Uma escolha escrita por hollandttinson


Capítulo 29
Tudo o que é mais sagrado.


Notas iniciais do capítulo

Finalmente voltei. Estava dificil conseguir inspiração e esse foi o melhor que eu pude fazer, espero que gostem.



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POV: DRACO.

Minhas pernas tremiam nervosamente e eu não conseguia ficar quieto naquela cadeira de sala de espera. Mas que droga eles estão fazendo lá dentro? Porque eu não pude entrar? Porque ninguém vem me dar noticias da minha mulher? Eu nunca estive tão nervoso.

– Draco, pelo amor de tudo o que é mais sagrado, pare de andar de um lado para o outro, porque eu já estou ficando tonto. Vai correr tudo bem!- Papai disse, já agoniado. Mas até parece que ele não está nada nervoso com tudo isso, todos estavam afinal.

– Eu não consigo! Porque ninguém aparece? Que garantia eu tenho de que está mesmo tudo bem?- Eu perguntei, sem conseguir conter a voz, uma enfermeira me pediu para ficar quieto mas eu ignorei.

– Se você não se acalmar, vou ter que chamar alguém pra te sedar, Draco.- Disse Thamyris que estava de plantão hoje e era a enfermeira cotada para cuidar de Astoria quando ela saísse do parto. Ela foi liberada agora para ficar conosco, dando algum tipo de apoio moral. Grande porcaria! Apoio moral? Eu não preciso disso! Só quero saber de Astoria.

– Falou a pessoa que já tomou 5 xícaras de café preto e não sei quantas de chá de camomila.- Disse Blásio, cruzando os braços. Ele era o único que estava relativamente calmo, em relação á todas as outras pessoas ali, e á mim.

– Se você quiser que eu vá lá para saber como ela está, eu vou.- Disse Thamyris, colocando a mão no meu ombro.

– Por favor.- Eu implorei. Ela sorriu para mim e deu um beijinho na minha bochecha.

– Eu tenho certeza que está tudo bem e o filho de vocês vai nascer saudável e bem.- Disse Thamyris, saindo por algum corredor. Eu me sentei ao lado de mamãe e abaixei a cabeça, preocupado. Mamãe começou á passar as mãos no meu cabelo, provavelmente para me acalmar.

Não era normal, quero dizer, Astoria ainda estava com 7 meses de gravidez quando entrou em trabalho de parto. Corremos para o hospital mas tivemos que esperar o seu médico, que não estava de plantão aquele dia. Thamyris teve que ir buscá-lo em sua casa. Além disso, era de madrugada, o que nos trazia vários outros problemas.

Os médicos não me deixaram entrar com Astoria, disseram que eu ia atrapalhar eles por causa do meu nervosismo, Astoria chorou e implorou para que eu fosse com ela, mas não deixaram. Disseram que se eu criasse problemas iam me colocar numa sala sozinho, coisa que eu realmente não queria.

– Draco?- Thamyris chamou. Ela parecia nervosa, suas mãos tremiam loucamente e seus olhos eram assustados. Meu coração vacilou um bocado e eu nem consegui responder, apenas olhei para ela, rezando para que ela me desse uma boa notícia. Por favor, me dê uma boa notícia.

– Fala, garota! Vai ficar fazendo suspense?- Perguntou Dafne, que segurava o braço de Caleb nervosa, ela estava quase desmaiando de tanto nervosismo.

– Eu quero falar só com o Draco, pode me acompanhar por favor?- THamyris pediu, erguendo a mão para mim. Eu a segui sem nem mesmo conseguir sentir as minhas pernas, ela se manteve muda por todo o processo.

– O que está acontecendo?- Eu perguntei quando ela parou no meio de um corredor lotado de pessoas de branco, aquela cor já estava me incomodando á muito tempo. Thamyris respirou fundo.

– Você precisa ficar calmo.- Ela disse, colocando as mãos para cima.

– Não me mande ficar calmo... Quando as pessoas dizem isso, pela frente vai vir algo terrível.- Eu disse, tentando controlar minhas respiração e as lágrimas que já pensavam em vir á tona.

– O seu filho com Astoria não quer nascer. Está na hora de ele nascer, é claro, mas ele simplesmente não quer vir ao mundo. Os médicos estão cogitando a idéia de usar um método trouxa, mas Astoria disse que não, que você não deixaria. Querem que você entre lá e diga que podem fazer a cirurgia, eles já estão se preparando.- Disse Thamyris com a mão na maçaneta. Ela abriu a porta de tinha muitos médicos ali, tive a impressão de que todos os médicos do hospital estavam cuidando da minha esposa. O médico central de Astoria veio até mim com uma expressão cansada.

– Senhor Malfoy, finalmente veio. Sua esposa está precisando muito do senhor aqui.- Disse ele.

– Draco? Draco você está aí?- Eu ouvi a voz chorosa de Astoria e fui até a cama onde ela estava e estava horrível. Seu rosto estava todo suado e vermelho, sua boca estava sangrando na ponta e ela chorava, sem contar que a sua expressão de dor estava me dando agonia.

– O que estão fazendo com você?- Perguntei, começando á chorar com ela e passando a mão na sua cabeça. Eu chorei mais pela agonia de vê-la tão maltratada do que por qualquer outra coisa.

– Ele não quer sair, Draco, ele não quer! Talvez ele esteja pressentindo que se ele sair, eu vou embora também. Mas ele percisa.- Astoria disse tudo isso pausadamente e respirando fundo á cada fim de frase. Eu concordei com a cabeça.

– E o que você quer que eu faça?- Perguntei, passando a mão desocupada no cabelo. Ela balançou a cabeça, exausta.

– Diga á eles que podem fazer o que quiserem para deixarem meu filho vivo, por favor.- Ela disse, pegando a minha mão e apertando. Quando eu digo que ela estava apertando é porque ela estava apertando mesmo, chegou á doer de tanta força que ela colocou. Mas eu compreendi o momento.

Eu levantei a cabeça para olhar o médico de Astoria, sua expressão agora era claramente triste e amargurada, e com uma pitada bem relativa de pena.

– Eu pedi para que a Srtª Davis avisasse ao senhor quando estivesse sozinho porque sabia que seu pai diria não á isso, mas eu tenho a esperança de que você esteja sóbrio o suficiente para entender que essa é a única forma de manter seu filho e esposa vivos.- Disse ele, colocando luvas de elástico na mão. Eu concordei com a cabeça e virei para Astoria, além de apertar minha mão ela também mordia a boca, me fazendo compreender o motivo dos cortes nos lábios. Eu suspirei e várias lagrimas caíram juntos.

– Ela vai ficar bem? Os dois vão ficar bem?- Eu perguntei, me virando para o medico novamente. Ele já estava pegando uma poção para dar á Astoria. Sorriu de leve para mim, mesmo que a sua intenção fosse de chorar e sair gritando. Pelo menos era isso que aparentava.

– Senhor Malfoy, não há outra saída, é isso ou vamos deixar os dois morrendo aqui.- Disse ele, sem me olhar porque ele devia ter plena consciência que as suas palavras causaram uma dor sem tamanho no meu peito. Eu pareço altamente gay falando assim, mas não dá pra ser muito macho em situações como essas.

– Faça o que puder para salvar meu filho e a minha esposa, por favor.- Eu disse, segurando o seu braço quando ele se agachou para colocar a poção na boca de Astoria, que parecia estar em outro mundo, talvez a dor fosse tão grande que a tivesse fazendo delirar.

– Eu farei, mas agora você precisa ficar lá fora com a Srtª Davis, está nervoso demais e nós vamos precisar de toda a calma do mundo agora. É um método trouxa e nenhum de nós está muito familiarizado com ele.- Disse o médico, fazendo uma careta. Eu suspirei.

– Eu confio em você.- Eu disse e me agachei para Astoria.- Vai ficar tudo bem, com vocês dois. Eu amo vocês.- Eu disse, dando um beijo na sua testa e saindo do quarto.

Thamyris ficou me amparando enquanto eu chorava desesperadamente, não me importava que todas as pessoas estivessem olhando para mim agora, eu queria que todas elas se explodissem.

– Vai ficar tudo bem, Draco! Quando você menos esperar, vai estar segurando o seu filho e abraçando Astoria. Você tem que ter fé!- Como se essas palavras me ajudassem.

– Você não viu a cara dele! Ele estava com pena, lá no fundo ele sabe que não vai dar certo, que provavelmente eles vão morrer, os dois! O que eu vou fazer da minha vida sem eles?- Eu perguntei em meio aos soluços.

Fazia muito tempo que eu não chorava assim, tanto tempo que eu mal lembrava quando fora a ultima vez. Chorar com uma dor enorme no peito, daquelas que nada pode tirar, nada pode curar. Uma dor tão grande que eu mal consigo falar ou definir. As pessoas dizem que o amor é o sentimento mais indefinível do mundo, mas é só porque elas nunca tiveram a esposa num quarto de hospital prestes á morrer e levar o único filho junto.

– Não importa o que ele pensa, o que ele fala ou a expressão facial dele, Draco! Será que você não entende? Não é o quanto de profissionais tem lá dentro ou o quanto de métodos que eles vão usar, é o que está aqui fora. É você e a sua fé, é você e a sua vontade de ver Astoria sã e salva novamente, é você e o seu amor pelos dois. Se você acha que não vai fazer diferença ser otimista, certo! Fique aqui se lamuriando e nada preocupado em deixar a fé agir, a escolha é toda sua.- Ela disse, cruzando os braços.- Ou acha que é só você que vai perder alguém se ela morrer? O mundo em si vai perder uma das melhores pessoas que ele pode criar, apesar de todas as circunstancias.

– Eu sei, me perdoe.- Eu disse, limpando o rosto. Ela balançou a cabeça.- Mas eu vou fazer o quê?

– Você eu não sei, mas eu vou orar pela minha amiga e pelo filho dela, sugiro que você faça o mesmo.- Ela disse, fechando os olhos e unindo as mãos.

Fazia séculos que eu não orava e estar fazendo isso agora iluminou a minha alma, tudo em mim. Enquanto eu implorava á Deus para que salvasse minha família, meu coração e minha mente eram limpos de toda a preocupação e todo o pessimismo. Minhas lágrimas eram enxugadas pela mão do Altíssimo e eu me sentia mais leve do que em qualquer dia. Enquanto eu orava sentado naquele chão se hospital, meu coração sentia que sim, eu ia poder abraçar Astoria e pegar meu filho no colo. Então eu percebi que era só a minha fé agindo, que era só a minha vontade.

Um choro baixinho me fez perder a linha de raciocínio e levantar a cabeça, Thamyris fez a mesma coisa. Éramos dois olhando a porta do quarto, meu coração perdeu a linha da batida umas 4 vezes antes que eu percebesse que aquele era o choro do meu filho e que lá dentro os médicos estavam comemorando.

– Nasceu.- Eu disse, baixinho. Eu mal pude ouvir a minha própria voz e soube que Thamyris não ouviu também quando ela não se mexeu.

De repente pessoas ao meu redor começaram á gritar e comemorar também. Olhei ao redor e minha família estava toda ali com a gente, nem tinha percebido que eles tinham vindo para cá. Dafne abraçava Caleb, Blásio balançava a cabeça, os pais se Astoria respiravam aliviados e mamãe e papai pareciam estar sem reação, assim como eu.

O médico de Astoria saiu do quarto com um sorriso de orelha á orelha e me olhou. Ele parecia estar sem fala enquanto eu via uma lágrima descer pelo seu rosto, uma lágrima de alegria.

– Astoria está te chamando para perguntar se você concorda com o nome que ela escolheu para o filho de vocês.- Ele disse, apontando para a porta do quarto. Então Thamyris pareceu reviver e se levantou num pulo, gritando.

– AI MEU DEUS, ELA TÁ VIVA, ELES DOIS ESTÃO VIVOS, SENHOR OBRIGADA! MEU DEUS, VAMOS FAZER UMA FESTA! EU POSSO ENTRAR? PRECISO VER O MEU SOBRINHO! SANTO DEUS, ELES ESTÃO BEM!- Thamyris gritava enquanto pulava ao mesmo tempo, todos nós olhamos para ela assustado. Blásio entregou á ela uma xícara de chá de camomila e ela bebeu sem respirar. Eu balancei a cabeça e me levantei do chão lentamente.

Não sei por que estava assim, talvez fosse o choque, afinal, além de ter minha família completa e salva, eu agora era pai. Eu tinha ouvido o chorinho dele não tinha? Ele existia e agora era pra valer, não tinha como voltar atrás, ele estava no mundo.

Respirei fundo várias vezes antes de tomar coragem e andar para dentro do quarto, os outros enfermeiros estavam saindo mas não lhes dei muita importância. Ao invés disso, andei lentamente em direção á Astoria que abriu um sorriso enorme para mim. Ela não estava mais chorando e nem estava mais suada, seu cabelo estava preso em um coque alto e ela segurava um embrulho azul, pequeno demais para conter uma criança, foi o que eu pensei.

– Oi, papai.- A voz de Astoria falhou mais eu não estava muito interessado em analisar o tom de voz dela, meus olhos estavam focados e paralisados no embrulho.- Tem alguém aqui querendo te conhecer, será que pode se aproximar? Ele está comendo um pouco.- Disse Astoria, balançando nosso filho lentamente, só pra mostrar que era sobre ele que ela estava falando. Eu andei mais um pouco e fiquei de uma forma que eu podia ver seu rostinho.

Todo mundo diz que uma criança quando nasce é a coisa mais feia do mundo e que não parece com ninguém, e todas essas coisas que todo mundo escuta por aí. Mas o meu filho não, ele era lindo.

Branco, muito, muito, muito branco. Eu podia ver todas as extensões de veias que ele tinha no rosto e na cabeça, que não tinha nenhum fiozinho de cabelo. Seus olhos estavam bem abertos e eram de um cinza brilhante que eu nunca vi na vida, ele movimentou os olhos na minha direção quando eu me aproximei e eu senti alguma coisa quente escorrer pela minha bochecha. Não tinha percebido que estava chorando, estava muito anestesiado com a presença do meu filho para conseguir notar qualquer outra coisa.

– Ele é... Ele é lindo.- Eu sussurrei. Fiquei pensando que talvez tenha sido baixo o suficiente para que ninguém ouvisse, mas Astoria sorriu.

– E é idêntico á você.- Ela sussurrou e eu sorri. Me ajoelhei ao lado da cama e deixei meu queixo repousar no colchão fino de hospital, olhando minha esposa amamentar meu filho.- É pequeno...

– Minúsculo.- Concordei e ela gargalhou.

– Os médicos disseram que ele é o bebê prematuro mais saudável que eles já viram, acredita? Só que ele vai ter que ficar uns 3 dias aqui, para tomar algumas poções. Apesar de ser muito saudável, ele ainda é um bebê prematuro.- Disse Astoria, olhando para mim. Eu concordei com a cabeça. 3 dias? Eu posso viver normalmente com isso.

– Eu pensei que você fosse morrer.- Eu soltei sem pensar. Eu juro por tudo que não queria falar isso na lata, apesar de isso estar martelando na minha cabeça desde o momento em que eu soube que havia riscos. O sorriso dela apagou e depois se abriu de novo.

– Eu também! Mas eu lhe disse, Draco: a morte não vai me levar sem receber um belo soco na cara antes. Não se preocupe, ainda tenho muito tempo para atazanar a sua vida.- Disse Astoria, sorrindo. Eu sorri de volta, sentindo meu coração aquecer diante á aquelas palavras.

– Você sabe que isso é uma promessa, não é? E você sabe que tem que ser pra sempre, e que eu não vou te deixar em paz nunca mais, que você está presa á mim até o fim das nossas vidas. Sabe disso, não sabe?- Eu perguntei. Astoria suspirou de um jeito feliz, como quando alguém suspira só pra dar um adeus definitivo á maratona de dores e um olá feliz á maratona eterna de alegrias, um suspiro só nosso.

– Você sabe que eu amo você e que essa é a melhor coisa que já aconteceu na minha vida, não sabe?- Ela perguntou.

– Sei e sinto.- Eu disse, sorrindo para ela.

– Então a resposta é sim, e quer saber? Eu não tenho problema algum em ficar com você até o fim das nossas vidas.- Ela disse. Eu concordei com a cabeça.

– Isso é muito bom, porque eu também não.- Sorri e ela me acompanhou.

(...)


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Notas finais do capítulo

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