Labirinto escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 9
Gula


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo também é forte, bem forte. E nojento também! Não leiam enquanto comem. Aliás, se ainda não lancharam/almoçaram/jantaram, façam isso primeiro e só depois voltem pra ler o capítulo. Estou avisando, é bem nojento!



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- Você acha mesmo que vai conseguir assustar alguém?
- O que pretende fazer? Monstros de comida?
- Ou então deixá-la com 100kg? Hahahaha! Você não é de nada!

Os outros três debochavam sem parar e ela procurou não se abalar com as provocações. Em breve eles iam ver o que era pavor de verdade.

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- Eu... eu não agüento mais! – Magali murmurou caindo no chão de cansaço e fraqueza. Seu corpo não respondia e sua cabeça estava confusa.
- Magali! – uma voz familiar lhe chamou e ela olhou para cima. Seus olhos se iluminaram na hora.
- Mô!

Era sua amiga tentando abrir uma espécie de portal, segurando as beiradas para mantê-lo aberto. Quando conseguiu deixar num tamanho razoável, Cascão e Cebola também apareceram. Atrás deles, havia a paisagem do campinho do Limoeiro.

- Corre que a Mônica não vai agüentar pra sempre! – Cebola falou estendendo os braços e Magali não perdeu tempo, reunindo o resto de forças que ainda tinha e levantando do chão para correr até eles.

Cascão e Cebola seguraram suas mãos e lhe puxaram rapidamente. Depois Mônica soltou o portal para que ele se fechasse. Os quatro caíram no chão do campinho, exaustos porém felizes.

- Gente, como vocês me acharam? O que aconteceu?
- Todo mundo foi raptado. – Cebola explicou. – Tudo culpa daquele doido do Capitão Feio.
- Então era coisa dele? Nossa, eu nem desconfiei!
(Mônica) – Agora tudo acabou. Ele foi preso e a gente tá livre.
(Cascão) – Caramba, mó aperto que a gente passou!

Os quatro foram embora dali e Magali estava tão feliz e aliviada que nem fez questão de saber o resto da história. Estar livre e junto com seus amigos já era suficiente. Eles encontraram mais alguém no caminho.

- Magali! Você está bem?
- Quim! Ai, que saudade meu fofucho!

O rapaz a abraçou com força, beijando seu rosto e sua boca avidamente, feliz por reencontrá-la.

- Puxa, eu fiquei muito preocupado. Vem, vou te levar pra casa e preparar algo bem gostoso!

Ela se despediu dos amigos e foi embora com ele. Chegando em casa, foi recebida calorosamente pelos seus pais que também estavam muito preocupados. Passada a emoção, Quim sugeriu que ela fosse tomar um banho bem relaxante enquanto ele preparava um jantar especial.

- Ufa, que alívio! – Ela falou ao sair do banho, feliz por todo aquele pesadelo ter acabado. Um cheiro muito bom chegou ao seu nariz, bem melhor do que aquele que ela sentia naquele lugar maluco.

Chegando a cozinha, ela viu a mesa posta com uma farta e deliciosa refeição. Arroz branquinho e feito na hora, feijão com lingüiça calabresa, carne de frango grelhada, verdura refogada e uma deliciosa salada primavera. Para beber, suco natural de acerola.

- Uau! Isso é um banquete! Você fez tudo isso, Quim?
- Claro! Minha gatinha linda merece o melhor! Pode comer a vontade!

Sem se fazer de rogada, ela sentou-se a mesa e comeu com apetite, colocando grandes garfadas na boca.

- Hum... que delícia! Nossa, você caprichou mesmo! – ela ia falando enquanto comia. Era a comida mais deliciosa que ela tinha comido em toda sua vida. Tudo ali estava tão bom, mas tão bom, que ela nem se preocupava mais com sua alimentação saudável.

Quando limpou o prato e foi colocar outra porção, ela reparou que Quim e seus pais permaneciam de pé no outro lado da mesa olhando para ela.

- Ué, vocês não vão comer?

Eles deram um sorriso maldoso e seus olhos foram abaixando lentamente até a comida. Magali acompanhou o movimento dos seus olhos e deu um grito apavorado com o que viu. Ao invés da comida deliciosa de antes, havia ali a coisa mais nojenta e repulsiva que alguém poderia imaginar.

Sobre seu prato, as travessas e panelas, havia nada mais que um monte de larvas e vermes de todos os tipos e formatos, se mexendo e se retorcendo. Olhando para si mesma, ela viu que também tinha vermes na sua boca e na roupa também, fazendo-a se levantar apavorada e cuspir freneticamente.

- Por que fizeram isso? Que nojo! – ela acabou vomitando no chão da cozinha e ao ver aquela quantidade enorme de vermes saindo da sua boca, o enjôo aumentou mais ainda, fazendo com que ela vomitasse novamente. Aquilo parecia não ter fim.

Os três riam do seu sofrimento e ela chorava sem saber o que fazer. Não parava de sair vermes da sua boca e aquelas coisinhas ainda estavam subindo pelo seu corpo e sua roupa. Não. Definitivamente o pesadelo ainda não tinha acabado.

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- Er... então é isso? Transformar a comida em vermes? Grande coisa... – Soranin falou disfarçando o próprio desconforto.
- Quem disse que acabou?
- Tem mais? – os três falaram ao mesmo tempo e ela apenas sorriu. A pior parte ainda estava por vir.

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Apesar de ter cuspido e vomitado tudo o que podia, Magali ainda sentiu alguma coisa no seu estômago. Ela precisava de ajuda médica urgente e implorava ajuda dos três que assistiam seu sofrimento sem mostrar nenhuma sensibilidade.

Aos poucos, o desconforto foi se transformando em dor e ao levantar a camisa, ela viu que parecia ter algo sob sua pele que se mexia como que tentando sair.

- Meu Deus, socorro! Alguém me ajuda! Por favor!

A dor foi ficando insuportável e em pouco tempo, um verme despontou perfurando sua pele, sendo seguido por vários outros que ao sair iam deixando furos em sua barriga. Ela gritava no maior desespero, tentando limpar sua barriga daquelas coisas nojentas. Mais alguns vermes saiam da sua boca também e outros começaram a despontar dos braços e pernas, numa dor lancinante e sem fim. Ela estava sendo devorada! Devorada por dentro! Aquelas criaturas devoravam sua carne, suas entranhas e não havia nada que pudesse fazer porque ninguém lhe ajudava!

Tudo o que ela pode fazer foi continuar deitada no chão gritando freneticamente. Seus olhos se fecharam com força e de repente, a dor cessou por completo. Ao abrir novamente os olhos, ela se viu outra vez naquele lugar maluco e repleto de comida.

- Eu quero morrer! Por favor, me mata de uma vez!

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Três pares de olhos arregalados olhavam para a tela sem piscar.

- Então? O que acharam?
- Hum... quer dizer... bem... eu acho que vou dar uma olhada no meu humano. – Soranin falou afastando-se lentamente, sendo seguido pelos outros.
- Nunca imaginei te ver transformando comida em vermes! – Kainin falou totalmente enojado. De repente, Akanin deu um salto.
- Espera um pouco! Aquele sorvete que a gente sempre come não é feito de vermes, é?

Ela deu de ombros e sorriu de forma travessa, fazendo com que os três dessem um grito e corressem de um lado para outro cuspindo feito loucos. Por fim ela acabou dando uma risada e disse.

- Seus bobos! Isso que fiz com ela foi só uma ilusão! Eu jamais estrago comida, jamais! E eu também como desse sorvete todos os dias, esqueceram?

Eles se acalmaram um pouco e cada um voltou a assistir seu humano ainda sentindo grande desconforto. Soranin a olhou disfarçadamente, prometendo a si mesmo nunca mais subestimá-la novamente.


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