Stefan arregalou os olhos, assustado.

— Como assim iguais? - perguntou.

Diante de uma Adrienne tranquila e sorridente, aguardou a resposta, mas esta veio de Alex.

— Somos vampiros, como você, Stefan. Qual o mistério?

Apesar das evidências, Stefan não esperava essa explicação. Há tempos não tinha notícias de outros vampiros na região. E de fato, não conheceu muitos outros que fossem capazes de uma boa convivência, exceto Lexi. Mas aqueles 3 eram diferentes.

— Será que ainda estou bêbado? - Stefan deixou escapar, causando risos.

— Nossa, acho que nem nossa tequila é tão poderosa assim! - respondeu Danny.

Adrienne, que estava calada saboreando seu delicioso bolo, observava a confusão de Stefan e se divertia.

— Ei, calma. Quer beber algo? - e abriu um compartimento abaixo da bancada pegando uma bolsa de sangue.

Stefan percebeu os caninos latejarem levemente quando sentiu o cheiro. E então lembrou do motivo de ter saído de Mystic Falls. A escolha de Elena foi uma dor insuportável. Por anos, ele sobreviveu, e achava que somente com ela se sentiria vivo novamente. Os pensamentos tomaram sua cabeça e a fome veio tão forte que a sede de sangue o possuiu.

Ele tomou a bolsa da mão de Adrienne e bebeu, praticamente em um gole só, todo o sangue. Todos ficaram sobressaltados.

— O que houve Stefan? Parece que você não se alimenta há dias! - disse Adrienne, estendendo uma outra bolsa, que Stefan pegou sem pensar.

Percebendo o que aconteceu, ele parou.

— Desculpe - tentou se explicar - Achei que estava controlado. Mas, a sede, essa necessidade, muitas vezes me domina. - e abaixou a cabeça envergonhado.

— Não se preocupe, aqui ninguém é santo. Todos já fizemos algumas atrocidades! Eu mesma, depois que me transformei, matei meu marido na noite de núpcias - Disse Adrienne, se mostrando triste, mas, com total naturalidade, tentando confortá-lo e deixá-lo a vontade.

— Acho que a minha história é um tanto pior. - disse Alex, com lágrimas nos olhos - Suguei meu irmãozinho no dia que me transformei.

— Bom, desculpe decepcioná-los, não tenho uma história terrível de quando me transformei. - retruca Danny, tentando deixar o ambiente menos pesado.

E ouviu, num coro feminino:

— Em compensação, depois...

Todos riram, mas Stefan permaneceu apreensivo. Observou os rostos em volta. Apesar do sofrimento que tiveram, conseguiram superar. E diante das confissões, resolveu contar um pouco da sua vida. Sentiu-se confortável com aquelas pessoas, eles o entendiam, não o julgavam. Assim como sua grande amiga, eles pareciam compreendê-lo. Cada um deles teve sua tragédia particular, e aprenderam a conviver com ela.

Stefan, brevemente, contou sobre sua transformação e a morte de seu pai. Todos demonstraram solidariedade. Ele se sentiu realmente acolhido naquele ambiente. Os olhos atentos à sua volta, expressavam carinho e compreensão. Adrienne pareceu a mais atenta, olhou pra ele com olhos brilhantes, levemente esverdeados à luz do dia, pareciam mais vivos ainda. Os cabelos vermelhos, agora soltos, destacavam a pele branca, e emolduravam o seu rosto. Ele notou que a moça tinha sardas no nariz, e pensou que é ainda mais bonita do que ele havia percebido na noite passada. Ela o lembrava alguém, mas não conseguiu definir quem.

Ela, curiosa, perguntou:

— Do que você estava fugindo ontem?

Ele se sentiu mal, fez uma pausa, mas continuou a contar sua história. Ele falou sobre Elena, em como se apaixonaram, como estiveram felizes apesar de tudo o que aconteceu. Contou também sobre Damon, e terminou dizendo o quanto a escolha de Elena o deixou triste.

— Mas, se você ama tanto essa garota, por que não luta para tê-la de volta, Stefan? - ela pergunta

Ele explicou que fez uma promessa ao irmão, prometera que os deixaria em paz.

— Ah, não, não está certo! Se ela é o amor da sua vida, e te amou tanto também, não acho que você deva desistir! Você precisa reconquistá-la! Não é sumindo da vida dela que isso vai acontecer! - Adrienne estava inquieta, como ele poderia desistir?

— Adri, foi o que ele decidiu, você não tem que se meter - diz Danny, mais ponderado.

— Um amor épico! Não se pode desistir assim!

Neste momento, as palavras de Adrienne fizeram Stefan lembrar de Caroline. Ele sorriu pela lembrança. Alex o tirou de seus pensamentos, dizendo:

— Às vezes, meu bem, é preciso desistir daquilo que amamos para vivermos plenos. Nossos passados se tornam sombras de nós mesmos. Se Stefan acha que isso é o certo, ele deve fazer. Todos já desistimos quando percebemos que não podíamos suportar, não é? - Todos concordaram.

— Bom, tudo bem, se você acha que é o melhor a fazer. Nós temos quartos sobrando, enquanto você não toma a decisão de onde vai, pode ficar por aqui, conosco. – disse Adrienne, solidária.

Stefan ainda estava confuso, e realmente não sabia pra onde ir. Adrienne, pelo que ele pode perceber, era encantadoramente teimosa, e não iria permitir que ele apenas fosse embora sem destino. Ele pensou por um momento e aceitou o convite. Decidiu ficar ao menos por uns dias, para descansar a cabeça e pensar em qual rumo tomar, com calma. Ele, então, pegou as chaves do carro com Danny para tirar suas coisas do porta-malas. Seguiu em direção a porta da frente, a campainha tocou. Ao abrir a porta, a figura do outro lado se assustou.

— Stefan?!

Ele mal acreditou no que viu.

— Katherine?!