arma em mão, me transportei pelas sombras poucos metros para pegar Tom desprevenido. Apunhalei-o na região do estomago .Ele caiu assim que retirei a lamina.

Thalia se jogou no chão assim que se viu livre das mãos do garoto. Tateou até achar sua lança, novamente na forma de spray de tinta. Se pós de pé e chutou o garoto com força nas costelas, e depois em um lugar extremamente desconfortável. Os dentes de Thalia estavam trincados de ódio, seus olhos brilharam.

Will já tinha o arco e a aljava em mãos e corria em nossa direção. Ele derrapava em alta velocidade, seus sapatos arranhavam o chão. Peguei-o pela mão assim como Thalia, e somos engolidos por uma sombra qualquer.

Conseguo ver Effy sentada no chão, com um sorriso glorioso nos lábios. Ela tinha sangue escorrendo pela boca devido a queda, seu parceiro estava morto, e ela não dava a mínima. Ela já tinha nos feito sofrer, seu dever havia sido comprido.


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Notas finais do capítulo

Foi um capítulo pesado? Eu achei. Na verdade eu pretendia fazer ainda mais pesado, mas não tive coragem para tal. Não sei se é tçao forte para voces quanto é para mim, por que pegam alguns temas muito, MUITO, especias para mim: homofobia, assedio e tentativa de estupro. São assuntos que eu gosto muito de comentar, por que acho que não recebem a atenção que deferiam.
Eu pretendi mesmo fazer com que eles sofressem um pouco mais.... mas não tive coragem. Acho que vou deixa-los torturarem a si mesmos por esse dia.
Meus deus como eu odeia a Effy. Ela meio que representa tudo de ruim que envolve o mundo inteiro.
Acho que tenho que admitir, eu amo metáforas e representações. Para mim, Thalia representa o feminismo, a mulher forte e independente. E, ao contrario do que muita gente diz, não é por que uma mulher é forte, destemida e valente que ela não pode ter amigos homens. Thalia não PRECISA de um homem ao lado dela, mas ela tem, por que ela QUER, não por que ela NECESSITA. Uma garota pode ter amigos homens sem interesse romance. Uma garota não precisa amar um garoto nem ninguém. (eu disse "precisa", e não "deve"). Thalia não precisa de um amor, mas precisa de seus amigos.
Para mim, Will representa toda a doçura humana. Aquele que sempre ajuda, que sempre está ali, que sempre sabe o que fazer e o que dizer na hora certa. E, mesmo assim, não deixa de ser simplesmente foda. Uma pessoa pode ser doce e batalhadora.
Acho que Nico representa boa parte das pessoas, por isso tantas se encontram nele. Alguém que se sente sozinho, que tem duvidas sobre si mesmo, assim como todos nós, e mesmo sendo simpeslmente foda, também tem seus demonios.


Tudo bem, já fiz meu discurso, que estava na minha cabeça a muito tempo, então eu precisava dizer.
Agora preciso da linda opinião de voces tanto sobre o capítulo quanto para o trailer. Pergunta: voces conseguem imaginar algumas cenas finais (aquelas que voces não entenderam, provavelmente) e dar palpites?
Ah, gente, voces com certeza tinham em mente a aparição de Jason, Piper e Leo... mas é claro que eu mudei alguns detalhezinhos... Facilitando uma coisa aqui, dificultando outra ali... Ah, mas essa historia vai dar voltas!
E, adivinhem? Eu TERMINEI A FIC! E posso confirmar: terá segunda temporada! Por que eu terminei a primeira! Só não comecei a segunda por que ainda tenho uns pontinhos para ligar, uns papeis para adicionar, personagens para evidenciar!
Comentem esse capítulo, comentem o trailer! Recomendem!
Amo voces!
Até a proxima! (que eu ainda não decidi se será em uma ou duas semanas, depende de como seguiram a escola e a segunda temporada)





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