Redenção escrita por Srta Snow, Tahy S Snow


Capítulo 3
Capítulo 2 - O fantasma do passado surge


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem deste capitulo..

Beijos



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As vozes ao redor de Maria não lhe afligia como imaginara. Ao ser convidada para ir ao restaurante com Nikko Nicolai, o dono da empresa em que trabalhava, se viu confusa e ao mesmo tempo temerosa. Nikko estava sentado em sua frente a dez minutos sem dizer nada, apenas encarando-a como se estivesse avaliando-a de alguma forma. Maria começou a se agitar assim que o garçom se aproximou depositando dois pratos em cima da mesa, um em sua frente e outro em frente a Nikko.

-Eu não pedi isso – Maria informou ao garçom. Ele apenas assentiu e a ignorou saindo em seguida.

-Eu pedi – Nikko disse sério ao sorrir – espero que goste de minha escolha. Minhas escolhas costumam agradar a todos. – ele a observou discretamente ate vê-la dar de ombros, olhar para o prato em sua frente e começar a comer em silencio. Com elegância, Nikko começou a comer sem vontade a comida em sua frente. Desde a morte de sua esposa, ele não sentia fome apenas se alimentava por saber que necessitava de forças para se vingar. A cada mordida o sabor do alimento tornava-se pior, não por estar ruim, mas sim por perceber que estava vivendo enquanto o seu amor já estava morto.

-Me perdoe, Sr Nicolai – Maria disse ao depositar os talheres em cima do prato e encarar o homem a sua frente – Imagino que tenha um motivo para me chamar aqui.

-Sim, há – respondeu sem alterar-se – Sei que a sua filha cometeu um crime a alguns meses atrás. Devo dizer o tempo exato?

Maria empalideceu ao escutar as palavras de Nikko. Sua vontade era de gritar e esbravejar que ela não possuía culpa em ter uma filha como ela, mas permaneceu quieta.

-Não é necessário. É impossível esquecer, mas confesso que estou curiosa em saber como descobriu.

-Não é difícil levando-se em consideração que.. a mulher que sua filha matou era minha esposa.

-Do que... isso é alguma..

-Esta surpresa? Isso não foi nada perto do que senti em ver a minha esposa daquela forma, mas sabe o que é mais divertido? – perguntou ainda almoçando calmamente – O ódio que sente pela sua própria filha.

-Isso é ridículo, eu não a odeio – Maria argumentou com a voz falha ao vê-lo falar tão calmo – o que me disse é verdade? Ela era realmente a sua esposa?

-Sim – assentiu ao sorrir levemente.

-Então como pode estar falando...

-Tão calmo? – indagou sem demonstrar surpresa – porque passei os últimos meses organizando a minha vingança contra a sua filha.

-Vingança contra a minha filha? E se pretende fazer isso porque veio ate mim? Porque me contou isso?

-Porque sei que poderá me ajudar.

-É um louco – murmurou ao se levantar – se não se importar, estarei indo embora.

-Se for, não terá seu desejo realizado.

-De que desejo está falando?

-Se tornar a gerente. É isso o que sempre quis, não é? Eu posso lhe dar isso. Posso lhe dar o cargo de gerente que tanto desejou.

-E o que pede em troca? – perguntou interessada.

-Nada que já não queira – a voz de Nikko saiu controlada quando o que ele mais desejava era gritar. Gritar com a mulher a sua frente – Sei que deseja que ela saia de sua casa, afinal o que ela fez apenas lhe deixou mal vista, não é?

-Exatamente.

-E por ela ser menor de idade, apenas a impede de fazer algo mais... rigoroso. – a viu assentir em silencio voltando a sentar-se – então quero propor que a mande ir para a minha casa.

-Ir para a sua casa? Está querendo abusar de minha filha? É isso? Se for apenas perderá o seu tempo.

-Do que está falando?

-Deveria ter feito uma pesquisa melhor sobre ela antes de vingar-se – deu de ombros ao olhar para ele com desprezo – posso ser uma péssima mãe, mas não permitirei isso.

-A ultima coisa que desejo é tocá-la desta forma. Só em pensar sinto repulsa.

-Então porque deseja que a mande para morar com o senhor?

-Porque a melhor forma de me vingar é lhe tirando tudo que é mais precioso – falou sério ao depositar um papel em cima da mesa – Se assinar este documento aceitará os meus termos e será promovida a gerente. A única que estará contra o seu sonho, é você mesma.

-Isso é um tipo peculiar de chantagem.

-Pode afirmar deste modo.

-Poderia lhe denunciar a policia.

-Sobre que pretexto? Sou apenas um homem em busca de conforto, o que posso fazer se minha consciência não me deixa dormir a noite?

-O que fará, exatamente, com ela? – perguntou ao segurar o documento e encará-lo friamente – preciso saber antes de assinar.

-Muito bem, será melhor dizer o que não farei com ela. – falou após alguns segundos – Não a tocarei de nenhuma forma sexual, não a prenderei em algum quarto e a matarei de fome, não a estrangularei, não irei atirar nela, não vou afogá-la na piscina, não tentarei...

-Eu já entendi – Maria o interrompeu ao erguer a sua mão – se não pretende matá-la, o que fará exatamente? Não me diga que irá fazê-la se apaixonar por você e depois dizer que foi vingança? Isso é patético demais.

-Não – negou sério esboçando um leve sorriso – Matá-la apenas faria de mim um homem acusado de homicídio. Em que isso iria me diferenciar dela? Irei apenas.. atormentá-la com o seu erro.

-Será uma vingança psicológica então – falou após analisar os argumentos dele – e isso o deixará mais calmo?

-Acredito que isso não seja necessário responder.

-Não é – sorriu ao abrir a sua bolsa e retirar uma caneta – irei assinar este documento, mas precisará escrever algumas coisas nele. Não confio totalmente no senhor.

-Se não confia em mim então porque me vender a sua filha?

-Porque não suporto olhar para ela e ver em seus olhos o erro. Um erro que me custou muito.

-Muito bem, o que deseja que eu escreva?

-Que ela continuará frequentando o colégio, posso não gostar dela, mas ainda sou a sua mãe. – o viu assentir contrariado – e que não irá matá-la ou violentá-la, e não somente isso.. prometer que não forçá-la a fazer algo. Não desejo saber que ela foi violentada e em seguida o seu corpo aparecer em algum canto da cidade.

-Me toma como um assassino psicopata – Nikko sorriu ao assentir – Escreverei estas e ainda acrescentarei outra, nada faltará para ela. Não se preocupe.

-Não estou preocupada – garantiu – ela sabe se cuidar bem. Muito bem – acrescentou com um brilho misterioso no olhar. Entregou o documento para Nikko que escreveu o que havia prometido e ao entregar de volta para Maria, a viu assinar sem hesitar.

-Que tipo de mãe entrega a sua filha para a ruína? – perguntou curioso – não imaginei que existissem este tipo de pessoa.

-Existem pessoas piores, eu apenas estou fazendo algo que irá beneficiar a todos.

-Com exceção dela, é claro.

-Se acha. – levantou-se e o olhou – Não espere que ela seja uma mocinha indefesa em busca de perdão. Ela jamais seria isso, apenas esteja preparado para vê-la transformar a sua vida... em um completo inferno – disse antes de virar-se e ir embora.

-Um inferno? Sim, quero ver este inferno e lhe mostrar um ainda pior – Nikko disse a si mesmo ao olhar para o documento assinado por Maria – Uma família pior que a minha, tens sorte – o seu olhar ergueu-se para o nada ao contemplar o andamento de sua vingança.

***
O lápis que Melanie segurava caiu no chão fazendo-a hesitar antes de o pegar e olhar sem jeito para os alunos e o professor que encarava inexpressivo. Ela estava em sua quarta aula aquele dia e desejando ardentemente poder ir embora. Voltou a sua atenção para a tela com desenho ainda inacabado.

-Quero que terminem esse desenho antes da aula acabar – o professor de artes falou ao ver a maioria dos alunos disperso. Seu olhar pousou em Melanie Fells, a adolescente que ele desejava expulsar de sua sala. – E para a senhorita Fells, devo confessar que a minha atenção em seu desenho será especial.

-Não imagino que seja de outra forma – Melanie revidou ao olhar para ele antes de fixar a sua atenção no desenho que fazia. Em sua frente um desenho escuro com três pessoas embaixo da chuva encontravam-se em pé, uma em frente a outra, enquanto algo luminoso estava atrás deles. – Uma pintura sempre reflete o que há no coração do artista – Melanie murmurou ao terminar de pintar sem perceber os olhares de inveja de algumas alunas.

-Como ela pode pintar tão bem? – a garota que havia a confrontado antes perguntou as suas colegas que apenas se entreolhavam – Uma escoria como ela, como pode ter esse dom? chega a ser uma afronta a nós, não acha? – viu as garotas assentirem – o que poderíamos fazer? Talvez.. devêssemos retirar isso dela? Seria divertido – murmurou ao voltar a pintar com o olhar determinado.

***
Christopher estacionou o seu carro de qualquer jeito ao sair dele rapidamente. Correu para dentro de sua casa ao se esbarrar nos diversos homens que levavam moveis consigo. Moveis do quarto de Melanie. Subiu as escadas o mais rápido que conseguiu e ao parar na porta com o adesivo de coelho avistou a sua mãe sorrindo.

-O que está acontecendo? Porque estão levando os moveis de minha irmã? O que..

-Estou apenas acabando com um de nossos problemas – Maria tornou fria ao olhar para tudo como se contemplasse uma obra prima – Será melhor desse jeito.

-Do que esta falando? Onde.. – Christopher parou de falar ao perceber o que estava acontecendo – Esta expulsando a minha irmã? – perguntou surpreso.

-Estou apenas mudando o seu endereço – disse vagamente ao ver o cômodo onde era o quarto de Melanie tornar-se vazio – A nossa casa  e a nossa vida enfim ficará melhor sem ela aqui.

-ESTA LOUCA? – gritou ao correr para as escadas, mas teve o seu braço segurado por Maria – O que esta fazendo agora?

-Já fiz. Acabou, não há volta.

-O que você fez?

-Eu apenas dei um lar para ela. Um lar onde alguém quer a sua presença.

-Sua louca – falou antes de libertar o seu braço e descer as escadas – eu tenho que ir ate ela. Eu preciso alcançá-la – disse a si mesmo ao sair de casa.

***
Dentre todos os alunos que se aglomeravam para sair apenas um servia para Nikko. O homem em pé próximo a saída do colégio. Ele olhava para todos a espera de ver a tão familiar face. A face da única culpada pela sua dor. Quando já estava entrando no colégio a avistou caminhar com a cabeça ereta em direção a saída. Com medo de perde-la de vista foi ate ela passando entre os alunos que olhavam curiosos para ele.

-Melanie Fells – disse o seu nome em voz alta a poucos centímetros dela, a fazendo parar e encará-lo – Parece que agora.. a sua vida será comigo.

-O que? – perguntou confusa ao observar o homem a sua frente - Não diga bobagens – sem pestanejar passou por ele sentindo logo o seu braço ser puxado – O que esta fazendo agora? – falou agressiva ao sentir a mão do homem em seu braço.

-Estou levando-a comigo – sem mais explicações a puxou em direção a saída e em seguida ao seu carro sem importar-se com suas reclamações ou suas ações para soltar-se dele. – Eu a avisei que a partir de hoje sua vida... será ao meu lado – abriu a porta do carro e a empurrou para dentro jogando em cima dela um papel – é melhor ler – a advertiu antes de dar a volta no carro, entrar e dar a partida.

-O que.. isso é alguma brincadeira? – Melanie perguntou ao ler o documento inúmeras vezes – Isso.. aqui esta dizendo que agora... sou como uma propriedade sua. Quem és e o que..

-Sou o marido da mulher que você matou – Nikko respondeu sorrindo com o silencio que se seguiu.

***
Christopher avançou tantos sinais vermelhos quanto já havia feito anos atrás, mas ao parar em frente ao colégio de Melanie não viu nenhum outro aluno. Em meio ao desespero saiu do carro e foi em direção ao portão fechado.

-MELANIE – gritou preenchido pelo medo. Medo de nunca mais ver a sua irmã.


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Notas finais do capítulo

E ai..diferente de segunda chance? rsrss