A luz do dia batia em minha janela pedindo para entrar. Suspirei. Levantei da cama a ajudando a entrar abrindo as cortinas. Observei o dia com clareza. Estava nublado. Gosto dos dias nublados, por me deixarem mais tranquila e relaxada. Ou talvez por simplesmente serem tão sem foco que me fazem querer ser como eles. Sem preocupações, sem objetivos, sem alguém para machucar.

Me virei para o guarda roupa tentando afastar esse pensamento, procurando uma roupa para vestir. Era meu primeiro dia de trabalho, já que fazia bastante tempo que não andava procurando por um. Queria recomeçar minha vida, fazer algo diferente. E tudo iria começar agora. Escolhi a roupa mais adequada possível, um vestido preto e colado com um pequeno decote nas costas. Coloquei um salto alto preto e fino e logo após algumas jóias básicas. Me olhei no espelho para ter certeza de que estava bem. Passei as mãos pelos meus cabelos, lembrando de quando os usava curto e com mechas coloridas. Ri com a lembrança. Eles estavam maiores, mas não muito, batiam no meu peito, com leves luzes nas pontas. A franja que eu tinha não existia mais. Agora a deixava de lado. Eu já tinha 21 anos e com certeza tinha a aparência mais velha que cinco anos atrás. Para finalizar, passei um batom vermelho e um lápis. Olhei o relógio e sai do apartamento o mais rápido possível.

Andando nas ruas de Nova York e respirei fundo, esvaziando minha mente. Quando me deparei com o restaurante a minha direita paralisei. Era aonde o Cê me levava. A nostalgia começou a me consumir por um tempo, depois apertei o passo por finalmente acordar dessa volta ao museu. Mas os nossos sorrisos e o amor que sentiamos não saia da minha cabeça. Tudo bem Mônica, pode parar!

Afinal, o Cê e eu não estamos mais juntos.