A Irmandade escrita por Kisa


Capítulo 1
Capítulo Único




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O condado do Brooklyn é um local muito conhecido nos Estados Unidos. Fora o primeiro a receber os holandeses, há muitos anos. De um começo ordinário, hoje o Brooklyn é considerado o sétimo condado mais populoso da América.

Talvez porque ele fique em Nova Iorque. E esta cidade seja hoje a mais densamente povoada dos Estados Unidos.

Fora os fatos históricos, o Brooklyn também é conhecido pelo grande número de orfanatos mantidos pelo governo.

Pois é.

Imaginem uma cidade gigantesca, uma vida corrida e a falta de tempo e dinheiro para cuidar de uma criança. Multiplique tudo por dez. Some mais dez.

Agora você entende porque existem tantos orfanatos na cidade de Nova Iorque.

Não que as tribulações da vida justifiquem abandonar nas mãos do governo uma criança. Mas não estamos aqui para julgar os pais, mas sim contar a história dos filhos que eles abandonaram.

Ao menos uma parte dela.

Jefferson, onze anos, nasceu num hospital público e de lá fora mandado direto para o orfanato, de onde não saiu mais. Thomas, dez anos, chegou ao orfanato quando tinha cinco, após um acidente de carro que vitimou seus pais. Christian, dez anos, cresceu nas ruas de Nova Iorque, junto de outras crianças, até os assistentes sociais o encontrarem e o levarem para o orfanato, quando ia completar oito anos.

Jeff ficou responsável por apresentar a Tom o orfanato, quando este chegou. Você pode achar estranho uma criança de seis anos apresentar a outra de cinco o lugar onde viveriam. Mas as crianças que vivem nesse tipo de lugar... elas crescem depressa.

Não porque querem, não porque gostam, mas porque elas precisam. Precisam se cuidar sozinhas.

Três anos depois, Tom ficou responsável por apresentar a Chris o orfanato. E foi assim que nasceu a Irmandade.

A Irmandade era o clube particular de Jeff, Tom e Chris. Na Irmandade eles podiam ser o que quiserem.

Tinham dias que eles eram astronautas. Outros, eles eram marinheiros. Tom gostava quando eles eram piratas.

Quando brincavam de piratas, cada um escolhia um personagem do anime preferido do trio, One Piece.

Tom era o Shanks. Os outros dois tiravam sarro dele, por Shanks não ter um braço.

– Eu não preciso de um braço pra chutar a sua bunda, Crocodile!! – bradou Tom, vestido com um lençol preto por cima das roupas usadas que ganhava todo o ano.

– Você não pode me derrotar, Ruivo. Eu comi a Suna suna no mi, eu posso secar o seu corpo todo. – gritou Chris, empoleirado sobre a cama.

Chris gostava do Crocodile. Ele achou muito bacana o personagem ter ajudado o Luffy no desenho a fugir da prisão. A partir daí Crocodile virou seu personagem favorito.

– Um possui Haki e o outro comeu uma Akuma no Mi, mas eu só preciso de uma espada para derrotar os dois. – disse calmamente Jeff, erguendo uma antena quebrada de TV com a mão direita, cujo personagem favorito era o espadachim Zoro, o caçador de piratas.

Os três passavam as horas livres que tinham vivendo num mundo apenas deles, onde ninguém podia entrar. Essas horas não eram muitas, pois a rotina do orfanato era difícil.

Por serem mais velhos, os três cuidavam dos afazeres e das crianças menores. Além de estudarem durante todo o período da manhã, no colégio do orfanato.

Eles não entendiam porque estudavam num colégio só deles e não com as outras crianças do bairro. Pelo que eles ouviram pelos corredores, os pais das outras crianças não gostavam muito dessa interação.

Os garotos procuravam não dar trabalho para as pessoas que cuidavam deles. Os três esperavam serem adotados, mas quando chegava alguém para visitar as crianças, eram sempre as mais novas que saiam, e eles ficavam.

A justificativa é que estavam ficando velhos.

Nenhum casal quer uma criança cheia de defeitos para ter que consertar depois. Eles querem uma nova em folha, para moldá-los a sua semelhança escrota.

E o trio sabia que, quando completassem dezesseis anos, teria que dizer adeus aquele lugar que era um lar para eles.

Mas agora não é o momento para pensar nisso.

O dia amanhecia trazendo o sol forte do verão ao Brooklyn. Todas as crianças foram acordadas cedo, a diretora do orfanato iria fazer um pronunciamento.

– Não é justo acordar uma criança às seis da manhã, num sábado, depois de uma semana acordando cedo para estudar. – reclamou Jeff, ainda deitado em sua cama.

– Jeff, levanta cara, você não vai querer que a Sargento entre aqui chutando a porta, como da última vez. – disse Tom, mexendo no ombro de Jeff.

O garoto apenas balançou a mão, como se estivesse espantando um mosquito impertinente, virou para o outro lado e continuou a dormir.

– Tom, deixa ele aí. Da última vez que eu cheguei atrasado num pronunciamento da Sargento, ela me fez lavar os banheiros uma semana inteira. Eu tive que esfregar o chão com uma escova de dente. – falou Chris, já arrumado, ao lado da porta.

Nesse momento é interessante dizer como são esses garotos, física e psicologicamente falando.

Jeff possui cabelos castanho escuros, é o mais alto dos três e também o mais preguiçoso. Tom é o mais baixo do trio, possui cabelos loiros e é sempre preocupado com os amigos. Chris é o meio termo, seus cabelos são castanho claros e é mais preocupado em salvar a própria pele.

Depois ele ajuda os amigos.

– Só para te lembrar, Chris, o castigo foi limpar o banheiro um dia só e com o esfregão. Não seja exagerado. – Jeff falou, já sentado. Vestiu uma roupa qualquer e foi com os amigos até o refeitório do orfanato, onde tomariam o café da manhã junto com as demais crianças.

A diretora já estava sentada na ponta da mesa. Seus cabelos ruivos soltos sobre os ombros contrastavam com o terninho preto que usava.

– Senhores Jefferson, Thomas e Christian, estão atrasados! – disse calmamente Caroline enquanto bebericava uma xícara de café.

A diretora gostava de, uma vez por semana, em dias não marcados, tomar o café da manhã com as crianças. Ela sabia o nome de todas as 70 crianças que viviam sob o teto que ela era responsável. E fazia questão de frisar isso sempre.

– Eu falei que era pra você levantar logo, seu besta. – cochichou Tom.

– Eu não achei que ela já tivesse chegado. – replicou Jeff, no mesmo tom baixo do outro.

– Espero não ter que limpar os banheiros de novo, agora por culpa desse idiota aqui. – falou Chris, também num tom baixo, cutucando Jeff.

Os três estavam parados, em pé sob a marquise da porta. Nenhum deles ousava se mexer enquanto a diretora não se pronunciasse.

– Andem, sentem logo de uma vez, não temos a manhã toda. – Caroline pousava delicadamente a xícara no pires sobre a mesa, enquanto observava os três garotos sentarem nos lugares vagos e se servirem. Ela pode até ouvir um suspiro de alívio vindo do mais velho dos garotos. – E vocês estão encarregados de varrerem o pátio todas as tardes durante uma semana, antes do pôr do sol.

– Viu, eu sabia que ia acontecer isso. – Tom falou, desanimado.

– A minha parte o Jeff que vai limpar. – sentenciou Chris.

– Mas por quê? – Jeff perguntou, exasperado.

– Você foi o culpado pelo meu atraso, nada mais justo que você limpar a minha parte. – Chris respondeu, com um sorriso vitorioso nos lábios.

– Se é assim, então o Jeff vai limpar a minha parte também. – Tom falou, cortando um bolinho e passando manteiga.

– Será que eu devo fingir que não estou ouvindo ou devo duplicar as tarefas? – perguntou Caroline.

Os meninos logo extinguiram a discussão e passaram a comer em silêncio. Não sem fuzilar um ao outro com o olhar.

– Muito bem – disse a diretora, levantando-se da cadeira – o orfanato recebeu uma verba do nosso benfeitor de sempre, que foi bem específico quanto à forma como gastaremos esse dinheiro. Então é com muita alegria que compartilho essa informação com vocês: todos passarão o feriado de Halloween em Malibu. Ficaremos num hotel já pago por ele

– Então... nós vamos a praia?

– Sim, senhor Jefferson.

– Então... nós ficaremos num hotel?

– Sim, senhor Christian.

– Então...

– Nem pense nisso, senhor Thomas. – interveio a diretora, massageando as têmporas. – Vamos ficar num hotel durante as festividades, e vocês poderão, acompanhados de um adulto aqui do orfanato, sair para pegar doces no dia trinta e um de outubro. E sugiro que façam as malas, já que dia trinta e um é depois de amanhã.

E ao terminar de falar, Caroline se retirou da sala. Todos ficaram muito felizes com o pronunciamento daquela manhã.

Era muito, muito raro, os internos saírem para ir a algum lugar. E agora eles viajariam para outro estado e passariam uma semana longe daquelas paredes.

Para Jeff, Chris e Tom, era como ter uma vida normal, finalmente.

Após tomarem café, os três saíram correndo do refeitório e foram direto para o sótão, que era a sede oficial da Irmandade.

– Nós vamos para a praia, uhul – gritou Tom, jogando as mãos para o alto.

– Sim, e vamos sair pra pegar doces. Eu nunca fiz isso antes. – falou Jeff, sentando no chão em frente ao caixote improvisado como mesa.

– É a coisa mais simples do mundo, Jeff. Você bate na porta das pessoas com uma sacola e pergunta “gostosuras ou travessuras?” e elas te dão doces – falava Chris, muito seriamente – depois você rouba a abóbora que elas deixam enfeitando a varanda. – Chris observou os outros dois prontos para socar ele. – Ou podemos pular a parte da abóbora. Mas é certo que devemos estar fantasiados.

Chris, às vezes, falava essas coisas. Mas não era por ele ser uma criança ruim. Coisas ruins aconteceram com ele. Roubar foi mais uma dessas coisas.

Mas ele está aprendendo coisas boas, agora.

– Ok, então temos que definir as nossas fantasias. – disse Jeff.

– Eu voto para irmos de piratas! – Tom disse, batendo no caixote.

– Ah não, tá chato já. Sempre somos piratas. – falou Chris.

– Que tal irmos de super-heróis? – Jeff perguntou.

– Isso, garoto! – Chris falou, dando uma chave de pescoço em Jeff, que se soltou rapidamente. – Eu vou de Spiderman. Eu ganhei uma jaqueta azul e vermelha. Ela tem capuz, daí é só eu fazer as teias com canetinha, vai ser fácil.

– Eu vou ser o Capitão América. – falou Tom, todo animado – eu tenho aquele capacete azul de skate, só desenhar um A nele. Tem as luvas vermelhas que a tia da cozinha usa pra lavar as panelas, eu peço emprestado. O escudo eu vou fazer de uma tampa da lixeira da cozinha – continuou tagarelando o menino, sem ver que os amigos riam dele, baixinho – eu lavo e pinto com guache.

– Eu vou ser o nosso benfeitor. – por fim, Jeff se pronunciou – Eu vou ser Tony Stark, o Homem de Ferro.

– E como você vai fazer a armadura? – perguntou Chris, curioso.

– Eu vou fazer de caixinha de leite, tem um monte que a professora de artes juntou pra gente usar na aula, mas ela nunca usa. E pinto com guache vermelho e amarelo.

– Nossas fantasias vão dar muito trabalho. – disse Tom, suspirando.

– Se ajudarmos uns aos outros, acabamos mais depressa. – afirmou Chris.

– Vamos então fazer o nosso juramento para as missões difíceis. – Jeff levantou, espalmando a mão no ar, em frente ao corpo, sendo seguido no gesto por Chris e Tom.

E o trio pronunciou, de forma solene:

No dia mais claro,

Na noite mais densa,

O mal sucumbirá ante a minha presença

Todo aquele que venera o mal há de penar

Quando o poder da Irmandade enfrentar!”

A noite de segunda-feira chegou mais depressa do que os meninos esperavam. Cada um ajudou o outro a vestir a fantasia que eles mesmos haviam produzido e estavam prontos, junto com as outras crianças, para sair pelas ruas daquela cidade nova.

Durante o dia foram conhecer o lugar e eles anotaram os nomes das ruas onde as casas possuíam enfeites na fachada.

Os meninos acharam que gente rica podia não perder tempo com essas coisas, mas até que havia muitas residências enfeitadas e eles saíram às ruas mais confiantes.

Como eram mais velhos que as outras crianças, eles conseguiram despistar os adultos e irem recolher os doces sem a supervisão de uma pessoa mais velha.

Eles não tinham medo, se precisassem de ajuda, eles tinham o Chris – que possuía o “saber das ruas” – para lhes defender a honra. Se Chris precisasse de ajuda, eles tinham moedas no bolso e o número da polícia, do hotel e até o do celular da Sargento anotado num papel, guardado dentro do bolso.

Os garotos viram as crianças que moravam por ali saindo para pegar os doces em suas fantasias de alta costura, mas não ligaram, nem sentiram inveja. Eles estavam felizes de verdade, era a primeira vez que podiam ser crianças, livremente.

Bateram na primeira casa que viram as luzes acesas.

– Gostosuras ou travessuras? – disseram os três, em uníssono, para uma mulher que abria a porta com um champagne na mão.

– Own, olha que lindos nessas fantasias biodegradáveis. Ajudando o meio ambiente, hein?! – tagarelava a mulher, enquanto enchia as sacolas de papel dos meninos com doces.

Uma hora depois, os meninos estavam cansados de andar e sentaram no meio fio da calçada.

– Ninguém entendeu nossas fantasias. – resmungou Jeff – eu não sou o “Incrível Senhor Ecologicamente Correto”, eu sou o Homem de Ferro.

– Pelo menos não te chamaram de “Super Lixeiro” – suspirou Tom.

– Vocês pelo menos são “alguma-coisa-super”. O tio da última casa me chamou de delinquente encapuzado disfarçado. – disse Chris, abrindo uma bala.

– Nós vamos andar mais ou vamos tentar uma última? Eu achei que ganharia mais doces. – Tom falou, olhando dentro da sua sacola.

– Vamos tentar aquela casa grande lá no alto – disse Jeff, apontando para uma mansão construída sobre uma rocha elevada, próxima de onde eles estavam.

Os três foram andando, desanimamos, até 10880 Malibu Point. Ficaram parados em frente a grande porta branca de entrada, olhando a campainha.

– Quem vai tocar a campainha? – perguntou o Capitão América.

– O Chris.

– Mas por que eu? – questionou o Spiderman.

– Porque eu sou o líder e estou mandando. – respondeu o Homem de Ferro.

– Você, o líder? Desde quando? – zombou o Aranha.

– Eu sou o mais velho. – retrucou o outro.

– Isso não quer dizer nada. – respondeu o Spider.

– Quem toca a campainha é o líder. – respondeu o Capitão América, apertando o botão – Pronto, o líder sou eu, nosso problema está resolvido.

– E por que o mais fraco tem que ser o líder? – Perguntou o Homem de Ferro.

– Porque eu tomei a iniciativa – respondeu o Capitão América – e todos sabemos que líderes bons são aqueles que tomam a iniciativa. Por que você acha que o Superman é o líder da Liga da Justiça?

– Sério, você deve estar com uma taxa alta de açúcar no sangue, Cap. – interveio Spiderman – porque todos sabemos que o líder da Liga da justiça é o Aquaman.

– O mais fraco e fuleiro do grupo, o líder? Você só pode estar brincando, Spider – Homem de Ferro falou, chamando a atenção de todos para si mesmo – o líder da Liga da Justiça só pode ser o Batman.

– Ele nem superpoder têm. O que faz você pensar que um reles humano pode ser o líder de um grupo de super-heróis? – perguntou Spiderman.

– O Batman é o Batman, não precisa de adjetivos. – replicou o Homem de Ferro.

– Você nem sabe o que significa a palavra “adjetivo”, seu miolo-mole.

– Retire o que disse, Cabeça de Teia. – o Homem de Ferro falou, avançando sobre o Spiderman.

– Eu não, Lata de Sardinha... digo, Caixa de Leite tamanho família. – Spiderman falou, preparando o corpo para o golpe que viria.

O Homem de Ferro e o Spiderman se engalfinharam em frente à porta da mansão, sendo observados pelo Capitão América, que, num suspiro bem ruidoso, empunhou seu escudo, chegando a conclusão que ele teria que resolver aquele conflito.

– Tony, acho melhor separarmos esses dois. – Steve disse, escorado no batente da porta.

Assim que a campainha tocou, Rogers foi abri-la. Tony e Steve estavam na sala de estar da mansão, assistindo uma reprise de Saturday Night Live. Deixaram de assistir ao programa quando viram um trio de garotos fantasiados de super-heróis brigando em frente à porta da sala.

– Nada disso Steve. Eu aposto cinquenta pratas que o meu cosplay ganha à luta.

– Ele não é o seu cosplay, ele é só uma criança. – Steve falou, dando um passo para fora.

Mas ele não precisou fazer nada, o Capitão América, empunhando seu escudo, o acertou na cabeça dos dois brigões, fazendo-os pararem de lutar instantaneamente.

– Esse aí parece com você, Steve. – Tony falou, descendo os degraus. – Sempre se metendo nas brigas dos outros. Isso sempre acontece nas nossas reuniões. Você não deixa ninguém ter uma discussão sadia.

– Ah sim, claro, na última discussão sadia, Thor deu um soco na sua cara. E você ficou sem enxergar pelo olho esquerdo por uma semana. – Steve falou enquanto colocava os dois lutadores de pé.

– Isso é passado. – Tony falou, ajoelhando diante de Jeff – Gostei de você, garoto. Tem bom gosto para heróis, diferente daquele ali. – Stark falou, apontando para Tom.

– Espera... você... você... – Jeff tentava falar, mas não conseguia.

– Pois é, eu costumo causar essa reação nas pessoas mesmo. – Stark falou, dando uma risada.

– Ele é o Homem de Ferro! – gritou Tom – O de verdade!! Eu não acredito.

– Se esse é o Homem de Ferro esse deve ser o... – Chris falou, apontando para Steve.

– Esse é o Capitão América! – Tom gritou, de novo – O de verdade!! Eu não acredito. Só falta o Spiderman aparecer também. Ele não está escondido lá dentro, né?

– Estou certo que não. – respondeu Steve.

– Eu não sabia que o Capitão América e o Homem de Ferro moravam na mesma casa. – Chris observou, depois de olhar para os dois durante algum tempo.

– Tá brincando!! Deu em todos os jornais, eu até guardei a manchete debaixo do colchão... – Tom falou, arrancando uma risada dos dois homens a sua frente. – eu guardei pensando em pedir um autógrafo na foto. Vocês estão bonitos nela. Um tal de Peter Parker quem tirou, eu li no rodapé.

– Certo, certo – Steve falou, pedindo silêncio – o que os três rapazes estão fazendo na rua, sozinhos, há essa hora?

– Gostosuras ou travessuras? – os três falaram juntos.

Tony olhou para Steve.

Eles não tinham lembrado na data, então não prepararam nada do tipo.

– Esperem um pouco, nós vamos buscar algo para vocês. – Steve falou, puxando Tony pelo braço.

Pouco tempo depois Tony e Steve surgiram na porta, com três sacolas grandes.

– Não temos doces nem nada do tipo, sabe, o Capitão precisa manter a forma. – Stark falou, sendo fuzilado pelo olhar de Steve – Mas nós pensamos em dar algo melhor que doces para vocês.

– Para o líder do grupo – Steve falou, olhando para Tom e depois para Stark, que não gostou nada de ter seu “candidato” a líder preterido – eu lhe dou o meu primeiro capacete. Espero que o use bem, jovem soldado.

Tom olhou para o presente e deu um pulo de alegria, agarrando Steve pelo pescoço.

– Já pro meu cosplay, eu dou isso aqui. Espero que goste, garoto. – Stark entregava a Jeff sua máscara de Homem de Ferro. Só a parte dourada – Ela chama atenção das garotas, vai por mim.

Jeff segurava a máscara do Homem de Ferro, sem falar nada.

– Acho que ele está catatônico, Steve. – Stark observou.

– Não, eu estou bem – Jeff falou, por fim – muito obrigado, Sr. Stark.

– Já vi que rodei nessa. Meu super-herói não tá por aqui, né? – Chris olhou para dentro da mansão, pra ver se não saia alguém escondido.

– Não, ele não está, de fato. Mas temos algo para você também... espera, nem sabemos os nomes de vocês. – Steve falou.

– Eu sou Chris, o enlatado é o Jeff e o azulzinho ali é o Tom.

– Bem, Chris, para você temos isso aqui. – e Steve entregou a Chris uma maquina fotográfica.

– Certo, obrigado, senhor Capitão. – Chris olhou o equipamento, meio triste.

– Vou te contar um segredo – Steve falou num tom baixo, só para o garoto ouvir – o Spider costuma sair bem nas fotos porque ele mesmo as tira.

– Como assim? – perguntou o menino.

– Isso é tudo o que posso te dizer. – Steve disse, encerrando a conversa.

– Nosso motorista vai levar vocês para casa agora. Onde vocês moram? – perguntou Tony.

– No Brooklyn – os três responderam, deixando um grande ponto de interrogação na mente dos mais velhos.

No orfanato, depois do castigo que receberam da diretora por sumirem em Malibu, os garotos se reuniram no sótão, onde eles haviam guardado seus objetos mais preciosos.

Só Chris que não ficou muito feliz com o que ganhou.

– Também, quem mandou gostar do super-herói que nem faz parte dos Vingadores? – Jeff perguntou.

– O Spider é legal. Ele é só um incompreendido. – Chris respondeu.

Tom sentou em frente ao caixote, com a manchete do jornal do dia nas mãos. Ele sempre pegava o jornal na biblioteca, ele gostava de ler. Era uma foto do Spiderman lutando contra Venon.

– O Spider sempre sai bem nas fotos. – Tom observou.

– Espera, deixa eu ver uma coisa. – Chris pediu o jornal para Tom. Seus olhos brilharam quando viu o nome de Peter Parker e se lembrou do que o Capitão América disse. – Eu já sei o que vou ser quando crescer.

– E o que é? – Jeff e Tom perguntaram ao mesmo tempo.

– Eu vou ser um fotógrafo! – Chris respondeu.

– Se vamos falar do futuro, eu vou ser um comandante do exército. – Tom levantou do chão, usando o capacete do Capitão América.

– E eu... – Jeff falou, olhando os outros dois – eu vou ser um cientista.

– Não podemos esquecer que, com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades. – Tom falou.

– Não esqueceremos. – os outros dois responderam, juntos.

– Seremos sempre amigos! – Tom disse, convicto.

Os três se olharam por um momento. Postaram as mãos uma sobre as outras.

– Não “simples amigos” – Chris se pronunciou – nós somos a Irmandade... seremos Super Amigos.


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Notas finais do capítulo

Eu sempre quis escrever algo relacionado a Superfamily, mas vamos deixar essa ideia pra depois.

Escrevi essa história especialmente para o desafio de Halloween proposto pela moderadora Kori Hime.

Eu virei mortal carpado pra trás escrevendo, e espero que vocês gostem do que leram aqui *--*

Bjo =*