Alec’s POV

O dia era, enfim, 31 de dezembro.

O dia do combate final com Sebastian.

O dia da verdade sobre Magnus Bane.

Hoje era, realmente, o dia das decisões.

– Alec? Se quiser acordar, eu agradeço.

Ouvi a voz de Jace vindo de trás da porta, com algumas batidas. Cansado por uma noite mal dormida por ansiedade, levantei da cama e troquei de roupa. A caixa de itens de Max ainda estava na mesa de cabeceira, me lembrando das divagações do dia anterior.

Ao chegar na sala de jantar, era possível ver que o clima não estava agradável, e a cena nem um pouco comum.

Estavam à mesa os Caçadores de Sombras – Izzy, minha mãe, Jace, Clary e Jocelyn -, Luke, Maia e Jordan representando os lobisomens, Mystia representando os feiticeiros e Simon com Raphael, representando os vampiros.

– Alec? – chamou minha mãe. Parei de divagar.

– Desculpa, me distraí – falei, me sentando entre ela e Jace. O café da manhã estava servido, mas quase ninguém se atreveu a comer. O nervosismo era grande e a pergunta era clara: o que aconteceria hoje?

Eu, Jace e Izzy nos entreolhamos, a dúvida transparente em nossos olhos: o que seria de nós? O que seria do Instituto? Depois, Jace olhou Clary e Izzy olhou Simon. Sabia que estavam pensando o mesmo que nós Só o que queríamos era sobreviver.

Apesar disso tudo, eu tinha uma duvida muito maior que, ao olhar para Mystia, sabia que isso a atormentava também: realmente havia um Magnus Bane? Se sim, onde ele estava?

Eu iria encontrá-lo. Ou não, afinal. Ainda assim, era algo que eu queria contar para a feiticeira, mas era praticamente impossível. Jace e Izzy não saíam de perto, e com todo o treinamento reforçado era difícil encontrar uma brecha. Achei que iria para o local marcado sozinho, mas com Mystia no Instituto seria mais fácil. Ao olhar para ela, sabia que ela havia entendido.

Ela também queria falar comigo.

– Vou treinar – comentei, levantando de meu lugar. Mystia se levantou também.

– Vou acompanhá-lo. Quero ver como progrediu para hoje.

Seguimos até a sala de armas. Ao chegar lá me virei para Mystia, sem esperá-la se acostumar ao ambiente.

– Recebi uma carta – falei sério. Ela, curiosa, sentiu-se no chão e me observou.

– E o que dizia? – perguntou. Resolvi sentar também.

– Que se eu quisesse descobir a verdade sobre Magnus Bane, deveria ir até a casa dele – respondi, vendo um sorriso se abrir no rosto da feiticeira.

– Mas isso é bom, não é? Vai poder descobrir a verdade! – falou ela, animada. Meneei a cabeça.

– Nem tanto. A carta dizia para eu estar lá uma hora antes da batalha final com Sebastian. Queria decidir uma das duas antes da outra, não ao mesmo tempo.

– Talvez quem escreveu a carta fez isso justamente com o intuito de te preocupar. Não se estresse muito com isso – disse ela, pondo a mão em meu ombro. Agradeci silenciosamente.

– Queria me contar algo? – Perguntei. Ela riu.

– Era justamente sobre ter ido a casa dele. Parece que alguém passou por ali, pois a organização da casa mudou. Quando vi achei que deveria contar – disse, dando de ombros. RI e abracei-a, agradecendo.

Ouvi batidas na porta e logo minha mãe apareceu na porta.

– Vamos para Idris agora. Vão nos acompanhar?

Olhei em pânico para Mystia. Se eu não fosse até a casa de Magnus, jamais saberia a verdade. Ela entendeu e negou para minha mãe.

– Quero treinar com Alec, estou tentando entender como ele age – falou ela, sorrindo. – Avise a Clave que estaremos indo até a hora da batalha, não se preocupe.

Ainda preocupada, minha mãe me olhou resistente. Lancei-lhe um sorriso confortador e um aceno com a cabeça, mostrando que estava tudo bem. Ela assentiu e saiu, e Mystia me olhou.

– Vamos. A verdade nos espera.

***

Mystia me acompanhou até a porta da casa do feiticeiro. Olhei o lugar que há muito parecia abandonado. Era fim de tarde quando chegamos e, finalmente, eu teria tudo de volta.

– Não acredito que posso entrar – comentou ela. – Pode ir. Estarei te esperando.

Apreensivo, entrei na casa.

O local estava vazio.

Como Mystia mencionou, a casa estava reorganizada no estilo Magnus de ser. Bem organizado, com um tom de festa e purpurina como deveria sempre estar.

Sentei-me no sofá. Se não houvesse Magnus, o que aconteceria? Alguém viria me dizer? Talvez Izzy, para jogar em minha cara minha ilusão. Ou talvez ninguém aparecesse, fosse apenas uma brincadeira. Mas de quem?

– Alexander, não gosto de ver seu rosto tão pensativo. Não combina com você.

Levantei o rosto, encarando diretamente os olhos de gato que me olhavam fixamente.

– Magnus...

Pulei do sofá e abracei-o, derrubando a nós dois no chão. Enterrei o rosto em seu pescoço, sentindo o perfume adocicado que eu tanto conhecia.

– Senti saudades – falei sorrindo. Ele riu e passou as mãos por minha cintura.

– Também senti saudades. Não foi fácil ficar longe – murmurou ele.

– Então por que...?

– Muitos motivos. Não estava te fazendo bem, nem a mim, e me afastar recuperou sua sanidade. Estava te seguindo em suas viagens e achei que era hora de voltar a você, mas então houve o acidente e eu percebi que te prejudicava mesmo longe. Então decidi que se fosse voltar a você, precisava ser direto, mas precisava de tempo. Achei que ir hoje valeria a pena e bom... Acho que cansei de me esconder.

Selei nossos lábios, levantando do chão e puxando o feiticeiro comigo.

– Mystia está do lado de fora – comentei. Ele riu.

– Eu sei. Está pronto para a batalha? – Comentou. Sorri, apoiando a cabeça em seu ombro.

–Estou pronto pra tudo se tiver você ao meu lado.