I'm Never Changing Who I Am escrita por Moça aleatoria


Capítulo 34
Em caso de emergência, culpe o poodle.


Notas iniciais do capítulo

Eu ia postar de tarde, mais acabei ficando ocupada, mas aqui está, e ainda é sabado! Estou de acordo com nosso combinado!
E voces, não querem mesmo recomendar a fanfic ou cometar mais? Não? Okay.
Mais um capítulo de quem se tornou meu novo trio da pesada predileto ao longo dos capítulos: Nico, Thalia e Will.Só lembrando que Afrodite, Apolo e Artemis são meu trio DIVINO predileto.
Mais um POV Nico por que, qual é, o garoto é foda! E também por que to lendo tanta fanfic no POV dele que está quase natural!
Alias, AVISO SUPER IMPORTANTE! Eu estou fazendo um segundo trailer pra fanfic! Mas dessa vez mudei a musica, ams para uma da mesma banda "nothing left to say now" de Imagine Dragons. Não é It's time, a musica que na verdade é de onde sai o titulo, por que acho que nothing left to say now combina muito perfeitamente com o momento da fanfic. Bem, está praticamente pronto, mas estou segurando um pouco para que o trailer não de muito spoiler. No primeiro trailer eu contava mais ou menos tudo que voces já sabiam, o que eu já tinha postado... Bem, esse será diferente, vou dar alguns pequenos spoilers com ele. MUHAHAHA. Ainda estou pensando se os spoiler me atrapalham ou ajudam.... bem, vamos arriscar!
Boa leitura!



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POV Nico

A caverna é escura, mas estava tão acostumado com a escuridão que consigo ver da mesma forma que conseguia viajar através dela. Era difícil, mas eu era capaz. Em meio ao breu, via a cena que pensei

que veria apenas no apocalipse. A caverna era um corredor sem fim, e nele eram distribuídas portas de pedra, e dentro de cada uma delas, estavam celas douradas e brilhantes. Mágicas. E, dentro de cada uma delas, estava um ser divino.

Também algumas ninfas e poucos mortais choramingavam, mas não consegui dar atenção a esses. Em cada cela dourada, brilhante e provavelmente encantada, mantinha preso um deus. Reconheci alguns rostos. Anfitrite, a esposa de Poseidon, com cabelos negros agora desbotados e olhos de um azul piscina límpido cheios de dor, ela estava encolhida na sua cela.

Lá também estava Perséfone, com os cabelos loiros antes avermelhados agora em um tom tão fraco que era quase palha. Os olhos caramelo da deusa tinham tão pouco brilho que, apesar de não gostar muito de minha madrasta, senti pena da deusa. Ela ainda usa um vestido até os pés, ele é colorido, mas agora esta manchado de sujeira, sangue e tristeza. Perséfone abraça os joelhos, e quando o faz, sua saia levanta, deixando a mostra uma tornozeleira prateada perfurando sua pele.

Esta claro que o objeto machuca, e parece acabar com suas energias. Está tão enterrado em sua pele que linhas vermelhas de uma infecção clara subiam por sua perna.

Olho com pena para todos eles. Alguns desses deuses e semideuses estão simplesmente sentados, desgastados e sem energia, mas continuam com olhos atentos, esperando por uma brecha na segurança para finalmente se verem livres. São os deuses antigos, que já estão acostumados com a dor, semideuses fortes que estão preparados para guerras.

Mas entre eles também temos espíritos da natureza, tirados de suas casas. Deuses menores, como Perséfone, que não é uma deusa de batalhas. Sua maior luta parece ser contra meu pai, uma luta emocional, não física. São esses deuses e espíritos da natureza que parecem sofrer mais. Impossibilitados de qualquer coisa, e sofrendo dores que não estão acostumados a sofrer. Sofrendo por uma guerra que, ás vezes, nem sabem existir. E, muitos deles, sem esperança alguma por saber que seu amado ou amada ainda não veio busca-los por causa dos avisos de Zeus, e, em alguns casos, simplesmente por que os grandes deuses para quem são iscas não se importam o bastante.

Uma risada soa pela caverna escura, bem atrás de mim. Os deuses enjaulados parecem alienados a risada assim como estão de minha presença. O som frio e áspero da risada percorre minha espinha e enche minha mente não só de pavor, mas uma boa quantidade de raiva.

–Pobres almas. Divinas ou mortais, todas se rendem ao amor no final. Como vai, Nico di Angelo?

As palavras soam cantadas em uma voz fria, ao mesmo tempo bela e forte. Uma voz afiada, capaz de destruir qualquer um com mais facilidade que uma lamina faria. A voz que canta a triste canção de dor de todos os apaixonados. A parte do amor que destrói todos quando fala mais alto que a voz de Afrodite.

A voz de Eros.

Em desespero corro os olhos por aquelas celas, tentando achar Percy e Annabeth em qualquer uma delas. Pensando se Percy também tem uma daquelas tornozeleiras, se posso me comunicar com ele de alguma forma.

–Não se de o trabalho, Nico. Percy Jackson não está aqui. –a voz feminina ecoa. E eu reconheço Effy.

Finalmente me viro para o deus. Eros consegue ser ao mesmo tempo semelhante e o oposto da filha, Effy. Seus cabelos são compridos, se estendendo até acima dos ombros, passando a linha da orelha. Os cabelos são negros, e seus olhos são de um vermelho vivo. Vermelho sangue. Pensava que os cabelos de Effy fossem o mais forte tom de vermelho que existisse, mas não é. Os cabelos de Effy são apenas uma versão desbotada dos olhos de Eros, que aprecem ser feitos do sangue de todos os corações partidos que já provocou. Parece se alimentar de todas as magoas que a humanidade já sofreu.

Pai e filha parecem opostos. Cabelos negros e olhos vermelhos do pai postos ao lado dos cabelos vermelhos e olhos negros da semideusa. Mas sua semelhança é perturbadora. Lado a lado, era possível ver os traços delicados dos dois, uma beleza delicada no rosto e em cada curva e em cada ângulo.

Eram tão belos e dotados de tão grande delicadeza física que, como Effy provou, quando quererem, são capazes de enganar a todos. Rostos belos são capazes de adquirir confiança. Quando conheci Effy, ela nada mais passava de uma garota delicada, pequena em todos os sentidos. Fragilidade ganha compaixão, e quando a tem, se mostra ser tudo, menos frágil.

Agora, o que descreve Effy não poderia ser mais diferente. Os cabelos vermelhos antes comportados e disciplinados pela trança haviam ido embora, dando lugar para cabelos rebeldes que ela parecia gostar de ver fora de controle, assim como seu poder. As mechas caiam sobre seus ombros com rebeldia e beleza, assim como de seu pai, mas os dela desciam mais sobre suas costas. Os olhos da menina eram negros, mas estava tão cheio de maldade que refletiam o vermelho do pai.

Agora, depois de tudo, era fácil entender por que Eros, no romano Cupido, era facilmente visualizado como um bebe de fraudas sorridente. Por que, quando queria, tanto Eros quando Effy poderiam ganhar a confiança de qualquer um apenas com beleza e uma falsa fragilidade. Com uma vulnerabilidade inexistente. Por que vemos neles um ser vulnerável que temos em nos mesmos por muitas vezes. Mas isso não é verdade.

E, acima de todas as semelhanças, o sorriso estava no topo da lista. Sorrisos maus, malignos de todas as formas se estampavam nos rosto de pai e filha. Effy poderia ainda ser a menina comportada que conheci, se ela sorrisse daquele jeito, seu disfarce teria ido embora. Eros poderia ser um bebe de fraudas, e se sorrisse assim, faria qualquer semideus empunhar sua arma ou correr o mais rápido que puder.

Mas Eros não é um bebe de fraudas. É um deus forte, com um arco e flechas pendurado ao ombro e um sorriso maligno.

–Estamos dando um atendimento especial para Percy e Annabeth. –Eros diz. –Effy está cuidando disso, não está, minha filha?

O sorriso de Effy se estende, ela mostra os dentes brancos como se fossem peesas. Eu vejo a ponta de seus dedos sujos de sangue já seco. Ela não precisa responder nem a mim, nem ao pai.

–E, em breve, vocês se juntaram a nós. –ele continua. –não vai demorar, filho de Hades, todos se rendem há mim um dia. E o seu dia não tardará.

...

Levanto-me com tanta violência que quase bato a cabeça nas costas da poltrona da frente. Ainda estamos no trem, e eu me agarro nos braços da cadeira em que dormia com violência. Pela janela, o dia começa a amanhecer. Temos agora apenas três dias para achar os semideuses que poderão acabar com tudo aquilo. Nós temos três dias, mas quanto tempo teriam Percy e Annabeth?

Thalia senta-se ao lado da janela enquanto Will está entre eu e o corredor. Ambos dormem profundamente, completamente alheios ao que vi. Sinto meu corpo molhado de suor e preciso respirar algum ar. Pulo por cima das pernas de Will e disparo pelo corredor vazio, já que os poucos passageiros estão perdidos em seus próprios sonhos.

–Nico? –a voz sonolenta de Will chama. Eu o acordei sem querer ao passar por ele. Não respondo a Will, nem se quer me viro, apenas continuo andando.

A situação dos deuses... Tantos deles, e tantos sem nenhuma experiência em guerras. Sempre tive raiva dos deuses, como muitos deles não guerreavam, não lutavam suas próprias batalhas, como não lutam por sua casa, pelo Olimpo, sempre deixavam o trabalho pesado ara os semideuses. Mas eu vejo por que muitos deles não lutam, por que não são feitos para isso. Nós, semideuses, infelizmente, somos.

Penso nas tornozeleiras dos pés de cada um deles e como, graças a Effy, a situação de Percy e Annabeth com certeza é pior do que a de todos os outros.

Paro e me apoio em uma poltrona vazia. Minha cabeça roda, e tento acalmar minha respiração. Começo a conta-la, e acalmando-a aos poucos. Quando finalmente abro os olhos, me deparo com um poodle negro sentado no chão, ao lado de uma senhora adormecida. O poodle me encara com os grandes olhos escuros.

É então que reparo que, ao lado da senhora, deitado a seu lado, está um cachorro bem menor, branco, adormecido ao lado da dona.

O poodle negro mostra os dentes e rosna. Esse cão não está com a senhora.

Dou um passo para traz, e toco a bainha da calça para me lembrar que deixei a espada nos acentos, para evitar andar por ai com armas expostas. O poodle mostra os dentes e começa a tremer e ficar maior.

Um dos cães infernais. Merda.

Dou mais alguns passos para traz, ainda de olho no animal, e bato de costas com Will.

–Nico, o que...? –o garoto ainda está sonolento, nem me viro para ele antes de dizer.

–Acorde Thalia, precisamos sair do trem.

–Sair do... –então ele aprece finalmente notar o animal crescendo. –Ah, merda.

–Pois é.

Ambos corremos no momento que o cão solta um latido feroz, e voltamos às pressas em direção a Thalia e nossas armas. Tropeçamos um no outro enquanto corremos pelo corredor estreito.

–Thalia! –eu grito, e ela se coloca de pé tão rápido que precisa se apoiar na cadeira para ter certeza que está acordada. –Cão infernal!

Ela arregala os olhos e pega nossas armas escondidas embaixo dos bancos. Ela joga ambas para Will, que está na frente. Ele estende minha espada para mim, eu a pego. Thalia joga as três mochilas em um só ombro e corre na nossa frente quando passamos por nossos antigos acentos.

–O que fazemos? –pergunto. Não podemos simplesmente lutar com um cão infernal gigante direto do Tártaro em um trem cheio de mortais.

Estamos no ultimo vagão. Não existe escapatória.

–Nos pulamos? –Thalia sugere. Todos olhamos pela janela do trem ao mesmo tempo. O trem vai tão rápido que nem é possível ver a imagem ao certo. As arvores que passamos são apenas borrões verdes sem forma.

Pular está completamente fora de questão.

–Vocês sabem que eu sou completamente contra –Will começa. –mas acha que pode nos transportar pelas sombras e nos colocar a salvo em terra firme, Nico?

Olho para traz para ver o cão infernal correr até nos ganhando tamanho e massa. Concordo com a cabeça. Pego as mãos de Thalia e Will assim que a besta pula, incrivelmente conseguindo passar pelo corredor. Ele pula, e provavelmente aterrissa no vazio.

Somos lançados para fora do trem, caímos na grama. Por não saber onde estamos nem ter um lugar fixo em mente, fomos jogados na grama. Will rola no chão e se põem de pé com o impulso. Thalia, que esta a meu lado, me ajuda a levantar.

–Todos bem? –Will pergunta, e eu e Thalia concordamos.

Vemos o trem passar como um jato pelos trilhos bem a nossa frente. Observamos ele sumir no horizonte. Conseguia ouvir a respiração cansada e alta de nos três, continuamos ali, parados por alguns segundos depois que o trem sumiu.

Com o cão infernal junto.

Olhei de Thalia para Will com um sorriso aliviado. Apenas para ver o vulto negro correndo até nos. O cão havia pulado do trem. Não me perguntem como.

Will preparou o arco, Thalia deixou seu spray virar a lança, e tocou o bracelete que se transformou em seu escudo. Empunhei minha espada.

–Eu não sei vocês. –Thalia disse entre dentes. –mas esse cachorrinho está começando a me irritar.

Sem nem mesmo uma troca de olhares decidimos: sem viagens nas sombras dessa vez. Só um cão? Poderíamos lidar com isso.

Will não esperou o animal se aproximar. Atacou antes que pudesse perder o alvo e a vantagem da distancia. Ele atacava a besta com flechas e ia se afastando com cuidado para mante-lo sempre no alvo.

Thalia e eu nos comunicamos pelos olhar. Eu ataquei primeiro, ferindo-lhe as patas e o focinho. Rolo no chão quando ele tenta morder. Levanto-me com um impulso e vejo Thalia correndo em direção a besta. Solto a espada para lhe fazer pezinho. Ela não diminui o passo, na mesma velocidade que corre ela apoia o pé em minhas mãos e eu a empurro para cima. Ela roda no ar e para bem no pescoço do animal. Olho preocupado para Will, que continua a atirar flechas, agora ele mira no rosto da criatura. Impressionantemente, nenhuma de suas flechas passam nem perto de Thalia, mesmo com o animal se debatendo embaixo dela. Ela também não parece preocupada. Thalia tem tanta confiança que Will não vai acerta-la quanto tinha que eu não a deixaria cair quando me usou de apoio. Paro de me preocupar, e decido simplesmente confiar no filho de Apolo. Afinal, ele tem se mostrado muito bom no que faz até agora.

Abaixo-me para pegar minha espada e a besta me ataca bem em um momento de distração. Sua boca está aberta e próxima demais para que eu me jogue no chão. Ouço Will gritar, então pulo. Pulo e agarro o cão infernal, montando em seu nariz, perigosamente próximo demais da boca.

Thalia continua no pescoço do animal, e grita para que eu segure firme. Não consigo atingi-lo, minhas mãos estão ocupadas se agarrando na pelagem escura do monstro. Ouço as flechas zumbirem pelos meus ouvidos, e o cão empina quase me jogando para o chão. Olho e vejo que Will o acertou bem no olho, a perigosamente próxima de mim.

Então uma flecha se crava tão, mas tão próximo de minha cabeça que quase corta minha orelha fora. Penso em gritar para Will, perguntar-lhe se ele esta tentando me matar. Mas então noto, a flecha está lá, cravada fixamente próxima de mim. Agarro-me a flecha e a uso como apoio. Quando a alcanço, outra se projeta pouco mais a cima. Muito, muito esperto, Will. E, sem deixar de atingir o animal e sem deixar de me ajudar, Will traça uma escada de flechas no corpo do cão infernal. Quando vejo, estou no pescoço, ao lado de Thalia.

Ela me olha e sorri.

–Juntos, no três? –ela me pergunta, assim que me sento no pescoço do cão de frente a ela.

–No três.

E, no três, nos cravamos nossas armas no crânio do cão infernal.

Ele grita, berra e se debate, mas não morre.

–Pule, Nico! –tento rebater, mas ela simplesmente grita. –não discuta comigo, pule logo!

Então eu obedeço. Solto minha espada do crânio do monstro e me jogo no chão. Ao atingi-lo, rolo e me coloco de pé. Will começa a vir até mim, com o arco nas costas e palmas para frente. “Sem flechas”, entendo o recado. Comprimo os lábios e olho para Thalia, ainda em cima do monstro.

Ela ergue a lança acima da cabeça, grita e convoca um relâmpago em uma manha ensolarada. A lança atinge o cão infernal ao mesmo tempo que o raio.

O animal vira cinzas abaixo de Thalia, e ela cai do nada sobre elas.

–Meus deuses, garota. –digo. –algum dia eu já disse que você é demais?

Ouço Thalia rir embaixo dos escombros.

–Bela escalada, Nico. –Will da um tapa nas minhas costas.

–Graças as suas flechas. –consigo sorrir, fazendo Will rir ainda mais. –Ótima mira. Passou muito pouco da minha cabeça. Mas ótima mira.

–Não se preocupe. –ele diz, em um tom divertido. –Se tivesse acertado eu mesmo curaria.

Ele da aponta com o polegar nossas mochilas atrás de nos, onde Thalia deixou. Onde estava os primeiros socorros. Eu e Will continuamos a brincar até Thalia se levantar. Ela estava de frente para nós, e me olha assombrada.

–Nico! –ela apontou.

Olho para baixo, para minha perna, e só então a sinto latejar. Meu coração ainda bate forte e minha respiração ainda é ofegante, a adrenalina me impediu de sentir o ferimento. Minha panturrilha está encharcada de sangue, onde o cão infernal provavelmente conseguiu morder enquanto eu o alcancei pelo focinho.

Will, que estava ao meu lado direito, não tinha notado o ferimento na parte exterior da perna esquerda. Ele passou meu braço por seu ombro bem na hora que senti a perna falhar. O garoto me ajudou a deitar na grama quando Thalia caminhava até nos. Ela tinha guardado a lança já em forma de spray no cinto e o braço direito estava agarrado ao ombro esquerdo.

Quando Will a viu ferida, levantou os olhos de minha perna para ela, mas nem de longe tão preocupado. Tirou apenas olhos de meu ferimento, olhou para Thalia por dois segundos, talvez menos. Voltou-se para o meu ferimento.

–Está ferida também? –ele perguntou, nem se quer tinha mais os olhos dela.

Thalia nem ao menos tirou os olhos de mim para responder.

–Só desloquei o ombro. –ela respondeu. Por sorte, eu sabia que Thalia era destra. –voce concerta depois.

E, por mais sorte ainda, eu também era. Minha perna de apoio não era a esquerda.

Foi o tempo de Thalia se ajoelhar de um lado e Will pegar a mochila com os primeiro socorros. Infelizmente, sabia que não teríamos ambriosa nem néctar.

–Como é que ninguém viu isso? –Will perguntou, enquanto remexia nos primeiro socorros dado por seu pai.

–Não pergunte para mim. Você estava atirando a longa distancia. Se alguém deveria ter visto é voce.

–Eu deveria ter visto, com licença. Foi a.....–tentei argumentar, mas Will passou um liquido ardido, provavelmente álcool, em minha perna no exato momento. Soltei um gemido. Teria me contorcido, mas Thalia segurou meu peito, indicando para me manter o mais quieto possível para que Will possa trabalhar.

–Adrenalina, nós sabemos. –ele completou.

Talvez tenha jogado o álcool justamente para calar a minha boca e deixa-lo trabalhar, ou talvez estivesse tão concentrado em me curar que, na verdade, não tava a mínima para qual seja a besteira que eu estava falando.

–Está muito feio? –pergunto ao recuperar o fôlego do álcool. Will já estava novamente concentrado em cortar a gaze e separar remédios.

–Se tivéssemos néctar, não seria nada demais. –ele resmungou.

Olhei para Thalia, que parecia nervosa. Pelo olhar de Thalia, estava feio. Mas pelo olhar de Will... Era impossível saber. Ele aprecia tão calmo e concentrado ao mesmo tempo que dava medo. Com o olhar calmo, mas não tranquilo, de um medico que da um diagnostico horrível sem perder a calma.

Até o momento nunca tinha pensado na diferença entre calmo e tranquilo. Não eram sinônimos. Calma é a capacidade de não surtar nem se deixar perder em momentos difíceis. Tranquilidade é não estar preocupado com a situação, ter ciência de que tudo daria certo, de qualquer forma. Contudo, se as coisas ficariam bem ou não, dependia somente da calma.

Will não estava tranquilo. Apenas mantinha a calma.

Talvez aquilo devesse me acalmar. Talvez me desesperar. Apenas deixei minha cabeça tombar, e tentei não me mover.

Ele começou a lavar minha pele com a água da garrafa d´água, então me estendeu-a em seguida, dando-a para eu beber. Bebi, até por que não poderia argumentar.

Finalmente consigo me apoiar pelos cotovelos para enxergar o ferimento. Era um cão muito grande, sua mordida fazia jus ao dono. Ele havia atacado a parte interna de minha panturrilha, provavelmente enquanto tentava escala-lo, abrindo assim dois grandes cortes em minha perna. Um para cada arcada dentaria. Elas eram incrivelmente profundas, tão profundas que se o animal tivesse tido mais tempo, eu provavelmente não teria metade da perna. Tinha chegado à carne fácil, mas felizmente minha perna estava toda ali.

Senti meus estomago revirar e fui obrigado a me deitar novamente. Thalia apertou meu ombro.

–Isso vai doer. –Will anunciou enquanto tirava uma linha e agulha do estojo de primeiro socorros. Tinha os lábios comprimidos, como já tinha notado que fazia quando estava preocupado. –Sinto muito, não temos analgésicos aqui.

Eu concordei com a cabeça e Thalia, sem mais o que pudesse fazer, sentou-se na grama e apoiou minha cabeça em seu colo. Enquanto Will costurava ferimentos profundos demais, onde os dentes do cão infernal havia rasgado pele demais para que ele pudesse dar pontos sem causa uma grande dor pela pele repuxada, mas via no olhar do garoto que ele não tinha opção. O que ele faria? Deixaria eu sangrar ali até pegar um infecção?

Will começou a trabalhar, e Thalia segurava meus ombros ou peito com a mão boa quando eu ameaçava me retorcer de dor. Não havia o que fazer. Quando finalmente pensei que Will havia acabado, ele se dirigiu ao segundo corte. Era torturante a sensação de carne e pele rasgados, tudo isso tentando ser posto no lugar com apenas uma agulha e linha. Penso nas roupas que rasgava acidentalmente quando era menor, e como Bianca as costurava. Como vez ou outra Bianca retorcia o lábio para baixo em uma careta típica, antes de dizer que o buraco era grande demais, que se ela costurasse a roupa se tornaria muito apertada. Penso em minha pele, e o que aconteceria se Will não conseguisse fechar o buraco.

Então ele termina.

Ele corta pedaços de gaze e enrola minha panturrilha com eles. No fim, da um pequeno nó na ponta. Will, que antes se encontrava ajoelhado, se deixa cair por completo sobre seus calcanhares, apoia as mãos ensanguentadas nas coxas das calças jeans e examina seu trabalho com cuidado. Ele acena com a cabeça, dando o trabalho por completo. Acenava para ninguém ao certo, talvez para si mesmo. Apenas então olhou para mim, com os lábios novamente comprimidos.

–Eu não pegar raiva, vou?

Thalia pareceu tão zangada com a brincadeira que me deu um tapa no ombro, que Will rependeu com o olhar. Ela o encarou de volta, com os braços cruzados, aguardado um diagnostico. Por um momento, Thalia pareceu considerar realmente a hipótese de eu pegar raiva.

–O que eu posso dizer? Fiz o que pude. Vou trocar as ataduras todos os dias e ver se tem algum efeito. –ele disse. –por enquanto, sem magia do submundo. Precisamos encontrar outro trem ou um ônibus para nos movermos.

–Onde nos estamos, alias? –Eu pergunto, e Thalia olha ao redor.

–De acordo com a placa, estamos no Iowa. –ela diz, desesperançosa.

–Quase metade do caminho. –Will tenta ser otimista.

–Metade disso foi pelas viagens nas sombras. Na outra metade fomos atacados. –Thalia diz. –estamos ferrados.

–Eu ainda posso...

–Voce não pode absolutamente nada, Garoto Morte. –Will disse ríspido. –nem se quer pode andar, não vai transportar ninguém pelas sombras.

–Não me chame de Garoto Morte, Rihappy.

Will inclina a cabeça e apoia os nós dos dedos no quadril, como uma mãe ao ver uma criança mal educada. Sinto-me culpado quando vejo o sangue em suas mãos mancharem mais uma vez suas roupas. Abro minha boca para me desculpar, mas a fecho antes que qualquer palavra saia dela.

–Se as moças já terminaram de discutir, acho que deveríamos ir. –Thalia diz. – Seria bom arranjar um banheiro decente para limpar o ferimento de Nico melhor, não é?

–Boa ideia. Acho que também podemos roubar alguns remédios para voce, Nico. Alguma coisa contra infecção. Alguns analgésicos... É, isso com certeza deve estar doendo um bocado. –Não respondo, por que Will não aprece esperar por uma. Ele concorda com a cabeça, respondendo sua própria pergunta, distraído, pensativo. Só então olha para Thalia, e lembra se seu ombro. –me desculpe, eu esqueci. Vou colocar seu ombro no lugar.

Thalia se ajoelha e Will se posiciona atrás dela. Ele segura o ombro perto seu pescoço com delicadeza, mas firmeza. A outra vai no extremo de meu ombro. Em um segundo ele o coloca no lugar. Thalia solta um gemido, mas logo consegue mover o braço.

Ela sorri para ele.

–Obrigada.

–Não há de que.

Então ele parece notar a marca de sangue no ombro de Thalia, e só então repara em suas palmas ensanguentadas. Ele é um curandeiro, um filho de Apolo, ter sangue nas mãos deve ser tão natural quanto matar monstros.

Ele pega a garrafa d'água e lava as mãos sujas levemente. Will finalmente sorri de lado.

–Vamos ter dificuldade em pegar um ônibus cheios de sangue.

Thalia bate as palmas, fazendo barulho antes de se levantar.

–Bem, precisamos dar o fora antes que mais cães infernais nos achem. Precisamos de um banheiro e então de um ônibus. –ela diz.

Tento me levantar, mas é praticamente impossível. Minha perna esquerda não consegue tocar o chão tão cedo. Will me olha mortalmente quando tento.

Will e Thalia me ajudam a levantar, passam meus braços por seus ombros. Will me apoia pela cintura. Juntos, começamos a andar. Bem, eles andam, eu sou praticamente carregado.

No fim, era bom saber que, pela primeira vez desde meus dez anos, desde Bianca, que podia contar de verdade com alguém. Que Will e Thalia estavam ali, me apoiando. Literalmente. E que fazíamos um bom trio. Que poderia confiar minha vida neles. Confiar que Thalia não me explodiria acidentalmente com um raio durante uma luta, que Will não erraria o alvo e me acertaria uma flecha. E que Will também não me deixaria sangrar até a morte nem se eu quisesse. Confiava nas habilidades deles mais do que confiava nas minhas.

Pela primeira vez entendo o que é fazer parte de um time. É confiar mais neles do que em mim, é deixar que eles me ajudem e ajuda-los quando é preciso. É poder deixar-me ser carregado quando não se pode andar sozinho.

–Alias, o que vocês dois, Rihappy e Garoto Morte faziam acordados na hora do ataque? –Thalia pergunta, com uma sobrancelha erguida. Will olha para mim também, querendo saber a resposta.

Eu suspiro, e começo a informa-los sobre meu sonho. Seria uma grande caminhada, teria tempo para todos os detalhes terríveis de uma péssima noite.


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Notas finais do capítulo

Eu já disse que eu A-M-O o complexo de independência e solidão do Nico? E tão triste e depressivo, mas eu amo. E Will com o complexo de consertar as pessoas. Será que ele bota juízo na cabeça do Nico? Ah, Thalia, virou vela. Mas amo ela demais.
E voces, amados, o que acham do trio da pesada? E NÃO ME DEIXEM NO VACUO COMO DA ULTIMA VEZ QUE EU AMO FALAR COM VOCES.
AHHH EU TENHO UMA PERGUNTINHA! Olha, eu sou completmente apaixonada por fanarts! Quais os seus artistas prediletos? Sou super fã da Viria, mas ela não tem feito nada de PJO desde BOO. Burdge bug é uma diva. E Bruna Gonda. Gente UMA BRASILEIRA! Não conhecia nenhuma artista brasileira, e a garota é foda. Visitem o tumblr dela por que ela honra o Brasil no quesito arte.
OLHA A PROPAGANDA, TIA LÍVIA!
Não é propaganda naum, e só uma fã aqui.
Gente, eu adiantei tanto a fic que talvez eu acabe postado um mais cedo... Mas não prometo, mas fiquem de olho que as vezes eu fico boazinha e faço esse agrado a voces!
Eu estou escrevendo a "batalha final" da fic no momento, então se alguém quiser tentar a sessão oráculo, as vezes eu posso usar a sua ideia. Já fiz isso antes. Afinal, eu aqui, com a cabeça a mil tentando pensar em coisas e situações interessantes e as vezes voces tem uma ideia boa em mente! Aquele famoso "nossa, como seria legal se tal coisa acontecesse!" e eu não tinha pensado, e é algo completamente compatível e até melhor a ideia original. Então não se acanhe em dizer uma opiniãozinha. Na verdade, acho que BOO me descepicionou tanto por causa disso, já tinha lido tanta fanfic, pensado em tanta coisa legal... e no fim não foi tãoooo legal assim.
Só lembrando, estou falando do fim, tipo momento resgate, não da procura dos tres misteriosos semideuses, que, alias, algumas pessoinhas acertaram!
Eu de um AVISO MUITO IMPORTANTE nas notas iniciais, e se alguém por preguicoso e só ler as finais, bem, vou colar aqui ela.
Alias, AVISO SUPER IMPORTANTE! Eu estou fazendo um segundo trailer pra fanfic! Mas dessa vez mudei a musica, mas para uma da mesma banda "nothing left to say now" de Imagine Dragons. Não é It's time, a musica que na verdade é de onde sai o titulo, por que acho que nothing left to say now combina muito perfeitamente com o momento da fanfic. Bem, está praticamente pronto, mas estou segurando um pouco para que o trailer não de muito spoiler. No primeiro trailer eu contava mais ou menos tudo que voces já sabiam, o que eu já tinha postado... Bem, esse será diferente, vou dar alguns pequenos spoilers com ele. MUHAHAHA. Ainda estou pensando se os spoiler me atrapalham ou ajudam.... bem, vamos arriscar!
Enfim, amo voces, amados! Olha a redundancia, tia Lívia. É, mas foda-se.
Bejão lindocos!



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