Uma escolha escrita por hollandttinson


Capítulo 23
Perdão.


Notas iniciais do capítulo

Cheguei. Esse capítulo devia ser POV ASTORIA, mas eu achei que um POV DRACO seria mais conveniente. Espero que vocês gostem :)



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POV: DRACO.

Astoria chorava desesperadamente e a minha garganta estava travada. Eu não conseguia achar a voz, não era capaz de dizer o que sentia. O que eu sentia? Eu sabia o que estava acontecendo, eu não me sentia bem, eu me sentia vazio, estranho, distante.

Ela tinha perdido o nosso filho. Aquele bebê que eu nunca tive a menor noção de sua existência. Aquele pequeno ser que nem era "alguém", era apenas um grãozinho na barriga de Astoria. Ela o tinha perdido. Eu não sentia raiva dela por tê-lo perdido, é o tipo de coisa normal que acontece muitas vezes, estava bravo por ela não ter me contado, por ter me escondido isso.

Eu nunca quis ter um filho, nunca me imaginei sendo pai, mas era Astoria. Era o meu filho com ela. Um filho que nasceu do nosso amor, provavelmente tinha sido gerado numa noite muito louca de amor... E agora ele se fora. Eu não sabia como estava me sentindo.

– Você... Você está me escutando?- Ela me tirou dos devaneios. Me olhava profundamente, ela ainda soluçava ofegante. Eu engoli em seco.

– Á quanto tempo sabe da existência dele?- Perguntei. Ela começou á chorar forte de novo e balançou a cabeça.

– Desde o dia da nossa briga, foi a Thamyris e sua mãe quem descobriram, eu não tinha a menor ideia porque a minha gravidez nunca foi daquelas normais onde você vê as mulheres vomitando e passando mal.- Disse Astoria.

– Então você ia poder esconder essa gravidez até a sua barriga começar á crescer...- Eu comentei. Ela começou á chorar de novo.

– Está bravo comigo. Você...- Ela parou de falar para colocar a mão na garganta. Ela estava pálida de novo.

– Está tudo bem?- Perguntei, preocupado. A raiva foi consumida pela minha preocupação. Ela balançou a cabeça.

– Eu não consigo respirar eu...- Ela desmaiou. Eu não tive tempo de pensar muito, aparatei diretamente no St. Mungs com Astoria no colo. Era o plantão de Thamyris.

– O que aconteceu com ela? O que é todo esse sangue?- Thamyris perguntava enquanto conjurava uma maca para que eu deitasse Astoria. Eu balancei a cabeça.

– Apenas chame um médico e cuide dela, eu não sei se eu sou capaz de explicar tudo. Me dê um pouco de tempo, por favor.- Eu disse, me sentando em uma das cadeiras de espera. Eu não tinha forças para segurar meu corpo, eu me sentia cambaleante, como se fosse desmaiar. Thamyris me olhou preocupada mas levou Astoria para um quarto.

Eu não sei quem a chamou, mas mamãe estava ao meu lado alguns minutos depois. Ela apertou as mãos no meu ombro e ficou lá, quieta. Ela devia saber o que tinha acontecido e Thamyris não voltou. Eu não conseguia encontrar a minha voz e nem motivo para mostrá-la. Minha esposa estava num quarto de hospital porque tinha sofrido de um aborto espontâneo. Eu perdi meu filho sem nunca tê-lo, isso era decepcionante para dizer o mínimo.

– Ela vai ficar bem. Astoria é uma mulher muito forte, vocês podem ter outros filhos depois disso, eu tenho certeza de que agora vocês vão estar mais unidos, as oportunidades e probabilidades são inúmeras. Vocês são jovens e...

– Mãe, por favor. Pára.- Eu pedi, balançando a cabeça. Olhei em seus olhos e ela suspirou.- Eu não quero saber das probabilidades de ter um filho futuro.

– Eu sei que você está magoado, ela não tinha contado á você, eu tinha pedido para que ela contasse, mas é orgulhosa. Ela tinha me prometido que ia te contar logo... Não tinha como adivinhar que ele ia... Você sabe o que a fez sofrer o aborto...?- Mamãe perguntou deixando a voz morrer no fim. Eu neguei com a cabeça.

– Ela não estava falando comigo, eu estava dormindo em um quarto separado. Ouvi seus gritos e fui até ela, eu a encontrei jogada no chão e chorando muito, então ela me contou.- Eu disse e a minha garganta estava travada de novo. Foi a pior forma possível de saber de uma gravidez. O que vai vir depois disso? O que pode ser pior que isso?

– Vocês ainda são jovens, eu espero que se recuperem dessa perda logo...

– Eu nunca vou me recuperar, eu vou sempre lembrar do dia em ele morreu, talvez eu lamente mais pela minha falta de conhecimento do que pela sua morte e isso é mais terrível do que tudo. Eu não sinto nada por ele e isso me dói, entende? Ele morreu, meu filho morreu e eu não consigo sentir nada por ele, é claro que eu não sou insensível mas...

– Eu entendo.

– Não, não entende! Ninguém entende! E isso é o pior de tudo: ninguém é capaz de entender o que eu estou sentindo e sabe porquê? Por que nem eu sei!- Eu disse, me jogando na cadeira e esticando as pernas. Eu me sentia mais cansado do que todos os dias da minha vida, eu estava exausto de todas as formas possíveis, por todo o lado. Mamãe suspirou.

– De qualquer jeito, não é sensato se culpar por nada do que está acontecendo, pelo visto não é o que está fazendo, mas Astoria vai. Deve lembrá-la de que não é culpa dela... Por mais bravo que esteja, não tem noção do quanto ela queria essa criança, de todos os planos...

– Dos quais eu nunca estive incluso não é?- Perguntei, irritado. Mas eu não era a única. Logo mamãe estava brava comigo, ela deu um tapa na minha cabeça enquanto bufava.

– Draco Malfoy, eu não acredito que você ainda está falando do seu ego sobre nunca ter sabido da gravidez de Astoria. Não me decepcione tanto! Eu entendo que você fique tão magoado, mas não vê o quanto ela está ferida também? Uma mãe perdeu um filho aqui, e a mãe é a sua esposa. Seja sensível com a dor dela, é assim que as pessoas que amam agem, por favor! Está sendo patético do jeito que está!- Ela disse. Depois suspirou e passou a mão na roupa meio que para desamarrotá-la. Eu revirei os olhos. Nada que ela dissesse me faria mudar de ideia.- Como eu estava dizendo: Astoria tinha vários planos para essa criança, e sim, você estava incluso em cada pedaço deles. Apesar de ela estar brava com você por ter sido um grande idiota, você foi um grande idiota, não ouse me interromper.- Ela disse quando eu abri a boca para protestar. Bufei e cruzei os braços e ela prosseguiu.- Ela o amava mesmo assim, não seja grosso com ela quando for vê-la, lembre-se do quanto ela te ama e amava essa criança mais que tudo, a dor que está sentindo, sem falar na culpa por não ter te contado e por ter perdido-o.

– Mãe, eu já entendi: nada de fazer Astoria se sentir culpada ou magoá-la mais do que já está. Ser sensível e amá-la acima de tudo. Eu a amo mais do que tudo, você não precisa me mandar fazer isso. Mas é bom saber um pouco do que está rolando.- Eu disse respirando fundo. Eu estava mais calmo apesar da dor no meu peito não ter cessado e ainda estar agoniado.

– E lembre-se: vocês são jovens e podem ter quantos filhos quiserem no futuro... Se não for muito incomodo: não sejam os próximos Weasley.- Disse mamãe sorrindo. Eu revirei os olhos sorrindo.

– Pode deixar, meus filhos serão loiros.- Ela fez uma careta.

– Draco.- Thamyris falou baixinho. Eu me endireitei na cadeira para ouvi-la. Sua expressão dizia que tinha chorado muito. Ela não estava bem. Engoliu em seco antes de continuar á falar.- Astoria já foi atendida e ela de fato perdeu o bebê, o médico quer falar com vocês dois, mas ela não está em um estado bom para conversas então deram uma poção para que dormisse. Ela estava um pouco descontrolada.- Thamyris fez uma careta.

– O que você quer dizer com "descontrolada"?- Pergunto mamãe, segurando a minha mão com força enquanto eu tentava vacilar e voltar para a minha posição anterior, aquela em que eu pareço um fracassado, derrotado jogado numa cadeira puída de hospital.

– Ela gritou coisas como "não toquem em mim, ele ainda está aqui, não machuquem ele". Ela ainda não consegue acreditar que o perdeu, isso está nos preocupando. Mas eu acho que ela vai se recuperar, é só o choque do momento... Não é? Estamos torcendo para que sim.- Disse Thamyris falando rápido. Depois revirou os olhos como se estivesse exausta.

– Onde o médico está me esperando?- Perguntei. Thamyris suspirou.

– No quarto dela, eu vou levar você até lá... Mas você precisa estar preparado para ouvir qualquer coisa.- Disse Thamyris. Eu me levantei e ela colocou a mão no ombro. Deu um sorriso de quem quer dar força para a gente.

– Eu nasci pronto para ouvir qualquer coisa.- Eu disse balançando a cabeça. Ela concordou e me guiou até o quarto de Astoria.

Ela estava deitada em um ângulo que eu não podia ver seu rosto, mesmo assim eu sabia que estava pálida. Muito pálida. Ela parecia péssima também, como se não dormisse á séculos. Mesmo não vendo seu rosto, eu sabia.

– Olá.- O médico que estava ao seu lado disse sorrindo. Eu ergui uma sobrancelha. Porque os médicos sempre sorriem para a gente? Eles nunca tem um noticia boa pra a gente, porque sorriem? É como se estivessem dizendo que não importa o quanto nós estamos sofrendo, o quanto várias pessoas morrem aqui todos os dias, eles vão sorrir. Idiotas.

– O que você queria falar comigo?- Perguntei me sentando ao lado de Astoria e segurando a sua mão com força. Estava fria.

– Eu preciso conversar com você sobre todas as coisas que acontecem com as mulheres depois que sofrem um aborto. De todos os riscos que correm e do quanto vai ser difícil ter um filho agora.- Disse o doutor ficando de costas para mim enquanto abria fechava as cortinas que tinham aberto porque começou á chover. Eu revirei os olhos.

– Eu já sei de tudo isso.

– Mesmo assim, é o meu trabalho dizer, eles vão me cobrar esse tipo de coisas. De todo jeito, Sr. Malfoy...- Ele voltou á olhar para mim.- A Sra. Malfoy não será capaz de gerar uma criança tão cedo. Espero que seja paciente.

– Eu não tenho pressa, obrigado pelas informações inúteis que eu já tinha.- Eu disse grosso. Ele crispou os lábios.

– Tenha uma boa noite.- Ele se foi. Amém.

– Oi, meu amor... Você provavelmente não está me ouvindo. Eu não me importo. Espero que em algum lugar dos seus sonhos, você saiba que eu te amo e que estou aqui com você, segurando a sua mão. Eu estava sempre assim, sabe? Mesmo quando você não falava comigo... Eu estava sempre aqui. Talvez você não saiba, mas sempre quando você ia dormir, todos os dias, eu dava uma escapada e ia até o seu quarto e dizia o quanto te amava e o quanto eu queria que você fosse feliz. Mesmo que eu não estivesse incluso nos seus... Planos.- Eu suspirei. Não percebi quando me deitei ao seu lado, mas era assim que eu estava agora. Deitado ao seu lado enquanto ela dormia.- Eu amo você e eu sei que nós ainda vamos ter um filho lindo e saudável. Ele vai ser loiro como eu e vai ser igualzinho em você no jeito, eu espero. A beleza ele pode misturar dos dois... Ele vai ser um gato não vai? Todas as meninas vão babar nele!- Eu sorri enquanto imaginava o belo garoto loiro.- E se for uma garotinha? Bom, eu espero que ela seja loira também e tenha o seu corpo perfeito, sabe? Seu sorriso e ela será perfeita. Eu vou cuidar muito da nossa garota e vou dar um jeito para que ninguém no mundo seja capaz de ferir o coração dela como eu feri o seu...- Suspirei.- Eu estou arrependido de ter falado aquelas coisas pra você, eu devia ter dito isso antes de você sofrer um aborto espontâneo por causa da raiva que lhe causei, por toda a nossa briga... De todo jeito, eu amo você e estou arrependido. Espero que você seja capaz de perdoar algum dia.

Eu disse e então fechei os olhos, respirando o cheiro doce de seu cabelo. Em meus sonhos, eu ouvi Astoria dizer "Por você, eu sou capaz de perdoar até os piores dos erros, eu amo você e logo vamos ter nosso garoto e nossa garota. Eu amo você."

(...)


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Notas finais do capítulo

AAAAAAAAAAAAWN snsiosnisns beijão, tchauzin



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