I'm Never Changing Who I Am escrita por Moça aleatoria


Capítulo 24
Enquanto houver esperanças


Notas iniciais do capítulo

Estou postando no dia certo, é tempo de comemorações! Mas, novamente, é a vez da Elisa, então sabe-se deus quando ela vai me entregar. Bem, mas eu imagino que provavelmente ela vai me passar caso for demorar.
Enfim, queridos semideuses, como assim só tive 4 comentários no ultimo capítulo? Isso é tão triste e depressivo! Vamos, comentem e me deixem feliz!
Ok momento feliz terminou por que esse capítulo é bem triste. Sentem em um canto com Perc e chorem.
Ah, permita-me fazer um agradecimento a Clarinha e Luan Ciribelli. Voces dois não foram apenas oráculos do capítulo 22, voces deram a mim, na verdade, um motivo mais legal e mais interessante do que eu tinha pensado originalmetne. Na verdade com o acréscimo da ideia de voces a minha ideia original a coisa fez mais sentido. Obrigada, seus lindos! Por isso que eu amo a sessão oráculos!
Enfim, boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/431633/chapter/24

POV Percy

Dizem os sábios que, ora ou outra, todos nós estaremos preparados para a morte. Vivi toda a minha vida lidando com ela, encarando-a de frente e sempre conseguindo contorná-la, mesmo que por pouco. E, confrontando tal ameaçadora inimiga, imaginei já não mais temê-la. O que, com certeza, não era a verdade, pois quando me vi prestes a morrer aceitei meu presente, aceitei a imortalidade que me trouxe ao dia de hoje. Mas o mais errado de toda a história, é que, no final, mesmo sem jamais precisar encará-la, eu continuo a temê-la, pois temo por aqueles que a confrontam.

A minha frente, Rachel continuava em seu mesmo estado pálido e imóvel. Atrás de mim, Apolo se postava com uma palma sobre cada um de meus ombros, como se apenas suas mãos me mantessem sobre meus joelhos. E eu estava começando a acreditar que, na realidade, eram. O deus do sol também se encontrava sobre seus joelhos, conseguia sentir vez ou outra sua respiração em meu pescoço, mas o deus nunca falava. Era como se já estivéssemos em seu funeral.

Eu não fui capaz de falar pelos minutos que se sucederam, nem se quer virei o rosto quando alguém bateu na porta. Apolo também não respondeu por mim, então as figuras apenas invadiram o quarto.

Uma frase começou a se formar no ar, pude ouvi-la, mas essa não foi completa. As deusas a porta entenderam a gravidade do assunto apenas pelo quadro da visão.

–Apolo... –foi a voz preocupada de Artemis a primeira que ouvi, que chamou pelo gêmeo quando se deu conta que ele seria o único na sala capaz de explicar a situação.

Senti suas mãos deixarem meus ombros para descobrir que, de fato, Apolo me apoiava muito mais do que psicologicamente naquele momento. Precisei do apoio de minhas mãos a frente do corpo para continuar ereto.

Deixei que meu corpo se encostasse na cama, de costas para Rachel, para quem não sabia mais se conseguiria encarar as feições pálidas por muito tempo. Contudo, eu ainda era capaz de acariciar os cabelos ruivos que escorriam da cama. Enrolava as pontas deles na ponta de meus dedos enquanto observava os deuses. Não prestava atenção de fato, mas já não sabia o que fazer. Não era capaz de encarar a palidez de Rachel e nem de deixar seu lado. Não dava a mínima para o que as divindades discutiam, mas não havia mais o que pudesse fazer. Pela primeira vez na vida, a hiperatividade não me afetou, mas o déficit de atenção aparecia ter se ampliado.

–O que aconteceu com a menina? –Artemis perguntava ao gêmeo em um tom sussurrado. Poucas vezes a deusa olhou diretamente para mim, já que desde a primeira não dei a ela mais do que um olhar vazio. Sua voz era extremamente preocupada.

–Foi o oráculo dentro dela, sem meus poderes eu não posso conte-lo. –se lamentou Apolo, ele nem se quer encarava a irmã, apenas remexia as próprias mãos, como se ainda não se conformasse que delas não pudesse conceder nenhum milagre, nenhuma solução.

Artemis estava zangada com a mesma intensidade que Apolo estava frágil. O deus do sol sentia culpa, e a deusa da caça parecia querer soca-lo.

–Você disse ao menino que ela poderia se envolver com ela, e não o alertou que isso poderia acontecer?

Artemis estava furiosa, e cada palavra parecia atingir seu irmão como um tapa na cara.

–Eu... Eu pensei que pudesse controlar a situação... Mas não consegui. Pela primeira vez nos dois concordamos plenamente em alguma coisa, Artemis. Eu sou o culpado.

Podia ver nos olhos de Apolo que, para ele, não havia perdão e não havia solução, havia apenas a culpa. Tanta culpa que Artemis não voltou a falar. Apolo se culpava demais para que qualquer coisa que ela dissesse, boa ou ruim, não fariam efeito algum.

–Eu só... Eu só não sei mais o que fazer com ele. –Apolo não teve coragem de me encarar, mas Artemis o fez.

Por mais que encarasse a cena e seja capaz de narrá-la, nada que acontecia dentro daquele quarto parecia ser real. O mundo parecia ter se perdido há um tempo, tudo era distante e confuso. Era capaz de pegar cada uma das informações que ouvia, mas não conseguia digeri-las, não conseguia reagir a elas. Estava vendo um filme, onde os personagens me encaravam, mas não podiam me ver, onde nenhum movimento deles fosse me afetar. Como se nenhum deles pudesse em tocar. Eu estava preso em mim mesmo. Não era capaz de sentir raiva, nem mesmo era mais capaz de lagrimas. Eu apenas estava perdido.

–Está em choque. –ela anunciou. –Deixe o menino quieto, apenas enquanto decidimos o que fazer com a garota.

–Com a garota? –Apolo perguntou.

–Claro. –novamente, Artemis parecia querer socá-lo. –você é o deus da medicina, com ou sem poderes. Não vai ficar ai esperando a mortal morrer, vai?

Apolo pareceu receber um choque de realidade. Endireitou a coluna e piscou algumas vezes. Parecia esperar receber ordens da irmã.

–Você é o deus da medicina. Diga-nos o que fazer! –Artemis gritou, estralando os dedos na frente da cara do outro. –Não se deixe entrar em choque também, ou juro que hei de socá-lo!

–Tudo bem! Eu preciso de remédios! Antitérmicos, adrenalina... Qualquer coisa que possa encontrar. –ele passou a andar de um lado para o outro, listando para a irmã os utensílios que precisava. - Vá até o meu chalé, meus filhos devem ter o que preciso.

–Quer que eu traga alguém para ajudá-lo? Algum filho seu? –Apolo me encarou, ele roia a unha do dedão nervosamente.

–Não, Percy precisa de um ambiente limpo e tranqüilo que pudermos oferecer. –seus olhos se fecharam por um momento, como se tentasse pensar. –não, precisamos de alguém. Traga Grover Underwood, peça para algum de meus filhos lhe ajude a encontra-lo, volte o mais rápido possível.

Pela primeira vez, vi Artemis sorrir para o irmão. Um sorriso sem ironia ou maldade, era um sorriso doce, orgulhoso, fraterno.

–Sim, senhor. –a menina caminhou até a porta antes que Apolo pudesse para-la.

–Artemis... –ela se virou tão rápido que sua trança chicoteou seu pescoço e bochecha. – Volte logo, preciso de você aqui. Alias... Muito obrigada.

Artemis sorriu uma ultima vez antes de desaparecer na noite, levando consigo o mesmo guarda-chuva cor de rosa que o gêmeo usara anteriormente.

–Dite, preciso da sua ajuda também. –Apolo se virou pela primeira vez para a deusa que nada falara durante toda a cena. –Dite?

A deusa encarava Rachel com terror, puro medo e assombro. Parecia paralisada abraçando seus braços, como uma criança assustada.

–Dite! –Apolo a chamou, e Afrodite abriu levemente os lábios, mas não o respondeu. –vá a o banheiro e pegue toalhas, as umedeça com água morna.

Após alguns segundos, Afrodite se foi pelo banheiro, e ouvi o som da torneira ser ligada.

Em seguida Apolo se dirigiu primeiro a mim. Ele se ajoelhou sobre uma perna e tocou meu ombro. Seu rosto nunca me pareceu tão jovem, e tão naturalmente cansado e abalado. Em seus olhos eu via a sombra de um desespero juvenil combinado pela determinação e seriedade de um velho sábio. Seus olhos me garantiam que agora ele sabia o que fazer, mesmo que eu temesse que seus olhos também soubessem mentir.

Esse levantou e passou a se concentrar em Rachel, checando seus batimentos cardíacos e temperatura. Afrodite voltou pouco tempo depois, e entregou a Apolo a toalha de meu banheiro, úmida e, pela expressão de Apolo, na temperatura que ele queria.

Nesse momento, pensei que Afrodite, apesar de tudo, era muito capaz de fazer o que lhe mandavam, era dotada de seriedade assim como Apolo estava demonstrando. Sempre pensei que ambos fossem incapazes de diferenciar os momentos de serem sérios dos de se divertirem. Mas isso não é verdade. Eles sabem exatamente quando se divertirem, e não é por que eles decidem se divertirem o máximo que podem não signifique que não saibam ser sérios e prestativos, que não saibam se preocupar. Acho que quando passamos por situações muito mais serias e urgentes que os demais, nossa definição de seriedade acaba por mudar. Para eles, algo tão simples como compromissos e horários não eram nem de longe sérios quanto essa situação. Por isso, talvez, nenhum deles estejam no mesmo estado que eu.

Afrodite encarava Rachel com uma preocupação nítida, e um horror claro pela situação. Eu encarava as feições preocupadas da deusa e as concentradas de Apolo para passar para as pálidas e doentes de Rachel. Cada expressão que absorvia me desesperava cada vez mais. O desespero e deslocamento de Afrodite intensificavam meu desespero e deslocamento, a seriedade e determinação de Apolo me incentivavam a fazer algo, mas meu desespero me impedia.

Apolo foi reparar que meu estado de choque evoluíra para um desespero silencioso apenas alguns minutos depois.

–Vocês dois não querem me dar algum espaço para trabalhar enquanto Artemis não volta? –era claro para mim que ele simplesmente achava que, enquanto estivesse próximo de Rachel, eu apenas pioraria. E duas pessoas para tratar são piores que uma. No entanto, não me movi. –Dite.

Apolo chamou a atenção da deusa do amor, que se agachou a meu lado em seguida.

–Percy. –os olhos que haviam se congelado em um cinza esverdeado me encararam em preocupação. Não havia malicia, apenas a compaixão. –vamos, querido.

Afrodite ajudou com que me levantasse, e, agarrada a meu braço, me conduziu até o canto oposto do quarto, onde ambos nos sentamos no chão. Apolo agora estava de costas para nós, e checava os batimentos de Rachel e molhava sua testa e seu pescoço com a toalha. Não tinha coragem de perguntar como as coisas andavam.

Eu me virei para ver Afrodite encara a cena, completamente triste com a situação. Pela primeira vez, ela não estava triste ou preocupada com algo que se relacionava ao amor. Ela me encarou com compaixão e pena. E isso não tinha absolutamente nada a ver com shipps ou seu trabalho. Ela não estava pensando no meu próximo amor e não estava pensando como a morte de Rachel acabaria com seu ultimo trabalho. Não. Ela me encarava com compaixão por que alguém que significava muito para mim estava mal, estava morrendo. Ela estava com pena por que simplesmente se importava. Ela estava triste por que não gosta do que via.

Vejo nos olhos do Amor um que de humanidade. Vejo em Afrodite o que vi em Apolo e o que vi em Artemis. Preocupação, o que de humanidade que a eternidade não foi capaz de matar.

Naquele momento Apolo não era o deus da medicina que não conseguia mais produzir milagres. Ele era meu amigo, que tinha feito uma grande bagunça e sentia a culpa por não poder concertá-la como queria. Artemis não era a fria deusa da caça, era uma amiga que correu pela chuva para ajudar aqueles que precisavam de sua ajuda. E Afrodite não era a fútil deusa do Amor, era uma amiga que, de seu jeito, tentava me consolar e segurava meu pulso firmemente, da forma mais inocente e fraternal que pensei Afrodite ser capaz.

Ela tinha suas pernas contra o peito assim como eu, mas tinha a capacidade se encolher mais do que eu conseguiria. Eu apenas queria sumir, e ela parecia compartilhar disso. Afrodite havia vivido do amor, nunca havia visto a morte de qualquer coisa forma que não fosse do ponto de visto amoroso. E, agora, ela estava vendo.

–Eu sinto muito, Percy. –Afrodite se lamentou, e mais uma vez eu tive vontade de chorar. Mas apenas me encolhi, e Afrodite me apertou mais forte. Seus dedos e seu braço eram as únicas coisas que me mantinham firme. Assim como as mãos de Apolo anteriormente postas sobre meus ombros, os dedos de Afrodite em meus pulsos me confortavam. Era muito bom saber que alguém estava ali por mim.

...

Após alguns minutos, Apolo passou a olhar freneticamente para a porta, obviamente esperando a volta da irmã que não chegava. Afrodite e eu parecíamos nos encolher um no outro cada vez que o relógio da parede andava.

Finalmente, a porta se abriu, e dela saíram duas figuras.

Artemis carregava uma saloca cheia do que eu sabia ser de utensílios médicos, e, a seu lado, Grover, o menino bode, se postava se olhos arregalados de preocupação.

Ambos pingavam pela chuva, que tinha piorado muito mais do que o guarda-chuvas pudesse suportar. Afrodite se levantou rapidamente, desenrolando seus dedos de meu pulso para correr ao banheiro e prontamente trazer toalhas secas aos novos visitantes. Sorriu em agradecimento a deusa da caça que devolveu seu sorriso. Apertou o ombro de Grover em seguida, como se também agradecesse sua presença.

Artemis logo se deslocou em direção ao irmão que também sorriu com gratidão para ela. Não apenas feliz com os medicamentos que ela trazia, mas como se apenas sua presença aumentasse sua confiança. Se haviam alguém naquele quarto que acreditava na capacidade de Apolo, era Artemis. Ela se postou do outro lado da cama de Rachel e se pos a ajudar o gêmeo.

Grover correu até mim no momento que viu minha silhueta encolhida no chão. Apenas naquela altura da noite tive uma reação. Levantei-me imediatamente ao vê-lo, o que espantou até mesmo Afrodite, que encarava a cena. Um passo, um único passo, foi tudo que tive que dar, pois Grover deu com rapidez todos os outros que se prolongavam entre nós.

Ele não fez pergunta alguma, nenhuma palavra, apenas me abraçou com força. Era tudo que eu precisava. Eu amava Apolo, Artemis e Afrodite, realmente amava, ainda mais naquele momento que precisava da ajuda que eles me forneciam, mas não sentia que nenhum deles me conhecia direito. Claro, eles conheciam a única versão de Percy que já tinham visto. Mas Grover... Grover conhecia todas as versões já existentes de Percy Jackson, das mais gloriosas as mais frágeis. Se existia alguém em quem eu confiaria minha alma, esse alguém seria Grover.

Ele estava encharcado, os pelos de sua perna de bode estavam tão molhados quanto seus cabelos cacheados. A toalha fornecida por Afrodite pendia sobre seus ombros, mas ele ainda não tivera tempo de secar-se. Mas nada disso importava, simplesmente por que ele era meu melhor amigo e ele estava ali.

Pela primeira vez naquela noite alguém me olhou com confiança. Ele se virou rapidamente para os gêmeos e sorriu levemente para eles, que trabalhavam em Rachel. Os gêmeos devolveram o gesto amigavelmente, sem qualquer tom de superioridade. Também sorriu para Afrodite, que ficou feliz em ver em mim alguma melhora e soube que vinha por causa de Grover.

–Vai dar tudo certo. Voce vai ver, isso vai funcionar. –ele disse isso com tanta convicção que, apenas uma única vez, me permiti sorrir antes de me enterrar novamente em seu abraço.

...

A chegada de Grover me despertou de fato, mas isso não tornava as coisas mais simples. Agora, tudo simplesmente parecia de fato estar acontecendo, e o fato de não poder fazer absolutamente nada me tornava um peso morto naquele chalé.

Estava novamente sentado ao chão, e, ao meu lado, Grover se postava. Afrodite, no momento, arriscava um olhar mais próximo de Rachel, curiosa e preocupada ao mesmo tempo. Os gêmeos cuidavam da menina, Apolo media sua pressão constantemente e Artemis cuidava de umedecer sua pele. Foi posto ao lado da cama um soro trazido por Artemis do chalé de Apolo, e por ele Apolo injetava nela antibióticos, antitérmicos e tudo que tinham.

Nada se movia e ninguém falava.

Grover falou pela segunda vez naquela noite.

–Pode não ser o momento certo, mas... –Grover começou, sussurrando para mim. –posso lhe fazer uma pergunta, Percy?

Encarei meu amigo antes de acenar com a cabeça.

–Voce... você realmente a ama? De verdade?

Meu mundo pareceu desabar mais uma vez. Eu não tinha uma resposta para aquilo.

Eu precisava de Rachel, sentia que se ela se fosse não sofreria simplesmente como se uma amiga intima se fosse. Sabia que se Rachel morresse, eu não conseguiria continuar, por que precisava dela ao meu lado.

Mas... Por que preciso de Rachel Elizabeth Dare? Preciso dela por que realmente amo tudo que a compõem. Amo seus hábitos desajeitados, os cabelos ruivos e as roupas e pele manchadas de tinta. Mas, acima de tudo, amo o que Rachel Dare me oferece. Rachel me oferece conforto, alegria e leveza. A sensação que nada pode estragar aquele momento, simplesmente por que estou com ela. Amo o fato de ela gostar de mim aponto de me desenhar em uma tarde ensolarada qualquer.

Meus deuses, eu amo o fato dela gostar tanto de mim, mas do que eu gosto de mim mesmo. A certo ponto da historia, não tenho metade da fé em mim mesmo que ela tem.

Mas não. Não estou perdidamente apaixonado por Rachel. Não é essa a palavra, então qual seria?

Olhei para Grover para ver que ele não aguardava por uma resposta, nem me cobraria uma.

–Tudo bem. –ele disse, por que sabia que minha mente era uma confusão tão grande que eu jamais poderia fornecer-lhe uma resposta imediata.

Mas, na realidade, havia naquela mesma sala alguém que poderia. Ou que no mínimo me ajudaria a achar uma. Afrodite se aproximou de nós, e se agachou a nossa frente.

–Eu assumo por aqui, pode ser? –Afrodite ofereceu a Grover, e ambos sabiam que eu, de fato, precisava de uma conversa com o amor.

Grover se levantou, caminhando até mais próximo dos gêmeos, e Afrodite tomou seu posto.

–Como se sente? –perguntou a deusa, e, dessa vez, ela não falava de amor.

–Triste, abalado, confuso, culpado. –soltei adjetivos enquanto encarava as costas do deus do sol, que não me permitia ver a menina inconsciente. –e você?

–Abalada. Nunca tinha participado de uma cena assim antes, muito menos ser tão impotente em relação a algo. –disse, e mexeu na barra da calça de pijama que usava. –sinto muito, Percy. Eu sinceramente não queria que sua vida amorosa fosse tão agitada, acho que em um geral sua vida já é complicada e agitada o suficiente sem a parte amorosa envolvida. Infelizmente não tenho um controle tão grande sobre o amor. Sabe, existem outros deuses. Eros, com seu irmão, também. E mesmo assim não conseguimos ter total controle. Quando se trata dos sentimentos de uma pessoa, não podemos controlar completamente, nem mesmo os deuses, nem aqueles que as sentem. O amor tem vida livre, Percy. –a deusa suspirou, cansada. –eu não o controlo, mas eu o conheço, em todas as suas artimanhas, e mesmo assim consegue me surpreender. Mas, se você quiser, posso te ajudar a compreender.

–Eu não a amo realmente, amo? –perguntei a deusa, que me encarou com doçura.

–Oh, querido, não. Infelizmente não. Mas como você gostaria, não é mesmo? –acenei em silencio para Afrodite. –você ama o que ela lhe oferece, você ama a tranqüilidade que a menina lhe traz, você gosta de beijá-la por que isso parece certo. Mas isso não é amor. Amor é querer estar junto sem motivo, querer estar junto mesmo que isso doa, e, na maioria das vezes, isso dói. Não é colocar as necessidades do outro na frente das suas simplesmente por que é certo, mas por que ao fazê-lo feliz você automaticamente se faz feliz.

–Mas eu não quero perde-la. Nem para a morte nem por nenhum outro motivo. –revelei a deusa.

–Quanto à morte você não tem controle. –disse ela. –Eu não controlo o amor que você ou desamor que sente, muito menos você. Eu não controlo a morte, muito menos você. Mas eu também não controlo suas atitudes a respeito dessas, mas você controla. Enquanto tiver o controle o mantenha, Percy, e tenha sabedoria ao tratar das cláusulas do amor.

Afrodite tinha razão, não amava Rachel, mas isso também não fazia com que sentisse menos a dor de seu estado. Mas eu sabia de onde tal dor vinha. Eu perdi muito em muito pouco tempo. Distanciei-me de meus amigos mais próximos, dos lugares e pessoas que mais amava, perdi todo o sentido que minha vida carregava. Eu não tinha mais sentido, nada que eu fazia tinha um sentido mais. E então surgiu Rachel. Eu já havia me apaixonado por ela uma fez, e ela por mim. Pobre Rachel, em quem despejei sem dó todas as esperanças e sonhos de um menino imortal. Ela era forte, feliz, jovem e cheia de vida, e isso era tudo que eu queria. Rachel era minha segunda chance.

Eu não amava Rachel, mas despejei nela todo o significado da palavra amar.

Podia não amá-la, mas ainda tinha nela esperanças. E, sendo assim, a dor de te-la naquele estado acanhava minha alma e meu coração não simplesmente por sua possível morte, mas pela morte com ela de tudo que eu acreditava, em todas as minhas esperanças. Eu precisava de Rachel, e, mesmo que se ela conseguisse sair desse estado eu precisasse falar direito com a menina, precisasse controlar o que eu ainda tinha controle, aquilo que eu não tinha me tirava do serio: a morte.

E então o grito veio.

–Apolo! –Artemis gritou para o irmão em desespero.

–Ela está tendo uma parada respiratória! –ele anunciou, e colou seu ouvido sobre o peito de Rachel.

Levantei-me no momento seguinte, tentando ir em direção de Rachel. Grover e Afrodite se puseram entre mim e a cama, me segurando pelos ombros para que eu não atrapalhasse o deus da medicina. Apolo checava a respiração de Rachel, mas era obvio que ele não a achava.

–Pelo tártaro! –gritou o deus. E começou as vasculhar a bolsa de equipamentos trazida por Artemis. –Vamos, me ajude a procurar algo!

A deusa da caça nada tinha a ver com medicina ou cura, mas seguiu o chamado de Apolo. Tirou de uma bolsa uma seringa estranha e a encarou em confusão.

–E isso? –perguntou a deusa, e Apolo fechou os olhos e fez uma careta antes de prosseguir.

–Vai servir. –Artemis jogou para o gêmeo, que destampou a seringa, e, sem mais nem menos, a espetou na coxa de Rachel.

–Apolo! O que é isso? –gritei para ele, que retirou a agulha de Rachel em seguida. –Apolo!

–Adrenalina! –disse o deus, e conferiu seus batimentos cardíacos. –Está voltando!

Apolo parecia ainda preocupado quando me anunciou, com calma e preocupação. Afrodite e Grover já não em seguravam mais. Na verdade, Grover praticamente me mantinha em pé após o alivio da noticia de sua respiração.

Apolo, no entanto, ainda tinha más noticias a dar.

–Vocês podem dar licença para mim e Percy? –Apolo pediu, e, já que a chuva daquela madrugava havia se reduzidos para uma garoa fraca, Artemis, Afrodite e Grover saíram do chalé.

–Nós estamos em uma situação difícil. –Apolo começou. –Rachel está extremamente fraca, o que significa que qualquer grande alteração pode causar um grande mal. –Apolo esfregou os cabelos já amassados antes de continuar. –Eu injetei adrenalina para que sua respiração voltasse, já que seu coração já não bombeava sangue, não haviam hemácias o suficiente para mante-la viva e respirando. Temos três opções, Percy. Ou a adrenalina fará o efeito desejado e a acordará, - ao ver meu olhar esperançoso, Apolo tratou de continuar a frase, mesmo com dificuldade. –ou o efeito passará e seu coração parará novamente. Ou até mesmo a adrenalina pode fazer um efeito grande demais em seu estado debilitado e acabar causado um ataque cardíaco.

Aquilo me atingiu como um soco no estomago. Eu não consegui chorar por que já havia chorado o tanto que conseguira, não podia gritar por que não tinha voz, e não consegui desabar por que tudo parecia já ter desabado o quanto podia. Era a gota d água em um copo que a muito havia transbordado.

–Isso é por causa do oráculo, não é? –Apolo abaixou a cabeça e concordou. –é por que eu a beijei, por que eu me aproximei, não é mesmo?

Minha cabeça latejava e meus músculos doíam. Eu só queria dormir e acordar com tudo isso como um terrível pesadelo.

Apolo me encarou com os olhos arregalados de surpresa e culpa.

–Não é sua culpa, Percy. Por favor, não diga isso. É minha culpa, toda e unicamente minha. –Ele assumiu, lamentando. Seus olhos eram pesados e guardavam cansaço de um senhor. –Você já deveria saber disso, mas eu preciso dizer. É minha culpa Rachel estar como ela está. –eu não disse nada, apenas deixei que Apolo processeguisse. –eu disse para você que você poderia te-la, que eu controlava o oráculo e, por isso, podia simplesmente permitir que ela tivesse contato. Mas oráculos não podem viver em sociedade, muito menos se relacionar amorosamente. Rachel não poderia, mas eu poderia controlar o oráculo dentro dela. Mas eu não pude mais, eu não posso mais, por que não tenho poderes para tal. Ah, como eu queria! Mas eu não posso. Eu não posso e não lhe avisei dessa possibilidade. Não existe perdão, mas eu o peço, Percy, por que você é o mais próximo de um amigo que eu tenho. Você tem Grover, e eu nunca serei um amigo tão bom quanto ele, mas eu me importo com você e com o que você pensa, e não sei se suportaria uma eternidade de ódio, não de você. Eu sinto muito mesmo.

Apolo abaixou a cabeça e fechou seus olhos. Parecia preparado para levar um soco, no mínimo. No entanto, eu não sentia raiva. Toquei o ombro de Apolo, que abriu seus olhos para me encarar.

–Não é culpa sua. –disse, mesmo com a voz em um tom rouco. –você não poderia imaginar que isso aconteceria. Se tivesse me contado, nem eu imaginaria uma coisa dessas. Eu não o culpo, então não se culpe. Apenas agradeço por estar fazendo tudo isso.

Apolo sorriu, com uma alegria triste, porém, puramente aliviada.

–Se eu ainda tivesse poderes, Percy... Eu juro que eu a curaria! Mas Zeus nem se quer atende minhas preces, não tenho mais o que fazer...

–Só um minuto. –parei a frase de Apolo, deixando que minha fixa caísse. –você quer dizer então, que se tivesse seus poderes isso não teria acontecido e, se os tivessem poderia curá-la?

–Sem duvida. –garantiu Apolo, mas me encarou duvidoso com a questão.

–E você pediu a Zeus por ajuda, isso é ele sabe o que está acontecendo, e não devolveu seus poderes? Está basicamente assistindo essa cena lá do Olimpo com uma bacia de pipoca?

–Percy...

Não foi preciso uma resposta. Minhas mãos de fecham em punhos e, naquele momento, não havia motivos para que drenasse minha raiva. Ela pareceu vir no momento exato.

Dei as costas para Apolo e ignorei os gritos e avisos dos deuses e de Grover quando passei pela porta da frente. Ignorei os braços que tentavam me prender quando corri. Corri para o único lugar de onde ajuda poderia vir, mas não veio. Como não havia pensado nisso antes? Eu corri para o monte Olimpo, ou, como é conhecido, o Empire State.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então, minha ideia original era dizer que a Rachel passou mal simplesmente por causa do oráculo, já que Percy e Rachel estavam na maior pegação. Mas pensar que o fato de Apolo não ter poderes para controlar o oraculo dentro dela faz mais sentido para mim.
Okay, é uma pergunta dificil pros oraculos de plantão, mas por que voce acha que Zeus não devolveu os poderes deles? (ps: isso vai demorar um ou dois capítulos para ser explicado com certeza. Mas não sei ja que esses capítulos não foram escritos). E voce acha que a Rachel sobreviverá?
Mandem a Elisa escrever, gente!
Boa semana pra voces! Amanha de manha tenho ingles... Segunda feira de manha é algo tão depressivo.
Até daqui duas semaninhas ou até quando a Elisa terminar!





Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "I'm Never Changing Who I Am" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.