― Vocês estão bêbados, Daniel? Era para você encontrar ele, não ficar de porre junto. Tá, onde vocês estão? Ok, estou indo.

Adrienne desligou o telefone e se levantou, irritada. Passou o dia tentando confortar Katherine, procurando Stefan e agora precisava ir buscá-los. Estava se sentindo como uma mãe que precisava resolver os problemas das crianças.

― Alex, estou indo buscar o Danny, ele bebeu demais com o Stefan e não conseguem nem levantar.

― Quer ajuda?

― Não, obrigada. Prefiro que você fique aqui com a Jô, cuidando da Katherine. Deixei ela dormindo no quarto.

Ela pegou o carro e seguiu em direção a Mystic Falls, esperando encontrar os dois. Depois de rodar a cidade toda, parou no Mystic Grill, na última esperança de encontrá-los. Procurou, mas eles não estavam lá. De repente, avistou uma figura conhecida.

― Katherine?! Não é possível! Vou matar a Alex! - ela aproximou da ex-vampira ― Eu dou as costas por um momento e você sai...

― Eu...

― Ai Meu Deus! Você deve ser Elena! Desculpe!

― Sim, eu sou, mas quem é você? - Elena questiona, intrigada.

Adrienne gaguejou, não sabia bem como explicar. E ficou realmente pasma em perceber como as duas são iguais.

― Me desculpe, é uma longa história. Conheci Stefan ontem e, bom, ele me falou de você e como vocês duas são iguais. - ela olhou para Elena, admirada com a semelhança ― Bom, preciso ir. Um dia te explico melhor, prometo.

― Mas... Espera...

Adrienne saiu do bar correndo e ligou para Danny, desesperada.

― Daniel Richard, onde vocês estão?

― Mystic Falls.

― Onde, exatamente, Danny? Já rodei tudo e não vi vocês.

― Em Mystic Falls, boneca, fall, cachoeira!

Finalmente, ela encontrou os dois, deitados no mato, aos risos e se aproximou deles.

― Hey, qual o motivo da felicidade?

― O mundo está girando! - Stefan respondeu, gargalhando.

― Vem, deita aqui com a gente! - Danny a chamou.

Ela parou por um momento, e desistiu de brigar com eles. Os dois sofreram tanto, por tanto tempo, mereciam um momento de paz.

― Tudo bem! Só um pouco. Mas logo a gente vai embora, tá?!

Danny abriu espaço pra ela se deitar no meio, entre eles.

― Deita aqui! – ele a puxou e bateu com a outra mão no chão. - Olha, o céu está girando! Olha!

― Vê as estrelas se movendo ali? - Stefan se aproximou perguntando e apontando para o céu.

― Sim, vejo. - A moça concordou, apesar de estar tudo perfeitamente normal, como sempre. Uma noite linda de céu estrelado.

De repente, ouviram um barulho engraçado, e perceberam que Danny havia dormido e estava roncando. Os dois começaram a rir.

― Hum, hora de levantar e ir embora, vamos! Consegue se levantar, Stefan?

― Não, espera. Ali, tá vendo ali? É a constelação de Escorpião. Pelo dia que nasci, dizem, hoje em dia, que eu seria desse signo. - ele segurou Adrienne pela mão, para que ela permanecesse deitada - Qual é o seu? Quando você nasceu?

― Nasci em Julho, dia 05. Era verão.

― Aposto que foi um dia lindo de verão. - Stefan balbuciou.

― Sim, acho que foi sim. - a moça respondeu.

― E aposto que, a noite, as estrelas brilharam mais pra te ver! - ele sussurrou.

Ela olhou pra Stefan, emocionada, e viu que ele também dormiu. Riu, sozinha. Olhando pro alto, o silêncio, o cheiro de mato orvalhado e a brisa suave... a fizeram recordar da sua vida no passado.

*** 

Flashback

Século XI – Nice - França

― Bom dia! Como se sente em seu décimo sexto aniversário? - Adelle entrou no quarto abrindo as cortinas.

― Não sei bem, parece que foi ontem, ainda tinha 15! - Adrienne responde se espreguiçando. As duas riram.

― Pois que tal comemorarmos com um belo Picnic nas colinas? Chamaremos suas amigas e passaremos o dia nos divertindo!

A ideia pareceu realmente ótima. A moça não tinha mais que duas amigas na vizinhança, que se encontravam na missa de domingo, e a doce Bridget, filha da prima de Adelle, que agora morava com elas. Aceitou a ideia contente. Por ali não havia muita coisa para fazer, e qualquer novidade era bem vinda. Além disso, talvez pudesse encontrar aquele cavaleiro misterioso que, todos os verões, estava sempre no mesmo horário dos seus passeios, cavalgando por lá.

Eles nunca se falaram, além do cordial "bom dia". Ele passava cavalgando, a cumprimentava e seguia seu caminho. O rapaz tinha porte de nobre, sorriso largo, lindos olhos azuis, e cabelos loiros. Não sabia seu nome e ninguém, além dela, parecia saber dele.

O tempo passou rápido e a menina se tornou uma bela jovem, despertando a atenção de alguns rapazes da província. Mas este rapaz, o cavaleiro, despertou seu interesse e curiosidade. Porém, naquele dia, era seu aniversário, e talvez ela conseguisse trocar algumas palavras a mais com ele.

O dia se seguiu com diversão, as meninas brincaram de bola, leram e fizeram tranças nos cabelos uma das outras. No final da tarde, Adrienne notou a ausência de sua tutora e foi procurá-la. Estranhou ao vê-la conversando com o cavaleiro misterioso. Se aproximou, tentando ouvir, mas ele logo percebeu sua presença.

― Olá, senhorita. Feliz aniversário! Está um lindo dia para se comemorar! - o rapaz falou, com o sorriso largo e um sotaque diferente, que ela não identificou.

― Como...

― Como eu sei? – ele se antecipou, sorrindo ― sua tutora acaba de me falar. Essas terras pertencem a minha família, ela estava me explicando porque estão aqui.

― Oh, me desculpe senhor! Não queríamos invadir suas terras, já vamos sair. - Adrienne disse, envergonhada.

― Não se preocupem. Sintam-se à vontade, não temos o costume de receber visitas, e sua presença é um frescor para meus olhos.

A moça ruborizou com o elogio e acenou agradecendo.

― Diga-me, senhor, a quem posso agradecer por tamanha gentileza?

― Mikaelson. Meu nome é Niklaus Mikaelson. Encantado.

***

Adrienne despertou do devaneio num estalo. Já estava tarde, era melhor irem pra casa.