Tales of Lost Love escrita por Drix


Capítulo 117
I Swear




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Em uma linda manhã de outono na pequena província de Bourges, na França, Jô apreciava seu desjejum observando as bisnetas no jardim. Tinham um talento nato para a magia, e cuidavam das plantas com uma dedicação impressionante.

A caçula completara 16 anos no fim daquele verão, e a bisavó estava orgulhosa da moça maravilhosa que tinha se tornado. A menina era curiosa e inteligente e queria conhecer o mundo. Jô a estava preparando pra isso. Ela mesma já tinha viajado bastante na companhia de seus meninos, como gostava de chamar Adrienne, Alex e Daniel. Afinal, só após a viuvez, decidiu cuidar deles como família.

Mesmo nascendo séculos depois dos 3, a formação da própria família trouxe uma maturidade que eles não tinham. A falta de responsabilidades cotidianas como a maternidade, a educação de outro ser humano, os ensinamentos, parecia fazer a diferença entre eles. E envelhecer era algo que eles jamais teriam que passar, e ela sentia ser essa a maior diferença.

A mais velha das moças esperava um bebê. Jô tinha esperança que conseguisse assistir seu primeiro trineto nascer. O primeiro rapaz após duas gerações inteiras. Apesar de não parecer, por conta das ervas medicinais, estava quase completando 9 décadas e por isso andava emocionada com a notícia. Decidiu ir pra França pra acompanhar de perto o final da gestação.

Tinha uma grande família. Foi casada por muitos anos, um casamento feliz que gerou 3 lindas crianças. Duas meninas e um menino, porém, apenas a mais nova seguiu os caminhos da magia. Mas, ela não se importou, sempre deu escolha aos filhos.

Ali naquele jardim, começou a se lembrar da primeira neta nascendo, a emoção de assistir de perto aquele serzinho que vinha ao mundo trazer mais sorrisos a sua vida tão feliz. Sentiu a mesma emoção mais 5 vezes, com todas as netas. Cada filho lhe deu duas crianças maravilhosas. E, de cada duplinha, pelo menos uma queria aprender e desenvolver a magia.

Aquela casa era pra elas, sua caçula, suas netas e bisnetas, praticarem e se envolverem com seus poderes. O mundo é cruel com quem é diferente, Adrienne dizia. Ali, ela viu sua bisavó Justine passar toda sua sabedoria, e aprendeu com suas mãe e avó quase todo o resto. A moça que hoje ela chama de sua menina, protegia sua linhagem desde sempre.

As netas cresceram tão rápido que mal acompanhou, as bisnetas acompanharam a velocidade e agora uma delas, estava ali, plena, carregando uma nova vida. Sentia uma felicidade ímpar em olhar a família daquela forma. Certamente, se não fosse a proteção de Adrienne, talvez nem ela tivesse nascido.

***

> Flashback

Inglaterra – 1491-1493

Adrienne tomava seu chá da tarde nos jardins internos do palácio na companhia de sua fiel amiga, a bruxa Florence. A moça era da linhagem de Adelle, sua cuidadora desde a infância, e Adrienne jurou proteger sua família para sempre. Tendo então, uma relação de carinho e amizade com todos os membros da família Boucher.

O que para Niklaus era uma vantagem, pois tinha uma linhagem pura de bruxos a seus dispor sempre que precisasse de algo. Mas, é claro, ele mesmo não a deixava perceber seus intuitos.

As moças conversavam amenidades quando notaram uma presença que parecia perdida.

— Olá. - Adrienne indagou – Posso ajudar?

A moça virou, num susto. Andava pelo palácio quase livremente, apenas não podia passar pra ala oeste, contudo se perdeu e percebeu que estava num lugar onde não deveria. Pediu desculpas pelo engano e respondeu.

— Estou perdida, preciso voltar pra ala leste mas não consigo me achar nesse enorme palácio. - sorriu, sem jeito.

Adrienne controlou a surpresa. O susto inicial, quando a moça se virou e era a cara de sua bisavó. Engoliu seco, e chamou um dos criados para ajudar a moça. Não sem antes questionar por que nunca a tinha visto antes.

— Eu não costumo sair da ala leste. - Katerina respondeu acanhada – O Senhor Niklaus me pediu pra que evitasse este lado. Acredito que não queria que lhe aborrecesse com minhas questões.

— E que questões seriam essas? - Adrienne continuou interessada.

— Senhorita, me desculpe, eu realmente não queria incomodar, eu juro, por favor, continue seu chá eu preciso voltar.

Adrienne estava ainda mais curiosa, e não se conteve. Levantou-se, foi até a moça que continuava nervosa, e usou seu poder de hipnose.

— Por favor, sente-se comigo e me conte mais quais são essas questões que eu não posso saber.

Katerina tinha instruções claras em não passar pra ala oeste do palácio para não esbarrar em Adrienne. De acordo com Niklaus, ela era ciumenta e poderia ficar magoada com o interesse do Lord pela nova amiga, e ele temia por sua vida, caso a companheira descobrisse sua existência.

A princípio, Adrienne ficou um pouco magoada com o interesse de Niklaus, mas, raivosa pela mentira. Ele já tinha tido casos antes, assim como ela, e não tinham um relacionamento em que pudessem dizer que um era posse do outro. Ambos prezavam pela individualidade, e faziam questão de deixar sempre às claras. Eram vampiros, e ela sabia muito bem que uma eternidade pode ser cansativa se não houver algumas distrações durante a longa jornada.

No entanto, ficou muito mais intrigada do que irritada. O fato da moça ser exatamente igual a sua bisavó a deixou extremamente curiosa, e após liberá-la, fazendo com que ela esquecesse do encontro furtivo, tratou de pesquisar nas coisas de Adelle algo que pudesse explicar aquela semelhança.

* * *

— Florence, eu vou embora, ele me enganou esse tempo todo. Adelle sabia de tudo, e nunca me contou, por quê? Como ela pode me deixar viver com essa criatura cruel e egoísta?

— Eu não sei dizer, Addy, achei esses diários quando você me pediu pra procurar, eu nunca nem tinha visto. Mas, você acha que é o melhor a ser feito? Eu acho que ele vai atrás de você, onde você for.

— Não me importo, eu posso viver fugindo, mas aqui não fico mais! - respondeu entre lágrimas e soluços, decidida.

* * *

— Adrienne ele está nos caçando! Ameaçou minha família e as próximas gerações, não sei o que fazer!

— Fica calma, Florence! Por que isso?

— Ele descobriu que ajudamos você e Katerina com o feitiço de ocultação, e agora quer se vingar. Não posso viver assim, minha bebê acabou de nascer, meu marido não sabe da existência de vampiros. Preciso de ajuda e não tenho mais a quem recorrer.

— Nós vamos dar um jeito! Nem que pra isso eu precise simular a morte de toda a sua família! Criaremos novas identidades, montarei uma cidade inteira, se for preciso, pra que você possa ter paz, mas eu vou te tirar dessa, eu juro!

***

A filha caçula se aproximava, sorrindo, já era uma senhora de idade também, mas, pra ela ainda tinha o brilho de menina. Entregou-lhe o celular avisando que tinham mensagens. Jô pegou o aparelho e leu as mensagens de Alex, preocupada.

Nos últimos meses se envolvera demais nos problemas dos vampiros, mas, não podia deixar suas crianças correndo perigo. Muito menos aquela responsável pela segurança de toda sua família. Entrou na casa e se dirigiu a um cômodo a parte, numa das paredes, um retrato gigante da primeira família moradora dali.

Se aproximou, mexendo no quadro, que escondia um grande cofre. Tirou de dentro uma caixa de madeira maciça, que guardava algo envolto a um pano vermelho. Separou, com cuidado, o tecido que envolvia um punhal, de ouro branco, que tinha escrito na lâmina, em árabe, “أبدي”.

— Isso resolve um dos problemas, agora, vamos ao outro.

Falou pra si mesma, pensando onde procurar informações, enquanto olhava o quadro a sua frente. No rodapé lia-se: Família Lamartine - Jean Louis, Florence e pequena Justine.




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