I'm Never Changing Who I Am escrita por Moça aleatoria


Capítulo 23
O sucumbir dos deuses


Notas iniciais do capítulo

Eu amaria conseguir começar uma nota inicial sem explições de atrasos, mas utimamente está dificil. Bem, Elisa me enviou o capítulo proximo a esse fim de semana (o que explica por que não postei no anterior, como era previsto). Terminei o capítulo no sabado anoite, e o iria postar como prometido, mas não deu tempo. Já no domingo passei o dia fazendo um trabalho sobre Camões, cuja a narração não é nem de longe tão interenssante quanto certos livrinhos legais, mas ok. E durante a noite do domingo minha internet não pegou e o fantiction entrava e saia do ar. Era só pra mim que o site deu erro? Ou era mesmo a minha internet?
Geralmente eu deixaria para postar só no proximo fim de semana, mas eu prometi pra sabado, e como o mais proximo de sabado que eu consigo é segunda, estou postando segunda.
Enfim, recompensaremos voces! Na minha humilde opinião, julgo esse um dos melhores capítulos da Elisa, tinha dado mais de 3mil palavras, mas depois dela me entregar precisei acrescentar algumas coisas que ela tinha se esquecido. E foi pra mais de 5mil. Não dividi por que acho que voces merecem um grandinho pela espera. Alem do mais, acho que receberia algumas ameças de morte se parasse no meio desse.
Alem disso, observem o bonus, é um POV super especial! Daquele que todos amam! E de quem planejávamos criar um POV próprio a seculos!
Boa leitura semideuses! E me desejem boa sorte na prova de Geografia que eu supostamente deveria estar estudando! Vamos, sei que temos varias crias de Atena aqui! Façam uma oração ou macumbinha básica a meu favor para a mãe de voces!



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POV Apolo

Lá estava eu, deitado nos campos de morango ao apreciar a minha maior obra, o tão poderoso Sol. E como ele é belo, quase mais belo do que a mim. Quase. É importante para vida de toda a humanidade, além de todos os seres vivos existentes e me garante um bronzeado sedutor com o qual eu conquisto todas as semideusas e mortais que eu quiser.

Não que eu precise me bronzear, mas esse não é o ponto. A questão, é que ninguém resiste ao meu charme. É só dar uma piscadela que elas já ficam loucas! Mulheres... Difícil de conviver e mais difícil ainda de ficar sem. Mas devo constatar que não tenho o menor problema com a convivência entre tais belas criaturas, mesmo que mortais. Até por que meu problema sempre foi com as imortais.

Como foi o caso que eu tive com uma filha de Afrodite super famosa. Como ela era linda! Muito parecida com Afrodite, alias. Nós conhecemos em L.A, enquanto ela estava filmando algum filme bobo para adolescente. Sabe aqueles filmes ridículos onde atrizes bonitinhas mas sem talento gravam seu único filme de sucesso onde, após dois meses, todos se esquecem da existência? Pois bem, a maioria dessas atrizes são filhas de Afrodite. Mas não digam a ela que eu contei isso.

Mas pois bem, eu invadi as filmagens exatamente para ver essas atrizes e logo ao cruzarmos olhares ela se derreteu todinha por mim, e nós ficamos juntos durante todos os dias das gravações. A melhor parte era sair à noite e dar uns amasso nela... Mas Afrodite ficou muito brava! Ela ficou reclamando, falando que eu não tenho permissão para pegar as filhas dela, principalmente as fa-vo-ri-tas dela. Dizia que suas filhas eram paridas para quebrar corações, e não para terem o delas despedaçado. Mas eu não tenho culpa que a Lindsey caiu nos meus charmes! Se você cair na minha rede você vira jantar, meu bem, não importa quem seja.

Mas enfim, eu estava lá, deitado pensando na glória toda que eu sou e em meus amores incríveis do passado quando de repente começou a chover! Ah, chover dá pra acreditar? Chover no acampamento meio sangue é impossível! Zeus deve estar e um mal humor daqueles e resolveu acabar com o meu dia também. E deu certo, essa chuva cortou totalmente a minha vibe, eu me encharquei e meu lindo cabelo estragou. Mesmo quando tenho poderes para arruma-lo, não divertido ter o cabelo bagunçado. E quando se é um deus, se tem o privilégio de ter um cabelo perfeito sempre, é claro, mas como um certo deus zangado tirou meus poderes ele ficará assim agora. Maldição! Como os mortais aguentam essa vida de tomar chuva, ter o cabelo molhado e se tornar tão... menos sexy? Não aprovo essa vida de mortal.

Sai correndo dos campos perante a chuva e fui me encharcando cada vez mais pelo caminho. Cada vez mais eu sentia a chuva gelada cair em mim e meu cabelo, roupas serem estragadas, e até sapatos grudarem nos pés, além da lama, é claro. Mas... Por que será que estava chovendo? O que nós fizemos contra Zeus? Ele ainda está nos castigando pela festa? Já não estamos pagando o suficiente? Bem acho que não é isso, porque eu com certeza já fiz coisa pior que isso antes mas... Por que será?

Corri para a casa grande, por ser o único lugar disponível no acampamento, de acordo com Percy. Mas tenho certeza que se ele estivesse como humor melhor ele teria arranjado um lugar melhor para nos. Mas vamos deixar isso de lado por um instante, apenas por um instante.

Já era umas 4 horas da tarde então não estava esperando encontrar ninguém lá, todo deviam estar fazendo as tarefas do dia seja lá o que for, porém quando chego lá me deparo com duas deusas zangadas, Ártemis e Afrodite, minhas deusas com A favoritas.

–O que estão fazendo aqui? – pergunto

–O mesmo que você, se escondendo da chuva. E já que estamos sem poderes, o jeito é ficar na casa – diz Ártemis. Ela olha com canto de olho para a chuva. –Apenar de não entender o motivo dela também.

–Se seque, por favor! – diz Dite e me joga uma toalha rosa com vários babadinhos e strass nas pontas. Quando vou passando no meu rosto percebo que os strass vão machucando meus poros, depois dessa vou precisar de uma limpeza de pele. – nem pense em molhar o chão, Apolo! Já estou sobrevivendo com essa miséria de roupas e ainda tem o perigo desse telhado furreca não resistir a chuva e molhar todas as minhas roupas e ai como é que eu fico? Eu não posso sequer pensar nisso – ela faz um gesto com as mãos como se estivesse mandando a ideia para longe – trate de se secar se não vai ter que arranjar outro lugar para ficar.

Ah, sim, permita-me explicar esse pequeno drama. Quando terminamos a limpeza ontem à noite, esperávamos que no momento que largássemos as vassouras, Zeus apareceria, bateria palmas por nossos esforços, e em seguida devolveria nossos poderes. Não preciso dizer que isso não aconteceu, não é mesmo? Tivemos que ir para a casa grande, onde fomos recebidos por três pequenas –extremamente pequenas– malas, um para cada um de nos. Aquela mala transmitiu exatamente a mensagem que Zeus gostaria. “Vocês vão ficar ai até segunda ordem, usufruindo apenas do que o acampamento dispõem e do que eu permito”. Isso é: Fudeu pros deuses aqui.

Bem, me seco o máximo que consigo com os strass batendo o tempo todo na minha cara e entro ainda meio úmido na casa grande.

– Ai! Odeio estar sem poderes, não poder dá tanto trabalho ficar mudando de roupa e penteando o cabelo, me sinto uma mortal e é horrível! Como eles aguentam? – diz Dite – parece que ela leu minha mente.

–Concordo totalmente! Como estou sem poderes meu cabelo vai ficar essa bagaça por causa da chuva. Como é que eu vou seduzir suas filhas com este cabelo? E suas caçadoras? – digo olhando para os olhares irritados das duas. Eu estava brincando, é claro. Sabia que se tentasse algo acordaria essa noite, no mínimo, com a cabeça raspada. O momento mais perigoso para cantar caçadoras e filhas de Afrodite é quando não se tem poderes divinos para se proteger. E se manter vivo de possíveis homicídios, é claro.

–Não ouse chegar perto das minhas filhas! Amo mais elas do que as minhas roupas rosa! E você sabe o quanto eu amo as minhas roupas rosa! – ela diz me fuzilando com o olhar, e ela está falando sério. Como ela ama as roupas rosas dela...

–Você não conseguiria nada com as minhas caçadoras nem tentando por um milhão de anos – diz Ártemis se vangloriando. –foram altamente treinadas.

–Eu consigo o que eu quero com todo mundo. Meninas, aprendam, ninguém resiste ao deus sexy do sol aqui – digo isso e dou uma voltinha exibindo meu corpo lindo e meu bronzeado de matar.

As duas me olham e se encaram, logo começam a rir sem parar. Afrodite pede para eu dar mais uma voltinha para ela poder “apreciar melhor o meu corpo”. Inocentemente como só eu sou, faço isso, e elas caem na gargalhada. Fico confuso, estou acostumado com risadas maliciosas, até risinhos envergonhados de mortais, mas gargalhadas é novidade. Então dou uma olhada rápida em mim... Pareço perfeito como sempre. Sem nenhuma juba de leão ou nariz de elefante como fruto de brincadeiras divinas –já aconteceu antes. Resolvo checar atrás então, e vejo que meu short está totalmente sujo de morangos esmagados. Faz todo sentindo sai tão rápido dos campos que nem lembrei que tinha que limpar minha bunda agora que isso não seria feito automaticamente, e também estava mais preocupado com o meu cabelo.

–Nós conseguimos resistir os prazeres do seu bumbum vermelho Apolo – diz Ártemis e as duas caem na gargalhada, e meu rosto começa ficar quente e com um tom avermelhado.

–Olhe, ele está ficando mais vermelho para combinar! - diz Afrodite, e com essa brincadeira eu juro que quando meus poderes voltarem faço as duas ficarem mais vermelhas que tomate por um mês, só de vingança! Tenho certeza que o chalé de Nêmeses me ajuda a manchar as coisas delas de vermelho.

Não aguento mais essa zombaria e corro para onde estavam as minhas coisas para pegar um outro short, porém, quando eu entro lá só vejo coisas rosas e com babados, frufrus, e glitter. Espera ai, onde foram parar as minhas coisas? E porque meu quarto e está todo rosa com roupas de mulher espalhado pelo quarto? Nem preciso perguntar, quando ouço Afrodite gritar para eu sair do quarto dela e parar de manchar as suas preciosidades. Ela vem correndo na minha direção e pega um short azul jogado meu que ela tinha esquecido de colocar seja lá onde minhas coisas foram parar, visto o short novo e jogo este no lixo.

–Você não vai dividir o quarto com a minha maninha?

–Não me chame assim, ainda sou mais velha.

–Você é só uma criança. –Ártemis rodou os olhos.

–Eu fiz o seu parto, imbecil. Tenha mais respeito.

–E eu sou mais sexy, portanto ganhei

–Apolo, já discutimos isso. – Ártemis diz com um tom meio bravo e me olha com os olhos semicerrados, com sua melhor expressão de “eu não vou falar sobre isso de novo “

–Eu sei, e eu ganhei a discussão.

Ártemis ri com ironia.

–Mas é claro que não! Você nunca ganharia uma discussão comigo! Pode até sonhar, mas eu sou muito mais inteligente que você

– Há! Pode ser inteligente mas não é essencial para vida humana como eu, eles precisam mais de mim! - digo me vangloriando

– Quem disse? A lua é muito importante também

–Mas o sol é muito mais, e você nem consegue tomar conta da lua direito você tem que ter a ajuda de Selene. – zombo dela.

–Porque eu levo meu trabalho a sério, e quero que saia bem feito, diferente de você. Não tem moral pra isso não, solzinho, símbolo da Rihappy.

– Eu odeio essa marca! Sou louro, mas não amarelo! Amadores! –resmungo, amaldiçoando a loja infantil. – E eu cuido muito bem dos meus atributos sozinho! –Ártemis ergue uma sobrancelha e sorri. Consigo ver em sua face que ela pensa “ainda é o símbolo da Rihappy, otário” – Além do mais, –faço uma pausa dramática e sorrio maldosamente -Pelo menos eu não trai a Joelma.

– Apolo! Esqueça essa música! Maldito seja o semideus que te mostrou ela, se um dia eu o achar, eu o mato! E nem me venha com essa de meus atributos são bem organizados! Medicina não cura todos os males, e a música então? Se você cuidasse bem dos seus atributos não deixaria o funk existir.

– Com licença, eu inventem a lira e dei à música aos homens, agora o estrago que eles fazem com ela é problema deles! Pobre de mim, que vejo meu tributo virar pornô pra cegos! –me lamento. -eu faço o meu melhor, queria ver como você se sairia com tantos atributos como eu, você não conseguiria tomar conta, já que nem consegue tomar desses poucos que você tem.

–Diferente de você, eu tenho as caçadoras para cuidar e não fico por ai apoiando essa conspiração e supervalorização das anorexias de bunda e peito grande! Esse estereótipo é horrível!

–Você deveria começar a trabalhar para igreja católica assim, já é chata e se veste igual uma freira.

–Mentira! Minhas caçadoras e eu nos vestimos devidamente bem! Até acho serem ousadas demais, por vezes.

–Vai lá com as suas freiras! –esnobei. -sua conservadora!

–Ah, não, você não disse isso! –Ártemis semicerrou seus olhos cinzas para mim, em sinal de extremo perigo. -Conservadora é o seu...

A provável razão por eu estar vivo foi a intromissão de Afrodite.

–Gente, parem, esse não é o ponto! O ponto é que Apolo tem que sair do meu quarto e nunca mais entrar! Eu não vou dividir o quarto com ninguém, somente com as minhas roupas! – diz Afrodite em um tom estressado. Depois eu sou o esquentadinho...

–Agora me diga, por que você vai ficar como quarto sozinha e eu tenho que dividi-lo com Ártemis? Por que você não divide?

–Porque ela não tem nenhum estilo! Olha a roupa dela, é tão prata e não tem mais nenhuma cor! E ela insiste em ficar como criança o que é tão... –ela prolongou bastante essa última palavra, só pra constar. -...imaturo, e eu nunca conseguiria me trocar com uma criança me olhando, seria tipo, quase pedofilia, sabe?

– Afrodite, eu tenho quase a sua idade, independente da minha forma. –Ártemis argumentou, em um tom casado e ofendido. –Senhora rainha da futilidade! Também não quero dividir meu quarto com uma mean girl, não conseguiria passar um minuto ouvindo essa ai falar de roupas e garotos. Acho que acabaria cometendo um homicídio.

–Bem, só disse a verdade – diz Dite mandando um beijinho para Ártemis. – mas fica tranquila, eu te adoro, amiga, mesmo sendo brega e criancinha. – Ela diz, ignorando a ameaça de Ártemis.

–Patricinhas, tão difícil de conviver... – resmunga a deusa da caça já com algumas rugas no rosto. Prevejo que até o fim do dia ela surta. Aliás, deus da profecia falando. -Enfim, porque você não divide o quarto com o meu irmão? Vocês já são muito parecidos mesmo. – Nesse momento já não sei se me ofendo ou encaro como elogio.

–Porque ele é um cara! E como estamos sem poderes seria, tipo, muito estranho, vai que eu entro no banheiro apertada e está tomando banho! Seria, tipo assim, super constrangedor.

–Ai você pode entrar no banho comigo Dite, podemos tomar banho juntinhos e talvez fazer algumas coisas que eu fiz com a Lindsay. –digo com um sorriso malicioso que eu sei que a irritará, afinal, esse é o objetivo de toda a minha imortalidade.

–Nem nos seus sonhos querido. –ela me encara, e parece prestes a me dar um tapa. -E nunca mais fale da Lindsay, ainda não sei o que deu naquela garota para te pegar! Ela consegue homens tão melhores para quebrar os corações... E teve o seu quebrado por.... Você, solzinho!

–Você me quer que eu sei, é difícil resistir, pode se entregar a mim! Sua filha não resistiu porque ninguém resiste, não tem nada melhor que um deus como eu para... usufruir do seu melhor atributo, Dite.

–Te quero morto as vezes, isso sim, Apolo. –disse a deusa do amor com seus braços finos cruzados sobre o peito.

–Morto de amores por você, minha deusa. –pelo Olimpo, como eu amo irrita-la!

– Apolo! Nunca vai rolar, tira isso da sua cabeça, eu sou outro nível, ok? – ela diz e depois faz um movimento apontando para o seu corpo – Nunca terá tudo isso, meu bem. Entenda, você pode ser meu melhor amigo, podemos ir a festas juntos, encantar multidões juntos, mas nós nunca vamos ter um relacionamento, entendeu?

–Eu nunca disse sobre relacionamentos sérios. Todos sabem que o meu caso é de uma noite, querida.

Afrodite gira os olhos, irritada. Está acostumada a aceitar as cantadas daqueles que quer, e fulminar e amaldiçoar aqueles que acham ofensivo ou desagradável. Se por algum acaso você cantou uma garota extremamente bonita na rua e nunca mais recebeu um olhar feminino, você provavelmente deu uma péssima cantada na deusa no amor, camarada. E é por isso que tirei o dia para cantar uma Afrodite sem poderes.

–É por isso que eu não quero dividir o quarto com ele. –ela se virou para Ártemis, que até agora estava em dúvida se ria das patadas e cortadas de nossa conversa ou se sentia nojo dos assuntos. -Não vou aguentar ele dando em cima de mim o tempo todo. Receber cantadas é legal mais uma hora cansa.

–Dite, me chama de gato que eu mio para você – digo dando uma piscadela e um sorriso de canto. Como todos sabem, eu sei cantadas boas, mas está na hora de usar as ruins também. –Sua linda, se você fosse refrigerante seria soda porque só dá você no meu coração. – digo mandando um beijinho para ela. A deusa me devolve uma cara de nojo mesclado com raiva.

–Ninguém deveria ter que dividir o quarto com ele. –Ártemis confessa com um olhar quase piedoso sobre Afrodite. Eu disse quase.

Aproveito a deixa de minha amada gêmea.

–Então fechou, eu fico com um quarto só para mim e vocês dividem. Nenhum problema!

–Claro que não! –Ártemis vê seu erro e argumenta. –vejam bem, eu sou casta, então não posso receber influencias negativas do amor, muito menos com Apolo! Vai contra tudo que eu acredito! Além do mais, eu odeio vocês dois.

–Magoou, mas é invalido. –comentei. –o mais justo para a sua tão preciosa castidade é dividirmos meninos e meninas. Que tal?

–Sem chance Apolo! Tenta pegar meu quarto que assim que tiver meus poderes eu acabo com todos os seus futuros relacionamentos. Nem uma miséria garota por séculos! É isso que você quer? – Tudo bem, Afrodite é legal as vezes, mas quando ela fica irritada de verdade é preciso saber a hora de parar. Não é nada legal brigar com o amor, por que ela apela. Da última vez que desafiei ela de tal maneira ela me deixou gordo, careca e espinhudo para todas as garotas em que eu tentava algo por um mês! Foi um mês horrível para mim, e depois disso eu aprendi como conviver com a Dite.

–Ok, com essa ameaça eu retiro a minha proposta, mas eu não estou afim de dividir o quarto com a miss santidade, a castradora de jovens bonitas e com futuro amoroso promissor aqui. Vai ficar enchendo a minha paciência, dizendo como impuro e levo as garotas para o caminho da perdição e a serem escravas dos seus sentimentos e blá blá blá... – digo a última parte tentando imitar minha irmã, e isso faz ela ficar totalmente irritada. O que é muito engraçado.

–Eu não falo assim. – ela argumenta com os dentes cerrados.

–Não mesmo, você fala pior, só que sem os poderes eu não consigo imitar. Mas é muito engraçado ouvir esse papo feminista vindo de uma criancinha. – eu digo.

–Apolo, você já está irritando demais. Porque não vai dar uma volta hein? – diz Ártemis, apontando com desdém para a porta, por onde consigo ouvir os trovoes chicotearem os céus.

–Por uma infinidade de motivos, começando por que eu não estou afim e por que está chovendo, querida irmã, e eu também não estou afim de estragar ainda mais o meu cabelo.

Foi então que fui atingido por um guarda-chuvas. Afrodite me jogou uma sombrinha rosa cheia de frufru escrito “Os pôneis de festa arrasam 5ever”

–Aproveita e consiga uns cobertores. –disse Ártemis com a cara fechada. –se eu vou dividir o quarto com você, pelo menos dividirei aquecida. Pegarei os seus, então é melhor que consiga outro pra você.

–Aqui, usa essa sombrinha e tenta demorar muito lá fora até mais. Love ya – e ela me manda um beijinho com uma mensagem subliminar dizendo “sai daqui logo, idiota”.

Não acredito fui expulso do meu próprio quarto! Como elas ousam? Mas eu também não vou ficar onde não sou querido -o que é muito raro, porque sou querido em todo lugar.... Menos da Suécia, mas esse não é o ponto -mas resolvo sair de lá. Onde poderia ir? Percy, é claro!

Da última vez que o vi, ele estava super casado por ter novamente a escassez de poderes. Quando se é um deus a muito tempo como eu, Dite e Ártemis, mesmo sem os poderes se consegue ter um controle melhor sobre causas humanas simples, porém necessárias, como sono e fome, por nunca termos sentido tais coisas. Já Percy estava se acostumando agora com a falta de tais circunstâncias. Imagino que o garoto deva estar dormindo o dia todo... Mas não chego a pensar duas vezes antes de ir para o chalé de Poseidon. Afinal, o que Percy poderia estar fazendo demais?

–Como vocês mortais aguentam um frio desse? –disse ao escancarar a porta do chalé. –Puta merda!

Não me arrependo de não ter batido na porta quando vejo a cena seguinte. Pego Rachel e Percy no flagra! Na cama, um por cima do outro, no maior amasso. A cena foi tão rápida que tudo que consegui ver foi o rosto vermelho de Percy Jackson, e o pensamento de que eu, com certeza, o ensinei bem. Aprendeu comigo, esse menino! Quem diria? Mal 24 horas de namoro e já estão na cama? Quem te viu quem te vê, Perseu, o novo pegador do Olimpo. Mal parece que a pouco tempo se lamentava por Annabeth. Mas o caso na loirinha ainda não está completamente terminado, na minha humilde opinião de deus dos oráculos.

Voltando a narração. Percy e Rachel, tomados pelo sustos, caem da cama direto para o chão. A cena é tão cômica que não posso conter a piada. Tampo os olhos com as mãos, mas claramente deixando as fendas para uma possível pegação.

–Gritem se não estiverem vestidos. Gritem se não estivessem vestido. Gritem se.... –Tirei as mão do rosto ao encontrar os dois em uma crise de riso, e completamente vestidos. Infelizmente. –ah, isso é decepcionante.

–Tarado. –Percy acusou, ajudando Rachel a se levantar. –é claro que estamos vestidos.

–Mais cinco minutos e a cena poderia ter sido diferente, conquistador. –dei de ombros, e vi o casal se encolher, envergonhado pela minha razão.

–O que você está fazendo aqui, Apolo? –perguntou ele, e eu expliquei minha necessidade de cobertores.

–Eu não tenho cobertores aqui. –disse.

–Por isso estão dividindo a cama? –ergui uma sobrancelha, tentando conter a lamentação por vir a passar frio durante essa noite.

–Como chegou aqui sem se molhar? –perguntou.

–Trouxe um grada-chuvas, ué. –disse. –mas deixei lá fora para não molhar sua aconchegante residência.

Minto, já que deixei lá fora para que ele não risse com o slogan dos pôneis.

Percy me empurrou chalé a fora, mandando que eu falasse com Quíron sobre o problema dos cobertores. Não deixei de picar malicioso para o garoto antes de sair com meu guarda-chuvas novamente pela noite.

Poxa, o dia está difícil para mim! Saio não estou afim de ficar, onde não sou querido, e não vou ficar mendigando amor, carinho e atenção. E tudo que ganho é ser enxotado e provavelmente passar um frio daqueles. Penso em ir para o chalé de meus filhos, ou até para o chalé de Afrodite, para deixa-la mais irritada. Seria uma boa vingança pelos strass.

Mas quando fecho a porta ouço um grito vindo do chalé.

Em minha eternidade, aprendi a diferenciar vários tipos de gritos. O grito irritado de deusas como Afrodite e Ártemis, que, por mais que possam se tornar perigosos, podem também ser acalmados. Existe também o grito do desespero, aquele que ouvi mortais produzirem por muitas vezes durante guerras antigas, o grito que implorava pela ajuda divina, diante de sua impotência. Não liguei muito para esses gritos anteriormente, mas quando o ouvi sair pelo quarto do deus das ondas, dei meia volta no mesmo segundo, deixando o guarda-chuvas cair sobre meus pés.

Percy tem seu rosto tomado pelo pânico, seus olhos verdes estão esbugalhados e procuram por mim. Em seu colo, Rachel está pálida, inconsciente. Seu corpo está mole nos braços do namorado e seus cabelos se mexem ao vento, ao contrário de seu corpo. Toco sua testa e noto que a menina não tem a febre que eu supunha, ela estava fria feito gelo. Tão fria que afastei minha mão em seguida. A cada segundo que se passa, seus labios adquirem mais palidez.

–Percy, coloque-a na cama! –mando, e ele me obedece sem nem um protesto.

Seguro a menina pelo rosto já na cama, e noto como está completamente mole, como se já estivesse morta.

–O que aconteceu? – pergunto, já verificando os batimentos cardíacos pelo pulso.

–Eu não sei... Ela estava bem, nós estávamos conversando. Você viu ela bem, mas de repente ela caiu, simplesmente caio! Pensei que fosse uma profecia mas ela não... ela não... –Percy não tinha palavras, muito menos eu. Seus ombros tremiam e seus olhos estavam fixos em Rachel, e os meus nele. A boa notícia, se é que havia alguma, é que a menina tinha pulso.

–Ela tem pulso, mas está fraco. –dei a notícia e me pus a olhar a menina, sem ideia do que fazer.

–Você pode cura-la, não é, Apolo?

Seu tom esperanço me queima e me fere por sua impotência quase infantil. E eu acho que isso pode ser minha culpa. É minha culpa, e eu sei disso. Eu não posso cura-la sem poderes, Rachel irá morrer sem a ajuda divina.

Como isso pode acontecer? Percy finalmente se dá uma chance após Annabeth e está feliz com a ruivinha, tendo uma vida consideravelmente normal, mas então isso acontece! Oráculos não podem namorar. O espirito do oráculo é antigo e conservador. Mal podem viver dentro da sociedade! Muito menos ter a cena que Rachel e Percy haviam tido a pouco. Mas eu pensei que poderia controla-lo.... Sou o deus dos oráculos, posso controla-lo, mas não completamente. Sabia que existia uma chance disso acontecer, mas... Era tão mínima! E, agora, sem meus poderes para controla-lo, muito menos para curar Rachel, ela pode estar morrendo.

Pensei que pudesse dar conta, para que Percy pudesse ser feliz. Eu sabia também que um dia Rachel morreria, mas quando acontecesse, Percy seria sábio o bastante para lidar com isso. Mas não agora, isso não pode acontecer agora! Percy não é um sábio deus, é apenas um garoto com poderes, trevas e luto nos ombros. Agora a parte reprimida do oráculo foi liberada, e está rejeitando sua nova hospedeira, e está destruindo o corpo de uma pobre menina. É minha culpa, e não há nada que eu possa fazer.

Como posso contar para ele o que está acontecendo? Como posso confessar que sua chance de uma vida boa está morrendo? Que foi por minha, e unicamente, minha culpa?

– Apolo? –Percy suplica por uma resposta. E agora, Percy não é mais o deus, o herói que sempre via quando o olhava. Ele era o menino de 16 anos que deveria estar se preocupando com qualquer coisa na vida, menos com a morte. Penso que, na maioria das vezes, como todos não desejaríamos ser apenas simples mortais.

Principalmente, Percy era meu melhor amigo, ele sentia dor e pedia por ajuda, e eu não poderia ajudá-lo.

Percy soa desesperado como um garotinho. E a culpa tenta me engolir, me queimar. Apenas com sua voz de suplica, Percy, sem nem se quer saber, consegue chegar o mais próximo de matar um imortal do que ninguém jamais chegara. Mortais, semideuses e até mesmo os imortais podem ser consumidos pela culpa e pelo amor.

Tento controlar o desespero, controlar o que de humanidade existente em mim, e pensar em uma solução. Infelizmente, Percy tem muito mais de humanidade do que de imortalidade. Em um primeiro momento quero mentir para ele, quero mentir como se ele fosse o garoto de 16 anos sem responsabilidades e sem tristezas que ele não é.

Mas eu não posso. Mentir para ele seria errado. A mentira é tão cruel quanto a verdade. Mas isso seria apenas adiar o inevitável.

Abro minha boca para falar várias vezes, mas nenhum som sai dela. Percy fecha os olhos e abaixa a cabeça. Ele já conhece a minha resposta.

Me afasto de Rachel quando o vejo cair de joelhos na beirada da cama, pegar sua mão e falar com a garota inconsciente.

Me afasto de Percy, sem poder sair e deixa-lo sozinho, mas querendo dar a ele alguma privacidade. Apenas me encosto na parede, me sentando sobre o piso, impotente, apenas fingido não ouvir sussurradas e tão dolorosas palavras do menino.

–Rachel, por favor fique bem. Por favor, melhore, não me deixe sozinho novamente... As únicas pessoas que já amei estão tão longe, tão distantes. Você é a única que me restou. Rachel volte para mim, ainda temos muito que viver, eu preciso da sua companhia. Quem vai fazer desenhos perfeitos que não seja você. Quem vai ficar ao meu lado que não seja você?

O medo em sua voz é tão grande, tão aparente que faz meu peito latejar. Não vejo seu rosto, mas posso ver a dor de seus olhos na escuridão de minhas pálpebras. Ele não mal consegue me culpar, mesmo sabendo que a culpa é obviamente minha. Ele apenas lamenta.

–Percy? –chamo quando ele parece parar de falar, quando seus ombros já não tremem tanto. Percy se vira para mim, e não ter o rosto tomado pelas lagrimas, tem todas elas contidas em seus olhos. E vejo nos olhos marejado que ele precisa de palavras, ele precisa que eu as diga por mais que saiba a resposta. Seu olhar carrega a dor e o medo, mas ainda há uma ponta infantil em rosto, como se ainda implorasse. Como se seu olhar piedoso mudasse algo. Como se ainda houvesse o que fazer.

Uma parte de mim, a parte quase morta, a humanidade que a eternidade tirou, grita para que eu conste a verdade de uma vez, para que ele se acostume com a dor da perda, e que essa perda apenas o tornará mais forte para as demais que virão. Assim como fiz comigo mesmo a uma eternidade atrás. O que me faz estar com uma garota por noite é exatamente não me apegar o suficiente para perder. Me importar tão pouco a ponto de não ter o que perder. Tentar fazer com que ele se torne um deus equilibrado aconteça o que acontecer. Tal parte de mim grita para que eu mate, com tais palavras, toda a humanidade presente em Percy Jackson.

–Apolo. –é ele quem me chama. –você pode cura-la, não pode?

Ouço o som de mil corações se quebrando antes de responde-lo.

–Não sei se ela irá sobreviver, -digo, mesmo que me culpe por criar nele alguma esperança. -sem os meus poderes eu não posso fazer nada. Tenho conhecimentos médicos, mas não possuo mas o dom de nenhum milagre, nem uma única benção. Posso deixar as coisas mais confortáveis, nós podemos esperar. Não temos néctar, e mesmo que tivéssemos não poderíamos usar nela. Percy, eu juro que se eu pudesse a curaria agora.

Eu o vejo fechar novamente os olhos, como se tentasse se acalmar, mas não conseguisse. Vejo os pilares de toda a sua vida desabarem. Eu o vejo relembrar cada perda. A perda da mortalidade, de Annabeth Chase, do amor, a futura perda de tudo que conhece, e agora, a perda da única que lhe restou. Vejo seu mundo desabar, e eu o vejo depositar a culpa em si mesmo. Cada pilar que constitui sua vida se foram.

Fecho os meus olhos uma última vez, e faço o que nunca, o que jamais fiz em uma eternidade, eu imploro para Zeus. Imploro para que meu pai me devolva meus poderes por apenas um minuto, só para que eu possa salva-la, e depois, Zeus pode ficar com eles o quanto quiser. Eu imploro para que meu pai ouça meu único suplico, a falha humana que destrói meu orgulho. Consigo sentir em meu peito o vazio que Zeus ouviu minha oração, e que não vai atende-la.

Levanto minha cabeça e vejo novamente Percy, ele se encolhe feito uma criança, e isso desperta em meu ser tudo que pode haver de mais humano em um deus. Amor, compaixão e culpa. Raiva. Raiva de Zeus por deixa-lo sofrer. Raiva de Annabeth Chase por ter quebrado seu coração pela primeira vez, até mesmo de Afrodite pelo coração que vejo se quebrando, mesmo que a deusa não consiga controlar todas as consequências do amor.

Vou até o jovem deus e repouso minha mão em seu ombro. Antes que possa me dar conta, estou sendo abraçado, e estou consolando Percy Jackson. Não vejo suas lagrimas, mas sinto toda a sua dor. O sinto negar com cabeça, como se ainda não acreditasse.

–Não a deixe morrer... –ele disse, pela última vez. Era como se pedisse não a mim, mas as céus por ajuda.

Assim como todos os heróis que já passaram pela Terra, eu vi Percy Jackson, um dos maiores heróis que o Olimpo conheceu, sucumbir.


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Notas finais do capítulo

E essa foi a narração do senhor Apolo.
Já comentei que sou apaixonada por frases de efeito filosoficas como ultimas palavras? Não são perfeitas mas eu sempre tento!
Oh, sim, tenho varios comentários atrasados sem responder.... Responderei todos! Mas no momento eu meio que tenho uma prova de Geografia pra estudar.... Então até a próxima, semideuses!



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