Tales of Lost Love escrita por Drix


Capítulo 116
A Drop in The Ocean


Notas iniciais do capítulo

Mas um capítulo dessa saga interminável. rs
Estou considerando chegar logo a um final, e se alguém tiver ideias, esse é o momento de partilhar!
Obrigada por lerem! =)



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A cidade parecia calma ali de cima. Não era muito alto, porém, o suficiente pra não ouvir barulho que incomodasse. A varanda tinha a extensão da sala e quartos. Damon andou de um ponto a outro, pra se localizar.

As pessoas pareciam miniaturas andando na rua. Era um festival de cores ambulantes. As luzes dos estabelecimentos e as gambiarras feitas pro festival davam um charme a mais. Parou numa das pontas, deu mais um gole na garrafa e apreciou.

Voltou, calmamente, se apoiando no parapeito. Notou uma sombra crescendo e se alarmou. Olhou pra trás assustado e pronto pra atacar, quando notou que era uma movimentação dentro do quarto de Stefan. Respirou e voltou ao estado normal. Aguardou, pra entender se estavam precisando de ajuda.

Assim que percebeu que não era nada, e antes de dar o primeiro passo, se surpreendeu com o que viu. Havia uma cortina fina e transparente cobrindo a porta da varanda que dava acesso ao quarto do casal, e a sombra que Damon viu crescendo era Stefan e Adrienne indo em direção a ela. Adrienne estava apoiada no vidro, de frente pra fora, e ele podia ver todo o contorno das curvas do corpo dela, enquanto Stefan parecia estar atrás, segurando sua nuca enquanto a beijava.

Damon sentiu uma mistura de orgulho e constrangimento. Afinal, seu irmão caçula estava num momento íntimo com a namorada, e ele não queria pensar nisso, mas a imagem que apareceu era impossível de não ver. Andou pro outro lado, como já estava indo, só que mais depressa. Não entrou, apenas se afastou, sorrindo debochado. “Um Salvatore não nega as raízes” , pensou, dando outro gole na bebida.

* * *

Após ir pro quarto, Katherine tentou fazer nenhum barulho pra não acordar Daniel que dormia feito um anjo. Entrou no banheiro e tomou um banho no intuito de diminuir a bebedeira. Deixou a água escorrer pela cabeça e ficou pensando no quão interessante seria se tivesse descoberto essa camuflagem antes.

Terminou o banho um pouco desperta. Ainda estava sem sono, pois dormira a tarde. Colocou o roupão, e devagar, saiu pela varanda pra observar a noite.

— Ei, ainda sem sono? - perguntou quando avistou Damon apoiado na sacada próximo ao seu quarto, com uma garrafa na mão.

— Nenhum. - ele respondeu oferecendo a bebida pra ela.

Katherine se aproximou, pegando e dando um gole saboreando. Ouviu um barulho estranho, de algo batendo no vidro, que vinha do outro lado e se assustou.

— Que isso? - e se adiantou pra ver, num arranque que Damon não teve tempo de segurá-la.

Ela parou por um momento, identificando o que era, quando percebeu os dois alheios dentro do quarto, apenas separados por uma fina cortina, olhou pra Damon, indignada. Ele fez um gesto de conformismo com o rosto, mostrando que já sabia.

— Eu vou avisar que dá pra ver daqui! - disse aborrecida.

Ele segurou o braço dela. - Não, deixa eles. Não estão machucando ninguém. Pelo menos alguém está se divertindo essa noite. - ele disse, piscando.

— Eles parecem coelhos, Damon, tem outras pessoas por aqui, eles precisam respeitar.

Damon olhou curioso e sorriu debochado. - Você está com ciúme! Achei que eram amigas.

— Somos! E isso não quer dizer que preciso ficar vendo ela transando toda hora, ué! - Falou, revoltada, cruzando os braços e sentando num banco duplo, perto da outra ponta da varanda.

— Toda hora? Me explica isso. - perguntou rindo da birra, e sentando-se ao lado dela. - Mas você está se corroendo de ciúmes!

— Estou mesmo! Me dá isso e cala a boca!

Katherine pegou a garrafa novamente, deu um gole grande, e contou sobre a noite que chegaram e a cena que viu em cima do aparador. Damon deu uma gargalhada abafada, pra não acordar Daniel, e comentou.

— Não consigo imaginar a cara do Stefan. Aliás, nem consigo imaginar que ele aja por impulso dessa forma.

— Pois imagine, porque eles estavam, sim, transando no meio da sala, em cima da mesinha de correspondências. - e riu também. - E se eu não tivesse ouvido o barulho, teriam continuado.

— Essa menina tá mexendo com ele. Nunca vi meu irmão assim.

— Porque você nunca esteve com ele sóbrio, sem o vício. Ninguém, na verdade. - respondeu sem pensar e continuou - Ela faz bem a ele, e ele a ela, também. Mas, não é só isso. Ele está se alimentando direito agora. Sem desligar, sem machucar ninguém. Ele conseguiu se libertar do peso no peito que carregava. - parou um momento – e agora fica assim, transando na frente dos outros. - e riu.

— Eu sempre disse que era disso que ele precisava.

— Transar na frente dos outros? - ela fez a piada e continuou - Sim, você estava certo, mas, culpá-lo por tudo o que aconteceu não ajudou também.

Damon engoliu seco após rir da piadinha. Ainda tinha certa raiva do irmão por ter sido escolhido por Katherine. Era pra ser ele, somente ele com ela. Sabia que estava muito errado em culpar Stefan pelos erros dela, mas, não conseguia evitar o sentimento de ciúme. Abaixou a cabeça, olhando pro gargalo da garrafa pela metade, e deu um longo gole, pensativo.

— Era pra ser só nós dois. - Ele disse e olhou pra ela.

— Eu sei! Mas, não foi culpa dele. Eu sou assim, egoísta. - ela falou, quebrando o silêncio – Eu sou assim até com a única pessoa nesse mundo que eu não posso ser. Eu coloquei ela em maus lençóis por várias vezes. Ela largou tudo que tinha construído por minha causa. Fugiu comigo pra longe do Klaus, mesmo sem precisar. Ele só começou a procurá-la também, décadas depois, quando descobriu que ela me ajudou. Quis se vingar, mas, ela não precisava. Ela fez porque é um ser humano muito melhor que eu.

Deu uma pausa, pra mais um gole de bebida. A sensação de pileque voltou levemente, mas, precisava de um pouco de coragem pra dizer o que começou. Damon ouvia atento, queria saber onde aquilo ia chegar. Sempre quis entender essa amizade misteriosa. Ela continuou.

— A Adrienne foi a melhor coisa que apareceu no meu caminho. Eu a amo quase mais que a mim mesma, e mesmo assim, já a coloquei em risco pra me proteger. Meu instinto de sobrevivência é um carma, e eu acabo fazendo coisas que eu sei que posso me arrepender depois, mas eu arco com as consequências. Você foi atrás de mim, na tumba, Damon. Viu seu irmão feliz e quis tirar o brinquedo dele. Você conseguiu Elena pra você, mas, ainda culpa Stefan por todas as coisas que te aconteceram, como se ser vampiro fosse uma maldição. Mas, você escolheu isso, e aproveitou cada minuto. Não é?

Ele apenas acenou positivamente, dando outro gole longo na bebida. Ela respirou fundo. Estava quase concluindo, mas, perdeu a coragem. O passado era algo que ela fazia questão de não comentar. Vivia pro futuro, pensando sempre a frente. Pegou a garrafa de novo, deu outro longo gole, como se tivesse tomando coragem pra continuar. Entregou pra ele e voltou ao assunto.

— Está na hora de você perdoar o seu irmão por ter te pedido pra completar a transição. Fui eu que decidi transformar os dois. Fui eu que escolhi os dois. Ele não sabia de nada. Você queria, ele não. Mas ele não quis ficar sozinho. Ele queria o irmão com ele. E, se eu não tivesse minha irmã pra me ajudar, eu seria como Stefan. Eu decidi transformar o Stefan porque eu não podia ficar com vocês. Eu precisava fugir, e não queria isso pra vocês. Não queria isso pra você, especialmente. Qualquer coisa que acontecesse, vocês ainda teriam um ao outro. E vocês iam precisar um do outro. Você quer falar de ciúme? Sim, eu tenho ciúmes dele com ela. E tenho ciúmes de você com Elena. Eu tenho ciúmes dos dois, não gosto de dividir. Eu sou essa pessoa egoísta, Damon. Mas, eu não fui com você. Eu deixei seu irmão contigo, e você entendeu errado.

Ele olhava aturdido com tanta informação jogada ali. Jamais pensou numa Katherine altruísta, estava sendo surpreendente descobrir esse lado tão humano dela. Ficou um pouco estarrecido, enquanto ela levantava, segurando sua mão.

— Eu amei vocês dois. E, por isso, não podia ser egoísta. Eu precisava deixar vocês, mas queria que os dois pudessem ficar juntos. Vocês já passaram por tanta coisa, eu sou só uma gota no oceano que é o amor de vocês.

Quando terminou de falar isso, Katherine largou a mão dele que pendeu no ar, e entrou no quarto, pela porta da varanda. Damon ainda ficou um tempo digerindo tudo aquilo. A raiva que sentiu a vida toda, minou o relacionamento deles, porque não queria dividir. Não queria que Stefan fosse feliz, por isso se aproximou de Elena, também. Acabou se apaixonando por ela, contudo a intenção inicial era ferir Stefan. Precisava deixar essa mágoa ir embora. Precisava perdoar o irmão, que permitiu que ele vivesse com a mulher que ele mesmo amava, por amor a ele.

Damon sentiu um aperto no peito. Um comichão nas pernas. Uma enxurrada de lembranças vieram à tona. Olhava pra frente, buscando apoio no infinito. Era tanta coisa guardada que extravasou. Piscou e sentiu o rosto molhar. As lágrimas vieram sem licença, deixou cair. Se aquilo era verdade, ou se não fosse, não importava agora, ela estava certa. O irmão merecia ser feliz, e ele precisava perdoar Stefan.


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