I'm Never Changing Who I Am escrita por Moça aleatoria


Capítulo 32
Um peso grande demais para se viver.


Notas iniciais do capítulo

Amados! Esse é oficialmente minha ultima postagem nas férias, minhas aulas voltam terça, chorem comigo! A boa noticia é que consegui escrever bastante nas ferias, então espero não precisar atrasar os capítulos. Para bem ou mal: me empolguei, a fic está meio que bem maior do que eu esperava que ficasse!
Ah, esse capítulo. É pessoalmente o meu preferido. Tem tudo que eu amo: romance, drama e muitas referencias. Leiam com atenção! Terá uma caça as referencias nas notas finais!
Tentem não em odiar muito no fim desse capítulo ok? Saibam que eu faço com muito amor e pesar só pra voces.
Vou deixar voces lerem!



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POV Annabeth

Cada passo que Effy dava para dentro da floresta, cada segundo que ela se demorava a sair de vista, cada um dos estralos que suas botas emitiam ao se afastar com calma eram uma tortura eterna. Percy berrava de dor e agonia a poucos metros de mim pela dor da adaga crava bem a seu estomago, e eu não podia fazer nada. Apenas mordi os lábios com tanta força que esses chegaram a sangrar. Era injusto que Percy esteja sentindo uma dor tão agonizante e eu tenha apenas os lábios sangrando.

Esperei Effy sumir de minha visão, esperei até que não pudesse mais ouvir suas botas. E então, finalmente me livrei das amarras.

Quando Percy atacou Effy e me jogou a faca, cortei minhas amarras até que estivessem frágeis e simples de soltar, mas sem cerra-las por completo. Assim, foi fácil conseguir escapar da arvore. A corda que me prendia a arvore pela cintura não tinha a intenção de ser forte, apenas precisava me manter no lugar, forte apenas o suficiente para que eu precisasse das mãos para tira-la. E, bem, agora eu tinha as mãos, e Effy não contava com isso.

Percy está tão confinado em sua própria dor que não me nota fugindo. Seu grito disfarça o som e seus olhos estão fortemente fechados. Quando termino meu trabalho de fuga, corro até ele, e me ajoelho a sua frente. Agora seu grito sessa, morrendo em sua garganta, mas não por que a dor está passando, e sim por que está intensa demais.

–Percy, abra os olhos. –peço, tentando manter a voz baixa, para que Effy não ouça, e calma, para tentar de alguma forma tranquiliza-lo. –Percy, estou aqui. Por favor, abra os olhos.

Então ele os abre fracamente. Seu olhar é tão exausto e carrega tanta dor que quase me arrependo de mandar abri-los, por que quase não os aguento sobre mim.

–Eu vou tirar a faca. –aviso. –isso vai doer, Percy. Tente manter o céu firme, ok?

Vejo-o negar levemente com a cabeça, e sei o que ele quer dizer. Effy verá que a faca sumiu na manha seguinte, e então estaremos ferrados. Mas isso não importava. Eu assumiria a culpa, e então Effy poderia fazer o que quisesse comigo, mas não deixaria Percy passar por aquilo sozinho. Mesmo que eu morresse, a dor que eu sentiria com minha própria morte jamais seria maior do que a que Percy estava sentindo agora. E, com certeza, seria muito mais amena do que a dor de vê-lo assim.

Eu o ignoro, levanto sua camisa e vejo o estrago. É grande, é terrível. A adaga está fincada até o cabo. Com certeza alcança os órgãos. Quem sabe se não já chegou à espinha? A arma é longa demais para uma adaga normal. Por pouco talvez não atravesse o corpo de Percy. E, mesmo assim, ainda tem seus músculos tencionados ao máximo pelo peso do céu. O peso e seus músculos parecem abraçar a espada, enterrando-a ainda mais.

Apenas com um ferimento daquele porte, um semideus normal já teria morrido em pouquíssimo tempo. Não há como estancar algo tão grande, muito menos com tal peso sobre si.

Junto meu corpo contra o dele, apoiando o alto da cabeça em seu ombro, enquanto meus olhos conseguem ver a lamina com perfeição. Nossos joelhos estão colados e o resto de nossos corpos estão a centímetros. Se Percy vacilar, se ele ceder preciso estar aqui para impedi-lo de cair com o céu a suas costas.

–Confie em mim, ok? -não olhei para cima para receber sua resposta, mas senti seus cabelos em minha nuca quando ele abaixou a cabeça, aguardando o que estava por vir.

Não contei até três por que não faria sentido algum adiar mais três segundos. Se não tirasse, era uma questão de tempo até que ele caísse. Uma de minhas mãos segurou seu peito enquanto a outra empunhou a arma fortemente. Não sabia o que seria pior, se deveria tirar rapidamente afim de aliviar a dor com mais urgência, mas talvez causando uma ainda maior, ou tirar com cautela e prolongar seu sofrimento.

Optei pela cautela, não queria causar ainda mais hemorragias ao tirar do que a arma tinha aberto ao entrar. Percy gritou e gemeu durante todo o processo. Quando a adaga estava inteiramente em minhas mãos, e fora de Percy, foi quando verdadeiramente entrei em pânico. Assim que a arma saiu, com ela saiu o sangue, que escorria de seu ferimento densamente e em quantidades absurdas. Duvidava de sua capacidade de autocura conseguisse suprir todo aquele sangue a tempo.

Estão reparei que Percy havia se calado, e seu ombro começava a pesar sobre minha cabeça. Senti algo em volta de mim tremer, todo o ambiente. Joguei a arma no chão e apoiei minhas mãos em seu peito. Sua cabeça pendia para baixo, seus ombros e mãos continuavam a suprir o céu, mas Percy estava prestes a perder a consciência pela falta de sangue. As estrelas tremiam como a decoração natalina em vendavais. Havia um motivo para as decorações serem internas, impedia que aquelas luzes despencassem sobre nossas cabeças como as estrelas ameaçavam no momento.

–Não. Não. Não. Percy, por favor, fique consciente. –eu implorava. –Por favor, Percy, fique comigo.

Levei uma de minhas mãos até o ferimento, a fim de tentar ao máximo estacar o sangue. Com a outra, usei o antebraço para tentar manter Percy reto e em pé, e então as pontas de meus dedos alcançaram seu queixo. Toquei seu rosto, ainda preocupada em manter seu corpo reto, mas não conseguiria mante-lo em pé para sempre. Se Percy caísse, não suportaria seu peso.

Apertei seu ferimento mais forte, e ele não mostrou nem se quer uma reação. Corri meus dedos por sua bochecha.

–Não desista, Percy, não a deixe ganhar. –tento erguer seu rosto com as pontas dos dedos, mas ele não o mantém erguido. Sua força de vontade para conseguir manter o céu sobre seus ombros quando nem se quer consegue manter a cabeça erguida é tão terrível que me faz querer chorar. Encosto minha testa na sua e percebo que de fato estou chorando.

Tiro meu braço de seu peito e rosto para usar as duas mãos para estancar o ferimento, e uso meu próprio corpo para tentar manter o seu. Seus ombros contra os meus, seu peito contra o meu. Meu rosto e meus ombros estão tão próximos da escuridão dos céus que os sinto dormentes pelo frio que se emana dele.

–Por favor... –imploro para que sua autocura faça algum efeito logo. Mas o processo e lento e dolorido, de forma que Percy desmaiará de dor e falta de sangue antes que o processo seja completo. Sua consciência esta por um fio.

Sinto minhas palmas grudentas pelo sangue, mas as mantenho ali. Nossos narizes estão colados, e nossas bocas estão próximas demais, e vejo que da sua uma densa linha de sangue já escorre.

Subo minhas mãos até seu rosto. Então eu o empurro pelos ombros.

Percy cai no chão inconsciente no momento que seguro o céu sobre meus próprios ombros.

Eu engulo um grito. Já havia sentido tal dor uma vez, e a sensação não se tornava mais suportável depois de tantos anos. O peso era terrível, e fazia com que cada músculo e centímetro meu doesse. Sentia o ferimento de meu braço se intensificar até se tornar atordoante. Não consigo imaginar como é a dor que Percy experimentava.

Insanamente eu sorrio. É loucura, mas pela primeira vez desde que estou aqui, me sinto verdadeiramente útil. Estou mantendo o céu sobre minha cabeça e sobre a cabeça de todo o mundo. E estou mantendo Percy seguro, de uma forma que ele possa se recuperar. Não estou sendo salva e não preciso ser resgatada. Estou sendo útil.

Penso quanto tempo um semideus possa aguentar com esse peso, sinto minha mecha branca voltar a crescer após tantos anos, bem agora que a cicatriz de algo tão terrível começara a desaparecer, agora retornava. Será que meu cabelo se tornaria inteiramente branco? Ou será que eu morreria antes?

Mesmo se morresse aqui, estava feliz por não morrer de fome ou de exaustão. Estava feliz. Eu provavelmente morria como uma heroína, como uma semideusa. Eu morreria para ajudar Percy.

Quanto tempo eu aguentaria? Da ultima vez não passou de alguns minutos. E agora? Quanto tempo já faria?

Ergui meus olhos apenas quando ouvi seu gemido, sua consciência estava voltando. Seu ferimento agora não passava de sangue seco e uma pele rosada da cicatriz.

Espere. Sangue seco? Há quanto tempo estou aqui?

Tentei falar, chamar por Percy e perguntar como ele estava, mas minha voz se prendeu a minha garganta. Minhas cordas vocais se recusavam a funcionar, e minha voz parecia se perder, como se não conhecesse o caminho para fora. O resultado foi um grunhido mesclado com um gemido dolorido. Estava começando a ver pontos pretos.

–Annie? –o barulho quase animalesco que saiu de mim chamou a atenção de Percy, que abriu os olhos e me olhou com pânico. –Annabeth, o que está fazendo?

Ele entrou em pânico. Seus olhos estavam histéricos e ele fez um esforço para se levantar. Estava próximo de mim, não caído muito longe, simplesmente estava a meus pés. Quando se levantou, com uma certa dificuldade, pegou meu rosto com preocupação.

–Meus deuses, Annabeth! –então ele se colocou de frente para mim, segurando o peso comigo. Penso se não poderíamos simplesmente dividir o fardo, como isso tornaria tudo muito menos terrível. Mas assim que Percy assumiu, sem o peso do céu sobre mim, meus músculos tencionados pareceram parar de funcionar por completo. Estava ali a tempo demais, cai no chão feito uma boneca de pano. –Annabeth!

Não estava inconsciente. Meus olhos estavam abertos e eu via Percy gritando em pânico, mal dava atenção ao peso do céu a suas costas novamente. Eu via o desespero de não poder me ajudar em seus olhos.

Tentei me por de pé, mas todos os meus músculos doíam. Olhei para meus braços, e o sangue seco de Percy tingiam meus dedos e minhas palmas, tornando ainda mais intensa a palidez de meus braços tremulos. Estavam mais sem cor do que jamais estiveram. Eu sentia frio e quase conseguia imaginar meus lábios arroxeados.

Um esforço muito grande foi necessário para que eu me sentasse. Meus ossos pareciam ter sido moídos, e meus músculos rompidos. Cada costela parecia quebrada. Minha respiração estava fraca e minha visão embaçada.

–Annabeth! –ele tentou novamente quando ameacei a cair, sua voz fez com que eu me mantivesse ali. –Por favor, Annie, não caia quando não puder segura-la.

Eu me sentia péssima, e apenas com seu olhar já lacrimejado sobre mim eu pude notar: eu estava morrendo. Aquilo era demais para mim.

Consegui colocar-me sobre os joelhos. Eu ainda tinha alguma energia, talvez conseguisse sobreviver por algumas semanas, mas não muitas. Sabia como aquilo estava me matando. O pesar estava dentro de mim, pesava e pesava até que eu não aguente mais segura-lo dentro de mim. Enquanto tiver energias e forças, conseguirei me manter em pé. Mas sabia que uma hora elas se esgotariam, assim como aconteceu com Percy. Mas eu não era imortal. Quando elas se esgotassem, eu estaria morta.

–Eu sinto muito, Annie. –ele pediu, com os olhos banhados em lagrimas. –eu deveria ter ficado consciente, era pra eu ter segurado o céu, não você.

–Não é sua culpa. –disse, com a voz fraca. –Ninguém aguenta muito peso por muito tempo.

Ele pareceu querer fungar, mas se conteve. Tentei me ajoelhar para olha-lo nos olhos, mas meus braços tremiam.

–Apoie-se em mim. –ele ofereceu.

–Voce ainda está fraco. E já esta segurando o céu, não precisa de mais peso.

–Eu não estou fraco, você está fraca, Annie. Alem disso, o que é o peso de Annabeth Chase pra quem já esta segurando o céu? –ele sorriu tão tristemente, com a voz tão cheia de preocupação e melancolia que parecia apena com um fantasma do antigo Percy Jackson. –Por favor. Se eu pudesse usar as mãos eu te apoiaria. Não me faça te ver sofrer assim sem poder fazer nada.

Estava ajoelhada, mas minhas pernas estavam inteiramente coladas ao chão, e eu me sentava sobre minhas pernas. Sozinha, quase não era capaz de erguer meu corpo para olha-lo melhor. Então fiz o que ele pediu. Segurei-o pelos ombros e escalei seu corpo, até que tive meus olhos a seu nível.

Meus braços não apenas o abraçavam pelo pescoço, mas me apoiavam completamente nele. Nossos corpos estavam próximos e nossos narizes se tocavam. Nenhum de nos era capaz de se mover para nos separarmos, e nem se quer queríamos. Dessa vez nem se quer tínhamos escolha, muito mesmo uma desculpa.

Observei seus olhos. Tão verdes e tão belos. Os olhos cor mar que me acompanhavam, que cuidavam da minha retaguarda em batalhas, sempre com um olhar seguro e confiante. Olhos sorridentes sempre prontos para fazer uma piada. Olhos envergonhados quando precisava fazer uma pergunta mitológica. Esses olhos quase não existiam mais. Eram verdes, mas a escuridão que carregava nas costas os tornou negros como o céu noturno. Nada mais tinham a ver com o mar. Estavam envoltos por longas olheiras. Seu cheiro de maresia estava escondido sob o cheiro de sangue.

E, mesmo assim, era o mesmo Percy Jackson que conheci aos 12 anos. Eu sabia que era, eu sabia pelo jeito que me olhava, pelo jeito que se importava.

–Eles sabem que estamos em perigo. –ele cochichou em meu ouvido. –Apolo sabe que tem algo errado, ele vai avisa-los.

Não o respondi, por que eu já não tinha esperanças. Apolo poderia saber que estamos em apuros, mas jamais descobriram onde a tempo de me salvar. E Percy sabia disso, em sua voz não havia nada alem de preocupação, nem um pingo de esperança.

–Percy? –seus olhos, que já estavam vidrados nos meus, pediram que eu prosseguisse. –Pode me prometer uma coisa?

–Qualquer coisa que quiser. –ele disse, com prontidão.

–Você vai sair daqui.

–Nos dois vamos sair daqui. Voce sabe disso. Nos vamos...

–Não, Percy. –eu o interrompo. –essa não é a sua promessa. É uma afirmação. Você vai sair daqui.

–Nos dois...

–A ajuda vai chegar. A ajuda sempre chega. Os vilões sempre são derrotados por que nenhum plano é perfeito. Alguém virá, e vai libertar os deuses. Mas talvez demore, Percy. Provavelmente vai demorar. E eu não vou resistir até lá. Nos dois sabemos disso.

Os músculos de seus ombros se tencionaram sobre meus dedos. Ele parecia tentar me abraçar por puro impulso, mesmo sabendo que não poderia.

–Você é um deus, você vai sair daqui e vai viver por muitos e muitos anos. –eu disse, e um sorriso ligeiro se formou em meus lábios. –milhares de anos. Você vai fazer novos amigos e novos inimigos. Mesmo que já tenha muitos de ambos os lados. Você vai conhecer uma garota. Porções delas. –Percy parecia querer falar, mas eu não o permiti. Minha voz estava limpa, sonhadora e quase alucinada. –Se você tiver filhos um dia, prometa que contará a eles sobre esse dia. Que contará nossas aventuras e desaventuras. Diga como eu espero que eles tenham os seus olhos e seu cheiro, que sejam como você assim como você é como o mar. Prometa-me que dirá a eles como eu espero que cada um deles seja muito, muito feliz. –seus olhos estavam rasos de água, e lagrimas escorriam sem nem mesmo que ele pisque. Seus olhos estão fixos em mim. –Assim como voce será um dia.

Percy abaixou a cabeça quando eu terminei. Seus ombros se tencionaram novamente, e eu me aproximei ainda mais dele até que ele conseguisse enterrar seu rosto em meu ombro e cabelos.

–Não vou te prometer isso. –ele disse, com sua voz abafada por meus cabelos. Então ele inclinou a cabeça apenas para se separar de mim o suficiente para que pudesse escuta-lo com clareza. –não vou prometer isso por que não vou ter filhos com ninguém que não seja voce. Por que não terei filhos que não tenham “Chase” em seus nomes. Por que se algum dia você quiser dizer qualquer merda que seja para meus filhos você vai precisar chama-los na sala de casa, da nossa casa, por que é onde eles irão estar. Por que você seria a única se eu fosse um semideus e será a única comigo sendo um deus. Por que eu te amei desde os meus 12 anos e, desde aquele momento, mesmo que não me desse conta, tudo era apenas você. Sempre foi você e continua sendo você. Não consegue entender, Annie? Você faz parte de mim. Amar você é parte do que eu sou. E você não entende que eu nunca vou mudar quem eu sou?

Pensei em protestar, em fazê-lo prometer o que pedi. Eu queria que seus filhos soubessem o que aconteceu, que soubessem o quanto torço por cada um deles. Percy era um deus, e teria muito filhos. Teria varias namoradas e...

Não.

Percy é um deus, mas ele continua sendo Percy. Talvez o tempo o faça mudar de ideia, mas, no momento, eu acredito nele. E essa é a única promessa que ele me faz: ele nunca mudará quem ele é. E, de todas as promessas e juramentos que ele poderia fazer, essa é a que mais me tranquiliza.

Não importa o que aconteça comigo, com ele ou com a droga do mundo. Se ele continuasse sendo o mesmo Percy que conheci aos 12 anos e que amo, tudo ficaria bem. Eu sabia disso.

–Você vai virar um deus rabugento, solitário e sem filhos? –vi um sorriso triste esboças em seus lábios.

–Artemis é assim, e ela parece lidar com isso muito bem. –ele tentou brincar. -Mas não vou ficar sozinho. Eu vou ficar com você.

Seu olhar era tão firme e tão decidido que não ousei convencê-lo do contrario. Eu estava fraca, ambos sabíamos disso. E eu não precisava lembra-lo.

Já estávamos tão próximos que seu nariz tocava minha bochecha, nossos cabelos se fundiam em um emaranhado sujo e manchado de sangue. Sua respiração balançava a minha franja assim como a minha balançava a sua, por mais fraca que fosse.

Estávamos tão perto de nos beijar que quase doía. Então Percy tocou meu nariz com o seu.

–Eu amo voce, Annie. Mas nos não podemos, voce sabe. Artemis... –eu sorri tão tristemente que fui capaz de sentir minha lagrimas se formando.

–Artemis vai me matar? Artemis não sabe onde estamos. O céu vai me matar. Ou talvez Effy o faça antes. Você sabe disso.

Percy não concordou nem discordou. Apenas comprimiu os lábios em sinal de dor. Em seguida, ele inclinou o que sua cabeça permitia e me beijou.

Ele podia ter mudado fisicamente de forma drástica pela tortura assim como eu. Poderia ser um deus ou o que quisesse ser. O gosto de seus beijos continuava o mesmo desde que o beijei no labirinto de Dédalo e depois na enfermaria do Acampamento Meio Sangue. Seu beijo era doce e salgado ao mesmo tempo. Era calmo e tinha um gosto de maresia familiar. Era como o gosto da água gelada ao passar pelos lábios após um banho de mar. Era delicioso e fantástico. Eu abraçava seu pescoço e acariciava seus cabelos. Havia um gosto metálico de sangue em seus lábios também, mas eu mesma já havia me acostumado com esse mesmo gosto em meus próprios. Ignorar o sabor tinha se tornado cotidiano.

Precisei me afastar quando minha respiração já fraca começou a vacilar. Encostei minha testa em seu ombro para respirar. Sentia-me como uma velha após uma maratona. Percy se abaixou para sussurrar em meu ouvido.

–É torturante não pode te abraçar agora, sabia? –novamente sentiu seus ombros tencionando. Sorri ao pensar que agora conseguia saber quando ele gostaria de me abraçar pela tensão de seus ombros. Quase conseguia imagina-lo abraçando-me pela cintura.

Enterrei minha cabeça em seu ombro quanto ele fazia o mesmo com meus cabelos, no mais próximo de um abraço que chegaríamos. Então abri os olhos e vi sobre o ombro de Percy

Poderia estar enlouquecendo, mas sabia que não estava. Minha visão estava cansada, mas eu a via com clareza. Sob o ombro de Percy eu via Effy entre as arvores. Ela não parecia surpresa por eu estar solta, pelo contrario, ela parecia satisfeita. Effy sorria largamente. Ela tinha planejado tudo isso, ela sabia que eu estava solta, e sabia como torturar a mim, a Percy, e ainda me tornar completamente imobilizada para fugir.

Ela havia me vencido de todas as maneiras. Fisicamente, psicologicamente e intelectualmente. Effy havia me enganado, e eu caíra direitinho.

Então Effy simplesmente se virou e sumiu entre as arvores, depois de presenciar seu showzinho de horrores. Ela poderia ter tirado de mim tudo, a vida e meu futuro. Mas ela havia me dado algo grande mesmo que a curto prazo. Percy estava ao meu lado, e, por agora, eu poderia beija-lo o quanto eu quisesse.

Talvez Effy seja mesmo filha do Amor. Talvez Eros realmente fosse um deus do amor, não do desamor. Estava doendo, é verdade. Meu corpo, minha mente e meu coração doíam. Isso sempre doi, o amor sempre vai doer. Vai doer por que eu me importo. Meu coração doía por que eu o amo. Ambos estamos sofrendo e estamos chorando. Estamos quebrados em todas em maneiras possíveis. Mas nós nos amamos, e nos estamos juntos.

E, sinceramente, talvez não conseguisse Percy a meu lado se não fosse por isso. Por que sempre havia algo entre nós, alguma desculpa e alguma muralha. Luke, Rachel, ciúmes, imortalidade, caçada. Todas as barreiras que nos mesmo criamos. E, agora, Effy tinha destruído tudo, nossas mentes, nossos corpos e nossos corações, mas também nossas barreiras.

Isso não fazia Effy menos maligna. Nem significaria que eu a chamaria para meu casamento caso saíssemos ilesos dessa. Matarei essa vadia no momento que ficar algo afiado em mãos. Mas o pensamento que pode tirar algo disso antes de morrer é gratificante. Insano, mas gratificante.

–Eu amo voce, Cabeça de Algas. –ele sorriu. Percy sorriu verdadeiramente pela primeira vez em muito tempo. Aquilo me lembrou de que ele de fato estava ali. Que era Percy.

–Eu amo voce também, Sabidinha.

Então me permiti me perder nos lábios doce-salgados de Percy mais uma vez. E por todas as vezes que for capaz até que não possa mais respirar. Deixarei meu coração se acelerar por ele até que ele não possa mais bater. Estarei com ele até que não possa mais estar. O amarei até não possa mais amar.


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Notas finais do capítulo

Aqui temos refecias de: Taylor Swift, Long Live. ALguem acha o trecho? (lemrbando, não é o trecho EXATO, mas sim a ideia adaptada). Passei a fanfic inteira querendo escrever esse capítulo por que a musica combina muito com Percabeth dessa fanfic.
Segunda referencia: Pensaram que eu não ia colocar uma referecia da musica da fanfic? Do titulo? Agora vão lá ver o trailer da fanfic e ouvir a musica e imaginar o Percy falando isso pra Annie.
"It´s time to begin, isn't it? I get a little bit bigger, but then I'll admit. I'm just the same as I was. Now dont you undestand that I´m never changing who I am."
Acabei dando ao "nunca mudar quem eu sou" um significado maior do que apenas sobre personalidade, e sim tambem sobre o amor.
Terceira referencia: Will e Will. Como eu amei esse livro. Tem uma pequena frase adaptada dele também.
Quarta referecia (sim, eu cheguei a quarta): Instrumentos Mortais, nosso lindo e amado Jace cuja o sobrenome eu nunca me decidi. Finzinho. Apenas a ideia, mudei bastante.
Momento oraculo: Acham que a Annie sai dessa? Acham que tem como?
Momento reze por seus personagens preferidos: #StayStrongAnnie #EPercy
Também é um capítulo lotado de metaforas. Alguem acha alguma? "um peso grande demais para se viver" é uma metafora. EU SOU UMA METAFORA VOCE É UMA METAFORA TODOS SOMOS METAFORAS. Tá, pare. Me empolguei.
Esse é o momento que voces me odeiam me ameaçam ouuuuuuuu comentam bastante e recomendam a fanfic. Que tal, hein??
Amo voces. Até daqui um tempinho!



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