— Aqui. Capuccino pra todo mundo! - Caroline disse, entregando os copos.

Stefan aproximou-se, entregando um pacote pra Daniel. - Pão de queijo. - sentou-se ao lado de Adrienne, e também entregou algo. - Seu preferido.

Ela sorriu, surpresa, e agradeceu. Caroline observava a reação, e piscou positivamente pro amigo. Stefan retribuiu com um sorriso.

Adrienne abriu o pacotinho e se deparou com um muffin de blueberry, quentinho e cheiroso. E não se conteve. - Como você lembrou disso? - ela disse, tocando o braço de Stefan, e dando um sorriso largo, daqueles que ele estava acostumado a ver.

— Acho que tenho uma boa memória. - ele sorriu de volta, mas, no fundo, nem era muito difícil lembrar, ela disse quando mencionou sua cor preferida, azul.

Por um momento, esqueceram que havia outras duas pessoas, também, à mesa e traçaram uma conversa paralela. Caroline percebendo, puxou assunto com Daniel, pedindo um pão de queijo dele, pra distraí-lo.

— Divide comigo? - Adrienne perguntou.

— Comprei um de parmesão pra mim.

— Mas, não vou conseguir comer todo, não depois de dois cafés. Vai ser um pecado desperdiçar. - ela insistiu fazendo uma expressão de tristeza pra comovê-lo.

— Meu Deus! Você é uma artista! - Stefan respondeu sorrindo – Mil caras e bocas pra me convencer.

— Eu? Que absurdo! - Ela disse, dando ênfase no e – Só acho que é um pecado jogar um troço tão gostoso fora. Ah, anda, toma um pedaço, come comigo. Ao menos, experimenta. - disse tirando um pedaço do bolinho.

— Se você experimentar o meu.

— Mas...

Antes dela argumentar, Stefan já levava um pedaço até sua boca, não dando nenhuma chance de discussão. Ela mal teve tempo de morder, ele praticamente a obrigou a comer. E ela riu, quase cuspindo. Pronto, ele pensou, já tinha quebrado o clima chato e desagradável que ficara. Estavam brincando e implicando novamente, e isso era um ótimo sinal. Caroline estava certa.

— Dri, posso chamar uns caras do time pra festa também? - Danny perguntou, interrompendo a interação.

— Ahn... Não sei. Se eles forem civilizados. - Ela respondeu, ainda tentando engolir o pedaço de muffin que Stefan enfiou na sua boca. - Preciso fazer a lista de convidados ainda, mas, acho que não vai ter problema.

Continuaram conversando sobre a festa e os planos de Caroline em relação aos preparativos até escurecer.

— Nossa! Preciso ir! Minha mãe vai me matar porque nem avisei a ela que ia vir pra cá! - Caroline disse, apavorada. - Ai, meu Deus! Elena foi com meu carro!

Prontamente, Danny se ofereceu pra levar Caroline. - Stefan, volta com a Adrienne, certo?!

— Eu... ahn... Tudo bem? - ele a perguntou antes de responder.

— Claro.

Caroline sorria, sem conseguir esconder o quanto ela achou isso perfeito! Se tivesse planejado não poderia ser melhor. Eles voltariam juntos e conversariam. Já que o gelo inicial já tinha sido quebrado. Ela estava tão empolgada que quase não conseguiu esconder a alegria. Adrienne agradeceu a ajuda, se despediram, e cada casal pegou seu rumo.

Adrienne entregou as chaves à Stefan. - pode?

Ele pegou as chaves e abriu a porta pra ela. Como quase sempre fazia. - Parece que Caroline decidiu a festa toda. - tentou puxar assunto.

— É, ela é ótima, como você disse. - ela respondeu, sem se alongar e sentou-se, fechando a porta e puxando o cinto.

Stefan sentou, ajustou banco e retrovisores. Tentou dizer alguma coisa, mas, não saía nada. Ali, sozinhos, era como se o peso do silêncio esmagasse ele. Pensou em várias coisas pra dizer, mas todas pareciam idiotas demais. Queria se desculpar novamente, mas, não estava arrependido.

— Você conhece bem esses rapazes que o Daniel quer convidar?

Ele respirou aliviado. Não era um assunto importante, mas, não era ele que estava falando, e se sentiu confortável pra responder.

— Bem, não. Conheço dali dos treinos e alguns cafés juntos. Não são trogloditas, se essa é sua preocupação.

Adrienne riu da palavra usada. E repetiu. - Não é isso, exatamente. Mas, são humanos, e somos vampiros e estaremos bêbados, e é onde moramos. Não pode haver incidentes.

— Hum... - ele não tinha pensado dessa forma. - Bom, acho que podemos nos comportar.

Ela riu novamente – Espero que sim, mas, não seremos só nós, convidarei gente de fora. Um corte e já era! Não sei se o Danny pensou nisso.

Stefan entendeu a preocupação dela. Ela sabia muito bem como era um vampiro descontrolado. Seria complicado controlar vários se houvesse qualquer acidente.

— Embora – ela continuou – os que pretendo convidar, aprenderam o auto-controle. Não saem atacando assim, do nada.

— Nem todos. - ele lembrou.

— Bom, mas, você está controlado agora, não está? Além disso, se houver alguma coisa, estarei lá do seu lado, não vou deixar você machucar ninguém. - ela falou, segurando a mão dele com firmeza.

Stefan sentiu segurança no gesto e nas palavras. Sabia que podia contar e confiar sua vida a ela. Sentiu-se tão confortável com aquele gesto que tomou coragem pra entrar no assunto que o estava incomodando.

— Adrienne, eu... - respirou e prosseguiu – bom, eu não me arrependo de ter te beijado. Agi por impulso sim, mas, só porque estava me controlando há dias. - ele tirou os olhos da estrada por um instante pra olhar pra ela, que olhava de volta, com atenção. Ele voltou os olhos pra estrada e continuou - Eu queria fazer isso desde o dia que te conheci, mas, reprimi porque sua amizade é mais importante que meus instintos. Então, se eu te ofendi de alguma maneira, me desculpe. Aliás, foi por isso que me desculpei, por achar que te ofendi. - e voltou a olhar pra ela aguardando uma resposta. Que não veio.

Ele tentava entender o silêncio. Mais de um mês convivendo com aquela pessoa, ele nunca a viu ficar calada diante de qualquer coisa. Esperava que viesse uma dissertação ou qualquer coisa do tipo.

— Eu... - ela resmungou e parou.

— Diz alguma coisa! - ele insistiu.

Ela respirou e prosseguiu – Eu não sei o que dizer, Stefan.

— Fala qualquer coisa, diz o que você está pensando, sei lá.

— Eu acho... Bom, o que eu tô pensando... eu acho que você ainda ama a Elena. Mas, está desesperado pra esquecer, e eu, sinceramente, acho isso um erro. Não serei seu estepe. Somos amigos, quero te ajudar a superar isso, mas, não dessa forma.

Stefan ficou confuso. Ele queria esquecer Elena e seguir a vida dele, mas, não via Adrienne daquela forma. Tentou se explicar, mas, não sabia o que dizer. Pareceu que qualquer coisa que dissesse seria uma defesa desnecessária. Parou o carro por um instante e olhou pra ela.

— Eu nunca faria isso contigo. Mas, como eu disse, sua amizade é muito mais importante.

Deu partida, novamente, e seguiram em silêncio até em casa.