Redenção escrita por Srta Snow, Tahy S Snow


Capítulo 10
Capitulo 9 - Afogando-se


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem do capitulo..



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O silencio do quarto de Melanie começava a incomodá-la. Seus olhos já haviam vasculhado todo o cômodo. Sem apresentar surpresa percebeu que não havia nada que pudesse distraí-la. Suas telas e tintas não haviam sido levadas nem os livros que costumava ler. O tédio tomava conta de si ao escutar um barulho na porta. Ergueu-se da cama esperando ver o rosto inexpressivo de Nikko, entretanto continuou escutando as batidas em sua porta. Levantou-se sem vontade e ao abrir a porta, surpresa, sorriu para o segurança.

–Não acho que precise de segurança dentro do quarto – Melanie tornou bem humorada diante do olhar sério do homem.

–O Senhor Nicolai a espera na piscina.

–Aqui tem piscina? – perguntou perplexa ao vê-lo assentir – Tudo bem – murmurou ao fechar a porta e seguir o segurança. Seus passos não ecoavam como o do homem a sua frente o que a fez olhar para os próprios pés e perceber estar descalça. Deu de ombros ao descer as escadas e seguir para a cozinha, estranhou, entretanto continuou a andar e logo avistou um lindo jardim com uma piscina próxima a ele. Seus olhos percorreram o local ate avistar Nikko sentado em uma cadeira próximo a piscina. Em sua frente repousava um copo e um jornal. Ao se virar para agradecer ao segurança percebeu estar sozinha. –Então porque me chamou aqui? – perguntou tentando manter a calma ao olhar para a piscina a sua frente – Pretende me afogar?

Nikko ergueu o seu olhar do jornal e voltou a sua atenção para a jovem a sua frente. A olhou de cima a baixo tentando encontrar algum aspecto positivo, vendo apenas a imaturidade nela. A sua juventude exalava pelos seus poros fazendo-o desistir daquela ideia. Uma ideia que poderia arruinar a sua vida. Ergueu-se da cadeira em que estava e com extrema calma se pôs a caminhar ate onde ela permanecia parada, olhando para ele.

–Esta muito calma hoje – Nikko tornou ao aproximar-se cada vez mais dela – Qual o motivo?

–Estou entediada, apenas isso – garantiu dando de ombros – o que quer? – Nikko continuou estudando-a de tal forma que a fez sentir-se constrangida – Esta me dando arrepios. Arrepios assustadores. O que quer? Se não falar vou voltar a minha prisão.

–Quando fará dezoito anos? – Nikko se viu perguntando e ao ver a expressão de surpresa dela manteve a expressão fria. – Ano que vem?

–Esse ano ainda – respondeu confusa – Sua vingança irá ate os meus dezoito anos?

–Se for? O que fará?

–Nada, apenas lhe digo que terá que correr contra o tempo – falou ao dar de ombros – não demoro para fazer dezoito anos. Se apresse porque não irei esperar ate o fim da minha vida para que consiga a vingança que deseja – disse séria e ao se virar para ir embora, sentiu a sua mão em seu braço.

–Sempre petulante – murmurou ao segurar em seu braço – me pergunto.. o quão desesperador deve ser buscar o oxigênio e não encontrar. Como é a sensação? Diga-me, porque não vemos isso mais uma vez? – o olhar de Nikko demonstrava todo o desprezo que conseguia sentir ao olhar para Melanie, entretanto a reação que esperava dela não aconteceu. Ela permaneceu parada olhando-o friamente. – Espero que esteja pronta – Nikko disse ao puxar o braço dela com força e a jogar na piscina. Os olhos de Melanie arregalaram-se ao sentir o seu corpo cair contra a água e por mais que imaginasse algo como aquilo, percebeu que não estava preparada para enfrentar o seu medo. Não em frente ao homem que a desprezava e a odiava. Ao tentar voltar a superfície percebeu o quão ingênua estava sendo. Após jogar Melanie, Nikko pulou na piscina com um único intuito: fazê-la sentir o desespero. Seu corpo lutava contra a força de Nikko que empurrava o seu corpo para o fundo não importando o quanto ela estivesse lutando para não afogar-se. O sorriso no rosto de Nikko não demonstrava a felicidade que sentia ao ver Melanie debater-se, lutar para manter a sua vida. As mãos dela seguravam com força o braço de Nikko que continuava a empurrar o seu corpo. Ela já estava desistindo de lutar contra ele quando sentiu o seu corpo mais leve, entretanto ainda não estava salva. Nikko afastou-se dela contra a sua própria vontade, permaneceu afastado esperando vê-la nadar para longe dele. Estranhou ao perceber os segundos se arrastarem e ela permanecer submersa quando já estava indo ate ela a viu emergir e retornar ao fundo novamente. Demorou para perceber a verdade, ela não sabia nadar. Praguejou baixo ao nadar em direção a ela e ao vê-la de olhos fechados segurou em sua mão puxando-a para si.

Melanie nada sentia ou escutava ate algo forçá-la a abrir os olhos. Demorou alguns segundos para tossir toda a água que tinha engolido. Abriu os olhos lentamente encontrando o olhar frio de Nikko a poucos centímetros dela. Encararam-se ate ela perceber o que houve. Com um grito afastou-se dele levando a mão aos seus lábios.

–Não me diga que fez isso – Melanie suplicou ao olhar para ele – não fez, certo?

–Na próxima vez lembrarei de a deixar morrer afogada – Nikko respondeu sério ao levantar-se do chão seguindo para o interior da casa.

–Eu preferia estar morta do que dever algo a você – a voz dela saiu tão fria quanto ele costumava falar com ela – na próxima vez, não me salve.

–Eu não o farei – murmurou ao entrar deixando-a sozinha. Melanie olhou para a água com pavor ao perceber o que poderia ter acontecido com si. Levou a mão ao seu coração sentindo as batidas frenéticas de seu coração e o terror que havia tomado conta do seu corpo. Permaneceu parada durante longos minutos ate se erguer e caminhar para o quarto novamente. Por mais que ela odiasse o tédio, se sentia segura entre aquelas quatro paredes. Seus passos se arrastavam por todo o caminho, ao subir as escadas segurou no corrimão temendo que algo acontecesse a si. Melanie não havia se dado conta ate aquele momento o quanto estava vulnerável.

O aparelho de celular repousava em cima da cama de Nikko, enquanto ele se mantinha imóvel em frente a janela admirando o jardim que sua esposa tanto amava.

–Eu a farei pagar por ter me afastado de você – prometeu a si mesmo ao fechar os olhos para conter as lagrimas.

***
A luz do sol penetrou pela janela dos quartos da casa de campo de Nikko. Com exceção de dois quartos, todos se iluminavam com a, pequena, luz que entrava. Uma jovem remexeu-se na cama com o intuito de esconder o seu rosto da luminosidade, mas percebeu ser impossível minutos depois. Sentou-se na cama deixando que seus cabelos caíssem pelo seu rosto escondendo as olheiras e o olhar vermelho. Olhou para a janela aberta e imaginou um mundo onde tudo fosse diferente.

–Esse mundo nunca iria existir, não é? – se perguntou com um sorriso triste nos lábios ao se levantar e ir em direção ao banheiro. Se arrumou mais lentamente possível e ao descer as escadas estranhou o silencio – Sou uma tola, essa casa sempre foi silenciosa – percebeu ao continuar a descer as escadas, se dirigindo ate a cozinha onde encontrou a mesa postas. Aproximou-se curiosa, mas logo a surpresa em seu semblante deu lugar ao desanimo. Havia apenas frutas. Com desgosto, Melanie pegou uma maçã e quando estava lendo a boca escutou passos atrás de si. Virou-se lentamente ficando pálida ao ver Nikko tão próximo de si.

–Não gosta de frutas? – perguntou friamente ao parar em frente a ela – é a única coisa que não queimo.

–Posso comer algo no colégio – tornou ao afastar-se dele – é melhor eu ir. – Nikko assentiu lhe dando passagem. Ela se afastou rapidamente deixando seu aroma para trás.

***

Os pensamentos de Nikko encontravam-se nebulosos ao passar pela entrada de sua empresa. Caminhou altivo pelos empregados sem cumprimentá-los, seguiu para a sua sala onde se trancou.

–Preciso continuar me mantendo firme – disse a si mesmo ao ligar o computador e iniciar o seu trabalho. Horas depois foi interrompido ao escutar a porta sendo aberta e ao erguer o olhar deparou-se com o seu irmão, lhe olhando. – Deveria avisar que viria – tornou sem humor ao voltar a sua atenção para os balancetes a sua frente.

–Um irmão deve marcar horário para ver o outro? – Fabriccio tornou sério ao fechar a porta atrás de si – Já convidou alguém para ir com você?

–Não – negou sem encará-lo – acho que irei sozinho.

–Isso irá aumentar as suspeitas.

–Não me importo.

–E a... garota? Porque não a leva? – incentivou.

–Não preciso da ajuda dela para nada – respondeu friamente.

–Está sendo ridículo. Se levá-la poderá esclarecer isso tudo.

–E falar que estou me vingando de uma adolescente por ter matado a minha esposa? Isso soa compreensivo o suficiente para você?

–Não deveria agir dessa forma.

–Como devo agir então? – perguntou com raiva ao erguer o olhar – diga-me, se é tão qualificado e seguro de si. – diante do silencio de Fabriccio, Nikko prosseguiu – estou ficando farto de seus conselhos benevolentes.

–Conselhos benevolentes? – sorriu sem vontade ao cruzar os braços em frente ao seu corpo – sou o único que pensa em você, e incrivelmente, é o único que não percebeu. Todos ao seu redor querem lhe destruir, e eu sempre estive ao seu lado. Como pode me dizer isso? Você perdeu a esposa e eu perdi a cunhada que era como uma irmã. Eu também estou sofrendo, mas parece que não percebe. Para você, o único que pode sofrer, o único que tem essa permissão é você. Como é tolo. Tenho pena de você, meu irmão – o olhou com pesar antes de lhe dar as costas e sair em silencio. Nikko suspirou frustrado ao perceber o quanto havia sido insensato com seu irmão.

–Consertarei as coisas hoje à noite – falou sozinho ao voltar a sua atenção para o trabalho, entretanto sua visão pousou no retrato de sua esposa em cima de sua mesa.

Fabriccio olhou para a porta fechada atrás de si perguntando-se o que poderia fazer para ajudar o seu irmão, apesar de estar prestes a brigar com ele, ainda o amava ao ponto de querer o seu bem.

–Talvez eu deva intervir – murmurou ao assentir caminhando em direção ao elevador.

***
O copo repousava em cima da mesa formando um circulo de água a baixo de si. Os olhares dos alunos encontravam-se concentrados no professor em sua frente, entretanto Melanie mantinha o seu olhar no copo em cima de sua carteira. O gelo havia derretido restando apenas um liquido. Permaneceu olhando para o copo sem perceber que estava sendo chamada.

–Melanie? – uma menina que sentava atrás de si a chamou – Estão lhe chamando – explicou ao ver o olhar estranho de Melanie.Os olhos de Melanie passaram pela sala em busca da pessoa que a procurava e encontrou um par de olhos verdes, estranhou por não conhecer o homem que a olhava de forma gentil com um sorriso na face. O encarou ainda sem saber o que fazer, mas logo se viu levantando-se da carteira e caminhando ate o desconhecido, que permanecia parado na porta atraindo a atenção dos demais. –Quem é você? – Melanie perguntou ignorando o olhar que o homem lançava para ela – não me lembro de conhecê-lo.

–Não conhece – esclareceu ao sorrir – podemos conversar em outro lugar?

–Outro lugar? Podemos falar no pátio – sem esperar uma resposta do desconhecido, andou em sua frente começando a lembrar-se de sua imagem aos poucos. Estancou no meio do corredor e virou-se com o olhar determinado – Veio aqui por Nikko? Porque me lembrei de você.

–Tem uma boa memória – Fabriccio disse sem tirar o sorriso – me viu de relance um dia, e se recordou.

–Sim, o que faz aqui?

–Vim pedir a sua ajuda.

–Minha ajuda? – repetiu incrédula ao olhar para o homem com estranheza – não deve saber a minha relação com ele, mas devo lhe advertir que ele não gostará de nada que propor.

–Eu sei muito bem a relação que possuem.

–E qual seria? – indagou com escárnio e curiosidade.

–Ele é alguém em busca de vingança e você de redenção – esclareceu confiante – preciso dar algum detalhe a mais?

–Como..sabe?

–Seria impossível não saber, afinal sou um Nicolai.

–É irmão dele?

–Sim, o irmão mais velho.

–Se é irmão dele, sabe melhor do que ninguém qual a nossa relação, então porque veio ate mim?

–Porque o conheço o suficiente para saber que precisa de ajuda – disse ao olhar para ela com carinho e curiosidade. Melanie não sentia confiança no homem a sua frente, entretanto se viu escutando o que ele tinha a dizer e logo percebeu o quanto estava sendo tola ao entrar no carro dele, minutos depois.

–Vou me arrepender disso depois, não vou? – Melanie perguntou ao olhar para o rosto de Fabriccio.

–Provavelmente, a propósito, meu nome é Fabriccio. – falou ao acelerar o carro. A jovem sentada ao seu lado apenas assentiu sem vontade ao olhar para a paisagem. Os minutos passaram rapidamente acompanhados pelo som que Fabriccio colocou para tocar. Uma musica agitada e envolvente que lhe trouxe recordações de um tempo que desejava esquecer. – Imersa em recordações infelizes? – Fabriccio perguntou ao perceber o semblante entristecido de Melanie ao virarem uma avenida.

–É bom em ler as pessoas?

–Um pouco. Nessa família você precisa ser bom em duas coisas: com o dinheiro ou com o temperamento isolados que os Nicolais possuem.

–Não possui talento pro dinheiro?

–Nenhum – disse sorrindo – mas para isso temos o Nikko.

–Esta dizendo que... ele é o responsável pela família? – perguntou, segundos depois sem encarar o homem sentado ao seu lado.

–Podemos dizer que sim – respondeu misterioso ao calar-se – e o você, o que esta achando de meu irmãozinho?

–Um homem louco – disse sincera – deve ser um mal de família.

–Provavelmente é mesmo – afirmou sorridente ao estacionar o carro e olhar para Melanie após tirar o cinto de segurança – chegamos. – Melanie olhou curiosa demonstrando a confusão em sua face, segundos depois, ao olhar para Fabriccio.

–Porque estamos aqui?

–Porque preciso de sua ajuda. – falou ao sair do carro esperando que ela fizesse o mesmo, mas logo percebeu que ela poderia ser teimosa quanto qualquer membro de sua família. – Saia que prometo lhe explicar e se ainda não quiser participar, prometo lhe deixar em seu colégio.

Melanie ponderou ate se dar por vencida e sair do carro.

–Diga-me, o que está havendo?

–Nikko está com problemas e espero que possa ajudá-lo. Fará dezoito anos quando?

–Daqui a poucos meses.

–Perfeito – sorriu – preciso que vá a um lugar comigo e fique ao lado dele.

–De Nikko?

–Exatamente.

–Acho que não entende o quão complexo é o assunto e...

–Eu sei de todos os detalhes. De todos – esclareceu sério – estou lhe pedindo, de forma gentil, que me ajude, eu não quero, e espero que não precise, lhe forçar a fazer o que desejo. Basta aceitar e tudo acabará logo.

–Uma maçã podre não cai longe da arvore, não é? – tornou ao encará-lo com firmeza – eu farei,mas não pense que pode me controlar. Esta será a primeira e ultima vez.

–Sem problemas – sorriu.

–E não sorria em minha presença novamente, pois sinto ânsia ao ver alguém tão falso quanto você – disse firme ao afastar-se dele caminhando em direção ao edifício a sua frente. Fabriccio suspirou ao segui-la em silencio.

Eu precisava fazer isso. Tenho que ajudar Nikko” pensou ao tentar se redimir pelo modo grosseiro de agir.


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Notas finais do capítulo

O próximo capitulo esta muito bom... sou suspeita, é claro, mas amei escrevê-lo..
Beijos