Redenção escrita por Srta Snow, Tahy S Snow


Capítulo 5
Capítulo 4 - Fugindo do seu destino




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O olhar duro e raivoso de Nikko conseguiu deixar Melanie sem reação ao ser arrastada por ele para dentro da casa. A cada passo que ela dava, o seu intimo começava a se questionar se sairia viva dali. “Talvez este seja o preço” ela pensou ao fechar os olhos por alguns segundos, e ao abri-los deparou-se com as costas de Nikko.

-Qual o seu nome? – Melanie questionou ao ser empurrada pelas escadas – Não irá me dizer? – perguntou após alguns segundos – Acho que deveria saber o nome do homem que deseja se vingar de mim, ou não?

-Nikko Nicolai – respondeu sem vontade ao ir em direção ao quarto dela. Retirou a chave de seu bolso, destrancou a porta e a empurrou para dentro – Esta casa possui um sistema de vigilância. Não importa o que tente, eu saberei o que irá fazer.

-Entendi. Estou presa aqui ate que se canse ou sinta-se vingado – percebeu ao vê-lo na luz do corredor, enquanto ela permanecia na escuridão do quarto – Amanhã, o que irá acontecer?

Nikko a olhou demoradamente, desconfiado. Ele não a conhecia, mas pelo que estava observando percebeu o motivo de tudo que acontecia com ela. Melanie não possuía limites ou bom senso.

-Esta não é uma pergunta sensata a se fazer – argumentou frio ao dar as costas a ela, mas não antes de trancar a porta mais uma vez. Melanie esperou que os passos dele se afastassem do quarto para enfim desabar no chão, completamente impotente, preocupada, e acima de tudo temerosa. Ela não havia imaginado o quão perigoso poderia ser ter dado vazão a sua curiosidade, e agora via-se em meio ao perigo por estar nas mãos de um homem que estava em busca de vingança. Uma vingança que poderia acabar com a sua vida antes que ela se desse conta. – O que... eu vou fazer? – se perguntou ao olhar para o chão. Assim como o quarto, que encontrava-se em pleno breu, o coração e a mente dela estavam daquela forma.

-Esse é apenas o inicio – Nikko disse a si mesmo ao descer as escadas no silencio de sua casa. Seus passos ecoavam produzindo um som inquietante, e apesar de sua mente vagar para os momentos felizes de sua vida, percebeu estar conseguindo o que pretendia – Assim que eu conseguir levá-la ao desespero, prometo seguir em frente – murmurou ao sentar-se no chão, no saguão, em frente a porta, ao lado de uma garrafa de conhaque escocês.

Flashback on

O sorriso brotava nos lábios de Nikko ao avistar, a sua doce, Tifanni acenar para ele ao vÊ-lo estacionar o seu carro próximo a entrada da casa de campo. Eles estavam casados a menos de um ano.

-Está atrasado – Tifanni reclamou ao correr ate ele, passando os braços envolta de seu pescoço – Estou lhe esperando a mais de uma hora.

-Eu tive problemas na negociação – explicou ao fazer uma careta. Aproximou a sua testa da dela e sorriu – Prometo compensar meu atraso.

-Como?

-Posso cozinhar para você, o que acha? – indagou brincalhão por saber que ela jamais aceitaria aquela oferta, pois da ultima vez em que ele cozinhou, quase, tocou fogo na casa.

-Não acho que os bombeiros vá chegar rápido desta vez – argumentou pensativa – mas aceito que me leve a um concerto.

-Certo – disse após pensar – Eu odeio, mas vou porque te amo, sabe disso, não é?

-É claro – confirmou sorridente ao beijá-lo com paixão – e é por isso que eu te amo tanto. Pode me levar para a cidade hoje?

-Hoje não posso. Tenho que fazer uma conferencia.

-Tinha me prometido que seriamos apenas nós dois este final de semana.

-Eu sinto, mas foi impossível. Sabe que sem mim aquela empresa não anda.

-Deveria deixar seus irmãos fazerem algo – disse ao se afastar dele – quero passar mais tempo com você.

-E eu com você, mas sempre soube da minha paixão pelo trabalho.

-Paixão? Sempre denomina suas obsessões assim – murmurou antes de suspirar – eu irei sozinha então.

-Não esta brava, está? – perguntou brincalhão recebendo como resposta o sorriso dela. Um sorriso que ele jamais esqueceria, pois foi o ultimo que ela lhe dera antes de aparecer morta em um acidente de carro.

Flashback off

O corpo de Nikko estava jogado no chão junto a garrafa vazia do conhaque. Ao seu lado um homem olhava pesaroso a cena. Por mais que ele compreendesse os sentimentos de seu irmão, Fabriccio, jamais iria concordar plenamente com aquela trama sórdida. Uma trama que o final traria apenas dor a todos os envolvidos. Abaixou-se, e com gentileza tocou o rosto de Nikko.

-Está na hora de acordar – a sua voz acarretou em alguns murmúrios desconexos do homem deitado no chão, o que fez sacudir – acorde... Ei.. acorde – a sua voz não passava de um sussurro para Nikko, que continuava adormecido. O sono de nikko era consequência de sua dor, entorpecido pelo álcool deixou-se ser levado pela ilusão e pelos seus sonhos onde sua esposa ainda permanecia ao seu lado. Embriagado pelas recordações em seus devaneios permaneceu adormecido, apesar de escutar alguém lhe chamar. Ao sentir algo em seu rosto, algo gelado, abriu os olhos calmamente se deparando com o semblante sorridente de seu irmão mais velho. Levou a mão ao rosto ainda sentindo o seu corpo lento.

-Eu joguei água – Fabriccio esclareceu divertido ao olhar em volta – você tirou todos os moveis daqui. A casa é bem espaçosa – elogiou sem saber o que dizer naquela situação. – o que veio fazer aqui? Não abria essa casa desde que ela.. morreu.

-Era necessário – disse simplesmente ao sentar-se com dificuldade. Gotas de águas escorriam pelo seu rosto escorrendo ate o seu queixo caindo, em seguida, no chão – Como soube que eu estava aqui?

-Não foi difícil imaginar – murmurou ao suspirar – Onde ela está?

-Você está ficando muito esperto – disse ao pegar a garrafa vazia e virá-la – acredito que não trouxe nenhuma bebida consigo.

-Não sou um alcoólatra – tornou sério – O que esta fazendo de sua vida? Porque esta bebendo e.. porque continua?

-Da ultima vez, prometeu que iria me ajudar.

-Nunca prometi nada, apenas ficarei ao seu lado, entretanto não acha que deve deixá-la livre e se vingar de longe? É isso que as pessoas fazem nos filmes, e costuma dar certo. Irei te emprestar alguns filmes que tenho. Old Boy, é um filme consagrado sobre vingança, tem Kill Bill, mas não acho que seja uma boa opção.. Posso procurar um que seja útil, o que acha?

-Fabriccio, isto não é um filme, é a vida real – se apoiou na parede atrás de si para se levantar com dificuldade – nunca perdeu ninguém na vida, não é meu irmão? Imagina como é meu sofrimento ao perder a mulher que amava? E como acha que me sinto ao ver a causadora de meu martírio viva? Feliz? Sorrindo? Acha que isso é justo? É justo ninguém pagar pela morte dela? Tifanni ERA ALGUÉM. ALGUÉM QUE EU AMAVA. É difícil assim entender que quero apenas..

-Deseja se vingar não pela sua morte, mas sim por sua dor. – Fabriccio disse sério – não esta querendo se vingar pelos motivos certos. Entenda isso.

-Existe motivo certo para se vingar? – tornou irônico ao retirar uma chave de seu bolso – a única coisa que preciso é disso aqui.

-Uma chave – sorriu tristemente – Então a prendeu aqui – olhou para cima encontrando apenas o teto e o silencio – aonde ela está? Deixe-me ir ate ela. Eu vou cuidar de tudo.

-Não há nada que possa fazer. Eu já iniciei. Os ponteiros do relógio estão correndo mais rápido do que esperava. Aos poucos nada restará.

-Esta falando como um louco!

-Foi o que me tornei – confessou ao encará-lo – deixe-me viver em minha agonia tendo como elixir para evitar o hospício, a destruição dela. Só lhe peço isso.

-Como posso vê-lo se acabar desta forma e levando consigo uma jovem?

-Não se esqueça que ela matou a sua cunhada. Uma cunhada que você estimava.

-Eu sei, mas...

-Sem desculpas, por favor – pediu ao ir em direção as escadas – Não me siga e retorne para casa. Este é um assunto que eu devo lidar daqui em diante.

-O que fará se perceber estar errado?

-Eu nunca erro – falou antes de dar as costas e subir as escadas lentamente sentindo o olhar de seu irmão em suas costas.

-A essa hora ela já deve estar a alguns metros de distancia – Fabriccio murmurou ao recordar-se da cena inusitada que presenciou assim que o seu carro se aproximou da casa. Uma jovem trajando calça jeans e uma blusa de manga comprida descia por uma corda feita de lençóis da sacada de um dos quartos. Não foi difícil para ele entender o que acontecia dada a situação. Ele apenas fingiu não ver assim que o carro passou por ela.

Os pés de Melanie doíam a cada passo que dava. Olhou para trás mais uma vez apenas para ter certeza que não havia nenhum carro atrás de si. Ela correu o máximo que conseguiu estando com fome e sede, e agora caminhava a passos lentos sempre em frente. Por metros, ela não viu nada. Nenhum carro passou por ela, nenhuma voz foi escutada com exceção de seus lamentos. O sol começava a lhe incomodar de uma maneira que ela jamais imaginaria. Continuou a caminhar, apesar de seu corpo não aguentar, achando estar tendo alguma alucinação escutou um barulho ao longe. Um som de automóvel. Estremeceu ao imaginar o que Nikko faria consigo ao encontrá-la. Imersa em seu medo, olhou para os lados a procura de um lugar para se refugiar. O seu coração batia violentamente no peito, em meio ao desespero avistou uma moto aproximando-se. Ela não possui muito tempo para analisar a situação em que se encontrava, e antes que desistisse ficou no meio da pista com os braços abertos e o olhar esperançoso.

-Qual seu problema? – uma voz rouca indagou nervosa ao parar a moto a poucos centímetros dela.

-Por favor, me ajude – implorou ao cair de joelhos na estrada. Ela não possuía mais forças para fugir – me ajude a... sair daqui – pediu ao erguer a cabeça e se deparar com um par de olhos verdes tão claro que para ela eram cinzentos.

-Suba – disse após alguns segundos ao estender o seu capacete para ela – só trouxe um, fique com ele.

-Obrigada...muito obrigada – murmurou ao levantar-se com dificuldade e se posicionar atrás do misterioso homem, em sua moto. Para Melanie, não se passou três segundos desde que ele ligou a moto e se afastou do local onde estavam com rapidez. Sem perceber o que fazia, Melanie contornou a cintura do homem com seus braços sem perceber a expressão na face do desconhecido.

A face de Fabriccio não revelava o sorriso que sentia vontade de esboçar ao ver o desespero de Nikko ao retornar ao saguão, vasculhando em seu bolso a chave de seu carro.

-O que houve? – Fabriccio perguntou fingindo inocência ao ver a expressão aterrorizante na face de seu irmão.

-Ela fugiu – respondeu afoito ao encontrar a chave.

-Não pode dirigir – disse em tom de censura – ainda esta consciente o suficiente para dirigir, eu faço isso – tornou sério com o objetivo de atrasá-lo – vamos em meu carro.

-Porque acho que há algo por trás de sua bondade? – indagou desconfiado.

-Não sei, sou inocente – sorriu levemente ao ir em direção a porta sendo seguido por Nikko. – O que fará a ela quando a encontrar?

-Trazê-la de volta. O que mais espera que eu faça?

-Libertá-la disso, talvez.

-Não diga bobagens – murmurou contrariado ao sentar no banco de passageiro. Olhou o modo como Fabriccio dava ré no automóvel – Porque esta lento? Costuma dirigir mais rápido que eu.

-É impressão, estou dando apenas a ré, tenha calma – engoliu em seco ao acelerar contra a sua vontade – Espero que já esteja longe – balbuciou ao olhar de soslaio para Nikko e vê-lo preocupado.

Inúmeros pensamentos estavam envolvendo a mente de Nikko aquele instante, enquanto se perguntava o quão tolo alguém poderia ser para der deixado escapar a única chance de salvação que tinha.


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