Tales of Lost Love escrita por Drix


Capítulo 59
*Enjoy the Silence




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Já se passavam 2 dias e meio que Stefan tinha beijado Adrienne no meio do bosque, mas, quase toda hora aquela imagem vinha à sua mente. Estava confuso com a situação e com as palavras dela.

Contou pra Caroline a conversa, mas, ela também ficou sem saber o que dizer. Afinal, ele amava mesmo Elena, e amaria pra sempre. Como explicar isso pra alguém que você quer beijar, sem parecer estranho? Stefan até pensou se empolgação momentânea, que passaria com o tempo. Eram amigos. Talvez, se evitasse situações daquele tipo, passaria.

Escrevia no seu diário todos os pensamentos. Tudo o que sentia, as conversas que tinha com Adrienne durante a corrida. Não estavam mais ficando sozinhos fora isso. Sentia que ela estava evitando. Mas, não disse nada.

Eu só queria poder provar que não estou querendo usá-la pra esquecer Elena. Elas são tão diferentes. Ainda mais agora, depois que Elena se transformou e parece alguém que não reconheço. É como se a Elena que amo tivesse morrido naquela ponte, e mesmo assim, ela continua tão presente. E escolheu meu irmão. Não posso insistir com a Adrienne nesse assunto, não quero ofendê-la. Só queria mostrar pra ela como me sinto quando ela está presente. Queria poder mostrar como o sorriso dela ilumina toda a noite, como a risada dela parece música. Queria que ela visse como me sinto livre quando ela está comigo.

Stefan tentava colocar os pensamentos em ordem, escrevendo no diário. Mas, quando lia o que tinha escrito ficava mais confuso. Nem sabia direito o que estava sentindo. Falava de Elena e Adrienne o tempo todo. Era como se comparasse as duas. Não queria fazer isso, cada uma despertava uma coisa diferente nele.

Despertou da sua concentração quando ouviu uma voz familiar vinda da sala. Caroline havia chegado pra começar os preparativos pra festa. Ia aproveitar que Adrienne estaria no Club e ia adiantar algumas coisas da decoração. Todos sabiam, menos ela.

— Oi! Me ajuda a tirar o resto do carro? - Caroline foi dizendo quando o avistou no alto da escada. - Trouxe reforços! - disse sorrindo e apontou para Bonnie e Katherine que descarregavam algumas coisas pra dentro.

Katherine largou as coisas no meio da sala e foi logo falar com Jô, estava com saudades.

— Ai, sinto falta de tudo aqui, do cheirinho do seu café, do bolo de manhã. Até do seu tricô, Jozinha!

Jô riu, cumprimentou Bonnie e foi pra cozinha pegar uma fatia de bolo pra cada uma e preparar um café fresco. Lá fora, Stefan e Caroline conversavam sobre os preparativos.

— Mas, como você conseguiu se livrar de ir pro Club, logo hoje?

— Eles decidiram fechar o Club nessas férias, porque tem ficado vazio, foram lá pra acertar com os funcionários. Estavam segurando apenas para a festa dela, mas, como tudo mudou.

— Mas é só nas férias mesmo, né?! - Caroline perguntou preocupada.

— Sim. Voltando as aulas, volta a funcionar normal.

— Ah, que ótimo! Vou precisar da sua ajuda. Onde nós vamos colocar as coisas sem que ela veja? E, que horas eles costumam voltar de lá?

— Hum, hoje eles vão voltar mais cedo.

Caroline deu um pequeno surto, preocupada que não daria tempo de preparar e montar tudo. - Cedo que horas? Vamos, precisamos correr!

Ela tinha tudo planejado. Montagem das lanternas, enfeites, e coisas que ele não fazia ideia do nome. Uma infinidade de formas e cores. Bonnie aproveitou para conhecer melhor a bruxa que a trouxe de volta à vida. Tinha tido muito pouco tempo pra aprender certas coisas com a própria avó, e Jô parecia muito experiente. Conversaram bastante, e a bruxa mais velha prometeu ensiná-la algumas coisas sobre a magia da terra.

Após algumas horas de conversas, fatias de bolos, xícaras de café, papéis, barbantes e lanternas espalhados pela casa, montaram tudo e levaram para o quarto de Stefan.

— Bom, melhor irmos antes que eles cheguem. Não quero que ela desconfie. - Caroline decidiu.

— Eu fico. - Katherine resolveu. Olhando pra Jô como se pedisse aprovação. Como Jô não se opôs, ela ficou aliviada.

Stefan acompanhou as duas meninas até o carro. De manhã, sairia pra correr com Adrienne, como sempre, e Caroline aproveitaria pra montar a decoração no jardim. Estava tudo acertado. Entrou em casa novamente.

— Bom, vou pro meu quarto. Boa noite, Jô.

— Boa noite, meu querido, durma bem. - ela respondeu com toda doçura.

— Hei, boa noite, Stefan. - Katherine falou com uma voz melodiando o nome dele.

— Boa noite. - ele respondeu seco.

Entrou no quarto, cheio de bugigangas coloridas. Estavam espalhadas por toda parte, tentou ajeitar tudo num canto, tirar de cima da cama, pelo menos. E se deitou.

Ouvia o som da noite que vinha do bosque. Grilos, animais noturnos, o vento sacudindo as folhas nas árvores. Uma noite típica de verão, com uma brisa suave e morna. De repente, percebeu o barulho na garagem, haviam chegado. Escutou o burburinho na sala, a alegria de Adrienne ao se deparar com Katherine, mas, preferiu não descer. Por anos, foram somente eles ali. Achou melhor deixar que fosse assim, novamente. Até que ouviu Adrienne perguntando por ele, ela tinha notado sua ausência a noite inteira, e ao chegar, viu que os carros e moto ainda estavam na garagem.

— Ele foi se deitar, meu bem. - Jô respondeu.

— Ah...

Ele notou um tom de decepção e gostou, mas, ainda assim, ficou no quarto. Teria muito o que conversar no dia seguinte, já que estava designado a tirá-la de casa.

Ficou deitado, tentando desligar a mente e dormir um pouco, mas, não conseguia deixar de ouvir a movimentação da casa, que foi escasseando lentamente. Logo, já seria outro dia. O relógio marcava 23:59, e ele ainda rolava de um lado a outro da cama. Estava tudo silencioso. Stefan resolveu descer e beber um pouco de água pra refrescar a garganta que estava seca.

Assim que pegou a garrafa viu um vulto na sala, próximo a janela. Estava tudo escuro, e apesar de sua visão de vampiro se adaptar muito bem a noite, demorou um pouco por causa da claridade da geladeira. Em seguida, visualizou a silhueta de Adrienne, num pijama folgado, com uma taça na mão, sentada em uma das poltronas, próximas a janela, olhando pra fora.

Ele ficou sem saber o que fazer, se subia novamente, ou se falava com ela. Passava de meia-noite, já era o seu aniversário. De vida e de morte. Parou entre a bancada da cozinha e a ponta da escada, decidindo.

— Achei que você não me notaria aqui. - ela disse, tirando os olhos da janela e se virando pra ele.

— Desculpe, achei que já estivesse dormindo, não queria incomodar.

— Você nunca me incomoda, Stefan. Adoro sua companhia. - Ela disse sorrindo. - Estava vendo as estrelas. Aproveitando a quietude... Pensando... A noite está linda hoje, a lua está quase cheia.

E Stefan viu a noite se iluminando ao redor, com aquele sorriso. Foi andando em direção a ela, ainda com o copo de água na mão. Observou que ela tinha uma garrafa por perto, fez menção de brinde e sentou-se na poltrona ao lado.

— Feliz aniversário! - disse um pouco incerto.

— Obrigada! - Ela deu um gole e esticou a garrafa de champagne – Brinda comigo! - e ofereceu a garrafa.

Ele deu um gole, e sorriu, devolvendo. Trocaram mais uma vez e ele puxou assunto - Quantos anos, você lembra?

Ela deu uma gargalhada de leve, dando outro gole. - 917? - e riu de novo, entregando pra ele. - Não, parei de contar nos 100. Guardei somente o dia e mês. Chega uma hora que já não importa mais, né?! Ou você aprende a viver ou vai passar uma eternidade de miséria.

Ela parecia melancólica, e ele quase nem a reconheceu, mas, a frase dita foi uma flecha na alma dele. Passou os últimos 150 anos tendo pena de si mesmo e sofrendo pelas escolhas que fizera. Abaixou a cabeça, sem saber o que dizer.

— Ah, Stefan, me desculpe, eu... eu... - ela se levantou da poltrona, e se agachou em frente a ele, segurando suas mãos. - eu não queria dizer isso pra você, é que... desculpe! Falei sem pensar.

— Tudo bem, eu sei que não foi por mal. Além do mais, hoje é seu dia, não tenho direito de te aborrecer com meus problemas. - ele disse, já fazendo com que ela se levantasse. Ficou de pé, fitando-a nos olhos, pegou suas mãos e deu um beijo em cada. - Isso não importa mais, porque agora, acho que aprendi como se faz. - ele disse, ainda a olhando.

Ela riu, ainda segurando as mãos dele, fez um movimento pra se soltar e o abraçou. - Fico feliz em ouvir isso.

Stefan retribuiu. Sentia o cheiro do cabelo dela, o calor do corpo, as curvas da cintura, a maciez da pele. Distinguiu uma onda percorrer sua coluna, até a nuca. Aquela sensação era familiar. Sentiu exatamente a mesma coisa no chão do bosque, dessa vez, se controlaria, mas, segurou o abraço enquanto pode.

Adrienne se sentiu segura naquele abraço. Tinha tudo sob controle, estava com o rosto encostado no ombro do vampiro, ele era muito mais alto e praticamente a escondia. Não havia a menor chance de se encararem naquela posição. Não saberia como reagir se ele tentasse de novo. Mas, sentia o corpo formigar, pequenos choques que insistiam em percorrer sua espinha. “e essa maldita sensação que parecem insetos querendo sair do meu estômago, que inferno!” ela pensava.

Ficaram parados por alguns minutos, no meio da sala, abraçados em silêncio, sentindo o calor do outro. Se afastaram alguns centímetros, sem desfazer o abraço, e se olharam.

— Feliz aniversário! - Stefan sussurrou, novamente.

Ela agradeceu no mesmo tom, molhando os lábios e sorrindo em seguida. Mas, foi se soltando dele, que não reagia. Ele prometeu a si mesmo que provaria pra ela que não a faria de estepe, então, se controlou. Ela o soltou completamente.

— Boa noite, Stefan. - deu-lhe um beijo no rosto, e subiu.


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