POV: DRACO MALFOY.

Sorri e coloquei o Profeta Diário sobre a mesa do bar quando a vi entrar. Ela sorriu docemente para mim e passou as mãos no cabelo antes de se sentar ao meu lado, ainda sorria. Era um dia chuvoso e fazia muito frio, admito que esperava que ela ficasse dormindo esta manhã, que relaxasse, mas parece que minha noiva não está tão preocupada assim com suas noites de sono, parece que ela gosta de ficar comigo toda as manhãs.

– Bom dia, querido. Como foi sua noite de sono? Parece que anda dormindo mais de uns dias para cá.- Ela disse, dando um beijinho em minha bochecha. Eu e Astoria nunca mais nos beijamos desde a noite de nosso noivado, afinal, nós sabemos que tudo isso está acontecendo para o público e não para nós. Mas hoje eu e Astoria somos grandes amigos. Grandes mesmo. Mas sem beijo, sem pegação, apenas amigos.

– Ah, é. Acho que a minha cama começou á ficar mais confortável agora que meu pai não vive reclamando comigo, ver seu nome no Profeta Diário parece deixar ele mil vezes mais calmo. Eu não imagino o motivo disso.- Eu disse, balançando a cabeça. Astoria revirou os olhos.

– Você é um grande cínico, Draco Malfoy.

– Mas e você, querida, como andam sendo suas noites de sono?- Perguntei com um sorriso. Astoria costumava reclamar do quanto estava tudo sendo irritante essa semana. Amanhã será o casamento de Dafne e as únicas coisas que ela vê são vestidos de noiva e doces.

– Sabe, eu acho que minha cama anda ficando cada dia mais apertado. Você não percebeu? Estou começando á ficar enormemente gorda, aliás, te contei que meu café da manhã foi bolo de casamento rejeitado por mim mesma? Terrível, não é? Se no seu caso o seu pai anda tranquilo, o meu está em nervos! Não vê a hora que eu me case e pare de dar despesas, sabe? Aliás, acho que ele não vê a hora de colocar a mão no dinheiro que virá de sua família. É tudo tão romântico!- Ela disse, revirando os olhos e se encostando nas costas da cadeira para olhar para mim. Eu dei de ombros.

– Você é uma garotinha muito reclamona, Astoria Greengrass.- Eu disse. Ela bufou me olhando como se eu fosse maluco e eu gargalhei.- Ao menos você vai ficar mais relaxada quando tudo isso passar.

– Relaxada?

– Quando se casar, quero dizer. Não vai ter de se preocupar com seus pais ou sua irmã, só vai ficar em casa dando ordens, o que acha disso, querida?- Perguntei e ela bufou mais ainda, cruzando os braços.

– Acho que você anda sendo mais frio do que o necessário quando se trata dos meus sentimentos, querido. Um homem tão romântico quanto você deve saber que eu não vou aceitar ficar sozinha naquela casa enorme.- Ela disse, com a mão no peito. Cínica. Eu revirei os olhos e balancei a cabeça.

– O que você sugere para a sua alegria? Porque você sabe, um homem tão romântico como eu, devo querer a eterna alegria da minha esposinha.- Eu disse. Ela revirou os olhos e sorriu, agora ela não era mais cínica.

– Sabe, Draco, eu acho que você podia me ajudar com tudo isso. Quero dizer, quando passar o casamento de Dafne, eu terei de provar vestidos, bater perna nos lugares para preparar tudo, comer de tudo...

– Não posso te ajudar com nada disso, desculpa.- Eu disse, chamando o garçom com um aceno de mão. Ela bufou, cruzando os braços.- Você está muito irritadiça hoje, sabia?

– É claro que eu estou! não sei se você percebeu, mas eu estou á semanas comendo, comendo e comendo, e andando, andando e andando com a minha irmã. E nem é o meu casamento, imagina quando for! Draco, nós vamos nos casar e você não está nem um pouco preocupado com isso, nem está se envolvendo.- Ela disse, irritada e apontando o dedo para mim.

– Você parece a minha mãe falando quando eu fazia coisa errada, quando era pequeno.- Eu disse, pegando as taças de uísque de fogo e colocando uma ao seu lado.- E é claro que eu estou me envolvendo, mamãe está sendo muito carrancuda, sabe.

– Ah, claro, deve ser muito complicado para você esperar o tempo todo que a sua mãe escolha o melhor smoking, paletó, gravata, sapato, calça para você.- Ela disse, respirando alto. Eu revirei os olhos e engoli um pouco da bebida ardente.

– Tudo bem, Astoria, o que você quer que eu faça?- Eu também aprendi que Astoria só para quando consegue o que quer, insistente, uma ótima Sonserina. Mamãe e papai escolheram alguém que preste para mim, ao menos. Eu sei que eles esperam que Astoria me coloque na linha. Eu vou negar para sempre, mas ela com certeza sabe o que faz, ela com certeza manda, ela com certeza me coloca na linha, e olha só, eu já estou!

– Bom...- Ela já estava mais calma agora, rodeava o dedo midinho na boca do copo e olhava diretamente e profundamente para ele enquanto falava.- Você podia vir comigo e dar opiniões sobre os lugares, as coisas no casamento, os doces...

– Astoria, eu não entendo nada sobre nada disso.- Eu disse, calmamente, não queria que ela ficasse irritada por motivo algum e que eu fosse o culpado disso. Ela me olhou e parecia realmente querer que eu a ajudasse.

– Por favor? Olha, você nem precisa abrir a boca, nunca, sabe? Só dizer o que acha. Por favor?

– Está acontecendo alguma coisa que você não quer me contar?- perguntei com uma sobrancelha erguida. Ela corou e levou o copo de uísque á boca, engolindo com dificuldade. Ela olhou para mim de novo.

– Bom, é que... Mamãe quer que o casamento saia logo...

– Mas o que isso tem a ver com eu precisar estar ao seu lado em tudo que for comprar e fazer?- Perguntei com a testa franzida, enquanto bebia mais.

– É que... Bom, nós vamos casar.

– Porque você não vai direto ao ponto?- Astoria já devia ter aprendido que eu não gosto de meios termos, eu não gosto de metades, eu gosto do completo. Ergui a sobrancelha para mim.

– Eu não quero falar nada. Você não precisa saber de nada. Apenas quero que esteja comigo, é pedir demais?

– Agora você vai ficar na defensiva?- Perguntei, balançando a cabeça. Dei de ombros.

– Tudo bem, Astoria. Quando passar o casamento de Dafne, pode contar comigo.- Eu disse. Ela sorriu e se aproximou de mim. Deu mais um beijo na minha bochecha.

– Eu sabia que podia contar com você.

(...)

Eu e Astoria não vamos nos casar por amor, é claro. Aliás, eu não acredito que realmente exista essa coisa. Eu nunca sentir nada do tipo por nenhuma garota. Mas com certeza eu queria que as pessoas tivessem uma impressão melhor do nosso casamento diante á impressão que eu tive sobre o casamento de Dafne e Caleb.

Eles quase não se olhavam, só sorriam para as fotos e eles pareciam que iam chorar á qualquer momento, por tristeza mesmo, insatisfação. Eles não queriam estar ali, e demonstravam isso. Eu não queria casar agora, mas com certeza queria estar ao lado de Astoria, ela me faz bem.

Dafne ficava o tempo todo escolhendo o melhor ângulo para não mostrar a barriga de 6 meses, que já era mais do que perceptível. Eu sentia dó de Caleb, ia se casar com uma mulher tão... Não-Astoria.

– Pensando em alguma coisa interessante, acredito.- Disse alguém atrás de mim. Me virei e dei de cara com Blásio Zabini, um antigo amigo meu de Hogwarts. Me levantei da cadeira com a mão estendida para cumprimentá-lo.

– Blásio! Eu não esperava te encontrar aqui!- Eu disse, apertando a sua mão. Ele sorriu para mim.

– É, nem eu. Mas eu queria muito ver onde tudo isso ia acabar. No final, Dafne arranjou um cara rico pra sustentar ela e o filho.- Ele disse, apontando para o "casal" com o queixo. Eu dei de ombros.

– Bom, eles são adultos, acho que sabem o que fazem.- Eu disse e ele concordou com a cabeça.

– Se não fosse por sua noiva, eu não estaria aqui.- Ele disse, com um sorriso diferente e uma sobrancelha erguida.- Draco Malfoy foi fisgado ou...?

– Draco Malfoy está bem o bastante para ser fisgado, ok? Apenas acho que está na hora de ser um homem de verdade.- Eu disse. Eu e Blásio gargalhamos.- Mas e você? Como anda esse Sonserino coração?- perguntei com um sorriso sarcástico.

– Você anda muito engraçado ultimamente, será que é o amor de Astoria Greengrass?- Perguntou ele, com um sorriso idêntico ao meu. Eu revirei os olhos e suspirei.

– Deve ser. Não imagina o quanto ela é perfeita para mim. Eu acho que... Acho que estou amando, Blásio.- Eu disse, com a mão no peito, cínico. Blásio gargalhou e eu o acompanhei.

– Posso saber a grande piada?- Perguntou Astoria, abraçando minha cintura enquanto sorria, estava acompanhada de sua grande amiga, Thamyris, á quem eu aprendi á ter educação e respeito. É uma menina loira, bonita e sorridente, nem parece Sonserina, mas as pessoas costumam mudar quando passam por algo muito aterrorizante. Thamyris perdeu toda a família na batalha de Hogwarts, agora vive com uma irmã, que afinal, nunca conheci.

– Ah, estávamos falando de você agora mesmo! Estava falando ao Draco o quanto ele tem uma noiva bonita.- Disse Blásio. Eu ergui uma sobrancelha e ele levantou as mãos.- Com todo o respeito, você sabe o que vai ter em casa depois de se casar.

– Ah, eu sei.- Eu disse, me inclinando para dar um beijo na bochecha da Astoria, que revirou os olhos.

– Também queria agradecer por ter proporcionado esse re-encontro. Tenho certeza que Dafne não podia querer convidados melhores.- Disse Blásio.

– O que você quer dizer com isso?- Perguntou Thamyris, mas ela olhava diretamente para Astoria.

– Bom, quase toda a Hogwarts está aqui, não está?- Perguntou Blásio, olhando confuso para Thamyris.

– Toda a Hogwarts?- Perguntei, olhando para Astoria, também. Ela deu de ombros.

– Eu acho que nos casamentos nós devemos convidar as pessoas que passaram mais tempo conosco, não é? Passamos 7 anos em Hogwarts, é tempo demais. Claro que convidei toda a Hogwarts que eu conhecia.- Disse Astoria.

– E isso inclui a Sonserina, Lufa-Lufa, Corvinal e os Grifinórios!- Disse Dafne, chegando atrás de Astoria, irritada. Seria engraçado se não fosse trágico. Sua cara estava tão inchada que ela me parecia aqueles gatos gordos cheios de pelos. Mas eu não sorri, estava muito confuso para rir.

– O que você quer dizer com grifinórios?- Perguntei,mas eu continuava á olhar diretamente para Astoria que encolheu os ombros sobre o meu olhar.

– Você sabe quem são os Grifinórios.- Disse Astoria. Então eu olhei ao redor e vi o "trio de ouro", os heróis, os perfeitos, os ruivos, o cicatriz e a sangue-ruim.

– Mas porque diabos você os convidou, Astoria?! Eles sabem que não gosto deles! Eu fui arruinada por eles na batalha, ou será que não se lembra?- Perguntou Dafne, com uma expressão raivosa. Eu estava tentando respirar mas eu não conseguia.

– Não, não me lembro. E porque isso importa pra você? É só pela festa. Você nem precisa se comunicar com eles nem nada, nem se aproximar. Eu tenho certeza que eles não estão tão felizes assim. Estão aqui por mim. Então, deixe de ser mal-educada. Aposto que trouxeram grandes presentes, não é isso que você quer? Dinheiro e presentes? Além disso, Harry Potter está aqui, isso te garante a primeira página do Profeta Diário, olha só! Melhora á cada momento. Com licença, eu vou receber as pessoas já que a noiva não pode fazer isso.- Disse Astoria e puxou Thamyris para o lado onde os grifinórios estavam. Eles sorriram quando ela se aproximou. Eu me sentei em minha cadeira.

– Noiva dificil você foi arrumar, hein!- Disse Blásio, sorrindo para mim.

– Boa sorte.- Disse Dafne, se virando e afastando. Eu olhei para Astoria do outro lado e ela sorriu para mim, acenando. Eu balancei a cabeça. Maluca.

(...)