Just Justice escrita por Sophie Queen


Capítulo 23
Quatro Atos




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DISCLAIMER: Eu não sou proprietária ou dona da saga TWILIGHT, todos os personagens e algumas características são de autoria e obra de Stephenie Meyer. Mas a temática, o enredo, e tudo mais que contém na fanfiction JUST JUSTICE, é de minha autoria. Dessa maneira ela é propriedade minha, e qualquer cópia, adaptação, tradução, postagem ou afins sem a minha autorização será denunciado sem piedade. Obrigada pela atenção.
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N/A: Olá meus amores!

Como todo mundo está?! Ansiosos por este capítulo, imagino? Eu também estou, tanto que optei por não atualizar TEENAGE DREAM e começar a trabalhar rapidamente neste capítulo que está... longo. *BRINCADEIRINHA* Neste capítulo tem as respostas para TU-DO. E quando eu digo tudo é tudo mesmo. Talvez a única resposta é o nome do infiltrado, mas... lendo vocês saberão quando ele(a) irá surgir! *KKKKKKKKKKKKKKKKKKK*

As reviews deste capítulo foram incríveis – por mais que umas realmente me assustaram – já que teve gente que disse que não ia ler mais a fic porque estava indignada, ultrajada por eu ter colocado o Edward como assassino do James, ou então pessoas afirmando que a Bella deveria ficar sozinha e que o Edward mofasse na cadeia.

Como eu disse nas minhas notas no capítulo anterior: confiem em mim, eu sei o que eu estou fazendo, programei está fic bem, antes de iniciá-la e não iria acabar com ela desta forma. Sim, sim, para quem espera o final feliz vocês verão uma luz no fim do túnel.

Mas chega de enrolar e deixarei vocês leram o capítulo que está imenso (31 páginas e 12.800 palavras – exagero?! Um pouco). Vocês notaram que ele foi dividido em 4 partes, mas NEM PENSEM EM PULAR ALGUMA, OK?! Todas elas têm respostas sobre os mistérios da história, segredos sobre o enredo e tudo mais, então confio em vocês!!!

Obrigada a todos, por tudo o que me proporcionam. Obrigada realmente para quem lê, comenta ou não, favorita, recomenda, é cada gesto minúsculo deste que me deixa mais e mais feliz em escrever isto aqui.

AGRADEÇO MAIS UMA VEZ PELO CARINHO IMENSO DE VOCÊS.
OBRIGADA MESMO POR TUDO, AMO MUITO CADA UM DE VOCÊS
POR FAZER ISSO AQUI ALGO ESPECIAL PARA MIM.

Boa leitura e nos falamos mais adiante. ;D

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JUST JUSTICE

capítulo vinte e dois
Quatro Atos

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“Nesta vida, em que somos capazes dos atos
mais nobres e dos erros mais terríveis,
não somos mocinhos nem vilões: apenas humanos.”

- Augusto Branco -

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Jacob Black

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Victoria Lewis Giordano finalmente mostrou para todos o segredinho sujo que ela e James compartilharam no passado e compartilham até hoje, por conta dos laços sanguíneos. Seu teatro de boa esposa – por mais que não fossem mais casados há quase cinco anos – sofrendo o luto por ter seu grande amor em um caixão, arrastando uma criança que é o pai cuspido e escarrado, seguido pela a mãe de James, Lauren, a tratando como uma filha muitíssimo bem quista – algo que não fazia com Bella -, e para encerrar o ato de ex-esposa em luto ela enfrentou Bella; e a enfrentou a rebaixando, acusando-a de assassina, que só se aumentou as suspeitas de todos quando deu sua cartada final. Tudo foi digno de uma novela.

Todavia, sua cartada que foi melhor do que eu sequer poderia imaginar, foi com ela declamando em alto e bom som outro segredinho sujo, desta vez envolvendo Edward e Bella, para a surpresa geral de todos os agentes do FBI presentes e dos pais de James.

Os dois eram meus amigos – íntimos – eu posso afirmar, mas a traição de não me contar que haviam se casado escondidos, ainda era um golpe que sentia; e mesmo depois de tantos anos vê-los escondendo isso de mim, aquele que sempre confiou tudo a eles era penoso. E por mais que soe egoísta e mesquinho, ver a filha do inimigo número um do FBI e dos Estados Unidos desmascarando-os diante de todos foi interessante, no mínimo.

Desde que os dois fugiram em suas férias de verão no último ano de faculdade para Las Vegas, ou melhor, Los Angeles, como teimavam em afirmar que tinham ido; eu soube o que eles foram fazer na região oeste. E conseguir a confirmação foi ainda mais fácil – por mais que não fosse de uma maneira digna, uma vez que os dois viviam grudados e totalmente apaixonados, declamando seu amor aos quatro ventos; porém, foi depois de uma grande noitada regada a muito álcool e diversão que ambos soltaram ‘sem querer’ que agora eram mais que um simples casal de namorados como teimava em afirmar que não eram; agora eles eram marido e mulher.

Claro que algumas semanas depois dessa revelação, os dois se separaram – ou pelo menos parecia, já que nunca mais os vi juntos, talvez eles estivessem tomando cuidado para que seu relacionamento não fosse revelado, ou talvez tivessem dado um tempo, uma vez que se tem algo que poderia confirmar com certeza absoluta é que Edward e Bella foram feitos um para o outro. Se existisse mesmo essa história de almas gêmeas, um era a alma do outro.

No entanto, fora só quando ingressei na Academia de Polícia, como um simples agente, que realmente soube toda a história dos dois, ou pelo menos a parte que sofreram para esconder. Tomei conhecimento de todo o acordo com a justiça do estado de Nevada, que os mantinham casados devido a uma cláusula do contrato pré-nupcial que assinaram, antes de se unirem em matrimônio.

Nunca, em tempo nenhum, imaginei que duas pessoas tão hábeis como Edward e Bella, cometeriam um erro tão infantil em um contrato; ambos que sempre foram os melhores alunos do curso de Direito da Harvard se deixaram levar pelo amor, pela paixão que nutriam e nutrem um pelo outro até hoje. Sinceramente isto era hilário de tão idiota que soava.

Era patético como todos – e quando digo todos incluo meus dois amigos, minha noiva, meus subalternos e principalmente meu chefe – Eleazar -, subestimarem a minha capacidade, a minha inteligência, a minha perícia em ser um excelente policial, de ser um investigador. Poderia até ter sido chefe de uma subseção inteira e chefe do departamento do FBI em Washington, mas eu nunca passei de uma simples marionete deles, Eleazar e de Thompson, que nunca me deixavam ter decisões, sempre pensavam, agiam por mim.

Eu devo dar graças a Deus por Thompson não estar mais entre nós, filho de uma puta desgraçado, sempre me colocou para baixo, sempre me tratou como lixo. Abençoado seja o infiltrado.

Já o segredinho indecoroso que James tratou de esconder com demasiada maestria, devo acrescentar, ao contrário de Edward e Bella, eu só consegui descobrir tempos depois que ele passou a ingressar na equipe que liderava depois de ser remanejado de Assuntos Estratégicos do FBI para a subseção de Crimes Cibernéticos que era a sua área.

A sua insubordinação a mim era intrigante, contudo, desde o início soube que se tratava de alguém que causaria muitos problemas, e quando consegui confirmar que o desgraçado foi casado com uma das herdeiras do il dio, e dessa união resultou um fruto que o fazia ficar na mão daqueles malditos italianos, eu soube que tinha que ficar de olho neste infeliz porque ele poderia vir a fazer de tudo para conseguir, no caso, a guarda do seu filho.

Bastardo de um traidor.

Sim, James William Scott era patético achando que poderia esconder de todos que ajudou aqueles filhos de uma puta a conseguir algumas informações do FBI, em uma simples verificação a fundo, conseguir notar que ele ajudou-os com muitas informações relevantes sobre o caso que todo o departamento trabalhava, contudo, quando percebeu que eles queriam mais dele pulou fora o mais rápido possível, mesmo que ainda tivesse o rabo preso.

Idiota.

Ele realmente achou que podia esconder isso de alguém; tenho certeza absoluta que na gaveta do escritório de Eleazar o nome de James era o primeiro como suspeito de ser o pérfido. Mas o cara era inteligente demais e sempre, sempre conseguiu se safar, até conquistar o coração da minha ex-namorada, minha melhor amiga, Bella, ele conseguiu.

Bastardo filho de uma puta.

Eu precisava dar um jeito de afastá-lo de Bella, recuperar a minha querida amiga, quase uma irmã ao lugar que ela pertencia: ao lado de seu marido Edward.

Recordo-me com clareza que quando dei o nome de Edward para Laurent Thompson – que gostaria de colocar uma outra pessoa para ajudar Bella na seção de Crimes Organizados – ele hesitou muito, afinal, os dois estudaram juntos e mantiveram um longo relacionamento, escondendo coisas da justiça e nos seus formulários quando ingressaram no FBI.

Porém, quando o Cullen conseguiu acabar com o domínio dos russos em LA, Laurent percebeu que de fato, Edward era quem ele precisava a frente, ao lado de Bella na subseção mais importante do departamento do FBI. O que mais foi instigante foi ver Edward conseguir desestabilizar Bella a ponto de deixá-la com os nervos à flor da pele, como mostrar para aquele filho de uma puta do James que tinha uma concorrência de peso para o coração da morena.

Obviamente que Edward não demorou em conseguir deixar Bella enlouquecida, quase neurótica. A presença viva do passado que ela teimava em esquecer foi melhor do que eu poderia sequer imaginar. Claro que ela ainda nutria sentimentos pelo ‘marido’, e como nutria, ela só precisava de uma forcinha do destino – ou não – para ver quem realmente era o seu fado. E o destino trabalhou bem para esses dois, deixando James possesso de ciúmes e ainda unindo-os mais ainda.

Todavia, o destino deu o seu último lance, e finalmente eu poderia ver meus dois amigos juntos outra vez, já que James encontrava-se morto – muito morto. Por mais que não ia com a cara do infeliz vim ao seu velório, uma vez que precisava manter as aparências e prestar as minhas condolências a Bella que sofria a perda do noivinho, no entanto essa cerimônia fúnebre estava virando um ato de algum conto shakespeariano, principalmente depois que Victoria Giordano declamou a todos que Bella e Edward eram casados.

Evidente que os dois ficaram surpresos que a ruiva soubesse tal informação; porém a surpresa dos agentes da equipe dos dois, bem como outros agentes e os pais de James que estavam próximos foi impagável. Lógico que os dois tentaram disfarçar a sua união mais uma vez, mas todos os presentes eram inteligentes demais para não perceber o óbvio: Edward e Isabella eram um casal. Um casal demasiadamente unido, já que em nenhum momento durante a duração de todo o velório o ruivo saiu do lado da morena, e essa afetuosidade não é de simples amigos ou parceiros, ela tinha algo a mais.

Quando a balburdia tomou o ambiente, Alice Brandon, como uma excelente agente e uma boa amiga de Edward, tentou amenizar a situação dos dois, menosprezando assim o absurdo da sentença da italiana. Deste modo, fingindo um ultraje, ladeados por seus oito agentes deixaram o salão, mas a bomba já havia estourado e mesmo com os protagonistas longe o assunto tomou as conversas por um demasiado tempo.

Literalmente eu estava me divertindo com todo esse circo, mas inesperadamente meu celular começou a vibrar em meu bolso, e eu sabia que deveria atender, principalmente porque era da sala de Eleazar. Afastando-me da confusão fui atender e me surpreendi quando Ronald Wright falou do outro lado da linha.

Ele solicitou que eu o encontrasse imediatamente na sala de Eleazar, e mesmo me divertindo com a palhaçada que presenciava, fui até o prédio adjacente ao encontro dele e do secretário de defesa estadudiniense, para saber o que eles tinham para me dizer.

Não me surpreendi ao encontrar policias da Polícia de Washington ali, com um aceno de cabeça ligeiro, rapidamente entrei na sala em que encontrava Eleazar e Ronald, com expressões preocupadas e olhares perdidos.

- Jacob! – exclamou Eleazar com alívio. – Fico feliz que você tenha vindo rápido, espero que não tenhamos te tirado de algo importante.

- Não Eleazar, não estava fazendo nada importante, a não ser que você conte um velório como real importância. – ironizei, fingindo um falso sentimento de tristeza.

- Meus pêsames Jacob, eu sei que você e James eram bons amigos. – solidarizou Eleazar.

- Obrigado, mas fico pior por conta de Isabella. Ela está devastada. – explanei.

- Ela ficará ainda mais devastada. – anuiu Ronald, atraindo finalmente a minha atenção.

- Como? – surpreendi.

- Jacob, foi para isso que lhe chamamos – começou Eleazar. -, eu tenho ciência que você e Edward Cullen são bons amigos e a um longo tempo, mas... – tomou uma respiração profunda. – Pelos dados da autopsia, da balística e perícia, os tiros que ocasionaram a morte de James Scott partiram da arma de Edward.

- O quê? – praticamente gritei tamanha a surpresa.

- Eu sei que Edward é seu amigo, mas Jacob, ele assassinou friamente James, e temos provas de que foi um crime passional. – desculpou-se Eleazar.

- Passional? Algo relacionado com Bella? – questionei confuso.

- Exato! – confirmou Ronald, virando um laptop para que eu visse a cena que se desenrolava ali.

Edward e James brigando feitos dois abutres no estacionamento do FBI; rolando no chão, socos, pontapés, muitas e muitas ameaças. Nenhum dos dois estava sendo gentil nas suas palavras, gestos, ou ações, eles pareciam dois animais brigando por algo que não é era da escolha de nenhum dos dois.

- Quando foi isso? – perguntei aturdido.

- Duas horas antes do assassinato de James. – respondeu prontamente Ronald. No mesmíssimo instante que na gravação Edward ameaçava acabar com a vida de James.

- Eu não acredito que Edward fez isso... o que faremos? – questionei transtornado.

- Já temos uma ordem de prisão preventiva expedida pelo juiz Jason Jenks. – afirmou Ronald indicando um papel estendido sobre a mesa de Eleazar.

- Vamos prendê-lo no meio do velório? O que será da Bella? – inquiri agoniado.

- Por isso que precisamos de você, precisamos que você mantenha a calma de Isabella. – explicou Eleazar.

- Você sabe que ela não vai ser tranquilizada tão simples assim. Eleazar, você imagina o choque dela? Querendo ou não Edward é... – engasguei com a sentença que queria concluir, mas o secretário de defesa rapidamente o fez por mim.

- Marido dela. Eu sei Jacob, por isso precisamos de você. – demandou.

- Eleazar... isso... isso é... enervante. – disse abobalhado.

- Temos conhecimento disto agente Black, mas não podemos deixar Edward Cullen impune, precisamos interrogá-lo o mais rápido possível. – explicou Ronald.

- Achamos que existe algo a mais. – ponderou Eleazar.

- Algo a mais? Como assim? – questionei confuso.

- Acredito que Edward Cullen é o infiltrado de Aro Volturi. – falou com seriedade.

- Quê? – surpreendi-me. – Não! Não! Não! Eu conheço Edward, ele nunca trairia toda a nação... o país... Bella, desta maneira. – disse aturdido.

- Desculpe-me Jacob, mas obtemos provas que indicam o envolvimento de Edward com o Crime Organizado Italiano. – completou tristemente.

- Estou...

- Surpreso? Enervado? Perplexo? – enumerou Eleazar. – Nós também estamos assim, não imaginávamos que justamente Edward, um agente excepcional, tão justo, cometesse algo desse calibre. – expôs.

- Isso vai causar um dano em Bella, um dano terrível. – disse tolamente. – Mas vamos lá fazer isso, precisamos descobrir a verdade – se é que tem alguma. – afirmei com pouca animação.

- Jacob... eu sinto muito. – pediu Eleazar solidário.

- Nos enganamos muito achando que conhecemos as pessoas, no fim elas sempre nos surpreendem. – anui tristemente.

Os dois homens na sala somente concordaram com um aceno singelo de cabeça. Enquanto eu tentava entender como Edward poderia ter assassinado James, isso não era algo da personalidade dele. Crime passional? O que estava acontecendo com Edward?

Mal notei que estava acompanhando os dois homens junto com mais dois policias da Polícia de Washington até o salão em que o corpo de James estava sendo velado. Fora só quando estávamos a alguns passos de Bella e Edward que estavam de mãos dadas em um momento tão íntimo que sai do meu estupor, para enfim presenciar a desgraça completa sendo liberada diante meus olhos.

Engoli em seco. Agora vinha a parte que eu esperava nunca ter que assistir, tanto pela a minha melhor amiga, quanto pelo meu melhor amigo.

- Perdoem nossa interrupção. – disse Eleazar solenemente.

- O que aconteceu? – Bella perguntou confusa, atordoada.

Respirei profundamente

- Bella, é melhor você se afastar. – implorei com simpatia.

- O que aconteceu? – repetiu confusa, olhando de mim para Eleazar e então para os homens da polícia de Washington. Isso seria mais difícil do que imaginava.

- Senhor Edward Anthony Cullen? – perguntou o xerife Ronald Wright para Edward sem rodeios, ignorando a preocupação de Bella.

- Sim. – declamou temeroso.

Era fato: Edward tinha culpa no cartório.

Merda.

- O senhor estápresopeloassassinatode James William Scott. – proclamou Ronald.

Instantaneamente Edward levou sua mão ao rosto, apertando seus olhos verdes, como se estivesse crente que aquilo fosse um pesadelo, enquanto Bella arregalava seus olhos surpresa, encarando todos, mas principalmente Edward que continuava inexpressivo.

- O quê? – gritou Bella inquieta. – O que é isso? – questionou. – Edward... você... – começou, mas a expressão no rosto do ruivo indicou a resposta. – Oh meu Deus... eu não... oh meu Deus... – afirmou desesperada. – Eu... eu... eu não acredito!

- Bella... eu... eu... me perdoa, meu amor. – implorou, enquanto o xerife Ronald estendia as algemas para colocá-las em torno dos pulsos de Edward.

- Seu... seu... – balbuciou Bella desconcertada. Edward fechou seus olhos e abaixou sua cabeça em um claro sinal de culpa.

- Bella... – comecei receoso, a morena me interrompeu erguendo sua mão em um indício para que me calasse.

- Eu te odeio, Edward Cullen! – exclamou acertando sua mão com toda a força que seu frágil corpo debilitado pela ausência de descanso e pelo trauma da perda repentina do noivo, fora capaz de desferir. O tapa foi em cheio no rosto de expressão criminosa de Edward, seu esposo.

- Bella... eu... – começou o ruivo, mas rapidamente ela o interrompeu.

- Calado! Eu não quero te ouvir, Edward. – declamou. – Por favor, tira este homem da minha frente. – suplicou com olhos chorosos para Eleazar e Ronald.

Com demasiada rudeza e tratando como o mais feroz criminoso os dois policias que acompanhavam o secretário de defesa dos Estados Unidos e o xerife da Polícia de Washington, arrastaram-o pelo salão sobre os olhares atentos de todos.

- Não disse que o amante dela tinha algo haver com essa tragédia? – desdenhou Victoria arrogantemente. – Será uma questão de tempo até que provem o seu envolvimento também.

- Eu nunca faria isso! – exclamou Bella abalada, caindo literalmente destruída em meus braços, chorando desesperadamente em minha camisa branca, enquanto eu somente podia confortá-la como um bom amigo, ainda desconcertado com o que havia acontecido.

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“Os pequenos atos de cada dia fazem ou desfazem o caráter.”
- Oscar Wilde -

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Eleazar Campbell

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Foi desconcertante, traumatizante, assustadora a cena que vi diante de meus olhos. Isabella estava devastada quando Ronald Wright disse que Edward estava preso pelo assassinato de James.

Sempre os vi mais do que um simples casal, eles eram metade de um todo. Cada um com suas particularidades, com suas ações, com suas diferenças. Eles completavam um ao outro, algo que era raro de se ver, pelo menos não tão claro como via nos dois. Os sentimentos que nutriam um pelo outro era ainda mais evidenciado por suas diferenças que o completavam como um todo perfeito.

Mas então o que havia acontecido com esta perfeição? Por que Edward Cullen que claramente tinha Isabella, sua esposa, em suas mãos, fez algo tão... tão... desprezível como matar um simples concorrente, alguém que até então servia somente como estepe para a sua esposa, quando estavam separados?

Seria simplesmente um acesso de ciúmes? Um crime passional por não suportá-la ver nos braços de outro? Eu não conseguia visualizar a logística dessa situação, por isso decidi analisar o todo, e o todo não foi nem um pouco agradável.

Infelizmente Edward se encaixava muitíssimo bem no perfil do delator, do infiltrado que nos frustrava diariamente na busca de incriminar Arthuro Lewis Giordano. Obviamente ainda havia um ponto questionável: as ações do pérfido se iniciaram antes de Edward juntar-se ao FBI de Washington, então como ele poderia ser o malfeitor?

A resposta veio uma hora depois de um telefonema meu a Los Angeles – onde antes o ruivo exercia sua profissão. Mesmo com o backup de seu computador, conseguimos localizar informações sigilosas sobre a investigação do caso Camorra, antes mesmo de ele fazer parte destas. Após ter ciência dessa situação, fora extremamente fácil interligar os outros pontos. Foi como uma somatória infinita.

Porém, uma dúvida ainda rondava a minha cabeça: como uma pessoa que assassinou outras três, sem nenhuma hesitação, falha, medo, pode ter cometido um erro tão pueril? Como uma pessoa ambiciosa, fria, calculista e extremamente inteligente pode ter cometido um crime passional como este, ou será que além da motivação amorosa havia outra? Talvez James houvesse descoberto que ele era o infiltrado? Só uma investigação minuciosa poderia responder as minhas dúvidas.

Mesmo que tivéssemos Edward sobre custódia precisávamos de mais provas para confirmar que ele é o infiltrado. Os simples resultados da perícia eram muito pouco para provar sua sentença, ainda mais por ele ser réu primário, ter bons antecedentes, por ser um agente federal e principalmente por ser o marido de Isabella perante a lei estadudiniense.

Entretanto, as respostas para minhas perguntas vinham muito mais fáceis do que eu suporia. Como meses tentando recolher algo sobre o infiltrado, sempre, sempre sendo frustrados, de repente conseguimos respostas tão fáceis e em lugares tão óbvios?

Na minha concepção tinha algo muito errado nesta história toda. Por precaução mantivemos Edward preso preventivamente pelo homicídio de James, mas mantive a mente aberta para outras questões envolvendo o infiltrado e o maldito il dio, porque realmente não acreditava que ele era quem acabava com nossos planos.

É contraditório como a lei do mundo pode ser controvérsia, perturbadora. Murphy tinha razão em afirmar que “Se algo pode dar errado, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo a causar o maior estrago possível", e quem disse que com a investigação tão sigilosa, tão importante como a que realizamos não chegaria aos ouvidos de alguém tão inescrupuloso como Aro Volturi?

Sim, o desgraçado sabia que estávamos tentando buscar algo que pudesse incriminá-lo, acabar com a sua festa dentro FBI. Mas como sempre ele estava a longos passos a nossa frente. Nem mesmo nossos mais duros esforços adiantavam em algo e a morte de Royce King fora um golpe extremamente baixo que sofremos.

Royce King que desde que deixou o FBI com um pedido de exoneração devido a um atentado forjado pelos italianos contra a sua esposa mudou-se para uma cidadezinha no interior da Itália, onde segundo documentos falsos, era a cidade natal de Aro Volturi. Com longas investigações, principalmente lideradas pelo agente Scott antes de sua morte, conseguimos comprovar que o senhor King ainda mantinha acesso aos dados do sistema federal americano. Sistema este cheio de informações sigilosas e dados sobre os casos que trabalhamos, inclusive os do Crime Organizado Italiano.

A audácia era tamanha que o Royce King, ambicioso e fútil, a troco de algumas dezenas de euros alterava dados displicentemente sobre seus novos patrões, bem como ajudando ao infiltrado, seja quem for; a criar o programa que este usava para nos dar pistas falsas e comunicar-se de dentro do FBI com seu “chefe”.

E foi utilizando essa ambição e esta futilidade de King que lhe oferecemos anistia se ele falasse sobre seus contratantes italianos, bem como a indicação do infiltrado. Porém, o filho de uma puta conseguiu entrar em contato com os desgraçados e acabaram com a miserável vida daquele infeliz.

Foi um golpe baixo que os infelizes daqueles carcamanos armaram contra nós, e o estúpido do Royce King foi enganado furtivamente por todos, sendo usado sem qualquer piedade e depois quando notaram que este estava com medo das autoridades americanas, com medo de ser preso e estava disposto a entregá-los, o mataram sem pensar duas vezes.

Até quando sofreríamos perdas? Até quando teríamos que ser frustrados seguidas vezes? O infiltrado fosse ele quem quer que fosse estava nos causando problemas demais.

Abaixei a minha cabeça em frustração, eu já não sabia mais o que fazer. Ao que tudo indicava Edward não era o infiltrado, mas a questão política de tudo exigia que eu o responsabilizasse por tudo, por mais injusto que seja.

E fora partindo desta perspectiva que o mantinha sobre custódia policial há seis dias que tomei uma decisão.

Ronald Wright que fora o policial que instaurou o inquérito sobre a morte de James Scott, o havia interrogado assim que o trouxemos para uma das salas para esta finalidade no departamento do FBI. Ele não negou a autoria do crime, mas também ele não afirmou que cometeu; ele declarou que estava atordoado, confuso, era como se ele não recordasse do que aconteceu há um pouco mais de uma semana.

Cansado de postergar o interrogatório que faria a ele, decidi que era o momento de enfrentá-lo, de tentar descobrir se ele era mesmo o infiltrado, ou se todas as provas que encontramos foram plantadas pelo verdadeiro infiltrado. Tomando uma respiração profunda, levantei-me de minha cadeira indo para quatro andares abaixo de minha sala, onde ele se encontrava encarcerado.

Em seis dias Edward estava acabado, Carlisle, seu irmão, havia lhe trazido roupas mais confortáveis, mas a barba sem fazer e as olheiras fundas em seu rosto indicavam um homem que havia se entregado. Longe dos ternos bem cortados, da barba sempre bem feita, dos olhos verdes brilhantes, ele era o oposto do que era há uma semana, ele literalmente estava se entregando.

- Olá, Edward. – cumprimentei quando entrei na sala de interrogatório que ele já me esperava.

- Bom dia Eleazar. – retribuiu. – Vejo que você enfim, decidiu me interrogar. – ponderou educadamente.

- Edward... quem é você? – perguntei aturdido quando me sentava na cadeira em frente ao ruivo.

Ele sorriu torto, mas não mostrava nenhum divertimento com isso.

- Quem eu sou? – questionou retoricamente. – Eu sou eu, Eleazar. Edward Anthony Cullen, agente do FBI, casado com Isabella Swan há quatro anos e nove meses, chefe da subseção de Crimes Organizados do FBI e uma pessoa que não tem certeza se matou ou não o noivo da própria esposa. – respondeu sem hesitação.

- Você não estaria envolvido com os italianos? – inquiri confuso.

- Italianos? – divertiu-se. – Os únicos italianos que me envolvi ou conversei foram Jane Lewis, e naquele maldito baile em Veneza que você me mandou com Bella... tirando isso, nunca havia sequer pisado na Itália. – ponderou.

- Quem é o infiltrado? Por que tentaram te incriminar? – questionei.

Edward riu em escárnio.

- Ta-da! Essa é a pergunta de um milhão de dólares: quem é o infiltrado? Tenho certeza que o infeliz só tentou me incriminar porque acha que assassinei James Scott, quer dizer... se não foi ele. – ironizou.

- Você acha que pode ter sido o infiltrado a matá-lo? Como pode ter certeza que não foi você mesmo por puro ciúmes? – interroguei, estreitando meus olhos.

- Quem diz que James não sabia a identidade do infiltrado? – retorquiu. – E eu já disse a você e ao xerife Ronald que não posso afirmar com clareza se cometi ou não este homicídio, é... é confuso para mim o que aconteceu. Eu me recordo de hesitar, de desistir de acabar com a sua vida, mas então tudo fica meio confuso, e não sei dizer se disparei aquela arma, sim ou não. – explanou confuso.

- Mas o que você acha? – perguntei curioso. – Você acha que puxou aquele gatilho?

- Não. – respondeu sem rodeios. – Tenho certeza que não dei fim à vida dele, por mais que gostaria.

- Então quem? Quem além de você gostaria de ver James Scott morto?

- Eleazar... eu não sei; mas algo me diz que ele, o infiltrado, está rindo a nossas costas. – expôs.

- Você sabia que é o inimigo número um do país, não é mesmo? – perguntei.

- Só porque você indicou isto, mas sabe muitíssimo bem que eu não tenho nada a ver com tudo que está acontecendo.

- Exato, eu indiquei você como inimigo número um, mas eu não posso provar isto Edward, eu não tenho provas contra você, até mesmo porque não acredito que seja você, mas... mas isso aqui é...

- Política, eu sei Eleazar. – completou minha sentença. – Espero que em breve consigamos provar que isso é um grande engano.

- Eu também. – concordei, me levantando enfim de minha cadeira. – Não tenho mais nada a te perguntar. – sorri compassivo.

- Bem, se você quiser bater um papo amigável, sabe onde me encontrar, não é como se eu fosse sair daqui. – ironizou.

- Edward, Edward, Edward, espero um dia conseguir desvendar seu mistério. – anui saindo da sala, encontrando uma equipe de agentes que se mantinham atentos a nossa conversa.

Encarei-os absorto, eles viam grandes buracos, assim como eu, nos interrogatórios de Edward. Várias lacunas exigiam ser respondidas, mas elas teimavam em ficar em branco, pedindo uma conclusão óbvia. O que faria? Libertaria Edward? Daria a ele o voto de confiança que merecia?

O barulho de saltos contra o piso de mármore do extenso corredor chamou a minha atenção. Vindo em minha direção estava ninguém mais, ninguém menos, que Isabella Swan. Respirei profundamente, eu sabia que ali vinha bomba.

- Isabella. – cumprimentei.

- Eleazar, soube que você finalmente o interrogou? – perguntou seriamente.

- Sim, interroguei, mas não consegui nenhuma informação. – expus.

- Imagino que sim, me deixe falar com ele, exigir as respostas. – pediu.

- Isabella... eu não acho que isso é algo prudente. – contrapus.

Ela riu ironicamente.

- Não é prudente? – retorquiu. – Eleazar, isso é mais que prudente; eu tenho meus direitos, ele tem seus direitos.

- Que direitos?

Ela riu largamente mais uma vez.

- Perante a lei estadudiniense eu sou esposa dele, eu tenho direito de conversar com ele a sós a hora que eu bem quiser, já que está preso preventivamente. – manifestou.

- Isabella... – comecei, mas rapidamente ela me interrompeu.

- Ou você concede a nossa reunião por bem, ou terei que pedir uma ordem judicial. Edward é meu marido eu tenho o direito de falar com ele, nem que seja através de uma visita íntima. – determinou.

- Ok, a sós, mas Swan ou Cullen, como você frisa em dizer, você terá uma hora, nada a mais que isso. – concordei desafiante.

- Eu não preciso mais que isso. – concordou, tirando o seu casaco e o colocando sobre a mesa junto com sua bolsa, em que traçávamos os perfis dos criminosos. – Eleazar? – chamou, atraindo a minha atenção quando caminhava até a porta que dava para a sala que Edward estava. – Lembre-se: está é uma visita íntima e pessoal, quase como um sigilo de advogado. Esta você não poderá gravar. – explanou, antes de abrir a porta que dava para a sala onde Edward estava.

Merda! Ela era mais perspicaz do que eu sequer supunha.

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Somos donos de nossos atos,
mas não donos de nossos sentimentos;
Somos culpados pelo que fazemos,
mas não somos culpados pelo que sentimos;
Podemos prometer atos,
mas não podemos prometer sentimentos;
Atos são pássaros engaiolados,
sentimentos são pássaros em vôo.

-
Mário Quintana -

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Edward Cullen

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Eleazar deixou a sala em que eu estava sobre uma incógnita, questionando sobre quem eu era ou que mistério guardava. Mas afinal, quem eu era? Um quebra cabeça? Um jogo de xadrez? Um vídeo game que deveria passar de fase em fase? Eu não sabia responder quem sou; nem mesmo certezas eu tinha mais.

Levantei-me da cadeira que estava sentado, onde fui interrogado amigavelmente por Eleazar e caminhei até a única janela, com grades grandes e pesadas, mas que permitiam ver a claridade acinzentada de março em Washington.

Suspirei pesadamente, o que eu tinha feito da minha vida? Em que momento eu me tornei essa pessoa?

Deliberadamente apoiei minha cabeça contra o metal frio da grade tentando colocar meus pensamentos em ordem, conseguir achar a resposta para uma série de perguntas, desde que envolviam a mim mesmo até as que Eleazar havia me feito sobre o infiltrado e o assassino de James, meu instinto dizia que era a mesma pessoa, mas como provar? Quem é este infeliz?

O som da porta da sala sendo aberta me tirou de minhas reflexões, provavelmente era os agentes que me levariam de volta para a cela que estava sendo mantido, contudo, quando virei para encarar a pessoa me surpreendi ao ver Bella parada diante de mim.

Trajando um de seus conjuntos tradicionais composto por uma saia justa que ia de sua cintura fina até seus joelhos, camisa branca com dois botões abertos dando para ver a curva de seus seios de onde estava, meias pretas – poderia apostar que eram sete oitavos com detalhes em renda no topo – e sapatos negros de salto alto. Bella estava linda, como sempre. Ela nem mesmo aparentava que estava grávida de quase três meses.

Sorri para ela, que somente respondeu estreitando seus olhos. Tive que engolir em seco.

- Se entregando, Edward? Assumindo de fato que a culpa é sua? Assim como aquele teatrinho asqueroso que você me deu na sua casa? – inquiriu cheia de escárnio e ironia.

- Você veio fazer o que aqui, Bella? Me culpar pelo assassinato de James, ou veio tentar me interrogar para ver se falo algo que não falei para Eleazar? Qual o real motivo de sua visita? – respondi com uma série de perguntas enquanto voltava para a cadeira em que estava antes sentado.

- Eu preciso realmente saber o que aconteceu naquele dia. – ponderou arrogantemente, sentando-se na cadeira a minha frente.

- Quem exigiu sua vinda aqui? Quantas pessoas estão nos observando atrás deste vidro? – indiquei o vidro que separava a sala de interrogatório da sala de estratégias.

- Ninguém exigiu a minha vinda. Eu vim por contra própria. – anuiu.

Sorri torto concordando em completa surpresa.

- Quem está nos ouvindo? – questionei. Fora a sua vez de sorrir.

- Ninguém Edward, esqueceu que sou a sua esposa e que tenho o direito de conversar com você a sós? – pronunciou displicentemente.

Surpreendi-me com a sua sentença, contudo não tentei demonstrar.

- Agora você lembrou que é a minha esposa? Desde quando você realmente aceitou que é Isabella Marie Swan-Cullen? – questionei divertido.

- Eu sempre aceitei. – respondeu sem titubear. – Se não fosse aquela fatídica noite em que você matou o meu filho, esse nome estaria em todos os meus documentos, nós estaríamos juntos – ou pelo menos algo assim, e James não estaria morto. – enumerou.

Sorri em completo motejo.

- Sempre que tiver oportunidade vai me acusar de ter matado nosso filho, não é mesmo Bella? Quando você vai parar de me acusar e enfim aceitar os meus pedidos de perdão? – perguntei ofendido.

- Quando estes pedidos de perdão foram verdadeiros? – retrucou.

- Eles sempre foram; você sabe disso, você viu em meus olhos. – contrapus.

- Eu não sei ao certo o que vi em seus olhos. Você sempre é tão reticente, temeroso, tão... tão... egoísta. – disse, fechando outra vez seus olhos em fendas e encarando os meus.

- Como sempre você me chamando de egoísta. Apesar de que vamos concordar que egoísta é um pouco melhor do que inconstante, outro adjetivo que tanto você me dá. – refleti ironicamente.

- Você está me dizendo que não é nenhum dos dois? – inquiriu divertida. – Ah, por favor, Edward... olha o que a sua inconstância fez com você – apontou para mim. -, você está aqui encarcerado pelo assassinato de James. Meu noivo! Você o quê? Não suportou vê-lo comigo? Não suportou que eu o escolhesse a você? Por que você agiu como um moleque, um idiota, indo atrás dele o desafiando! Ameaçar, Edward? Onde você estava com a cabeça? – questionou.

- Pelo jeito você viu o nosso embate. – afirmei sem emoção.

- Embate? – ironizou. – Vocês agiram como dois idiotas, ameaçar em alto e bom som do jeito que vocês fizeram? Qual é o problema de vocês?

- Parece que você tem um dedo podre para escolher homens, Bella. Só escolhe os idiotas. – respondi sem emoção.

Ela fechou seus olhos em fendas mais uma vez analisando clinicamente meu rosto.

- Me conta, Edward. Me conte tudo o que aconteceu aquele dia, sem ironias, sem enigmas, sem ressalvas, sem nada. Conte-me tudo o que você fez aquele dia, eu te imploro. – pediu em tom de súplica. Fora a minha vez de enterrar minhas mãos em meu rosto, apertando com meus dedos os meus olhos.

- Ok. – murmurei. – Mas Bella... tem coisas que eu não me recordo. – expus tristemente.

- Conte-me o que você se lembra. É importante. – rogou com urgência.

- Bem... eu me recordo de ter vindo para o trabalho com uma sensação estranha, era como se enfim eu soubesse que você iria me dizer que ficaria para sempre comigo. Estúpido da minha parte, mas enfim... quando me informaram que você havia tirado o dia de folga para ir ao médico algo internamente me dizia que você estava preparando algo grandioso para nós dois. – explanei soando como um completo idiota.

“Mas então você me ligou... disse que havia feito a sua escolha e que não era eu. Fiquei surpreso com a sua sentença, tanto que te questionei o seu motivo naquela situação, mas você disse que havia acontecido coisas. Naquele segundo eu não entendi o que era, mas era a sua... gravidez.” – minha voz falhou.

“Quando a ouvi pronunciando que ficaria com ele, que ele era a sua escolha e não eu, seu marido perante a lei eu... eu... enlouqueci. Eu queria saber o que ele tinha que eu não tinha. Eu queria saber o que levou você a escolhê-lo e não a mim, o primeiro homem da sua vida, seu esposo.” – ponderei desesperado.

“Fui insensato depois disso, agi como um animal, confesso. Comecei a buscar em todo o sistema federal algo que poderia fazê-la desistir desta escolha; provar que ele era pior do que imaginava; mostrar a você que ele não merecia um pingo de sua confiança.” – explanei. – “Infelizmente a minha busca foi em vão, não consegui descobrir nada, porque se tivesse conseguido encontrar o ponto em que ele foi casado com Victoria Giordano e desta união gerou um filho que ele escondeu de você, óbvio que teria usado isso, mas não consegui localizar nada. Infelizmente.” – afirmei penosamente.

“Então só me restou provar pelas minhas próprias mãos que ele era indigno de você, Bella.” – respirei profundamente. – “Eu não sei o que meu instinto pensou, se é que ele pensou, ou só agiu. Eu queria que ele me machucasse a ponto de me deixar inconsciente, o que realmente aconteceu, mas eu também queria feri-lo.” – demandei destilando ódio.

- Você ficou inconsciente? – questionou Bella aturdida.

- Hum... sim. – respondi, surpreso por Bella me interromper. – No vídeo de segurança não mostra isso? – perguntei inquieto.

- Não. – respondeu rapidamente. – O máximo que mostra é você no chão imóvel, com James saindo no carro dele e depois cerca de dois minutos no máximo você se levantando cambaleante e indo para o seu carro. – explicou.

- Que horário marcava nas gravações? – perguntei perturbado.

- Elas não estavam com marcação de horas, pareciam que estava com problemas. – justificou, dando de ombros, mas visivelmente tensa.

- Na gravação aparece algo como um corte? – questionei curiosamente.

- Não... não que tenhamos notado... por que, Edward? – pediu incerta.

- Bella... eu me recordo de estar saindo da minha sala ao encontro de James umas cinco e meia, mas quando entrei em meu carro já se passava das seis e quinze... não acredito que meu embate com ele tenha durado quarenta e cinco minutos. – explanei minha desconfiança.

- Definitivamente não. – afirmou Bella, sacudindo sua cabeça e levantando-se de sua cadeira visivelmente agitada. – A briga de vocês não durou mais que quinze minutos, isto eu tenho certeza. – disse para si mesma, antes de voltar seu corpo e rosto para mim. – Edward... você... você tem certeza que viu a hora corretamente quando entrou em seu carro? – perguntou ligeiramente desconfiada.

- Claro, Bella. – concordei ofendido. – Apesar de estar um pouco confuso consegui sair do departamento, ir para minha casa tomar um banho e depois ir ao restaurante onde você e ele estavam. Tanto que cheguei lá era por volta das sete e meia, mais ou menos, como Eleazar e o tal xerife Ronald confirmaram. – expus.

- Edward? – chamou Bella. – Eu... eu... estou achando que o infiltrado alterou as fitas de segurança e pode ter pego o seu revólver. – disse lentamente.

- Não Bella... meu revólver ele não pegou, conheço a minha arma melhor do que qualquer outro, a não ser que... – comecei, mas parei tentando colocar meus pensamentos em ordem. – A não ser que ele como sendo um agente do FBI usa um do mesmo calibre que o meu, porém para colocar a culpa sobre mim...

- Pegou duas balas de seu revólver e colocou no dele. – completou minha sentença.

- Mas... mas... – comecei.

- Edward, por favor, termina de me contar o que aconteceu em seguida, depois de você ter ido para o seu apartamento. – pediu com urgência.

- Bom... eu sai do departamento enfurecido. Eu queria acabar com a vida de James com demasiado sofrimento. – Bella me olhou enviesado. – Não posso negar que tive instintos assassinos para com ele, porque estaria mentindo. – defendi-me.

- Ok, continue, por favor. – pediu fechando seus olhos e soltando um suspiro cansado.

- Bom, eu fui para o meu apartamento machucado, mas com muita raiva. Algo como orgulho ferido; eu queria mostrar a você que eu sou sua escolha certa não ele, ou qualquer outra pessoa. – falei, recebendo um olhar cínico da morena que estava a minha frente. – Eu sei... idiota. Mas é o instinto de homem das cavernas que você desperta em mim. – justifiquei.

“De qualquer forma, cheguei em meu apartamento um pouco depois das seis e meia, tomei um banho rápido, mas acabei me enrolando em dar um jeito nos meus ferimentos, para não assustarem comigo no restaurante.” – expliquei. – “Eu sabia com certeza absoluta que restaurante era porque você havia me dito que era um lugar especial para vocês dois, porém o local estava abarrotado de gente e até conseguir uma mesa na parte de fora onde vocês estavam foi um pouco difícil.” – dei de ombros. - “Mas por fim consegui uma atrás de onde você estava sentada.”

- Atrás de mim? – perguntou.

- Sim, atrás de você. – confirmei. – Calculei que felizmente de onde estava dava perfeitamente para acertá-lo na costela direita, e com sorte a bala acertaria algum órgão vital. – comentei diabolicamente.

“Já havia acoplado o silenciador na minha arma, para não chamar muita a atenção para mim, contudo, quando visualizei sua animação, seu rosto, sua... vivacidade, me fez perceber que por mais que te ame, deveria aceitar que você seria feliz com outra pessoa. Então percebi que nunca, nunca seria capaz de fazer mal a algo ou alguém que você ama, por isso que eu desisti, por mais que quisesse ir até o fim no meu plano de vingança.” – demandei verdadeiramente.

“Depois disso as coisas começam a ficar um pouco confusas.” – fechei meus olhos tentando colocar meus pensamentos em ordem. – “Pedi ao garçom uma dose de uísque, mas nem mesmo o álcool estava afastando o sentimento... a sensação estranha que estava sentindo, é como se eu estivesse dopado, mas não sei afirmar como... de qualquer maneira, na metade do meu uísque decidi ir ao banheiro, sei lá, molhar meu rosto, tirar um pouco a tensão que estava sentindo, então quando voltei...” – engoli em seco.

“O pandemônio estava instaurado naquele restaurante, todos diziam coisas inteligíveis e ir até onde você e James estavam, parecia impossível, na verdade era impossível. Não tinha como chegar até lá... só consegui me aproximar de você... vocês, quando a polícia chegou ao local, dez minutos depois.” – narrei tristemente. 

“Talvez, se tivesse conseguido me aproximar antes...” – comecei, mas não consegui completar, porque outra sentença saiu por meus lábios. – “Eu acredito que não fui eu que o acertou, mas não posso, não consigo confirmar com certeza se é verdade. Pelo que parece os depoimentos, a perícia, tudo aponta para mim como o responsável, mas não fui eu... ou pelo menos assim acredito.” – explanei nervosamente.

- Tudo é muito confuso. – comentou Bella. – Eleazar e Jake disseram que quando chegaram lá você estava em estado de choque, torpor... algo assim. – disse agitando a cabeça.

- Estou dizendo Bella, tudo é absurdamente confuso, embaralhado. A maioria do que te contei aqui eu só consegui lembrar depois que me prenderam – falei sem emoção. -, uma semana sem fazer nada, seus pensamentos começam a avaliar o que você fez para estar ali. – ponderei com um sorriso torto, mas completamente entristecido.

- Se não foi você que atirou em James, quem poderia ter sido? – perguntou, inclinando-se em direção a mim, se fosse outra situação facilmente me inclinaria em sua direção para beijá-la, mas o momento tal atitude não era propícia.

- O infiltrado. – anuí. – Algo me diz que este desgraçado tem algo haver com isso tudo Bella, senão... você notou quantas coisas de repente do nada surgiram me incriminando? Até uma semana atrás não tinha nada e num piscar de olhos... tudo aparece. Simples assim. – falei, estalando meus dedos no final.

- É tudo muito suspeito – disse Bella sonhadoramente. -, será que James havia chego a um nome? Será que ele havia descoberto quem é este filho de uma puta? Se sim, porque ele não me disse nada ou então não comunicou Eleazar? – refletiu mais para si mesma do que para mim. – Quem você acha que pode ser? – perguntou sem rodeios para mim.

- O infiltrado? – surpreendi com sua questão. Ela somente confirmou com um aceno de cabeça. – Não sei, Bella. Pode ser qualquer um, mas algumas características dele podemos notar, pelo o padrão de rastros que deixa.

- Quais? – perguntou com urgência.

- Bom... – comecei. – Primeiro que é alguém que tem acesso a tudo o que fazemos; segundo que é alguém poderoso para conseguir todo esse cenário; terceiro deve ser alguém astuto, inteligente e muito, muito perspicaz. – enumerei.

- Eleazar? – surpreendeu-se acima de um sussurro para mim. – Você acha que pode ser Eleazar? – inquiriu.

Dei de ombros.

- Ele se encaixa no perfil Bella, apesar de que ele parece tão perdido quanto nós quando fala do caso, mas quem disse que o infiltrado não é um dissimulado de primeira? – expus.

- Não sei Edward... vejo muitas... lacunas nestas explicações. – afirmou incerta.

- Eu não disse que era algo concreto Bella, são opções e a única que visualizo é... ele. – murmurei, apertando meus dedos em meus olhos.

- É... interessante esta sua perspectiva... eu... eu vou... vou ver se encontro algo, mas por via das dúvidas você ainda é quem assassinou James na minha concepção. – proclamou, andando até a porta da sala.

- Sim, eu estou preso por causa disso Bella, por mais que não tenha cometido tal atrocidade. – comentei.

- Você não tem certeza se cometeu ou não, Edward. – replicou. – Não esqueça que você está sobre custódia por causa disso, como também é considerado o inimigo número um do país no momento por ser um traidor. – explanou.

- Você sabe que isso não é verdade, você me conhece melhor do que qualquer outra pessoa, Bella. – disse, encarando com demasiada intensidade seus olhos castanhos.

- Eu não sei de nada Edward, mas espero que você esteja certo sobre isso. – demandou com a mão sobre a maçaneta da porta.

- Acredite, eu também quero. – afirmei.

Bella sorriu torto, ela tinha esperanças de que eu não fosse o culpado de tudo, eu podia ver em seu rosto isso.

- Até mais ver, Edward. – despediu-se, saindo pela porta a fechando em seguida.

- Eu vou te provar que eu estou certo Bella, por mais que tenha duvidas no momento. – falei confiante.

Caminhei pela sala por um tempo, voltando ao ponto que estava antes de Bella vir até mim – olhando o dia acinzentado que assombrava Washington através das grossas grades. Suspirei cansado.

Como eu provaria que não sou responsável por tudo isso?

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“As razões de nossos atos são obscuras e os impulsos que nos
impelem para a ação ficam profundamente ocultos.”

- Anatole France -

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Isabella Swan

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Conversar com Edward sempre me esgota tanto emocionalmente, quanto fisicamente. Pelo seu rosto, sua expressão em nossa conversa eu acreditava que ele dizia a verdade, mas existe uma parte de Edward, uma parte sombria, ruim, que me deixa duvidosa de suas ações. Ele pode afirmar com quase certeza que havia desistido de assassinar James, mas quem garantia que esse seu arrependimento não fosse uma forma de se aproximar novamente de mim?

Sentei-me completamente atordoada em uma das cadeiras da sala adjacente em que conversei com meu esposo. Eu não sabia se deveria acreditar em Edward e investigar o que poderia e provar que ele é inocente, ou se deveria condená-lo como todos faziam no momento e dar por encerrado esse caso.

Levei minhas mãos ao meu rosto, apertando com meus dedos os olhos, tentando tomar uma decisão que poderia mudar ainda mais a minha vida. Assustei-me quando senti uma mão extremamente quente em meu ombro, rapidamente vir-me-ei para ver quem era e me surpreendi em ver Jacob.

- Ei, Bella. – cumprimentou amigavelmente. – Você está bem? – pediu preocupadamente.

- Sim, eu estou... é que... é... – comecei, porém lágrimas sem permissão começaram a escorrer por meus olhos.

- Surpreendente que ele tenha feito tudo isso? – completou, olhando do vidro para Edward que estava absorto admirando a cidade pela única janela da sala.

- É... Jake... você também acha que ele fez tudo isso? – perguntei com urgência.

- Sinceramente? – pediu, somente acenei com a cabeça. – Não parece o feitio de Edward fazer algo assim, ele não se encaixa neste perfil, por mais louco apaixonado que seja. Mas a questão é que todas as provas estão contra ele Bella, não sei se ele se safa desta. – ponderou amargurado.

- Mas... oh Jake! – exclamei me jogando em seus braços e chorando sem nenhuma vergonha no ombro do amigo mais antigo e querido que tenho.

- Calma querida. – pediu afagando meus cabelos e minhas costas. – Tudo irá se resolver com o tempo. – disse condescendente.

- Espero Jake, eu espero. – concordei em meio a lágrimas.

Jake ficou ao meu lado me amparando por um longo tempo, não sei afirmar com clareza quanto, mas só me tirou daquele lugar levando-me para a sua sala quando dois policiais que iriam levar Edward de volta para a sua cela entraram na saleta em que estávamos. Como um excelente amigo que era, Jacob tratou de tirar meus pensamentos da conversa que tive com Edward ou da morte de James, e com demasiada maestria conseguiu tal feito, meia hora depois de que havia entrado em sua sala chorosa e entristecida, saia rindo e animada, totalmente mais leve.

Pelos corredores do FBI, eu continuava a receber os olhares acusatórios e solidários. Eu odiava esta atenção desnecessária, como se eu fosse culpada por tudo. O que eu poderia fazer se justamente o cara com quem eu era casada há quase cinco anos, e que continuava casada por força de um contrato, é acusado de assassinar o meu noivo? Eu não tenho culpa ou controle sobre isso, cada um escolhe seu destino.

Já no estacionamento do departamento, dentro do meu carro, escolhendo uma playlist para ouvir enquanto conduzia pela cidade, assustei-me com uma batida no vidro ao meu lado, surpreendendo em encontrar a belíssima Heidi, com seus cabelos cor de mogno presos em um rabo de cavalo e expressão cansada.

Desde o assassinato de James, Heidi vinha trabalhando duplamente para que a subseção de Crimes Cibernéticos ficasse em ordem, os agentes da mesma, assim como de todo o FBI estavam temerosos; três assassinatos seguidos – sendo dois de chefes da subseção – e sem nenhuma solução, eram algo preocupante para a segurança do departamento.

- Olá Heidi, como você tem passado? – inquiri abaixando o meu vidro para conversar melhor com a única pessoa que me acompanhou até Portland para o sepultamento de James.

- Estou bem, ou assim parece. E você Isabella, como está lidando com... er... tudo? – questionou apreensiva.

Com o que Victoria Giordano havia dito em alto e bom som, de que Edward e eu éramos casados, nosso segredo perante a academia se tornou uma piada, todos sabiam da nossa história e muitas vezes durante esta última semana comentários maldosos eram cochichados ou não pelos corredores.

- Bem, da maneira que posso. Tudo ainda é bastante enervante. – comentei com um sorriso simpático.

- Espero que tudo se ajeite para você. – solidarizou-se. – De qualquer maneira eu não posso ficar muito tempo conversando. – falou, olhando para todas as direções possíveis. – James há alguns meses antes de sua... er... morte, pediu para que eu guardasse algo para ele, e se acontecesse algo que te entregasse, bom... acho que chegou esse momento. – sorriu, estendendo um envelope para mim.

- O que é isso? – questionei surpresa.

- Eu não sei, mas James pediu para que a entregasse quando estivesse sozinha e que você abrisse quando eu não estivesse mais perto, ou como ele clarificou: “longe do departamento”. – explanou. – Não faço ideia do que tenha escrito aí Isabella, por mais que tenha tido vontade de ler muitas vezes. – confessou.

- Obrigada por isto, Heidi, aposto que é alguma declaração. – sorri compassiva recebendo um sorriso enviesado da morena.

- Sim, provavelmente. James era louco por você. – concordou, rolando levemente os olhos. – Nos vemos por aí Isabella, tome cuidado por você e por esta criança. – deu uma ligeira piscadela afastando-se do carro em que estava.

Após a morte de James, tive que – contrariamente – informar o departamento de Recursos Humanos, para que assim pudesse entrar em contato com o Seguro Social informando que estava esperando um filho dele, e que qualquer pensão que o estado daria a Alonzo, seu primogênito, meu herdeiro teria que receber cinqüenta por cento, não que eu fizesse questão pelo dinheiro, mas a lei nestes casos é extremamente efusiva punindo as entidades que não guarneciam aqueles que necessitavam.

Evidentemente que a dúvida sobre a paternidade da criança foi instaurada, todos inquiriam mesmo se a criança era de James e não de Edward. Fora somente depois de uma constrangedora consulta acompanhada de uma mulher idosa, com feições grotescas, humor ácido e irritado, membro de RH, em que após a coleta do DNA do feto, comprovou-se que este era herdeiro dos Scott.

- Obrigada, Heidi – agradeci mais uma vez, colocando o envelope sobre a minha bolsa no banco do passageiro. -, James sempre me disse que você era uma boa amiga.

- E você uma excelente pessoa. – sorriu amigavelmente, me vi impossibilitada de não retribuir com uma ligeira emoção, observando em seguida a bela morena se afastando de onde o meu carro estava estacionado e entrando novamente no prédio do FBI.

Suspirei pesadamente ligando o meu carro e o conduzindo para fora do estacionamento do FBI. O rock alternativo que tocava no carro não era o suficiente para afastar os pensamentos ensurdecedores que tinha. Algo estava me incomodando – muito -, não sabia afirmar com clareza o que era, mas algo me dizia que o envelope pardo ao meu lado tinha sua parcela de culpa.

Optei por parar o carro em frente ao Washington Monument, naquele horário um pouco depois da hora do almoço, este estava relativamente vazio, a não ser por alguns transeuntes apressados ou indo para uma das exposições do Smithsonian National Museums. Desliguei o veículo, assim como o som do mesmo, medindo meus movimentos para abrir o envelope que Heidi havia me entregado.

Mordi meu lábio em expectativa. O que será que havia dentro daquele envelope? Ele parecia muito mais pesado do que as cinco gramas que devia pesar. Contendo meus movimentos o abri lentamente, enquanto segurava a respiração.

Uma folha de papel, perfeitamente dobrada estava dentro do envelope, tremendo e temendo meus gestos a tirei abrindo-a. A caligrafia perfeita e de forma de James adornava o papel branco com a tinta negra. Suspirei pesadamente, para enfim ler o que estava escrito.

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Bella,

Querida, se você está lendo isto é porque infelizmente a minha vida teve seu fim. Acredito que a esta altura você já deve saber tudo o que lhe escondi. Perdão meu amor, mas se lhe contasse sobre o meu passado você teria me chamado de traidor, teria me odiado e não suportaria vê-la longe de mim.

Tudo bem que eu nunca a tive completamente, afinal, você é casada com o Edward e tem muitos sentimentos por ele, sentimentos que apesar de serem nublados por algumas coisas do passado ainda existem com força. E já que eu não posso ficar ao seu lado, acho que ele deve permanecer, porque ele é o complemento perfeito para você.

Mas esta escolha não cabe a mim, e sim a você. Só você pode escolher com quem quer partilhar o resto de sua vida, e espero que quando você a fizer, não titubeie ou ache que está errada.

Contudo, não é tudo que eu quero te dizer neste momento. A minha morte como eu acredito deve ser uma incógnita para você; acredito também, que quem a realizou já deu um jeito de colocar outra como responsável, mas para garantir Bella, não foi à pessoa que está sendo acusada.

Eu não sei afirmar se isto cairá em mãos erradas, e por causa disso não direi nada aqui que comprometa sua integridade, apesar de confiar cegamente em Heidi na entrega desse envelope, mas qualquer coisa lembre-se que segredos são caixas e caixas que devemos manter trancadas e em lugares íntimos.

Meu amor, espero que você me entenda e me perdoe por tudo.

Eu te amo muito, para todo o sempre.

Com amor,

James.

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Terminei a minha leitura completamente aturdida. O que James quis dizer com isso? Será que ele sabia quem era o infiltrado a muito mais tempo antes de ser assassinado? E como ele poderia afirmar com certeza absoluta que não era Edward que o assassinou? E que enigma sobre caixas era esse que ele me deu?

Joguei o papel sobre o banco do passageiro, enquanto abraçava o volante e tentava pensar no que havia lido. O tempo parecia não ter passado, todavia, o relógio do console do carro marcava depois das três da tarde. Fechei meus olhos, tentando afastar os enigmas que James havia me escrito, contudo, mal cerrei meus olhos a imagem do apartamento que dividíamos, de nosso closet e nossas caixas pretas invadiu a minha mente.

Era isso que James quis dizer com caixas, as caixas em que mantínhamos os segredos que não gostaríamos que fossem revelados. Com uma animação estranha para mim, voltei a ligar o meu carro e fui conduzindo com agilidade pelas ruas de Washington rumo ao apartamento de James, que por um longuíssimo tempo dividimos.

A disposição dos móveis, os itens de decoração que havia selecionado anos antes, as fotos minhas e de James, o perfume masculino dele, mesclado com o frescor da lavanda e pinho de limpeza foi reconfortante. Se não o tivesse visto morto poderia apostar que em poucos segundos o veria saindo do quarto vestindo sua calça social negra, enquanto sua camisa branca estaria aberta mostrando seu peitoral e abdômen liso e musculoso.

Entretanto, tal cena nunca mais seria visualizada pelos meus olhos. Tomando uma respiração profunda tranquei a porta do apartamento, tirando os imensos saltos que teimava em usar e descalça contra o piso líneo fui até o quarto em que durante muitas e muitas noites nos amamos com fervor e devoção.

A cama ainda mantinha os lençóis brancos com detalhes em vermelhos que tão cuidadosamente havia escolhido. James era organizado demais, e provavelmente o dia de sua morte, antes de ir trabalhar, arrumou a cama com perfeição. A roupa que ele havia tirado – por conta da briga com Edward – ainda estava sobre a cadeira da escrivaninha, contudo, não tive coragem para verificar se esta estava com marcas de sangue ou não.

Contendo as lágrimas que começaram a inundar meus olhos, virei de costas para a cama e para a roupa e fui até o grande closet em que guardávamos não só nossas roupas ou itens íntimos, mas também nossos mais controversos segredos.

A parte que outrora era ocupada por coisas minhas estava vazia, a não ser é claro por alguns vestidos de gala que havia deixado para trás, juntamente com alguns pares de sapato que usava com eles. Mas tirando isto, estava completamente vazio, um contraste gritante com a parte que pertencia a James, completamente cheia de roupas escuras, ternos bem cortados e camisas de todas as cores, junto com algumas peças de roupa mais informais.

Seu perfume estava impregnado em tudo, e instantaneamente ele fez meu estomago dar um nó. Contudo, não era de enjôo ou medo, era de saudade, culpa, temor. Fechei mais uma vez meus olhos, tentando controlar meus pensamentos e emoções antes de abri-los, tomada por uma coragem singular, encarei com fervor todo o armário e sem hesitar caminhei até o lugar onde se encontrava a caixa preta de James.

Obviamente ela estava trancada com cadeado, da mesma maneira que a minha ficava, mas algo dentro de mim sabia onde estava a chave. Dispondo a caixa sobre a cama fui até a primeira gaveta da escrivaninha – próximo a peça de roupa que ele havia descartado antes de ir ao meu encontro, o encontro com a morte. Tentei ignorar ao máximo a sensação fúnebre que se alastrava pelo meu corpo enquanto abria a gaveta e começava a procurar o que queria.

Notas fiscais, extratos de bancos, correspondências e muitos papéis preenchiam a gaveta, todavia, ao fundo do lado esquerdo escondida pela escuridão uma minúscula caixinha preta chamou a minha atenção, e definitivamente não me surpreendi em ver uma chave minúscula, mas ideal para o cadeado da caixa, repousando contra o veludo negro.

Tirei-a de sua morada e voltei a passos contidos até a cama, onde eu havia colocado a caixa. Assim que coloquei a chave no local designado para ela, percebi que havia acertado, sentando confortavelmente na cama a abri, temerosa pelo que iria encontrar.

Fotografias, inúmeras fotografias de seu filho Alonzo que fora obrigado a viver longe, segundo seu pai me narrou estavam ali. Documentos pessoais e coisas sobre o casamento fracassado com Victoria Giordano também. Bilhetes de viagens para o Canadá e para a Itália em que ele tentou ver seu filho eram como uma recordação triste. Um caixa de jóias contendo um par de alianças – nossas alianças. Bilhetes de avião e pacotes de viagem para a nossa Lua de Mel. Eram as promessas de um futuro maravilhoso que nunca poderia acontecer.

Por último, abaixo de todos os outros papéis, um envelope semelhante ao que havia recebido de Heidi, pardo com meu nome escrito com a letra de James. Era aquilo que procurava, era aquilo que ele tinha deixado para que eu abrisse sozinha, em nosso apartamento. Com as minhas mãos tremulas retirei o envelope da caixa para enfim saber o que dizia.

Por incrível que pareça, este não estava leve como o anterior, ele era pesado como se algo de ferro ou metal estivesse dentro dele, e quando o abri visualizei um novo papel branco – provavelmente escrito com a caligrafia de James, como também uma chave minúscula, porém extremamente adornada. Não fazia ideia de onde era aquela chave, mas mesmo assim resolvi segurá-la em minha mão enquanto lia o novo bilhete.

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Bella,

Acredito que você recebeu o meu bilhete anterior e seguiu as minhas instruções para vir até aqui. Perdoe-me por ser tão dúbio antes, mas não poderia deixar nada passar e que causasse algo a você ou a Heidi. Contudo, serei breve desta vez.

Está minúscula chave que está dentro deste envelope é do Banco Francês de Washington, o único da cidade, lá existe um cofre com o seu nome e a senha é a primeira atividade que fizemos juntos quando nos conhecemos, confio em você para se lembrar.

Recomendo que você vá até o Banco acompanhada da pessoa que você mais confia no mundo; caso você tenha dúvidas, quero que você vá acompanhada de Edward, pois se tem alguém que pode protegê-la, este alguém é ele.

O conteúdo deste cofre é uma vasta investigação minha sobre a máfia napolitana, como você já deve ter ciência, liderada pelo avô de meu filho. Nele também tem provas contra o infiltrado, sim meu amor, eu sempre soube quem era, mas dizer seu nome aqui ou deixar esses documentos em casa não seria muito prudente, apesar de que acredito que ele não saiba que eu sei sobre tudo isso.

Peço que você tenha demasiado cuidado, e, por favor, leve seu parceiro com você.

Com amor,

James.

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Surpresa. Temor. Ansiedade. Animação. E mais uma infinidade de sentimentos e sensações caíram sobre mim. James, sempre soube que seus dias estavam relativamente contados e por conta disto arquitetou um plano muito bem feito para que eu conseguisse descobrir coisas que ele não poderia dizer, provavelmente por sua integridade física ou até mesmo de seu filho. Por que eu poderia apostar que aquele desgraçado do il dio não hesitaria matar uma criança, por mais que fosse sangue do seu sangue, somente para punir James.

Tentei ao máximo controlar a minha respiração. Eu precisava levar Edward comigo até o Banco. Como faria isto? A resposta veio tão fácil quanto um piscar de olhos.

Guardei todas as coisas que estavam na caixa de James de volta no lugar, deixando somente o que me pertencia, depositando a caixa no seu lugar no imenso closet. Depois voltei a guardar a chave no lugar que encontrei, não poderia deixar rastros, caso algo desse errado.

Observando todo o quarto para verificar se estava como anteriormente, peguei o envelope que James havia me deixado e sai do apartamento o mais rápido que pude, parando somente para colocar meus sapatos e guardar o envelope em minha bolsa, antes de deixar o edifício.

Fiz o caminho até o departamento do FBI onde Edward estava encarcerado com tamanha rapidez, algo incomum para mim, mas a situação pedia urgência. Eu tinha conhecimento que para tirar Edward daquele prédio causaria inúmeros problemas, mas estava confiante que com a reunião de Eleazar no Pentágono conseguiria enganar os guardas de que a saída do prisioneiro foi autorizada.

Confiante como nunca estive antes, entrei no departamento do FBI indo diretamente para onde eu sabia que meu marido estava sendo mantido. Apesar de ser um agente federal e inimigo número um do país, a segurança de onde ele estava era precária, somente dois guardas que jogavam animados um pôquer.

- Olá, boa tarde agentes Mitchell e Russell. – cumprimentei me fazendo presente.

- Boa tarde, senhorita Swan. – retribuiu Russell, enquanto o outro somente acenava com a cabeça.

- Eu tenho uma autorização do senhor Campbell para levar Edward Cullen ao encontro de seu advogado hoje à tarde. – informei sem delongas.

- Eleazar não nos disse nada. – falou o agente Mitchell, que antes havia acenado a cabeça para mim em comprimento.

- Oh! – fingi uma falsa surpresa. – Ele deve ter esquecido, já que esta fora marcada na hora do almoço. – expliquei sorrindo. Os homens olharam desconfiados para mim.

- E como podemos ter certeza que realmente é isso, senhora Swan-Cullen? – inquiriu o mais desconfiado dos agentes.

- Por que eu mentiria? – devolvi.

- Porque você é a esposa dele. – anuiu o homem. O encarei estarrecida.

- Por isto mesmo que Eleazar me escolheu para levá-lo ao encontro do advogado, ou os dois acham realmente que iria ajudar o homem que assassinou o pai do meu filho, por mais que seja meu marido legalmente, a fugir da prisão? – demandei ofendida.

- Desculpe senhorita Swan, não queríamos ofendê-la, óbvio que você não ajudaria um criminoso. – falou o mais gentil dos agentes, aquele que havia me cumprimentado no inicio deste intercambio.

- Ótimo! – exclamei. – Peça para o senhor Cullen vestir uma roupa decente. O advogado dele não tem que ver a ruína de condenação que seu cliente está. – expus autoritariamente, suspirando aliviada que havia conseguido este desafio.

Os dois homens trocaram um olhar, antes de lado a lado irem até a cela onde Edward estava levando a mesmíssima roupa que ele usava quando fora preso. Para manter o disfarce, peguei em minha bolsa o par de algemas que iria colocar nos pulsos de Edward.

Menos de cinco minutos que os guardas foram buscá-lo, Edward saiu vestido de calça social, blazer e camisa tudo preto, sem gravata, me encarando com um misto de diversão e confusão.

- Obrigada agentes Mitchell e Russell. – agradeci caminhando até onde os três homens estavam; parando exatamente atrás de Edward para algemar suas mãos. – Daqui em diante eu assumo. – disse enfim algemando Edward que sorria divertido para a cena.

- Agente Swan? – chamou o mais compassivo dos homens. – Quanto tempo a senhorita acredita que levará para trazer o senhor Cullen de volta para cá? – inquiriu temeroso.

- No máximo duas horas agente Russell, fique tranqüilo, ele voltará para dormir. – afirmei, puxando Edward pelo braço para deixarmos o local.

Edward e eu caminhávamos lado a lado. Eu ainda o puxava pelo braço, mas não era como se eu precisasse, Edward estava confortabilíssimo em me seguir, mesmo que aquele seu maldito sorriso torto não saia de seu rosto.

- O que foi? – perguntei quando Edward entrava no meu carro sorrindo mais do que antes, algo que estava me incomodando mais que o normal.

- Está me seqüestrando para realizar seus favores sexuais, agente Swan? – questionou divertido. – Saiba que para isso existem visitas íntimas, você não precisava armar todo esse teatro. – proferiu.

Rolei de olhos.

- Cala a boca! – demandei, fechando a sua porta e indo para o lado do motorista, colocando rapidamente em movimento.

- Onde estamos indo, Bella? Um motel? Meu apartamento? Estamos fugindo? O quê? Está querendo me seduzir sexualmente para ver se digo alguma coisa? – demandou uma série de perguntas, alguns minutos depois, contudo, nenhuma delas respondi. – Qual é Bella, eu tenho o direito de saber onde estou indo! – exclamou. – Só aqueles dois tapados mesmo para acreditar nesta história de advogado. – desdenhou, no exato momento em que parava o carro em uma rua deserta próximo ao Capitólio.

- Edward, você por favor, quer ficar quieto? – pedi enquanto buscava na minha bolsa a chave para abrir as algemas de seus pulsos.

- Só se você me disser onde estamos indo! – revidou. – Porque sinceramente você me algemando, trajando uma roupa de professora de filme pornô isso é coisa que só a minha imaginação cheia de fetiches com você consegue imaginar. – divertiu-se. Rolei de olhos mais uma vez.

- Cala a boca. – exigi, recebendo uma gargalhada dele, enquanto soltava enfim as algemas.

Assim que as mesmas estavam longe de seus pulsos ele os esfregou, tentando aplacar a dor que o ferro causou as suas articulações e veias.

- Então você irá me dizer por que estamos parados aqui? Por que contrabandeou a minha saída do departamento do FBI? Por que das algemas, das mentiras e de todo esse mistério? – pediu urgentemente.

- Por causa disto. – disse lhe entregando as duas cartas de James a ele, enquanto voltava a ligar o carro em direção ao Banco Francês que falava na segunda carta.

Edward leu duas vezes cada um dos papéis, sua expressão poderia se dizer no mínimo surpresa, como se ele tivesse absorvendo tudo o que dizia naquelas linhas.

- Por que ele manteve isso em segredo? Por que não revelou a todos a identidade do infiltrado antes que fosse assassinado? – fora suas duas primeiras perguntas.

- Acredito – comecei. -, e somente isso mesmo: acredito que o infiltrado e Aro Volturi o ameaçaram com a sua própria vida e provavelmente a do filho dele também.

- Com certeza a sua também entrou em cheque. – colocou Edward absorto.

- Eu não sei Edward, somente estou deduzindo que fora isso, mas James em nenhum lugar diz sobre. – expus.

- Sabe – iniciou Edward depois de alguns minutos em silêncio. -, se não fosse o fato de que ele dormiu com você tantas vezes quanto eu, realmente poderia gostar do cara, ele se mostrou uma pessoa excepcionalmente confiável e integra. – ponderou.

- Ele era, por isso o escolhi. – afirmei.

Edward sorriu torto.

- Mas agora ele está morto, e o que você fará, Bella? – questionou com uma curiosidade palpável.

- Eu não sei, mas não acredito que você esteja incluído no meu futuro. – demandei, enquanto estacionava o carro em frente ao tal Banco Francês.

- Não é o que ele diz. – comentou Edward, estendendo os dois papéis para mim.

- James estava enganado. – contrapus, saindo num átimo do automóvel.

Novamente caminhando ao lado de Edward entramos no Banco. Ele não se parecia nenhum pouco com os Bancos normais, não existia caixas ou filas, somente cabines em que funcionários levavam os clientes até a uma sala privada para que eles pudessem acrescentar ou retirar o que quer que fosse de seus cofres.

Rapidamente um senhor de cabelos loiros e gentis olhos azuis veio em nossa direção com um sorriso típico de ‘funcionário do mês’ estampado em seu rosto.

- Boa tarde, bem vindos ao Banco Francês de Washington. Eu sou Daniel Bennett e serei seu guia hoje. Em que posso ajudá-los? – pediu com a frase decorada.

- É... er... eu tenho uma conta em meu nome, talvez? – disse incerta.

- Algum tipo de herança? – inquiriu Daniel.

- Algo assim. – concordei.

- Me acompanhem. – pediu. – A senhorita teria alguma chave ou número do cofre?

- Uma chave. – afirmei, tirando-a da minha bolsa.

- A senhora seria Isabella Marie Swan-Cullen-Scott? – surpreendeu-se o homem encarando a chave e depois meu rosto.

- Swan-Cullen o quê? – perguntou Edward.

- Scott. – respondeu rapidamente. – Fora isso que seu amigo que abriu a conta disse que se chamava. Algo como o nome do seu ex-marido e do atual. – explicou o homem.

- Do ex-marido e do atual? Interessante. – divertiu-se mais uma vez Edward.

- É... este meu amigo era bastante intenso. – expus, provocando Edward que somente gargalhou audivelmente.

- Sim, ele vinha semanalmente aqui, sempre acrescentando algo em seu cofre, senhora Swan-Cullen-Scott, acredito que irá herdar uma grande fortuna. – contemplou inocentemente o homem.

- Não acredito que seja isso. – falei sem emoção.

- Bem, de qualquer maneira a senhorita poderia dizer a senha naquela cabine para que eu possa pegar o seu cofre? – pediu indicando uma porta minúscula.

- Claro. – respondi caminhando até a porta.

- Nossas senhas são uma frase, tenho certeza que seu amigo lhe informou. – clarificou o homem.

Rapidamente pensei em tudo o que James havia me escrito em seu bilhete, a senha ele disse que era algo como... a primeira atividade que fizemos juntos... isso só podia ser... sorri diante da audácia de James.

- Por favor, diga a sua senha. – pediu o sistema automatizado.

- Cabine de tiro é um lugar minúsculo, mas perfeito para ter prazer. – disse, torcendo para que fosse essa a tal senha, uma vez que foi a primeira frase que James me disse depois da nossa primeira aventura sexual, antes mesmo de nos conhecermos.

- Senha aceita, volte à sala adjacente que um de nossos funcionários irá lhe trazer o seu cofre. – disse novamente o sistema automatizado.

Voltei à sala surpresa com o sistema do banco, nunca havia visto algo assim antes.

- Eles usam o sistema que os Bancos da Suíça usam. – murmurou Edward, sentado em uma larga poltrona da sala, sozinho. Pelo que parecia o senhor Daniel Bennett já havia saído da sala para buscar o meu cofre. Encarei Edward confusa, como ele sabia desta informação?

- O senhor Bennett me disse. – deu de ombros, enquanto eu me sentava na poltrona ao seu lado. Ficamos em silêncio por alguns segundos, contudo a minha ansiedade estava gritando, me exigindo que eu falasse.

- Você sabia que com o conteúdo deste cofre você estará livre, não é mesmo? – perguntei a Edward.

- Sim, eu pensei nisto. – afirmou. – Assim como a nossa investigação também terá acabado.

- Sim, tudo terá chego ao fim. - concordei

- Inclusive o nosso casamento. – completou tristemente.

- Edward... este não é o momento para discutirmos isso. – falei, no mesmíssimo instante em que o senhor Bennett entrava juntamente com dois seguranças na saleta em que estávamos carregando um carrinho com uma caixa de ferro sobre ela.

- Senhora Swan-Cullen-Scott – começou o funcionário do Banco que havia nos atendido. -, nesta caixa existe o conteúdo de seu cofre, para acessá-la, basta usar a sua chave. Deixaremos à senhora e seu acompanhante a sós; recomendo que tranquem a sala para maior segurança e intimidade. Está sala contém água, café e chá caso precise. – demandou, saindo da saleta acompanhado pelos dois seguranças.

- Edward... você pode... – comecei.

- Trancar a porta? – completou a minha sentença. – Claro Bella. – concordou levantando-se de sua poltrona e trancando a sala, voltando depois para onde eu me encontrava. – Você está pronta para isto? – pediu.

- Sim... vamos fazer logo isso e descobrir de uma vez por todos quem pode ser o infiltrado e porque James tem tanta certeza que é ele. – afirmei colocando a chave que James havia me deixado no local indicado para abrir a caixa de ferro.

Engoli em seco, antes de retirar a tampa da mesma.

Uma infinidade de papéis, documentos se encontrava ali. Dados meticulosamente traçados e as ligações que toda a máfia italiana tinha; quem eram seus membros, como localizá-los, tudo. Absolutamente tudo que procuramos durante tanto tempo.

Edward e eu íamos tirando cada pasta e olhando por cima o que continha, e a cada busca nos surpreendendo mais e mais. Fotos, documentos, dados, telefones, CDs de gravação de telefonemas. Um paraíso para qualquer investigador.

James havia conseguido coisas que nem nos meus mais insensatos sonhos seria capaz de imaginar. Tantas perguntas sobre como ele havia reunido tudo aquilo se formava em minha cabeça, contudo, eu não tinha uma resposta para dar sobre este ponto.

- Uau. Definitivamente eu subestimei e muito seu noivo. – comentou Edward, quando lia um relatório sobre os envolvimentos da Máfia Camorra (que de fato existia, a pista falsa que lançaram para nós na Russia, não passou disso: uma maneira de nos enganar) com o crime organizado das grandes cidades dos Estados Unidos, bem como grandes cidades de países da América do Sul, África, Ásia e Oriente Médio. Era um esquema de criminalidade que ultrapassava a esfera federal americana, envolvendo diversos ramos da justiça e da legalidade de suas ações.

Fora só quando conseguimos tirar as quase cinquenta pastas da caixa que uma ultima azul claro escrita com letras garrafais vermelhas: ‘confidencial’, apareceu. Sabíamos do que se tratava: o nome do desgraçado que vinha ajudando estes filhos de uma puta a conseguir tamanho sucesso em seus crimes no nosso país.

- A grande revelação. – sussurrou Edward ao meu lado.

- A grande revelação. – repeti, tirando a grossa pasta do fundo da caixa. Com ela em minhas mãos hesitei, encarando os olhos verdes de Edward, temerosa.

- Nós precisamos descobrir isto, esta pessoa – indicou a pasta. – que fez de sua investigação uma piada, que assassinou James e que me culpou Bella, precisamos saber quem é este filho de uma puta! – exclamou.

- Sim... o culpado. – confirmei abrindo enfim a pasta.

Choque.

Eu só tinha essa palavra em meu vocabulário no momento para expressar quando vi a foto de quem era o infeliz do delator. Edward expressou seu choque através de uma única frase:

- Caralho! Eu não acredito!

.

N/A: Hey hey hey meus amores!

Eu disse que esse capítulo era intenso?! Antes que me questionem porque eu fiz 4 POVs diferentes a resposta é: eu queria dar algumas respostas sem revelar muito, porque... TA-DA... a grande revelação da fic vem no próximo capítulo!

Em quem vocês estão apostando? Tem suas sugestões? Suas suspeitas?! Quero ver, hein!

Ah... antes que vocês comecem a me cobrar o capítulo só vem depois do dia 03/02. Semana que vem estou indo para a Cidade Maravilhosa aka Rio de Janeiro, para umas breves férias, então nem computador eu vou levar... só mesmo meu caderninho de ideias para colocar os últimos planos da substituta em ordem para começar a trabalhar nela, já que o final disto aqui está chegando galopantemente. ;D

Eu nem sei o que dizer nesta nota, sinto que falei tudo o que poderia no capítulo... ah... as que estavam com medo de que eu não conseguisse reunir um final feliz para Bella e Edward conseguem ver a luz no fim do túnel?! Não foi ele mesmo que matou James, somente o incriminaram, suas Drama Queen’s! Eu avisei que tinha tudo em mente!

Bom meus amores, eu não estou funcionando muito bem então não sei mais o que dizer aqui. Espero que vocês tenham curtido essa nova reviravolta de JUST JUSTICE.

Agradeço imensamente a todos que leram, comentaram, favoritaram, recomendaram, são vocês com estes pequenos gestos que me animam a cada dia escrever mais e mais. Obrigada mesmo por todos que lêem e comentam, e aqueles que não comentam, façam: qualquer palavrinha de incentivo, de apoio, qualquer mínima coisinha é algo imenso para quem escreve.

Bem... obrigada mais uma vez pelo carinho e atenção de vocês, eu realmente AMO muito cada um de vocês, que me ajudam de maneira desconhecida a superar muitos problemas. Obrigada mesmo!

Nos vemos no próximo capítulo! ;D

Beijos,

Carol.

.

N/B: Eu fiquei com desgaste mental aqui, SÉRIO. Desgaste pela Carol mesmo, não por mim. Pra mim é uma delicia ler o desenvolvimento de cada capítulo, ler pequenos trechos que a Carol me grita no twitter pra compartilhar no gtalk ou MSN. Pra mim é uma honra sem igual fazer parte do universo que JUST JUSTICE representa nesse fandom, onde Twilight abriu tantas portas. Mas eu confesso, ESSA MULHER É DIVA! HUAUHAHUAAHU! Quase uma Lady Gaga, vocês nem tem ideia [?].

Porque assim, quando ela me contou dos “quatro atos” eu achei uma LOUCURA. Porque pensa, são 4 POVS de uma vez só. Edward acabou de ser preso, as leitoras estão com raiva no coração, a Bella já nem tem mais isso (coração, você tá ai? Bate ainda? QUE BOM!), as emoções estão à flor da pele... Alonzo, Victória, luto, bebê chegando, Edward assumindo a culpa e DE REPENTE, ela faz todo mundo abrir a boca. Como disse a ela “O Jacob prendeu, o Eleazar esclareceu, a Bella desconfiou, o Edward se declarou, o James deu as caras, e eis que...” Interrompemos a transmissão para avisar a todos vocês que o infiltrado SÓ DEPOIS DO DIA 03 DE FEVEREIRO! HUAUHAUHAUHAUHAUHA

Não, gente... não era a intenção manter esse segredo mais um pouco, porque foram 22 capítulos ENVOLTA do infiltrado, ele merece um desfecho só para ele, né?

E a Carol merece férias, então VAI PRO RIO, DRAMAQUEEN, AFOGA O INFILTRADO EM COPACABANA PORQUE É CHIQUE UHAUHAUHAHUAU.

Parei, parei...

Espero que vocês tenham gostado desse capítulo tanto quanto a Carol e eu, e agora a pergunta de dois milhões de dólares (porque um milhão vai pro Edward, porque ele já fez ao Eleazar e um milhão divido com a autora XD): QUEM É O INFILTRADO? Vou ler suas reviews com carinho (inclusive, agradeço a todos que deixam, porque se como beta já fico feliz, imaginam a Carol?) e CONTINUEM ENVIANDO! Reviews são combustível e amor!

Nos vemos em fevereiro!

Bjos,

Tod.

.

Quer fazer uma pobre autora feliz? oO

Deixa uma review para mim, dizendo se você gostou, ou se odiou, se você tem alguma sugestão! Pois sugestões e palpites aqui são fundamentais! *.*

Ficarei encantada em ler!

É isso meus amores, obrigada novamente pelo carinho por essa minha fic.

Amo vocês!
.

ps.: o que todo mundo espera desde o inicio desta fic. Infiltrado vamos descobrir quem é você, seu vagabundo, desgraçado, que só trás desgraça para essa fic! ;D


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